São Domingos de Gusmão
Segunda-feira, 08 de agosto de 2011
Neste dia lembramos aquele que, ao lado de São Francisco de Assis, marcou o século XIII com sua santidade vivida na mendicância e no total abandono em Deus e desapego material.
São Domingos nasceu em Caleruega, na Castela Velha em 1170, Espanha, e pertencia à alta linhagem dos Gusmão. O pai, Félix de Gusmão, queria entusiamá-lo pelas armas; o menino preferia porém andar com a mãe, Joana de Aza, grande esmoler, e com clérigos e monges.
Interessante é que antes de Domingos nascer sua mãe sonhou com um cão, que trazia na boca uma tocha acesa de que irradiava grande luz sobre o mundo. Mais do que sonho foi uma profecia, pois Domingos de Gusmão, de estatura mediana, corpo esguio, rosto bonito e levemente corado, cabelos e barba levemente vermelhos, belos olhos luminosos, não fez outra coisa senão iluminar todo o seu tempo e a Igreja com a Luz do Evangelho, isso depois de se desapegar a tal ponto de si e das coisas, que chegou a vender todos os seus ricos livros, a fim de comprar comida aos famintos.
Homem de oração, penitência e amor à Palavra de Deus, São Domingos acolheu o chamado ao sacerdócio e ao ser ordenado (no ano de 1203 em Osma, onde foi nomeado cônego). No ano de 1204, Domingos seguiu para Roma a fim de obter do Papa licença para evangelizar os bárbaros na Germânia. No entanto, o Papa Inocêncio III orientou-o para a conversão dos Albigenses que infestavam todo o Sul da França com suas heresias. Desta forma, Domingos fez do sul da França, o seu principal campo de ação. Quando os hereges depararam com a verdadeira pobreza evangélica de São Domingos de Gusmão, muitos aderiram à Verdade, pois nesta altura já nascia, no ano de 1215 em Tolosa, a primeira casa dos Irmãos Pregadores, também conhecidos como Dominicanos (cães do Senhor) que na mendicância, amor e propagação do Rosário da Virgem Maria, rígida formação teológica e apologética, levavam em comunidade a Véritas, ou seja, a verdade libertadora. São Domingos de Gusmão entrou no Céu com 51 anos e foi canonizado pelo Papa Gregório IX, em 1234.
São Domingos de Gusmão, rogai por nós!
Hoje: Dia do Pároco, Dia do Pedestre e Dia dos Bandeirantes
Leituras
Primeira Leitura (Deuteronômio 10,12-22)
Moisés falou ao povo, dizendo: "E agora, ó Israel, o que pede a ti o Senhor, teu Deus, senão que o temas, andando nos seus caminhos, amando-o e servindo-o de todo o teu coração e de toda a tua alma, observando os mandamentos do Senhor e suas leis, que hoje te prescrevo, para que sejas feliz? Vê: ao Senhor, teu Deus, pertencem os céus e os céus dos céus, a terra e tudo o que nela se encontra. Não obstante, só a teus pais se apegou o Senhor com amor, e elegeu a sua posteridade, depois deles, a vós, dentre todas as nações, como o vedes presentemente.
Cortai, pois, o prepúcio de vosso coração, e cessai de endurecer vossa cerviz; porque o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz distinção de pessoas, nem aceita presentes. Ele faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, ao qual dá alimento e vestuário.
Também vós, amai o estrangeiro, porque fostes estrangeiros no Egito. Temerás o Senhor, teu Deus, e o servirás. Estarás unido a ele, e só pelo seu nome farás os teus juramentos. Ele é a tua glória e o teu Deus, que fez por ti estas grandes e terríveis coisas que viste com os teus olhos. Quando os teus pais desceram ao Egito eram em número de setenta pessoas, e agora o Senhor, teu Deus, multiplicou-te como as estrelas do céu".
Salmo 147/147B
Glorifica o Senhor, o Jerusalém.
Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
Pois reforçou com segurança as tuas portas
e os teus filhos, em teu seio, abençoou.
A paz em teus limites garantiu
e te dá como alimento a flor do trigo.
Ele envia suas ordens para a terra,
e a palavra que ele diz corre veloz.
Anunciai a Jacó sua palavra,
seus preceitos e suas leis a Israel.
Nenhum povo recebeu tanto carinho,
a nenhum outro revelou os seus preceitos.
Evangelho (Mateus 17,22-27)
Naquele tempo, quando Jesus e os seus discípulos estavam reunidos na Galileia, ele lhes disse: "Matá-lo-ão, mas ao terceiro dia ressuscitará". E eles ficaram profundamente aflitos. Logo que chegaram a Cafarnaum, aqueles que cobravam o imposto da didracma aproximaram-se de Pedro e lhe perguntaram: "Teu mestre não paga a didracma?"
