São Charbel Makhlouf

Sexta-feira, 24 de dezembro de 2010


São Charbel Makhlouf nasceu a 8 de maio de 1828, em BiqáKafra, aldeia montanhosa do norte, ao pé dos cedros do Líbano. Seu nome de batismo: José Zaroun Makhlouf. Com 23 anos ele toma o nome de Charbel em memória do mártir do século segundo, foge de casa e refugia-se no mosteiro de Nossa Senhora de Mayfoug, da Ordem libanesa maronita. Um ano depois, transfere-se para o mosteiro de S. Maron de Annayam, da província de Jbail, verdadeiro oásis de oração e fé, a 1300 metros de altitude. Depois de seis anos de estudos teológicos, em Klifan, é ordenado sacerdote. Exerce, então, com muita edificação, as funções do seu ministério sagrado, juntamente com toda a sorte de trabalhos manuais. Após dezesseis anos de vida ascética, Charbel obtém autorização, em 1875, para se retirar ao eremitério dos Santos Pedro e Paulo, de Annaya. Durante 23 anos (1875-1898), S. Charbel entrega-se com todas as forças da alma, à busca de Deus, na bem-aventurada e total solidão. Deus recompensa o seu fiel servidor, dando-lhe o dom de operar milagres, já em vida: afirma-se que os realizou não somente com cristãos, mas, também, com muitos muçulmanos.

No dia 16 de dezembro de 1898, em Annaya, enquanto celebrava a Santa Missa, sofreu um ataque de apoplexia; levou-o à morte, no dia 24, Vigília da Festa de Natal. Tinha 70 anos de idade.

Com o seu próprio punho, Pio XII assinou o decreto que dava início ao processo de beatificação do Padre Charbel, dizendo expressamente: "O Padre Charbel já gozava, em vida, sem o querer, da honra de o chamarem santo, pois a sua existência era verdadeiramente santificada por sacrifícios, jejuns e abstinências. Foi vida digna de ser chamada cristã e, portanto, santa. Agora, após a sua morte, ocorre este extraordinário sinal deixado por Deus: seu corpo transpira sangue, sempre que se lhe toca, e todos os que, doentes, tocarem com um pedaço de pano suas vestes constantemente úmidas de sangue, alcançam alívio em suas doenças e não poucos até se veem curados. Glória ao Pai que coroou os combates dos santos. Glória ao Filho que deixou esse poder em suas relíquias. Glória ao Espírito Santo que repousa, com suas luzes, sobre seus restos mortais para fazer nascer consolações em todas as espécies de tristezas".

No segundo domingo de outubro de 1977, dia 9, o Santo Padre Paulo VI canonizou solenemente, na Basílica de São Pedro, em Roma, o bem-aventurado Charbel Makhlouf, monge eremita libanês. Foi a primeira canonização, realizada pelo Papa, de um membro da Igreja do Rito Oriental, desde que o Vaticano traçara, há quatro séculos, nova orientação para as canonizações. Antes da canonização atual, os santos maronitas eram proclamados pelo Patriarca da Igreja maronita.

São Charbel Makhlouf, rogai por nós!

[Canção Nova]

Hoje: Dia do Órfão

Santos: Adão e Eva (nossos primeiros pais, segundo a Bíblia), Adélia de Pfalzel (viúva, abadessa), Bruno de Ottobeuren (monge), Carano da Escócia (bispo), Charbel Makhlouf, o Maronita (eremita), Delfim de Bordéus (bispo), Emiliana de Roma (virgem), Eutímio de Nicomédia (mártir), Gregório de Spoleto (presbítero, mártir), Irmina de Oehren (virgem, abadessa), Luciano e Companheiros (mártires de Trípoli), Tarsila de Roma (virgem), Venerando de Clermont (bispo), Alberico de Gladbach (monge, bem-aventurado).

Antífona: Eis que já veio a plenitude dos tempos, em que Deus mandou à terra o seu Filho (Gl 4, 4)

Oração: Apressai-vos e não tardeis, Senhor Jesus, para que a vossa chegada renove as forças dos que confiam em vosso amor. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.


Leituras

Leitura: II Samuel (2Sm 7, 1-5.8b-12.14a.16)

Deus construirá a casa de Davi

Tendo-se o rei Davi instalado já em sua casa e tendo-lhe o Senhor dado a paz, livrando-o de todos os seus inimigos, ele disse ao profeta Natã: "Vê: eu resido num palácio de cedro, e a arca de Deus está alojada numa tenda!" Natã respondeu ao rei: "Vai e faze tudo o que diz o teu coração, pois o Senhor está contigo".

Mas, naquela mesma noite, a palavra do Senhor foi dirigida a Natã nestes termos: "Vai dizer ao meu servo Davi: Assim fala o Senhor: 'Porventura és tu que me construirás uma casa para eu habitar? Fui eu que te tirei do pastoreio, do meio das ovelhas, para que fosses o chefe do meu povo, Israel. Estive contigo em toda a parte por onde andaste, e exterminei diante de ti todos os teus inimigos, fazendo o teu nome tão célebre como o dos homens mais famosos da terra.

