São Boaventura

Sexta-feira, 15 de julho de 2011


O santo de hoje foi bispo e reconhecido doutor da Igreja do Cristo que chamou pescadores e camponeses para segui-lo no carisma de Francisco de Assis, mas também homens cultos e de ciência. São Boaventura era um destes homens de muita ciência, porém, de maior humildade e conhecimento de Deus, por isto registrou o que vivia.

Escreve ele: "Não basta a leitura sem a unção, não basta a especulação sem a devoção, não basta a pesquisa sem maravilhar-se; não basta a circunspecção sem o júbilo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem a graça".

Boaventura nasceu no centro da Itália em 1218, e ao ficar muito doente recebeu a cura por meio de uma oração feita por São Francisco de Assis, que percebendo a graça tomou-o nos braços e disse: "Ó, boa ventura!". Entrou na Ordem Franciscana e, pela mortificação dos sentidos e muita oração, exerceu sua vocação franciscana e sacerdócio na santidade, a ponto do seu mestre qualificar-lhe assim: "Parece que o pecado original nele não achou lugar".

São Boaventura, antes de se destacar como santo bispo, já chamava - sem querer - a atenção pela sua cultura e ciência teológica, por isso, ao lado de Santo Alberto Magno e Santo Tomás de Aquino, caracterizaram o século XIII como o tempo de sínteses teológicas.

Certa vez, um frei lhe perguntou se poderia salvar-se, já que desconhecia a ciência teológica; a resposta do santo não foi outra: "Se Deus dá ao homem somente a graça de poder amá-Lo isso basta... Uma simples velhinha poderá amar a Deus mais que um professor de teologia". O Doutor Seráfico, assumiu muitas responsabilidades, como ministro geral da Ordem Franciscana, bispo, arcebispo, até que depois de tanto trabalhar, ganhou com 56 anos o repouso no céu.

São Boaventura, rogai por nós!


Hoje: Dia Internacional do Homem, Dia Nacional dos Clubes


Leituras

Primeira Leitura (Êxodo 11,10-12,14)

Moisés e Aarão tinham operado todos esses prodígios em presença do faraó. Mas o Senhor endureceu o coração do faraó, que não permitiu aos israelitas partirem de sua terra. O Senhor disse a Moisés e a Aarão: “Este mês será para vós o princípio dos meses: tê-lo-eis como o primeiro mês do ano. Dizei a toda a assembléia de Israel: no décimo dia deste mês cada um de vós tome um cordeiro por família, um cordeiro por casa. Se a família for pequena demais para um cordeiro, então o tomará em comum com seu vizinho mais próximo, segundo o número das pessoas, calculando-se o que cada um pode comer. O animal será sem defeito, macho, de um ano; podereis tomar tanto um cordeiro como um cabrito. E o guardareis até o décimo quarto dia deste mês; então toda a assembléia de Israel o imolará no crepúsculo. Tomarão do seu sangue e pô-lo-ão sobre as duas ombreiras e sobre a verga da porta das casas em que o comerem. Naquela noite comerão a carne assada no fogo com pães sem fermento e ervas amargas.

Nada comereis dele que seja cru, ou cozido, mas será assado no fogo completamente com a cabeça, as pernas e as entranhas. Nada deixareis dele até pela manhã; se sobrar alguma coisa, queimá-la-eis no fogo.

Eis a maneira como o comereis: tereis cingidos os vossos rins, vossas sandálias nos pés e vosso cajado na mão. Comê-lo-eis apressadamente: é a Páscoa do Senhor.

´Naquela noite, passarei através do Egito, e ferirei os primogênitos no Egito, tanto os dos homens como os dos animais, e exercerei minha justiça contra todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor´.

13 O sangue sobre as casas em que habitais vos servirá de sinal (de proteção): vendo o sangue, passarei adiante, e não sereis atingidos pelo flagelo destruidor, quando eu ferir o Egito.

Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor: fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.

Salmo responsorial 115/116B

Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor.

Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor.

É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos.
Eis que sou o vosso servo, ó Senhor,
vosso servo que nasceu de vossa serva;
mas me quebrastes os grilhões da escravidão

Por isso oferto um sacrifício de louvor,
invocando o nome santo do Senhor.
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido.


Evangelho (Mateus 12,1-8)

Naquele tempo, Jesus atravessava os campos de trigo num dia de sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a arrancar as espigas para comê-las. Vendo isto, os fariseus disseram-lhe: "Eis que teus discípulos fazem o que é proibido no dia de sábado".

Jesus respondeu-lhes: "Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros, como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição? Ora, nem a ele nem àqueles que o acompanhavam era permitido comer esses pães reservados só aos sacerdotes.

Não lestes na lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no templo o descanso do sábado e não se tornam culpados? Ora, eu vos declaro que aqui está quem é maior que o templo. Se compreendêsseis o sentido destas palavras: ´Quero a misericórdia e não o sacrifício´ não condenaríeis os inocentes. Porque o Filho do Homem é senhor também do sábado".
— Palavra da Salvação.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A estranha Lógica Farisaica...

