São Cláudio de La Colombiere
Quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Nasceu na França, em 1641. Sua mãe, muito cedo, havia profetizado que seu filho seria um santo religioso. Não que isso o forçou, mas ajudou no seu discernimento. Passado um tempo, ele, pertencente e uma família religiosa, pôde fazer este caminho de seguimento a Cristo e entrou para a Companhia de Jesus.
Dado aos estudos, aprofundou-se, lecionou e chegou a superior de um colégio jesuíta. Mas Deus tinha muitos planos para ele. Ele dizia: “Os planos de Deus nunca se realizam senão à custa de grandes sacrifícios” e pôde experimentar essa realidade. Ao ser o confessor do convento de Nossa Senhora da Visitação, conheceu a humilde e serva do Senhor, Margarida Maria Alacoque, que ia recebendo as promessas do Sagrado Coração de Jesus. Ele a orientou muito e pôde se aprofundar também nesta devoção; amor ao coração de Jesus. Amando o Senhor, pôde estar em comunhão também com o sacrifício e com a dor.
Ele mergulhou o seu coração nessa devoção e pôde ajudar a santa, mas, por obediência, teve de ir para Londres onde sofreu incompreensões por parte de cristãos não católicos, ao ponto de calúnias o levarem ao julgamento e à prisão. Só não foi morto por causa da intervenção do rei da França, Luís XIV.
São Cláudio de La Colombiere voltou para o berço da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Com 41 anos, partiu para a glória, como havia profetizado Margarida Maria Alacoque.
O seu testemunho nos mostra que é do coração de Jesus que vem a santidade para o nosso coração.
São Cláudio de La Colombiere, rogai por nós !
Leituras
Primeira Leitura (Tiago 1,19-27)
Leitura da Carta de São Tiago.
1 19 Já o sabeis, meus diletíssimos irmãos: todo homem deve ser pronto para ouvir, porém tardo para falar e tardo para se irar;
20 porque a ira do homem não cumpre a justiça de Deus.
21 Rejeitai, pois, toda impureza e todo vestígio de malícia e recebei com mansidão a palavra em vós semeada, que pode salvar as vossas almas.
22 Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes; isto equivaleria a vos enganardes a vós mesmos.
23 Aquele que escuta a palavra sem a realizar assemelha-se a alguém que contempla num espelho a fisionomia que a natureza lhe deu:
24 contempla-se e, mal sai dali, esquece-se de como era.
25 Mas aquele que procura meditar com atenção a lei perfeita da liberdade e nela persevera - não como ouvinte que facilmente se esquece, mas como cumpridor fiel do preceito -, este será feliz no seu proceder.
26 Se alguém pensa ser piedoso, mas não refreia a sua língua e engana o seu coração, então é vã a sua religião.
27 A religião pura e sem mácula aos olhos de Deus e nosso Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições, e conservar-se puro da corrupção deste mundo.
Salmo 14/15
Senhor, quem morará em vosso monte santo?
É aquele que caminha sem pecado
e pratica a justiça fielmente;
que pensa a verdade no seu íntimo
e não solta em calúnias sua língua.
que em nada prejudica o seu irmão
nem cobre de insultos seu vizinho;
que não dá valor algum ao homem ímpio,
mas honra os que respeitam o Senhor.
Não empresta o seu dinheiro com usura
nem se deixa subornar contra o inocente.
Jamais vacilará quem vive assim!
Evangelho (Marcos 8,22-26)
Naquele tempo, 8 22 Jesus e seus discípulos chegando a Betsaida, trouxeram-lhe um cego e suplicaram-lhe que o tocasse.
23 Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para fora da aldeia. Pôs-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: "Vês alguma coisa?"
24 O cego levantou os olhos e respondeu: "Vejo os homens como árvores que andam".
25 Em seguida, Jesus lhe impôs as mãos nos olhos e ele começou a ver e ficou curado, de modo que via distintamente de longe.
26 E mandou-o para casa, dizendo-lhe: "Não entres nem mesmo na aldeia".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "As Etapas da conversão"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Quando cristãos retornam de algum retiro ou encontro de espiritualidade, alardeando que agora estão convertidos, é para se ficar sempre com um pé atrás. Digo isso porque muitas vezes, o coitado mal volta do retiro e já o engajam em alguma pastoral ou movimento dando-lhes mil e uma tarefas. O pior é quando, por conta desse embalo inicial, marcado pelo excessivo entusiasmo, são convidados a darem testemunho na assembléia... Testemunho como o de Pedro que um dia, cheio de entusiasmo disse a Jesus “Eu te seguirei Senhor por onde fores, jamais deixarei de estar contigo”, mas naquele mesmo dia, que era a véspera de sua paixão, Jesus apagou o fogo de palha de Pedro, profetizando que naquela madrugada ele iria negá-lo por três vezes, antes que o galo cantasse.
