São Clemente I

Terça-feira, 23 de novembro de 2010


Com grande alegria e veneração lembramos a vida do terceiro Papa que governou, no primeiro século, a Igreja Romana. São Clemente I assumiu a Cátedra de Pedro, depois de Lino, Anacleto e com muito empenho regeu a Igreja de Roma dos anos 88 até 97.

Sobressai no seu pontificado um documento de primeira grandeza, fundamental a favor do primado universal do Bispo de Roma: a carta aos Coríntios, escrita no ano de 96.

Perturbada por agitadores presumidos e invejosos, a comunidade cristã de Corinto ameaçava desagregação e ruptura.

São Clemente escreve-lhe então uma extensa carta de orientação e pacificação, repassada de energia persuasiva, recomendando humildade, paz e obediência à hierarquia eclesiástica já então definida nos seus diversos graus: Bispos, Presbíteros e Diáconos.

Esta sua intervenção mostra que Clemente, para além de Bispo de Roma, sentia-se responsável e com autoridade sobre as outras Igrejas.

E saliente-se que, nessa altura, vivia ainda o Apóstolo São João, o que nos permite concluir que o Primado não foi de modo algum uma ideia meramente nascida de circunstâncias favoráveis, mas uma convicção clara logo desde o início. Se assim não fosse, nunca São Clemente teria ousado meter-se onde, por hipótese, não era chamado.

João, como Apóstolo de Cristo, era sem dúvida uma figura venerável. Mas era ao Bispo de Roma, como sucessor de São Pedro, que competia o governo da cristandade.

Uma tradição, que remonta ao fim do século IV, afirma que São Clemente terminou sua vida com o martírio. Seu nome ficou incluído no Cânon Romano da Missa.

São Clemente I, rogai por nós!

(Fonte: Canção Nova)

Terça-feira, 23 de novembro de 2010

34º do Tempo Comum (Ano “C”), 2ª Semana do Saltério (Livro III), cor Litúrgica Verde


Santos: Anfilóquio de Icônio (bispo), Clemente I (papa, mártir), Clemente de Metz (bispo), Columbano (abade), Felicidade de (mártir), Gregório de Girgenti (bispo), Lucrécia de Mérida (virgem, mártir), Paterniano de Fermo (bispo), Paulino de Wales (monge), Sisínio de Cízico (bispo), Trudo de Herbaye (presbítero), Vulfetrudes de Nivelle (abadessa), Margarida de Savóia (viúva, bem-aventurada), Miguel Agostinho Pro (presbítero, mártir, bem-aventurado).

Antífona: O Senhor fala de paz a seu povo e a seus amigos e a todos os que se voltam para ele. (Sl 84,9)

Oração: Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas, para que, aproveitando melhor as vossas graças, obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.


Leituras


Leitura: Apocalipse (Ap 14, 14-19)

O triunfo da vida sobre a morte

Eu, João, na minha visão, vi uma nuvem branca e sentado na nuvem alguém que parecia um "filho de homem". Tinha na cabeça uma coroa de ouro e, nas mãos, uma foice afiada.

Saiu do Templo outro anjo, gritando em alta voz para aquele que estava sentado na nuvem: "Lança tua foice, e ceifa. Chegou a hora da colheita. A seara da terra está madura!" E aquele que estava sentado na nuvem lançou a foice, e a terra foi ceifada.

Então saiu do templo que está no céu mais um anjo. Também ele tinha nas mãos uma foice afiada. E saiu, de junto do altar, outro anjo ainda, aquele que tem o poder sobre o fogo.

Ele gritou em alta voz para aquele que segurava a foice afiada: "Lança a foice e colhe os cachos da videira da terra, porque as uvas já estão maduras".

E o anjo lançou a foice afiada na terra, e colheu as uvas da videira da terra. Depois, despejou as uvas no grande lagar do furor de Deus. Palavra do Senhor!

Comentando a Leitura

Chegou a hora da colheita

O juízo final inserido nesta liturgia celeste é comparado a uma ceifa (cf Jo 4, 13; Mc 4, 29) efetuada pelo Cristo glorioso. É o triunfo da vida sobre a morte, da alegria sobre o sofrimento, já realizado nele e renovando-se agora nos membros de seu corpo. Cristo "virá na glória a julgar os vivos e os mortos".

