São Calisto I
Sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Os Papas da Igreja são por excelência os Príncipes do Cristianismo, e hoje lembramos um dos Príncipes da Fé que mais se destacou entre os primeiros Papas: São Calisto I.
Filho de uma humilde família romana, nasceu em 160. Administrador dos negócios de um comerciante, Calisto passou por grandes dificuldades, pois algo saiu de errado no trabalho, chegando a ser flagelado e deportado para a ilha da Sardenha, onde como condenação enfrentou trabalhos forçados nas minas, juntamente com cristãos condenados por motivos de fé.
Sem dúvida, com a convivência com os cristãos que enfrentavam o martírio, pois o Cristianismo era considerado religião ilegal, Calisto decidiu seguir a Jesus. Mais tarde muitos cristãos foram resgatados do exílio e a comunidade cristã o libertou.
O Santo de hoje colaborou com o Papa Vítor e depois como diácono ajudou o Papa Zeferino em Roma, pois assumiu, com muita sabedoria, a administração das catacumbas, na Via Ápia, que eram aqueles cemitérios cristãos, que se encontravam no subsolo por motivos de segurança, e também serviam para celebrações litúrgicas, além de guardar para a ressurreição os corpos dos mártires e dos primeiros Papas.
Com a morte do Papa Zeferino, o Clero e o povo elegeram Calisto como o sucessor deste, apesar de sua origem escrava. Foi perseguido, caluniado e morreu mártir, quando acabou condenado ao exílio. Segundo a tradição mais segura, morreu numa revolta popular contra os cristãos e foi lançado a um poço.
Durante os seis anos de pastoreio zeloso e santo, São Calisto I condenou a doutrina que se posicionava contra a Santíssima Trindade. Até o seu martírio defendeu a Misericórdia de Deus, que se expressa pela Igreja, que perdoa os pecados dos que cumprem as condições de penitência, assim, combatia Calisto os rigoristas que condenavam os apóstatas adúlteros e homicidas.
São Calisto I, rogai por nós!
Hoje: Dia Nacional da Pecuária e Dia do Meteorologista
Leituras
Primeira Leitura (Romanos 4,1-8)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
Que vantagem diremos, pois, que conseguiu Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado em virtude de sua observância, tem que se gloriar; mas não diante de Deus. Ora, que diz a Escritura? Abraão creu em Deus e isso lhe foi imputado em conta de justiça.
Ora, o salário não é gratificação, mas uma dívida ao trabalhador. Mas aquele que sem obra alguma crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada em conta de justiça.
É assim que Davi proclama bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente das obras: Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades foram perdoadas e cujos pecados foram cobertos! Bem-aventurado o homem ao qual o Senhor não imputou o seu pecado.
Salmo 31/32
Vós sois para mim proteção e refúgio,
eu canto bem alto a vossa salvação.
Feliz o homem que foi perdoado
e cuja falta já foi encoberta!
Feliz o homem a quem o Senhor
não olha mais como sendo culpado
e em cuja alma não há falsidade!
Eu confessei, afinal, meu pecado
e minha falta vos fiz conhecer.
Disse: "Eu irei confessar meu pecado!"
E perdoastes, Senhor, minha falta.
Regozijai-vos, ó justos, em Deus,
e no Senhor exultai de alegria!
Corações retos, cantai jubilosos!
Evangelho (Lucas 12,1-7)
Enquanto isso, os homens se tinham reunido aos milhares em torno de Jesus, de modo que se atropelavam uns aos outros. Jesus começou a dizer a seus discípulos: "Guardai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Porque não há nada oculto que não venha a descobrir-se, e nada há escondido que não venha a ser conhecido.
Pois o que dissestes às escuras será dito à luz; e o que falastes ao ouvido, nos quartos, será publicado de cima dos telhados. Digo-vos a vós, meus amigos: não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois disto nada mais podem fazer.
Mostrar-vos-ei a quem deveis temer: temei àquele que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno; sim, eu vo-lo digo: temei a este. Não se vendem cinco pardais por dois asses? E, entretanto, nem um só deles passa despercebido diante de Deus.
Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois. Mais valor tendes vós do que numerosos pardais".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Quem tem medo do Lobo Mau..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Assim dizia o refrão desta música infantil, cantada dentro da história, pelos três porquinhos Cícero, Prático e Heitor, que se organizaram para enfrentar o Lobo Mau... O refrão era uma forma de encorajamento. Quem não tem medo de algo, não é humano, pois o temor faz parte da natureza humana e todo Herói destemido sem o seu ponto fraco, ou como se diz, o seu calcanhar de Aquiles.
