São Charbel Makhlouf

Sábado, 24 de dezembro de 2011


São Charbel Makhlouf nasceu a 8 de maio de 1828, em BiqáKafra, aldeia montanhosa do norte, ao pé dos cedros do Líbano. Seu nome de batismo: José Zaroun Makhlouf. Com 23 anos ele toma o nome de Charbel em memória do mártir do século segundo, foge de casa e refugia-se no mosteiro de Nossa Senhora de Mayfoug, da Ordem libanesa maronita. Um ano depois, transfere-se para o mosteiro de S. Maron de Annayam, da província de Jbail, verdadeiro oásis de oração e fé, a 1300 metros de altitude. Depois de seis anos de estudos teológicos, em Klifan, é ordenado sacerdote. Exerce, então, com muita edificação, as funções do seu ministério sagrado, juntamente com toda a sorte de trabalhos manuais. Após dezesseis anos de vida ascética, Charbel obtém autorização, em 1875, para se retirar ao eremitério dos Santos Pedro e Paulo, de Annaya. Durante 23 anos (1875-1898), S. Charbel entrega-se com todas as forças da alma, à busca de Deus, na bem-aventurada e total solidão. Deus recompensa o seu fiel servidor, dando-lhe o dom de operar milagres, já em vida: afirma-se que os realizou não somente com cristãos, mas, também, com muitos muçulmanos.

No dia 16 de dezembro de 1898, em Annaya, enquanto celebrava a Santa Missa, sofreu um ataque de apoplexia; levou-o à morte, no dia 24, Vigília da Festa de Natal. Tinha 70 anos de idade.

Com o seu próprio punho, Pio XII assinou o decreto que dava início ao processo de beatificação do Padre Charbel, dizendo expressamente: "O Padre Charbel já gozava, em vida, sem o querer, da honra de o chamarem santo, pois a sua existência era verdadeiramente santificada por sacrifícios, jejuns e abstinências. Foi vida digna de ser chamada cristã e, portanto, santa. Agora, após a sua morte, ocorre este extraordinário sinal deixado por Deus: seu corpo transpira sangue, sempre que se lhe toca, e todos os que, doentes, tocarem com um pedaço de pano suas vestes constantemente úmidas de sangue, alcançam alívio em suas doenças e não poucos até se veem curados. Glória ao Pai que coroou os combates dos santos. Glória ao Filho que deixou esse poder em suas relíquias. Glória ao Espírito Santo que repousa, com suas luzes, sobre seus restos mortais para fazer nascer consolações em todas as espécies de tristezas".

No segundo domingo de outubro de 1977, dia 9, o Santo Padre Paulo VI canonizou solenemente, na Basílica de São Pedro, em Roma, o bem-aventurado Charbel Makhlouf, monge eremita libanês. Foi a primeira canonização, realizada pelo Papa, de um membro da Igreja do Rito Oriental, desde que o Vaticano traçara, há quatro séculos, nova orientação para as canonizações. Antes da canonização atual, os santos maronitas eram proclamados pelo Patriarca da Igreja maronita.

São Charbel Makhlouf, rogai por nós!


Hoje

Dia Universal do Perdão, Véspera de Natal


Leituras

Primeira Leitura (2 Samuel 7,1-5.8-12.14.16)
Leitura do segundo livro de Samuel.

2 1 Ora, tendo o rei Davi acabado de instalar-se em sua residência, e tendo-lhe o Senhor dado paz, livrando-o de todos os inimigos que o cercavam,
2 disse ele ao profeta Natã: "Vê: eu moro num palácio de cedro, e a arca de Deus está alojada numa tenda!"

3 Natã respondeu-lhe: "Pois bem: faze o que desejas fazer, porque o Senhor está contigo!"

4 Mas a palavra do Senhor foi dirigida a Natã naquela mesma noite, e dizia:

5 "Vai e dize ao meu servo Davi: eis o que diz o Senhor: ´Não és tu quem me edificará uma casa para eu habitar.

