São Carlos Lwanga e companheiros

Domingo, 03 de junho de 2012


Neste dia, celebramos a memória destes grandes mártires que na África testemunharam o nome de Jesus. Carlos Lwanga era chefe dos pajens, que serviam na corte do rei Muanga da Uganda.

Acontece que a entrada da evangelização na África, sofreu muito pelas invasões dos homens brancos, por isso os missionários tinham que ser homens verdadeiramente de Deus, ou seja, de caridade, pois facilmente eram confundidos como colonizadores. Depois da entrada dos padres que fizeram um lindo trabalho de evangelização que atingiu Carlos Lwanga e outros, o rei se revoltou e decretou pena de morte para os que rezassem.

São Carlos, depois de muito se preparar junto com seus companheiros, apresentou-se diante do rei com o firme propósito de não negar a fé, por isso foi queimado vivo diante de todos. Seguindo o irmão na fé, nenhum deles renegou, até que em 1887 o último deles morreu afogado, como parte dos corajosos mártires de Uganda, na África.

São Carlos Lwanga e companheiros, rogai por nós!


Hoje:


Leituras

Primeira Leitura (Deuteronômio 4,32-34.39-40)
Leitura do livro de Deuteronômio.

4 32 "Escuta os tempos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem na terra. Pergunta se houve jamais, de uma extremidade dos céus à outra, uma coisa tão extraordinária como esta, e se jamais se ouviu coisa semelhante.

33 Houve, porventura, um povo que, como tu, tenha ouvido a voz de Deus falando do seio do fogo, sem perder a vida?

34 Algum deus tentou jamais escolher para si uma nação do meio de outra, por meio de provas e de sinais, de prodígios e de guerras, com mão poderosa e braço estendido, e de prodígios espantosos, como o Senhor, vosso Deus, fez por vós no Egito diante de vossos olhos?

39 Sabe, pois, agora, e grava em teu coração que o Senhor é Deus, e que não há outro em cima no céu, nem embaixo na terra.

40 Observa suas leis e suas prescrições que hoje te prescrevo, para que sejas feliz, tu e teus filhos depois de ti, e prolongues teus dias para sempre na terra que te dá o Senhor, teu Deus".


Salmo 32/33

Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança.

Reta é a palavra do Senhor,
e tudo o que ele faz merece fé.
Deus ama o direito e a justiça,
transborda em toda a terra a sua graça.

A palavra do Senhor criou os céus,
e o sopro de seus lábios, as estrelas.
Ele falou e toda a terra foi criada,
ele ordenou e as coisas todas existiram.

Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem
e que confiam, esperando em seu amor,
para da morte libertar as suas vidas
e alimenta-los quando é tempo de penúria.

No Senhor nós esperamos confiantes,
porque ele é nosso auxílio e proteção!
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
da mesma forma que em vós nós esperamos!


Segunda Leitura (Romanos 8,14-17)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.

8 14 Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 15 Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai!

16 O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus.

17 E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele, para que também com ele sejamos glorificados.


Evangelho (Mateus 28,16-20)

28 16 Os onze discípulos foram para a Galiléia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado.

17 Quando o viram, adoraram-no; entretanto, alguns hesitavam ainda.

18 Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: "Toda autoridade me foi dada no céu e na terra.

19 Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

20 Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "TRINDADE, NOSSA FAMÍLIA."

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

Chacrinha, o velho Guerreiro dos anos 70/80, revolucionou a TV com a sua comunicação irreverente nos programas de auditório ao vivo, foi um grande comunicador e há até uma frase sua que marcou o público “eu não vim para explicar, vim para confundir”. Há muita gente que pensa que Deus quis nos confundir ao revelar-se um Deus Trino, uma verdade ilógica, uma aberração matemática, segundo o raciocínio humano, pois 1 nunca será igual a 3, entretanto, é o contrário do que dizem, porque o homem jamais teria condições de penetrar no mistério de Deus e as leituras desse domingo, da Festa da Santíssima Trindade, mostra-nos como Deus se revela, permitindo ao homem contemplar toda a beleza desse amor.

Então penso que o maior e verdadeiro comunicador de todos os tempos é o Espírito Santo, chamado por Jesus neste evangelho, de Espírito de Verdade, que nos comunica não só quem é Deus, mas também quem somos, pois o mistério da vida do homem está em Deus Criador e fora dele, ou sem ele, não haverá compreensão que dê algum sentido ao ser humano, na sua caminhada terrena.