Jesus diz abertamente a seus discípulos nesse evangelho, que o Mal, no caso, a hipocrisia dos Fariseus, cedo ou tarde será desmascarado, pois não resistirá ao Bem. A insegurança e o medo fazem parte da vida na pós modernidade e em nosso dia a dia, quantas situações em que nos sentimos inseguros e impotentes, a mercê das Forças do Mal. São assaltos, violência contra as pessoas, atentados, dos quais nem o Papa escapa, mortes e assassinatos, crimes hediondos, chacinas, a violência no trânsito, nos estádios esportivos, brigas entre gangues, violência policial, e vai por aí afora, isso tudo fora as intempéries do tempo e do planeta, que apenas responde ás agressões que o homem lhe faz. A verdade é que, todo dia o mundo pode acabar, para alguém, por uma dessas circunstâncias.
O que Jesus coloca nesse evangelho é o perigo de termos um medo exagerado das Forças do Mal, e recuarmos diante dele, entregando os pontos, como se diz, quando se deixa de lutar, e se reconhece a vitoria e a supremacia do "outro". Na vida de um cristão isso jamais deveria ocorrer!
Simplesmente porque, o Bem que parece oculto e fragilizado em nossa sociedade, vai atingir a sua plenitude no Reino definitivo, pois o Mal já perdeu o primeiro round quando Jesus calou o mundo com o seu supremo gesto de amor, ao morrer na cruz do calvário.
Não acreditar nesse Bem, é loucura da parte do homem, pois a busca desse Bem, que só se encontra em Jesus Cristo, é que dá pleno sentido á nossa Vida. e nada há de mais valioso neste mundo, do que esse dom. Guardar do Fermento dos Fariseus, é justamente não dar trela aos valores, ideologias, usos e costumes ditados pela Pós modernidade, e que contrariam os valores do evangelho de Cristo.
Quem entrar nessa onda, e viver em função desse imediatismo, sem considerar a escatologia que irá mostrar quem é o verdadeiro vencedor, é sem dúvida alguma embarcar em uma canoa "furada", é deixar a estrada e pegar o atalho, que não levará a lugar nenhum...
2. Tudo deve ser feito e dito claramente
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Após as várias críticas aos comensais, fariseus e legistas, por ocasião de uma refeição em casa de um fariseu, seguem-se as advertências, diante da multidão, sobre a hipocrisia destes fariseus e as perseguições que promoverão.
Com sua doutrina eles se impõem pela aparência de santidade e honra. Há o risco da hipocrisia infiltrar-se na própria comunidade de discípulos. Os discípulos devem descartar sua doutrina. Nada de manter aparências. Tudo deve ser feito e dito claramente. Devem se entregar confiantes e livres em Deus, dedicados ao anúncio do Reino.
A alusão aos pardais e aos cabelos são ditos populares sobre a ciência de Deus. O medo perde sua força. Passa a vigorar a confiança em Deus que vela por seus discípulos. É ele que anula a morte com o dom da vida eterna.
3. LIBERDADE CORAJOSA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Os discípulos corriam um duplo risco: deixar-se fascinar pela atitude hipócrita dos fariseus, e assumi-la como projeto de vida, bem como ter medo de fazer-lhes frente, como fez Jesus, agüentando as conseqüências.
Foi necessário que o Mestre os alertasse a ter uma corajosa liberdade diante de seus adversários. Mesmo diante da perspectiva de morte, não deviam recuar. O que tinham ouvido de Jesus, estando à sós, deveriam proclamar aos quatro ventos. O que escutaram ao pé do ouvido, teriam a tarefa de levar ao conhecimento de todos.
Nada de se intimidar com a perspectiva de morte. Os adversários só têm o poder de matar o corpo, e nada mais. Temor só se deve a Deus, que é Senhor da sorte eterna do ser humano. A ele, sim, deve-se temer, não aos hipócritas fariseus.
Em última análise, os discípulos tinham diante de si uma dupla possibilidade: seguir as insinuações dos fariseus, ou deixar-se guiar por Jesus, por meio do qual se chega a Deus. Quem escolhe colocar-se do lado dele pode estar seguro de ser objeto de contínua proteção.
Seu amor e interesse pelos que optaram pelo Reino supera todo limite. Jesus ilustra esta atitude divina, afirmando que "até os cabelos da cabeça (dos discípulos do Reino) estão todos contados". Por conseguinte, não se justifica o medo diante da perspectiva sombria de perseguição e morte, por causa do Reino.