O momento do juízo não é tanto um dia de ira e vingança (é também isso para quem perseverou no mal!), quanto o dia do amor gratuito, o dia da misericórdia infinita a nós concedida por nosso Irmão, amado e esperado; dia de plena e total justiça feita a nós por ele que nos conhece bem por nos ter amado, por ter morrido por nós.

Deus não pode destruir a justiça, pois criaria outra injustiça; julgar-nos-á, porém, o Amor e julgar-nos-á sobre o amor. O melhor modo para esperar Cristo juiz é chamá-lo e desejá-lo, como faziam os primeiros cristãos: "Vem, Senhor Jesus” (Maranatizá). [Missal Cotidiano, Paulinas]


Salmo Responsorial: 95 (96), 10.11-12.13 (R/.13b)

O Senhor vem julgar nossa terra

Publicai entre as nações: "Reina o Senhor!" Ele firmou o universo inabalável, e os povos ele julga com justiça.

O céu se rejubile e exulte a terra, aplauda o mar com o que vive em suas águas; os campos com seus frutos rejubilem e exultem as florestas e as matas.

Na presença do Senhor, pois ele vem, porque vem para julgar a terra inteira. Governará o mundo todo com justiça, e os povos julgará com lealdade.


Evangelho: Lucas (Lc 21, 5-11)

Anúncio da destruição do templo

Naquele tempo, algumas pessoas comentavam a respeito do Templo que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse: "Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído".

Mas eles perguntaram: "Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?" Jesus respondeu: "Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: 'Sou eu!' E ainda: 'O tempo está próximo'. Não sigais essa gente! Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados.

E preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim". E Jesus continuou: "Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro pais. Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares; acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu".

Palavra da Salvação!

[Leituras paralelas: Mt 24, 1-2; Mc 13, 1-2]

Comentando o Evangelho

Uma frágil beleza

O discurso sobre o fim do mundo revela a fragilidade das realidades humanas. Nem mesmo o Templo, construído para ser a habitação de Deus no meio do povo, estaria à salvo da destruição.

A constatação de Jesus a respeito da destruição do Templo expressa o destino das realidades humanas: “Não ficará pedra sobre pedra”. O fim de tudo é a sua ruína. Experiência dolorosa, que será acompanhada de tentativas de engano: muitos se apresentarão como messias, anunciando a chegada do fim. Guerras e revoluções, terremotos e epidemias, prodígios e sinais no céu revelarão, também, essa chegada. Mas, ao contrário do que diziam os falsos profetas, Jesus afirma que “não será ainda o fim”.

O Mestre assegura isso, com a linguagem apocalíptica da época. Não lhe interessa, porém, inculcar em seus ouvintes os sentimentos dos quais esta linguagem estava carregada. Ele quer tão somente conscientizar a comunidade acerca da importância de dedicar-se às coisas impossíveis de serem destruídas: a fé e o amor.

Quando tudo tiver chegado ao fim, apenas estas duas realidades subsistirão. Só elas podem oferecer segurança e levar o discípulo a superar o medo terrificante que o confronto com a escatologia provoca. A beleza sólida da fé e do amor permanecerão, mesmo quando tudo o mais se tiver reduzido a escombros. Isto porque são obras de Deus.
[O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA, Ano C, ©Paulinas, 1996]

Para Sua Reflexão:

A majestosa construção do templo tinha sido iniciada por Herodes, o Grande, por volta do ano 19 a.C. O anúncio da ruína do templo é ocasião do último discurso de Jesus, onde prediz as tribulações do fim dos tempos e o seu regresso em glória. O discurso dirige-se ao povo no templo ou então aos discípulos no Monte das Oliveiras. Lucas distingue os anúncios do fim do mundo dos acontecimentos que o precedem: perseguição dos discípulos, ruína de Jerusalém, e conclui com exortações à esperança e a vigilância. Os profetas suscitaram grande escândalo, anunciando a ruína do templo, assim como também Jesus.
[Bíblia dos Capuchinhos]