São Dâmaso
Sábado, 11 de dezembro de 2010
Ocupou a Sé de Roma de 366 a 384. Foi natural, ou pelo menos originário, da antiga Hispânia. O Livro Pontifical, não muito posterior, dá-o como hispanus. Seu pai e uma irmã ao menos, Santa Irene, viveram também em Roma. Lá, S. Dâmaso erigiu uma Basílica a S. Lourenço, que recebeu o cognome de in Damaso.
Viveu num período de grande agitação para a Igreja. No tempo de seu Pontificado, era Bispo de Milão o grande Santo Ambrósio e São Jerônimo punha sua formidável inteligência ao serviço da Igreja. São Dâmaso teve que enfrentar um cisma causado por um antipapa, isto no início do seu Pontificado. Infelizmente este não consistiu no único problema para Dâmaso, já que teve de combater o Arianismo, que negava a consubstancialidade de Cristo com o Pai. Sendo ele Papa, chegou quase a extinguir-se a heresia ariana. O Imperador Teodósio, se não encontrou nele um indomável mestre de moral como Santo Ambrósio, encontrou um Papa que afirmou sempre, com serena firmeza, a "autoridade da Sé Apostólica". Dâmaso fez de tudo pela unidade da Igreja, e para deixar claro o Primado do Papa, pois foi o próprio Cristo quem quis: "E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16,18) . O Papa Dâmaso esteve no II Concílio Ecumênico onde aconteceu a definição dogmática sobre a Divindade do Espírito Santo. Foi ele quem encarregou São Jerônimo na tradução da Bíblia da língua original para o latim, língua oficial da Igreja. Conhecido como o "Papa das Catacumbas", São Dâmaso foi responsável pela zelosa restauração das catacumbas dos mártires. Em Roma, conseguiu separar Estado e Paganismo. A sua obra foi paciente e oculta, mas não medíocre nem definhante. Soube ligar à Sé apostólica todas as Igrejas e obteve do poder civil o maior respeito.
São Dâmaso, o Papa mais notável do século IV, veio a falecer em 384. Na chamada Cripta dos Papas, por ele explorada nas Catacumbas de S. Calisto, no fim de uma longa inscrição, escreveu: "Aqui eu, Dâmaso, desejaria mandar sepultar os meus restos, mas tenho medo de perturbar as piedosas cinzas dos santos". Humildade e discrição de um Papa verdadeiramente santo, que de fato preparou para si a sepultura longe, num local solitário, à margem da Via Ardeatina.
São Dâmaso, rogai por nós!
[Canção Nova]
Sábado, 11 de dezembro de 2010
Segunda Semana do Advento - 2ª do Saltério, Livro I - Cor Litúrgica Roxa
Hoje: Dia Mundial da Asma, dia do engenheiro Civil e dia do Arquiteto
Santos: Benjamin de Jerusalém (bispo), Blatmaco da Escócia (abade), Daniel, o Estilita (monge de Samósata), Eutíquio da Espanha (mártir), Savino de Piacenza (bispo), Segundo, Zózimo, Paulo e Ciríaco (mártires), Senchan de Emly (abade-bispo), Trasão, Ponciano, Pretextato (mártires de Roma), Vitorino de Tixtier (mártir), Batista de Áquila (bem-aventurado), Tassilão III (duque da Baviera, bem-aventurado), Teodorico Coelde (bem-aventurado), Ugolino Magalotti (bem-aventurado), Vilburga de São Floriano (eremita, bem-aventurada), Vilfero de Moutier-Saint-Jean (monge, bem-aventurado)
Antífona: Vinde, Senhor, que estais acima dos querubins; mostrai-nos a vossa face, e seremos salvos. (Sl 79, 4.2)
Oração: Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, que desponte em nossos corações o esplendor da vossa glória, para que, vencidas as trevas do pecado, a vinda do vosso unigênito revele que somos filhos da luz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo.