8 Dirás, pois, ao meu servo Davi: eis o que diz o Senhor dos exércitos: eu te tirei das pastagens onde guardavas tuas ovelhas para fazer de ti o chefe de meu povo de Israel.

9 Estive contigo em toda parte por onde andaste; exterminei diante de ti todos os teus inimigos, e fiz o teu nome comparável ao dos grandes da terra.

10 Designei um lugar para o meu povo de Israel: plantei-o nele, e ali ele mora, sem ser inquietado, e os maus não o oprimirão mais como outrora,
11 no tempo em que eu estabelecia juízes sobre o meu povo. Concedo-te uma vida tranqüila, livrando-te de todos os teus inimigos. O Senhor anuncia-te que quer fazer-te uma casa.

12 Quando chegar o fim de teus dias e repousares com os teus pais, então suscitarei depois de ti a tua posteridade, aquele que sairá de tuas entranhas, e firmarei o seu reino.

14 Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer alguma falta, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de homens,
16 Tua casa e teu reino estão estabelecidos para sempre diante de mim, e o teu trono está firme para sempre´".


Salmo 88/89

Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor!

Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor,
de geração em geração eu cantarei vossa verdade!
Porque dissestes: "O amor é garantido para sempre!"
E a vossa lealdade é tão firme como os céus.

"Eu firmei uma aliança com meu servo, meu eleito,
e eu fiz um juramento a Davi, meu servidor.
Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem,
de geração em geração garantirei o teu reinado!"

Ele, então, me invocará: "Ó Senhor, vós sois meu Pai,
sois meu Deus, sois meu rochedo onde encontro a salvação!"
Guardarei eternamente para ele a minha graça
e com ele firmarei minha aliança indissolúvel.


Evangelho(Lucas 1,67-79)

Naquele tempo, 1 67 Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou, nestes termos:
68 "Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e resgatou o seu povo,
69 e suscitou-nos um poderoso Salvador, na casa de Davi, seu servo
70 (como havia anunciado, desde os primeiros tempos, mediante os seus santos profetas),
71 para nos livrar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam.

72 Assim exerce a sua misericórdia com nossos pais, e se recorda de sua santa aliança,
73 segundo o juramento que fez a nosso pai Abraão: de nos conceder que, sem temor,
74 libertados de mãos inimigas, possamos servi-lo 75 em santidade e justiça, em sua presença, todos os dias da nossa vida.

76 E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor e lhe prepararás o caminho,
77 para dar ao seu povo conhecer a salvação, pelo perdão dos pecados. 78 Graças à ternura e misericórdia de nosso Deus, que nos vai trazer do alto a visita do Sol nascente,
79 que há de iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir os nossos passos no caminho da paz".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1a. "MISSA NORMAL DO DIA - Evangelho Lucas 1, 67-79 - "Soltando a voz... Para fazer o Anúncio""

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

"Já que deixaram nóis soltar a voz, agora güenta nóis..." diz o refrão de uma música sertaneja urbana onde o cantor, referindo-se a oportunidade que teve, de tornar pública sua arte, solta a voz para cantar, mostrando o seu valor.

Há pessoas que são muito discretas e pouco falam, outros já falam pelos cotovelos, também se diz que um homem sábio fala pouco, e no meio do povo surgiu outro ditado "Em boca fechada não entra mosca".

Claro que há pessoas faladeiras que embora muito falem, não dizem absolutamente nada. Há certas conversas que nem compensa ouvir, pois provém de um espírito doentio e de uma cabeça vazia de ideais e sonhos. Esses realmente são muito bons que fiquem de bico calado. E ainda a palavra dos fofoqueiros de plantão são um veneno que mata e destrói.