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

O que é mais importante, o anel de brilhante ou o dedo que o ostenta? A roupa impecável de uma famosa griffe ou o corpo que a veste? E uma última, para clarear ainda mais: o que é mais importante, a embalagem ou o produto? A lógica farisaica responderá imediatamente que é a roupa, o anel, e a embalagem. E muitos cristãos legalistas em extremo, também.

No Bojo de toda Lei, ainda mais da Lei de Deus que é o caso, está a Vida do Homem e a sua Preservação, aliás, toda Lei deve ter esse pressuposto, proteger, respeitar e preservar a Vida Humana que é Dom Sagrado e de inestimável Valor, não havendo nenhum outro valor ou interesse que a supere.

Assim, os discípulos de Jesus estavam voltando de algum lugar em dia de Sábado, e ao passarem em um trigal, e tendo batido a fome, nem pensaram duas vezes para colher espigas para “Agasalhar o Estômago”.

Os Fariseus implicantes, que os observava de longe, acho que com um Binóculo, ( é assim que olhamos para o próximo, quando queremos descobrir nele algum pecado) imediatamente falaram ao Mestre que eles estavam violando a Lei do Sábado. Ora, o Sábado é o Dia em que o Judeu recordava a obra libertadora que Deus realizara a seu favor, através de Moisés, liberdade que agora, com as 680 Leis que eles inventaram, já não havia, pois tornaram-se escravos da Lei.

Jesus faz uma referência a Davi, que com seus homens saciou a fome com pães consagrados que seriam usados no ritual. O que vemos hoje, em muitas comunidades é a proliferação de mil normas e regrinhas, em pastorais e movimentos, onde muitas vezes a função de alguns, é fiscalizar se alguma norma foi desrespeitada. Certa ocasião, um irmão de Ministério não pode servir o altar em uma Missa celebrada ao final de um retiro, porque o Coordenador do Movimento alegou que ele estava ali como Leigo e não como Diácono, bom, prá começar, falou uma baita de uma bobagem, pois o Diácono foi investido permanentemente no estado clerical, não sendo mais Leigo.

Cria-se mil e uma regrinhas, e não é coisa do Padre ou da Igreja, é coisa inventada ali mesmo, no grupo, na equipe de trabalho, na pastoral ou no Movimento.

Repete-se assim o legalismo Farisaico que não tem com centro a Vida mas a Lei em si, Jesus condena essa atitude legalista, que quer impor-se sobre os outros, ampliando seus domínios, tornando-se alguns coordenadores verdadeiros Guardiães da Lei e não Servidores como devem ser todos os cristãos.

Só para concluir, certa vez alguém, muito moralista, colocou um aviso na porta da comunidade “É proibido entrar na igreja sem calçado” e certo dia o Padre foi chamado na porta, antes de iniciar a missa, é que um cadeirante, pela deficiência dos membros inferiores, não usava nenhum tipo de calçado, e o aviso causou nele certo mal estar...

2. Deus quer é a prática da misericórdia

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Entre os fariseus e os doutores da Lei a opinião dominante era que a observância do sábado era o principal preceito da Lei. Marcos e Lucas narram vários episódios em que Jesus desrespeita o sábado. Mateus o faz apenas neste episódio e no que o segue, a cura do homem da mão seca.

Jesus, ao permitir que seus discípulos arrancassem espigas no sábado, para comer, entrava em choque com as elites religiosas judaicas. Com o exemplo de Davi e dos sacerdotes que se sentem livres da lei em casos especiais, Jesus vai mais além e se proclama o próprio Senhor do sábado. Superando as observâncias religiosas, o que Deus quer é a prática da misericórdia. É o amor que socorre os pequenos pobres e sofredores. É o respeito e a consideração para com o próximo em suas necessidades e carências, promovendo a vida.

3. O IMPERATIVO DA VIDA

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Jesus foi firme ao rebater as críticas dos fariseus quando viram os discípulos colhendo espigas de trigo e comendo-as, em dia de sábado. Para os fariseus, este fato configurava-se como um aberto desrespeito à Lei. E, pior ainda, praticado com a anuência do Mestre Jesus. Algo de errado estava acontecendo: alguém, pensando ensinar em nome de Deus, mostrava-se incapaz de respeitar uma Lei dada pelo mesmo Deus. Daí podia-se concluir, sem perigo de errar, que Jesus não vinha da parte de Deus.

Entretanto, este desrespeito à Lei de Deus era só aparente. Jesus estava em perfeita comunhão com Deus ao concordar que, quem estivesse com fome, podia encontrar um meio de saciá-la, mesmo atropelando uma Lei religiosa. O imperativo da vida estava perfeitamente de acordo com a vontade de Deus. Errado seria obrigar os discípulos do Mestre a desfalecer pelo caminho, embora tivessem alimento à mão, só porque a colheita estava no rol das atividades proibidas em dia de sábado.

O gesto de Jesus teve um antecedente no Antigo Testamento, na pessoa de Davi. Fugindo da perseguição de Saul, chegara faminto a um santuário, cujo sacerdote, na falta de outro pão, ofereceu ao fugitivo o pão consagrado, que só aos sacerdotes era permitido comer. Gesto sensato, pois o pão consagrado destinava-se a garantir a vida de um ser humano. Portanto, a atitude do sacerdote foi plenamente agradável a Deus. O mesmo aconteceu com Jesus!