A pedagogia de Deus é perfeita, sem queimar nenhuma etapa, respeitando os limites do homem na sua dificuldade de compreender, ele se revela aos poucos, na medida em que o homem amadurece em sua fé, é, portanto, uma revelação pessoal, pois um comunicador de massa nos moldes que a mídia nos coloca, não sabe na verdade quem são as pessoas com quem se comunica, seu jeito de ser, suas dores e angústias, suas dificuldades, além do que, nem sempre o que a mídia nos comunica é verdadeiro, aliás, na maioria das vezes são “verdades” inventadas para se vender uma idéia, um conceito ou um produto. Mas Deus nos dá um tratamento personalizado, pois o Espírito Santo nos conduz à Verdade que é ele próprio.

O homem é muito especial, estando sempre no centro do projeto de Deus, basta ver a obra da criação em seus detalhes, feita com grande sabedoria, tudo foi preparado para que o homem fosse feliz, a sabedoria aqui mencionada em Provérbios, é como o amor de uma mãe que prepara com todo carinho o enxoval e o quarto onde o seu filho irá viver após o nascimento, amor que acolhe e que se alegra em ficar junto e a sabedoria de Deus tinha prazer de ficar junto com os filhos dos homens, o belo e perfeito, se apaixonando pelo feio e imperfeito. Nenhum Deus é assim, só o Pai de Jesus! O nosso Deus nunca foi um enigma que desafia os homens a decifrá-lo, ao contrário, torna-se acessível em Jesus Cristo, no qual pela fé somos justificados, isso não significa que alcançaremos à salvação de maneira passiva, pois a segunda leitura da carta de Paulo aos Romanos nos propõe o desafio de testemunharmos nossa esperança, que é Jesus Cristo, em meio às tribulações deste mundo.

As palavras de Jesus aos discípulos são consoladoras nesse sentido, porque na verdade eles estão tomados pela tristeza, por causa da idéia de que o senhor irá deixá-los, não havia se dado conta de que a volta de Jesus ao Pai, iria perpetuar a sua presença junto a eles, através do Espírito Santo. Os pecados e as misérias humanas não conseguem impedir essa comunicação de Deus aos homens, aberta a partir de Jesus Cristo, poderia se dizer que o emissor se comunica perfeitamente bem, mesmo que o receptor não seja muito eficiente, pois Deus nunca desiste do homem e o seu amor é eterno, comprovado em Jesus Cristo, ápice da revelação desse amor, que nos insere na vida de Deus através da comunhão.

Celebrar a Santíssima Trindade não é celebrar um mistério insondável, mas é sentir uma grande alegria, ao saber o quanto Deus nos ama, e se desdobra para nos alcançar e nos manter sempre junto a si. Uma Galinha que abre suas asas para proteger e abrigar os pintinhos, uma Águia que carrega sobre as asas seus filhotes para que apreendam a voar, são alegorias que aparecem na Bíblia e que facilitam à nossa compreensão a respeito de Deus. Enfim, embora não merecedores, somos todos membros desta Família Do PAI, do FILHO e do ESPÍRITO SANTO. (Festa da Santíssima Trindade)

2. Missão dos discípulos de Jesus

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Nos evangelhos de Marcos e de Mateus, quando as mulheres, após a crucifixão de Jesus, vão visitar seu túmulo na madrugada do primeiro dia da semana, um anjo lhes diz: "Ide contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos e que vos precede na Galileia. Lá o vereis" (Mc 16,7; Mt 28,7). No evangelho de Marcos, Jesus já havia dito aos discípulos: "Depois que eu ressurgir, eu vos precederei na Galileia" (Mc 14,28). Em Mateus, após as palavras do anjo, o próprio Jesus, vindo ao encontro das mulheres, lhes repete: "Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia; lá me verão" (Mt 28,10).

Em continuidade a este anúncio, Mateus registra o encontro dos discípulos com Jesus em uma montanha da Galileia. Durante seu ministério na Galileia, Jesus já havia enviado os apóstolos em missão. Agora, permanecendo vivo entre eles, reenvia-os para fazer discípulos entre todas as nações. Não há nenhuma eleição particular, todos são chamados ao seguimento de Jesus, na adesão à vontade do Pai, que é que todos tenham vida, em comunhão plena de amor.