A questão não é só FALAR, mas sobre o que Falar e daí o enfoque muda, porque a Palavra de Deus precisa ser anunciada. Entretanto, só pode e deve anunciá-la quem a vivencia e tem com ela intimidade porque nesse caso, o anúncio brota direto do coração de Deus e perpassa pela nossa boca com a Força do Espírito Santo.

Notem bem que a unção do Espírito não é privilégio de alguns pregadores, pois quando a Vida de Fé é autêntica, o cristão sempre tem algo sim a falar, impelido pelo Espírito Santo que o renovou.

Não se pode sufocar o Espírito Santo dando vazão ao que pensamos ou sentimos, é, preciso emprestar a nossa boca, a nossa inteligência e o coração, para que o Espírito Santo se manifeste e o anúncio tenha autenticidade junto aos ouvintes. Zacarias, o Pai de João Batista passou por esse processo... Se a incredulidade o impediu de falar, agora, vendo e ouvindo o que Deus realizou, torna pública a sua Fé manifestando o seu Louvor.

Zacarias é como aquele menino, que sabendo que ia ter uma grande festa na casa do vizinho, e não tendo sido convidado, olhou por cima do muro e depois descreveu aos demais a alegria que seus olhos vislumbraram. O seu louvor de alegria e gratidão faz um resumo da História da Salvação e anuncia o que está para acontecer...

O Filho será como a sentinela que ao amanhecer anuncia em uma explosão de alegria o sol que vem para acabar com as trevas. Jesus é o sol nascente que nos visitou, diz esse belíssimo cântico de Zacarias. Mas para que os raios mornos e benditos deste Sol iluminem e dêem sentido á nossa vida, é preciso abrir a nossa casa e o coração. O tempo do advento nos preparou e nos motivou para isso. Que as penumbras do pecado que rondavam nosso coração, e o mofo do egoísmo seja destruído por este Sol, e que em nossa Vida se faça sempre o "Meio Dia"...

1b. "MISSA DA NOITE - Vigília do Natal - "Nasceu para nós o Deus-Menino""

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

O sentir medo faz parte do ser humano, principalmente na relação com Deus, todos os personagens do A T, desde os patriarcas até os profetas, sentiram medo quando Deus se revelou para confiar-lhes uma missão. O pecado e o sentimento de culpa nos fazem ainda mais medrosos diante de Deus, no NT percebe-se que constantemente os discípulos são dominados pelo medo em muitas situações na experiência que fizeram com Jesus, e em todas essas situações o próprio senhor irá lhes dizer “Não tenhais medo...”. Temos medo daquilo que não conhecemos, temos medo de algo que é muito maior que nós, temos medo de tudo aquilo sobre o qual não temos controle e nem a compreensão.

Temos medo das forças da natureza, medo presente em tantas fobias e traumas sofridos na infância ou adolescência, mas temos muito medo principalmente de Deus, infelizmente muitos fazem da experiência com Deus uma relação baseada no medo, de não ser amado, perdoado, compreendido e aceito. Qualquer rejeição nesta vida é dolorosa, mas o pensamento tenebroso de que Deus possa nos rejeitar algum dia, nos causa grande pavor e angústia.

Os pastores eram pessoas rejeitadas pela sociedade e religião, considerados impuros e incapazes de alcançarem à salvação, nem no templo podiam entrar e ninguém confiava em suas palavras. Eles representam neste evangelho da Noite de Natal, todas aquelas categorias de pessoas excluídas, marginalizadas, consideradas lixos da humanidade, irrecuperáveis e desprezadas, pessoas de tão baixa qualidade que não compensaria trabalhar para recuperá-las socialmente e moralmente. Cada um de nós conhece alguém nessas condições, talvez membro da nossa família, ou que more perto de nós, pode também ser alguém da comunidade, que muitas vezes olhamos com o canto dos olhos.