Leituras
Leitura: Eclesiástico (Eclo 48, 1-4.9-11)
Elias lutou pelo culto ao deus verdadeiro
Naqueles dias, o profeta Elias surgiu como um fogo, e sua palavra queimava como uma tocha. Fez vir a fome sobre eles e, no seu zelo, reduziu-os a pouca gente. Pela palavra do Senhor fechou o céu e de lá fez cair fogo por três vezes. Ó Elias, como te tornaste glorioso por teus prodígios! Quem poderia gloriar-se de ser semelhante a ti? Tu foste arrebatado num turbilhão de fogo, num carro de cavalos também de fogo, tu, nas ameaças para os tempos futuros, foste designado para acalmar a ira do Senhor antes do furor, para reconduzir o coração do pai ao filho, e restabelecer as tribos de Jacó. Felizes os que te viram, e os que adormeceram na tua amizade! Palavra do Senhor!
Comentando a I Leitura
Alias retornará
Jesus identifica Elias com João Batista (Mt 17,12), porque é semelhante a missão de ambos e a coragem com que proclamam a verdade aos poderosos. Um e outro, porém, são a figura do próprio Jesus, Palavra do Pai. Jesus, profeta incômodo, pagará com a vida a coragem de ter dito a verdade aos grande do seu povo.
De si próprio ele disse: “Vim trazer fogo à terra e quero que se inflame”. No decurso dos séculos, os mártires e os santos se inflamaram ao fogo de sua mensagem de salvação, encontrando no evangelho força para ir de encontro a todo gênero de sofrimento e mesmo da morte; encontrando naquelas “palavras de vida eterna” coragem para viver em plenitude a vida própria dos cristãos. O “fogo” continua a arder.
A palavra de Jesus continua a ressoar pela terra, levada por muitos profetas: o papa, os bispos, os sacerdotes, os catequistas e os pais. Contudo, além dessas tarefas por assim dizer institucionais, “na Igreja todo fiel é igualmente responsável pela palavra de Deus.” [COMENTÁRIO BÍBLICO, ©Edições Loyola, 1999]
Salmo: 79(80), 2ac e 3b.15-16.18-19 (cf.4)
Convertei-nos, ó Senhor; resplandecei a vossa face e nós seremos salvos!
Ó pastor de Israel, prestai ouvidos. Vós que sobre os querubins vos assentais. Despertai vosso poder, ó nosso Deus e vinde logo nos trazer a salvação!
Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes!
Pousai a mão por sobre o vosso protegido, o filho do homem que escolhestes para vós! E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome!
Evangelho: Mateus (Mt 17, 10-13)
Jesus lhes falava de João batista
Ao descerem do monte, 10os discípulos perguntaram a Jesus: "Por que os mestres da lei dizem que Elias deve vir primeiro?" 11Jesus respondeu: "Elias vem e colocará tudo em ordem. 12Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles". 13Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista. Palavra do Senhor!
(Leitura paralela: Mc 9, 11-13.)
Comentando o Evangelho
Questionando uma doutrina
Os mestres da Lei prenunciavam a vinda de Elias como sinal de realização das esperanças messiânicas. Esta doutrina fundava-se na crença de que haveria uma restauração gloriosa de Israel, por obra do Messias. Este triunfalismo foi questionado por Jesus.
A tarefa atribuída ao profeta Elias - "colocar tudo em ordem" - fora desempenhada por João Batista. Sua vida humilde e ascética impediu que os triunfalistas o reconhecessem. Só os simples foram capazes de perceber a importância da pregação do Precursor, e se deixaram batizar por ele, confessando seus pecados, dispostos a se converterem.
O destino cruel reservado ao Batista revelou a leviandade dos esquemas religiosos e políticos de seu tempo. Esperando uma manifestação espalhafatosa de Deus, que a eximisse da responsabilidade de estar sempre vigilante e em discernimento, a liderança religiosa fez-se surda aos apelos de quem exigia dela uma decisão responsável e livre. Desta forma, ela desprezou a oportunidade oferecida por Deus.
O caminho trilhado por Jesus foi idêntico ao do Batista. Despojado de qualquer pretensão mundana, fez-se solidário com os pobres e marginalizados, os deserdados deste mundo. Por isso, quem cultivava a mesma mentalidade triunfalista dos adversários do Batista jamais poderia confessá-lo como Messias. Só quem entendia que a obra de Deus acontece na contramão da mentalidade humana estava em condições de tornar-se discípulo.
[O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA, Ano B, ©Paulinas, 1996]