08-11-2013 — São Deodato
O santo de hoje, cujo nome significa “dado por Deus”, foi por quarenta anos Padre em Roma antes de suceder ao Papa Bonifácio IV a 19 de outubro de 615. Em Roma, o Papa não era somente o Bispo e o Pai espiritual, mas também o guia civil, o juiz, o supremo magistrado, a garantia da ordem. Com a morte de cada pontífice, os romanos se sentiam privados de proteção, expostos às invasões dos bárbaros nórdicos ou às reivindicações do império do Oriente. A teoria dos dois únicos, Papa e imperador, que deviam governar unidos o mundo cristão, não encontrava grandes adesões em Constantinopla.
O Papa Deodato, entretanto, buscou o diálogo junto ao imperador intercedendo pelas necessidades de seu povo e, apesar do imperador mostrar-se pouco solícito para o bem do povo, enviou o exarca Eleutério para acabar com as revoltas de Ravena e de Nápoles. Foi a única vez que o Papa Deodato, ocupado em aliviar os desconfortos da população da cidade, nas calamidades acima referidas, teve um contato, se bem que indireto, com o imperador.
Foi inserido no Martirológio Romano, um episódio que revalidaria a fama de santidade que circundava este pontífice que guiou os cristãos em épocas tão difíceis: durante uma das suas frequentes visitas aos doentes, os mais abandonados, os que era atingidos pela lepra, teria curado um desses infelizes, após havê-lo amavelmente abraçado e beijado.
São Deodato morreu em novembro do ano 618, amado e chorado pelos romanos que tiveram a oportunidade de apreciar seu bom coração durante as grandes calamidades que se abateram sobre Roma nos seus três anos de Pontificado (inclusive um terremoto, que deu golpe de graça aos edifícios de mármore dos Foros, já devastados por sucessivas invasões bárbaras e horríveis epidemia).
São Deodato, rogai por nós!
Hoje:
Leituras
Primeira Leitura (Romanos 15,14-21) Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
Estou pessoalmente convencido, meus irmãos, de que estais cheios de bondade, cheios de um perfeito conhecimento, capazes de vos admoestar uns aos outros.
Se, em parte, vos escrevi com particular liberdade, foi para relembrar-vos. E o fiz em virtude da graça que me foi dada por Deus,de ser o ministro de Jesus Cristo entre os pagãos, exercendo a função sagrada do Evangelho de Deus. E isso para que os pagãos, santificados pelo Espírito Santo, lhe sejam uma oferta agradável.
Tenho motivo de gloriar-me em Jesus Cristo, no que diz respeito ao serviço de Deus.
Porque não ousaria mencionar ação alguma que Cristo não houvesse realizado por meu ministério, para levar os pagãos a aceitar o Evangelho, pela palavra e pela ação, pelo poder dos milagres e prodígios, pela virtude do Espírito. De maneira que tenho divulgado o Evangelho de Cristo desde Jerusalém e suas terras vizinhas até a Ilíria.
E me empenhei por anunciar o Evangelho onde ainda não havia sido anunciado o nome de Cristo, pois não queria edificar sobre fundamento lançado por outro.
Fiz bem assim como está escrito: Vê-lo-ão aqueles aos quais ainda não tinha sido anunciado; conhecê-lo-ão aqueles que dele ainda não tinham ouvido falar.
- Palavra do Senhor!
- Graças a Deus.
Salmo responsorial 97/98
O Senhor fez conhecer seu poder salvador perante as nações.
Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! Sua mão e o seu braço forte e santo alcançaram-lhe a vitória.
O Senhor fez conhecer a salvação e, às nações, sua justiça; recordou o seu amor sempre fiel pela casa de Israel.
Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai!
Evangelho (Lucas 16,1-8)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!
Jesus disse também a seus discípulos: "Havia um homem rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens.
Ele chamou o administrador e lhe disse: ‘Que é que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens’.
O administrador refletiu então consigo: ‘Que farei, visto que meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha.
Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido do emprego’.
Chamou, pois, separadamente a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves a meu patrão?’
Ele respondeu: ‘Cem medidas de azeite’. Disse-lhe: ‘Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: cinqüenta’.
Depois perguntou ao outro: ‘Tu, quanto deves?’ Respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma os teus papéis e escreve: oitenta’.
E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes.
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!
Comentário do Evangelho
O Bom Administrador
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Este administrador desonesto teve duas atitudes que mereceram elogios de Jesus, pensou no futuro e foi capaz de abrir mão da sua comissão sobre a venda de produtos, se projetarmos a reflexão na esperança escatológica, podemos afirmar que o caminho para essa plenitude passa pelas perdas e de fato, o próprio Jesus vai dizer "Quem perder a sua vida por causa de mim, vai ganhá-la".
O Administrador sabia que tinha perdido o emprego e agora precisava se garantir. A forma que encontrou foi conquistar amigos, baixando drasticamente o valor da dívida, é bom informar os leitores que na verdade ele não reduziu preço algum, apenas abriu mão da sua comissão, uma perda momentânea que iria representar um ganho futuro, até mais valioso, quem sabe, um deles poderia lhe dar um novo emprego, ou um abrigo em sua casa por gratidão.
O evangelho não incentiva a sua desonestidade, mas a sua astúcia em tomar decisão certa no momento certo, coisa que os Filhos da Luz nem sempre o fazem. Muitos cristãos se entregam e confiam plenamente em Jesus Cristo, entretanto, não abrem mão de seus caprichos e de um egoísmo terrível que chega a sufocar, atuam na comunidade onde aparentemente nada ganham, porém, esperam sempre algo em troca, prestígio, sucesso, poder de decisão e outras coisas mais que contrariam o evangelho.
Os bens materiais e tudo mais que possuímos, incluindo-se os carismas, habilidades e talentos devem sempre ser colocados a disposição do outro na comunidade, de maneira prazerosa, generosa, de modos que cause alegria interior. Quando o mau uso do nosso carisma resulta em mágoas e revoltas, intrigas e ressentimentos é sinal de que embarcamos no trem do Imediatismo que a pós-modernidade nos apresenta, e nós queremos ganhar agora e já, nem nos damos conta de que o Futuro poderá ser bem amargo, se persistirmos nesse caminho...
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