São Bernardo

Segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Com muita alegria celebramos a santidade do abade e doutor da Igreja: São Bernardo. Nascido no Castelo de Fontaine em 1094, perto de Dijon (França), pertencia a uma família nobre, a qual se assustou com sua decisão radical de seguir Jesus como monge cisterciense.

São Bernardo é considerado pela Família Cisterciense um segundo fundador, pois atraía a tantos para a Ordem, que as mães e esposas afastavam os filhos e maridos do santo; tamanho era real o poder de atração de Bernardo que todos os irmãos, primos e amigos o seguiram. Homem de oração, destacou-se como pregador, prior, místico, escritor, fundador de mosteiros, abade, conselheiro de Papas, Reis, Bispos e também polemista, político e pacificador.

Aconteceu que São Bernardo, mesmo sendo contemplativo, entrou no concreto da realidade da sua época, a ponto de participar de várias polêmicas internas e externas da Igreja da época.

No ano de 1115, o seu abade Estevão mandou-o com doze companheiros fundar, no Vale do Absíntio, aquilo a que São Bernardo chamou Vale Claro (Claraval). Do Mosteiro de Claraval, o santo irradiava a luz do Cristianismo, isto também pelos escritos, como o Tratado do Amor de Deus e o Comentário ao Cântico dos Cânticos; a invocação é fruto de sua profunda e sólida devoção a Nossa Senhora: "Ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria". Pela Mãe do Céu, foi acolhido na eternidade em 1153.

Escreveu numerosas obras, milhares de cartas, mais de 300 sermões; interveio em todas as disputas doutrinais, em todas as grandes questões religiosas e seculares da época. Por ordem de tempo, considera-se o último dos Padres da Igreja. Um seu editor, falecido em 1707, Mabillon, escreveu sobre ele: "É o último dos Padres mas iguala os maiores".

São Bernardo, rogai por nós!


Leituras

Leitura (Ezequiel 24,15-24)
Leitura da profecia de Ezequiel.

24 15 A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
16 "Filho do homem, vou levar subitamente de ti aquela que faz a delícia de teus olhos. Tu, porém, não darás gemido algum de dor, não chorarás, não deixarás tuas lágrimas correrem.
17 Suspira em silêncio, não celebres o luto habitual dos mortos; conserva o teu turbante na cabeça, põe o calçado nos pés, não cubras a tua barba, não comas o pão das gentes".
18 De manhã, eu me dirigi ao povo; à tarde, minha mulher morreu. No dia seguinte, fiz o que fora prescrito.
19 Disse-me o povo: "Não irás explicar-nos o que significa esse teu modo de proceder?"
20 Respondi: "A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
21 Faze esse discurso aos israelitas: eis o que diz o Senhor Javé: vou profanar o meu santuário, o orgulho de vosso poderio, a alegria de vossos olhos, o objeto do vosso amor; vossos filhos e vossas filhas, que deixastes, vão cair sob a espada.
22 Fareis então como acabo de fazer; não cobrireis a vossa barba, não comereis o pão das gentes;
23 conservareis os vossos turbantes na cabeça, e trareis os pés calçados; não poreis luto e não chorareis. Entretanto, definhareis por causa das vossas iniqüidades e gemereis uns com os outros.
24 O que Ezequiel está fazendo será para vós um sinal. Quando isso acontecer, fareis exatamente do mesmo modo como ele fez, e sabereis que sou eu o Senhor Javé".


Salmo Dt 32

Esqueceram o Deus que os gerou.

Da rocha que te deu á luz, te esqueceste,
do Deus que te gerou, não te lembraste.
Vendo isso, o Senhor os desprezou,
aborrecido com seus filhos e suas filhas.

E disse: "Esconderei deles meu rosto,
e verei, então, o fim que eles terão,
pois tornaram-se um povo pervertido,
são filhos que não têm fidelidade.

Com deuses falsos provocaram minha ira,
com ídolos vazios me irritaram;
vou provocá-los por aqueles que nem são um povo,
através de gente louca hei de irritá-los".


Evangelho (Mateus 19,16-22)

19 16 Um jovem aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: "Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?" Disse-lhe Jesus:
17 "Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos".
18 "Quais?", perguntou ele. Jesus respondeu: "Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho,
19 honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo".
20 Disse-lhe o jovem: "Tenho observado tudo isto desde a minha infância. Que me falta ainda?"
21 Respondeu Jesus: "Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!"
22 Ouvindo estas palavras, o jovem foi embora muito triste, porque possuía muitos bens.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

O que é preciso para entrar na vida eterna

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Aquele que se dirige a Jesus, neste evangelho de Mateus, é um jovem. A vida eterna que tem em vista é aquela prometida na salvação futura. A resposta de Jesus limita-se ao "entrar na vida". Jesus apresenta os mandamentos a serem cumpridos. O jovem afirma que já os cumpre, mas sabe que ainda falta algo. Jesus já havia dito: "Se queres entrar na vida..." e agora diz: "Se queres ser perfeito...".

O entendimento do "ser perfeito" como sendo o empenho em conquistar virtudes morais elevadas ou em grandes êxtases espirituais resulta de uma compreensão tardia, já na perspectiva de uma religiosidade eclesial. Aqui se trata da plenitude do humano, ser o "homem" perfeito, à semelhança de Jesus, Filho de Deus.

Está em questão a opção entre os dois senhores: o dinheiro ou Deus. As observâncias religiosas podem ser um primeiro passo. O passo decisivo, a novidade do Reino, é a renúncia às riquezas e o seguimento de Jesus, onde o amor é levado à perfeição.

FALTA-TE ALGO!

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O apego exagerado aos bens materiais é um terrível empecilho para o seguimento de Jesus. A dinâmica deste seguimento vai exigindo rupturas sempre mais radicais. Quem não está livre para fazê-las, ficará na metade do caminho.

Na piedade judaica tradicional, a observância dos mandamentos da Lei mosaica era o primeiro passo a ser dado pelo fiel. Muitos se contentavam com este primeiro passo. Outros, como era o caso de uma tendência do farisaísmo, reduzia a observância do Decálogo a pura exterioridade. Os mestres da Lei, por sua vez, detinham-se em interpretações minuciosas dos mandamentos, complicando ainda mais a observância deles.

O mero cumprimento dos mandamentos não é suficiente para tornar alguém discípulo do Reino e herdeiro da vida eterna. Jesus desafiou um jovem a desfazer-se de tudo quanto possuía, distribuindo seus bens entre os pobres, para fazer-se discípulo do Reino e tornar-se herdeiro da vida eterna. O rapaz, que havia sido fiel em guardar os mandamentos, não se sentiu preparado para fazer o que lhe faltava. O apego aos seus bens impediu-o de aceitar a sugestão de Jesus. E foi-se embora todo perturbado! Quem talvez esperasse um elogio acabou desiludido por ter sido incapaz de optar pela liberdade radical.