Os discípulos são enviados para batizar, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus assumiu o batismo de João revelando que este batismo da conversão é do agrado de Deus, e pela prática da justiça que promove a vida, removendo o pecado do mundo, somos inseridos na própria vida divina, na comunhão de amor entre o Pai e o Filho. Deixando-nos conduzir pelo Espírito de Amor, na fraternidade e na compaixão, tornamo-nos filhos de Deus (segunda leitura), ao qual chamamos de "Pai Nosso".

Em contraste com os evangelhos de Marcos e Mateus, Lucas não narra o retorno à Galileia. Na sua narrativa, com sua teologia particular, o ressuscitado ordena aos discípulos: "Permanecei em Jerusalém até serdes revestido da força do Alto" (Lc 24,49). E Lucas conclui seu evangelho com a observação: "Eles voltarem a Jerusalém com grande alegria e estavam continuamente no Templo, louvando a Deus" (Lc 24,52s). O empenho de Lucas é apresentar Jerusalém como sendo o centro de irradiação do cristianismo, após a morte de Jesus, relegando a Galileia à obscuridade.

O credo da tradição de Israel, bem desenvolvido no livro do Deuteronômio (primeira leitura), se fundamenta em uma divindade que elege um povo e o conduz à "terra prometida", por meio de "sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, por meio de grandes terrores", exterminando os demais povos, que são considerados inimigos. É o deus do terror: "Hoje começarei a espalhar o terror e o medo de ti aos povos debaixo do céu. Ao ouvirem falar de ti, ficarão perturbados e tremerão de angústia à tua frente" (Dt 2,25). Esta crença, como foi destacado pelo Sínodo para o Oriente Médio, em 2010, tem sido o fundamento das violências perpetradas contra o povo da Palestina, em nossos dias. Removendo esta imagem de Deus, Jesus vem revelar o Deus de amor e misericórdia, na humildade, na mansidão e na paz, que acolhe todos os povos do mundo. Jesus se comunica não com terror e poder, mas com seu amor e suas palavras dirigidas aos seus discípulos, de irmão para irmão, de amigo para amigo. É a presença carinhosa, com palavras de vida que seduzem e conquistam.

3. DELEGAÇÃO DE AUTORIDADE DE JESUS

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Quando Maria Madalena e a outra Maria foram ao túmulo de Jesus, ao raiar do primeiro dia da semana, um anjo lhes anunciou que Jesus ressuscitara e que precedia os discípulos na Galiléia, para onde eles deviam se dirigir. A seguir, o próprio Jesus vai ao encontro delas e também lhes comunica que devem anunciar aos discípulos que se dirijam para a Galiléia (Mt 28,1-10). Isto indica que, após a crucifixão de Jesus em Jerusalém, a missão iniciada por ele foi retomada na Galiléia.

Dessa maneira, os onze discípulos voltam para lá e se encontram com Jesus ressuscitado, sendo por ele enviados em missão. Apenas no Evangelho de Lucas é que Jesus declara aos discípulos que devem permanecer em Jerusalém; com isto Lucas coloca como centro de irradiação da missão Jerusalém, e não a Galiléia.

O credo da tradição de Israel se fundamenta em uma divindade que elege um povo e, por meio de "sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, por meio de grandes terrores", extermina os demais povos, que são considerados inimigos (primeira leitura). Contudo, Jesus vem revelar o Deus de amor e misericórdia, na humildade, na mansidão e na paz, que acolhe todos os povos do mundo. Jesus se comunica não com terrores e poder, mas com palavras dirigidas aos seus discípulos de irmão para irmão, de amigo para amigo. São palavras de vida que seduzem e conquistam.

Os discípulos são enviados de modo a eles próprios fazerem novos discípulos entre todas as nações. Não há nenhuma eleição particular; todos são chamados ao seguimento de Jesus, na observância de sua palavra e na adesão à vontade do Pai. O ministério de Jesus iniciou-se com o batismo de João. É o batismo da conversão à justiça, à fraternidade e à compaixão. Agora, os discípulos são enviados para batizar, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus assumiu o batismo de João revelando que este batismo da conversão é do agrado de Deus e, pela prática da justiça que promove a vida, somos inseridos na própria vida divina, na unidade da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo.

A justiça que promove a vida, na misericórdia e na compaixão, é a forma concreta do amor que une os filhos de Deus. Pela fidelidade a Jesus, movidos pelo Espírito, podemos chamar Deus de Pai (segunda leitura) e temos a presença de Jesus por toda a eternidade.