Nada contra os nossos retiros e encontros de espiritualidade, que são úteis e necessários sendo até colocados como obrigação aos ministros ordenados e religiosos, pela Lei da Igreja. O problema é pensar que a conversão já aconteceu e a partir de agora vão poder vislumbrar um mundo totalmente novo quando na verdade, o mundo é o mesmo, as pessoas são as mesmas, e as situações também. O Novo, na verdade, está dentro da pessoa... E um coração renovado renova também o olhar que ganha a luz da FÉ.
A conversão verdadeira é toda um processo de muitas etapas, nessa experiência com Jesus Cristo, é portanto uma dinâmica em nossa vida, pois em cada decisão tomada ou atitude assumida diante de grandes ou pequenos acontecimentos vamos mostrando se estamos ou não nesse processo.
O homem cego, curado por Jesus nesse evangelho, já tinha feito uma experiência inicial com ele, entretanto ainda não tinha uma visão clara dos acontecimentos, pois a sua visão espiritual confundia homens com árvores que andavam. O que houve? Jesus não teria feito direito os gestos para realizar a cura? Claro que não, é que o ser humano tem suas limitações e os efeitos da Graça Divina é como aquela chuvinha fina, que sem muito alarde, vai fecundando a terra mansamente tornando-a fértil.
Foi somente após mais uma experiência com Jesus que os olhos daquele homem começaram a enxergar perfeitamente. E onde é o lugar de quem tem uma nova visão da vida, das pessoas e dos acontecimentos? É a Comunidade a casa dos que crêem. Mas sempre lembrando que a FÉ é dom de Deus e é Jesus quem abre nossos olhos para vivermos essa realidade totalmente nova. Pertencer a uma comunidade, sentir-se Igreja com os demais irmãos e irmãs, não é uma decisão nossa, mas somos Igreja e Comunidade pelo impulso permanente do Espírito Santo. Não se trata de um simples "empurrãozinho" igual aquele que se dá para fazer um carro pegar no tranco, a Força do Espírito é uma dinâmica em nossa Vida de Fé.
Mas é um processo lento que começa em nosso Batismo e termina com a nossa morte, quando então, totalmente convertidos, Jesus nos mandará para nossa casa definitiva onde teremos a visão Beatífica de Deus.
2. Deus no amor misericordioso de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Vindo da Decápole, Jesus está a caminho de Cesareia de Filipe. Betsaida é a cidade de Pedro, André e Filipe, com a presença de gregos entre a população. André é um nome de origem grega (Andréas). Esta narrativa detalhada e minuciosa da cura de um cego é bem característica do estilo de Marcos ao descrever os gestos e reações de Jesus. Jesus leva o cego pela mão, cospe em seus olhos, impõe-lhe as mãos. Como o cego ainda não vê bem, Jesus coloca novamente as mãos sobre seus olhos e ele passa a ver perfeitamente.
Marcos já registrara o uso da saliva por Jesus ao curar um surdo-gago. Jesus retira o cego do "povoado" e diz-lhe que não volte a ele. Pode-se perceber uma simbologia na narrativa. O "povoado" seria uma alusão às populações sob a influência da doutrina do judaísmo nesta região. O "cego" é impedido de "ver" por causa desta doutrina. Jesus, uma vez abrindo-lhes os olhos, recomenda que ele não volte àquela doutrina. Há uma alusão aos discípulos originários do judaísmo. Estes foram formados na doutrina messiânica davídica de poder, o que dificulta que entendam a revelação de Deus no amor humilde e misericordioso de Jesus.
3. COMPREENSÃO GRADATIVA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A cura do cego de Betsaida serve de parábola para o processo de iluminação da inteligência dos discípulos, na tentativa de compreenderem e assimilarem os ensinamentos de Jesus. Evidentemente, isto não aconteceu de repente Antes, esta dinâmica de compreensão e assimilação foi lenta e gradual, exigindo tempo para consolidar-se.
A passagem da cegueira à visão, no caso do cego, deu-se de forma gradativa. Num primeiro momento, Jesus umedeceu-lhe os olhos com saliva e impôs-lhe as mãos. Disto resultou uma visão ainda imperfeita e nebulosa. As pessoas eram vistas de forma indistinta, como se fossem árvores caminhando. Só num segundo momento, após ter Jesus tocado os olhos do cego é que ele passou a ver distintamente, não só de perto, mas também de longe.
Servindo-se de um texto do profeta Jeremias, Jesus já havia censurado os discípulos os quais "tendo olhos, não viam e tendo ouvidos, não ouviam". A incompreensão deles era comparável a uma cegueira. Necessitava de cura! O processo já havia sido iniciado. Eles, porém, ainda permaneciam no primeiro estágio, vendo as coisas de maneira nebulosa. Era preciso dar o passo seguinte: compreender tudo, o mais claramente possível, sem nenhuma hesitação. Acomodar-se no primeiro passo seria uma atitude insensata, por parte de quem já tinha aceitado deixar-se guiar por Jesus.