Vou preparar um lugar para o meu povo, Israel: eu o implantarei, de modo que possa morar lá sem jamais ser inquietado. Os homens violentos não tornarão a oprimi-lo como outrora, no tempo em que eu estabelecia juízes sobre o meu povo, Israel. Concedo-te uma vida tranquila, livrando-te de todos os teus inimigos. E o Senhor te anuncia que te fará uma casa. Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza.

Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. 16Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre”

Palavra do Senhor!

Comentando a I Leitura

O reino de Davi será estável para sempre

Davi morrerá sem poder realizar o desejo de construir uma casa para o seu Deus. Na verdade, Deus agradece o propósito de Davi, mas lhe faz compreender que todo o universo é seu e que para ele é muito mais agradável a disponibilidade a seus planos, a fé em suas promessas e a fidelidade à aliança: um povo "estável para sempre". Ele próprio construirá uma "casa"; a promessa terá pleno cumprimento no reino do Messias.

Jesus Cristo será o construtor da morada estável e eterna. Todo o povo de Deus será chamado a ser sua verdadeira casa. Esta é a maravilhosa realidade que agora vivemos, pois sabemos que ele veio habitar no meio de nós. Jesus não vem ao nosso meio para se abrigar numa cidadela, mas para nos abrir um caminho de conversão incessante. Um caminho de contínua luta pela conquista da verdadeira paz, que consiste em restabelecer relações de lealdade e de amor com Deus, com nós mesmos, com os homens. com as coisas. [MISSAL COTIDIANO. ©Paulus, 1997]


Salmo: 88(89), 2-3.4-5.27 e 29 (R/.cf.2a)

Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor!

Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, de geração em geração eu cantarei vossa verdade! Porque dissestes: "O amor é garantido para sempre!" E a vossa lealdade é tão firme como os céus.

"Eu firmei uma aliança com meu servo, meu eleito, e eu fiz um juramento a Davi, meu servidor. 5Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem, de geração em geração garantirei o teu reinado!"

Ele, então, me invocará: "Ó Senhor, vós sois meu Pai, sois meu Deus, sois meu rochedo onde encontro a salvação!" Guardarei eternamente para ele a minha graça e com ele firmarei minha aliança indissolúvel.


Evangelho: Lucas (Lc 1, 67-79)

Cântico de Zacarias: "benedictus"

Naquele tempo, Zacarias, o pai de João, repleto do Espírito Santo, profetizou, dizendo: "Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que fez aparecer para nós uma força de salvação na casa de seu servo Davi, como tinha prometido desde outrora, pela boca de seus santos profetas, para nos salvar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam. Ele usou de misericórdia para com nossos pais, recordando-se de sua santa aliança e do juramento que fez a nosso pai Abraão, para conceder-nos, que, sem temor e libertos das mãos dos inimigos, nós o sirvamos, com santidade e justiça, em sua presença, todos os nossos dias.

E tu, menino, serás chamado profeta do altíssimo, pois irás adiante do Senhor para preparar-lhe os caminhos, anunciando ao seu povo a salvação, pelo perdão dos seus pecados. Graças à misericordiosa compaixão do nosso Deus, o sol que nasce do alto nos visitará, para iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte, e dirigir nossos passos no caminho da paz".

Palavra da Salvação!

Comentando o Evangelho

“E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo”

O Benedictus (Cântico de Zacarias, Lc 67-79) é um dos três grandes cânticos dos dois primeiros capítulos de Lucas. Os outros dois são: Magnificat (Cântico de Maria, Lc 1, 46-55) e Nunc Dimittis (Cântico de Simeão, Lc 2, 29-32). O Benedictus está relacionado com o nascimento, a circuncisão, a imposição do nome de João Batista e sua manifestação pública. O hino não é dedicado a João, não podemos perder de vista que a afirmação mais importante de todo o hino se concentra na proclamação de caráter messiânico de Jesus.

Lembrando Lc 1, 5-25, quando comunicado pelo anjo que sua mulher haveria de gerar um filho Zacarias hesitou em acreditar pois, tanto ele como Isabel já eram anciãos e, por esta razão, ficou mudo até o nascimento do filho. Após a vinda de João, Zacarias e Isabel levam o menino para ser circuncidado no oitavo dia, segundo a Lei de Moisés. Conforme visto na leitura do Evangelho do dia 22 de dezembro, quando perguntado qual seria o nome do menino Isabel disse que seria João e depois de confirmar Zacarias fica livre da mudez (Lc. 1.57-66) e surge este cântico maravilhoso.

O cântico de Zacarias (Benedictus), como o de Maria (Magnificat), organiza citações e temas hebraicos tradicionais em um hino de louvor. A profecia não significa primordialmente um presságio do futuro, mas uma proclamação divinamente iluminada dos acontecimentos. É, portanto, uma ação de graças pela salvação messiânica (68-75) e uma visão profética da missão de João Batista (76-79). Aparece como paralelo aos oráculos de Simeão e de Ana sobre a missão de Jesus.

Este cântico é recitado na Liturgia das Horas, que começa ganhar força também no mundo laico, nas orações chamadas de Completas. Na véspera do Natal a Igreja recita o cântico de Zacarias pela manhã, quando o sol nascente põe em fuga a noite e as trevas. Cristo vem e traz restauração a todo o universo. Traz a reconciliação e a paz, há pouco anunciada pelos anjos. Everaldo Souto Salvador, ofs ([email protected])