"Paga sim", respondeu Pedro. Mas quando chegaram à casa, Jesus preveniu-o, dizendo: "Que te parece, Simão? Os reis da terra, de quem recebem os tributos ou os impostos? De seus filhos ou dos estrangeiros?" Pedro respondeu: "Dos estrangeiros". Jesus replicou: "Os filhos, então, estão isentos. Mas não convém escandalizá-los. Vai ao mar, lança o anzol, e ao primeiro peixe que pegares abrirás a boca e encontrarás um estatere. Toma-o e dá-o por mim e por ti".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Estado é Poderoso...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Este evangelho apresenta-nos uma questão muito séria, a Igreja de Cristo, que é Sinal e Sacramento do Reino de Deus, deve ser submissa ao Estado? O pagamento de imposto Como a própria palavra já diz, é Imposto, e sinaliza uma total submissão por parte de quem o paga.
O apóstolo Pedro, que juntamente com os demais, já estava bem aflito com o anúncio da paixão, que Jesus tinha feito no caminho para a Galiléia, não quis saber de brincadeira, quando chegaram a Cafarnaum e um cobrador de impostos lhe perguntou se o Mestre pagava imposto, imediatamente respondeu que sim, ou seja, ele está dizendo com isso, que o Mestre e todo o grupo estava submisso ao Poder Imperial.
O Sistema político – social e econômico, dita suas normas, e aqui não falamos de impostos, mas de princípios de vida, e a gente, como vaquinha der presépio vai dizendo “Amém”. Pedro não queria que o Poder visse em Jesus um inimigo, alguém que pensava contrário, por isso respondeu de imediato que o Mestre pagava imposto.
Jesus pouco depois faz-lhe uma pergunta provocadora:” De quem os Reis da terra recebem impostos, dos Filhos ou dos estrangeiros?”. Com isso ele quer mostrar a sua total liberdade em relação ao Poder, o Filho está submisso ao Pai e a ninguém mais, e sendo Filho, não precisa pagar nenhum tipo de tributo ou imposto, pois Deus nos ama gratuitamente e nada nos impõe.
E para mostrar que realmente todas as coisas estão submissas ao Pai, manda Pedro ir pescar, e o primeiro peixe fisgado terá na boca uma moeda suficiente para pagar o imposto de Jesus e de Pedro também. Peixe era o sinal com que os cristãos se saudavam algo como um código secreto entre eles, principalmente no tempo das perseguições.
A igreja não pode estar sob a tutela do estado como aconteceu após o século IV quando Roma declarou o Cristianismo como a Religião Oficial do Império, a quem esteve atrelada por todo o período chamado de Cristandade. O evangelho deixa claro que os interesses dos Poderosos que governam uma Nação, nunca irá coincidir com os princípios cristãos, o anúncio da paixão, no primeiro versículo mostra isso.
O Estado é Laico, mas isso não dá a essa Instituição a Soberania nos assuntos que dizem respeito a Vida Humana, alguém tem que “Botar a Boca no trombone” com voz firme e profética, essa missão compete á Igreja e aos cristãos...
2. Deus está atento às necessidades de seus filhos
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Com o anúncio de sua paixão, Jesus insiste junto aos discípulos que ele não é o messias glorioso do judaísmo, mas é simplesmente o "humano" (Filho do Homem). Está sujeito às nossas fragilidades e limites e não veio assumir uma posição de poder opressor, mas veio para servir e comunicar-nos o amor e a vida eterna.
É o Filho de Deus que se fazendo humano nos torna divinos. Pedro, questionado se seu mestre paga o imposto do Templo, prontamente responde que sim. Jesus relativiza a questão: os impostos são uma forma de opressão do Templo que se assemelha aos reis da terra.
No Reino de Deus, os filhos estão livres. Não sendo ainda ocasião de contestá-lo, o pagamento é feito para evitar escândalos entre o povo. A imagem da moeda na boca do peixe simboliza que Deus está atento às necessidades de seus filhos.
3. UM GESTO DE LIBERDADE
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A comunidade primitiva via-se às voltas com o problema da relação com o judaísmo, e tudo quanto lhe dizia respeito. Havia os defensores da observância dos costumes e tradições judaicos; havia, também, quem postulava liberdade em relação às coisas do passado.
O episódio evangélico parece situar Jesus e Pedro no primeiro grupo. Contudo, a conduta do Mestre revela prudência, ou seja, evitar escandalizar quem não estivesse preparado para defrontar-se com um gesto de liberdade. Em última análise, seu pensamento segue numa direção bem diferente.
O pagamento do imposto ao templo era obrigatório para todo israelita, mesmo para os que habitavam fora da Palestina. Os cobradores do imposto, ao interrogar Pedro sobre o costume de Jesus a respeito desse imposto, suspeitavam que o Mestre se recusava a pagá-lo, numa forma de ruptura com os esquemas sócio-religiosos da época. O discípulo lhes respondeu: "Sim, paga!" E foi pedir a Jesus a soma suficiente para cumprir essa obrigação.
Este não põe dificuldade, mas reflete com Pedro a respeito do que estão fazendo. De fato, por ser Filho (de Deus), está isento desta obrigação geral. No entanto, está disposto a abrir mão desse seu direito, só para não ser motivo de escândalo. Foi suficientemente livre para fazer algo sem sentido. Contudo, nessa situação, era mais importante não indispor os cobradores de impostos em relação à fé.