Nesta noite de natal Deus fez uma revolução, deixou de lado as noventa e nove ovelhas de Israel e se manifestou na pastagem, em primeiríssimo lugar aos homens desqualificados e desprezados, que diante de tanta rejeição social e religiosa, já tinham gravado no coração e na mente, que o Messias Salvador jamais viria para eles, mas somente para os justos praticantes da lei de Moisés, por isso, o primeiro sentimento que lhes invade o coração diante do anjo do senhor que lhes apareceu, é justamente o medo, talvez de um castigo ou condenação. Não é este por acaso, o sentimento que temos quando pensamos em nossa morte?

“Na tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor...”

Nasceu para vós - não nasceu para os que se consideram justos, santos e zelosos cumpridores da lei, é um salvador que fala a nossa linguagem, que tem a nossa carne, que é pobre e rejeitado, como os pastores, nem tinha um lugar confortável para nascer. O sinal confirma essa proximidade de Deus com os homens, trata-se realmente do Emanuel, “Deus conosco” – não se trata de uma criança com super poderes, mas de um menininho pobre, deitado entre as palhas de uma manjedoura, envolto em faixas e que precisa dos cuidados de um pai e mãe, como qualquer criança.

Nesse dá para confiar, é um dos nossos! É igual a nós! É pé no chão! Capaz de sonhar os nossos sonhos, de ter no coração as nossas mesmas esperanças. Todo o céu se alegra e os anjos cantam os louvores de Deus. Anjos que estão em plena sintonia com o projeto de Deus, que para manifestar o grande amor pela humanidade pecadora, envia seu Filho Divino, da mesma natureza e essência, que livremente aceita o rebaixamento.

Ato salvífico que manifesta ao mesmo tempo toda glória e louvor a Deus, transmitindo também a paz aos homens por ele amados. A paz que derruba as barreiras entre Deus e os homens, a paz que abre o nosso coração para o amor e a graça trazida por Jesus de Nazaré! Não há mais razão para ter medo! Deus nos provou o seu amor, nesta noite Feliz!

2. Jesus é o sol que a todos ilumina

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Nestas palavras atribuídas a Zacarias pode-se ver um hino relacionando João Batista a Jesus. O hino compõe-se de duas partes. A primeira parte é uma ação de graças remetendo à tradição da eleição particular do povo de Israel. A segunda parte, diferenciada, onde, em lugar da "salvação dos nossos inimigos" e "de quantos que nos odeiam" é destacada a misericórdia e o perdão dos pecados, concedida pelo Senhor que vem no caminho preparado pelo menino que nasce. Os inimigos não serão destruídos, como pretendia a tradição de Israel, mas a paz será estabelecida pela misericórdia que remove a imputação de culpa do pecado, e pela conversão que leva à reconciliação. Jesus é o sol e o caminho que a todos ilumina e conduz a Deus.

3. LOUVOR E PROFECIA

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Zacarias soube reconhecer a salvação de Deus, cumprindo-se na história de Israel, por meio da libertação trazida pelo poderoso Salvador, Jesus, suscitado no meio do povo. Finalmente, a tão esperada visita de Deus se concretizava, e a libertação, há séculos acalentada, se fazia verdade. A seu filho recém-nascido competia a tarefa de preparar os caminhos da libertação que estava próxima.

Com Jesus, renascia a esperança no coração do povo. Deus não se esquecera das antigas profecias. As promessas seriam realizadas e o povo, resgatado da escravidão a que fora reduzido. Sem dúvida, a servidão pior era a do pecado e do egoísmo. Fazia-se necessário uma remissão urgente. Só assim seria possível servir a Deus, de maneira agradável, na justiça e na santidade.

O Altíssimo, do qual João seria profeta, despontaria como luz para tirar a humanidade das trevas e das sombras da morte, a que o pecado a havia reduzido. Doravante, seria possível trilhar os caminhos da paz, deixando para trás a injustiça e a iniqüidade, fruto do pecado.

O canto de Zacarias, saudando o nascimento de seu filho, era de louvor pelas promessas cumpridas, mas também profecia do que Deus iria realizar.