São Domingos de Gusmão
Quarta-feira, 08 de agosto de 2012
Neste dia lembramos aquele que, ao lado de São Francisco de Assis, marcou o século XIII com sua santidade vivida na mendicância e no total abandono em Deus e desapego material.
São Domingos nasceu em Caleruega, na Castela Velha em 1170, Espanha, e pertencia à alta linhagem dos Gusmão. O pai, Félix de Gusmão, queria entusiamá-lo pelas armas; o menino preferia porém andar com a mãe, Joana de Aza, grande esmoler, e com clérigos e monges.
Interessante é que antes de Domingos nascer sua mãe sonhou com um cão, que trazia na boca uma tocha acesa de que irradiava grande luz sobre o mundo. Mais do que sonho foi uma profecia, pois Domingos de Gusmão, de estatura mediana, corpo esguio, rosto bonito e levemente corado, cabelos e barba levemente vermelhos, belos olhos luminosos, não fez outra coisa senão iluminar todo o seu tempo e a Igreja com a Luz do Evangelho, isso depois de se desapegar a tal ponto de si e das coisas, que chegou a vender todos os seus ricos livros, a fim de comprar comida aos famintos.
Homem de oração, penitência e amor à Palavra de Deus, São Domingos acolheu o chamado ao sacerdócio e ao ser ordenado (no ano de 1203 em Osma, onde foi nomeado cônego). No ano de 1204, Domingos seguiu para Roma a fim de obter do Papa licença para evangelizar os bárbaros na Germânia. No entanto, o Papa Inocêncio III orientou-o para a conversão dos Albigenses que infestavam todo o Sul da França com suas heresias. Desta forma, Domingos fez do sul da França, o seu principal campo de ação. Quando os hereges depararam com a verdadeira pobreza evangélica de São Domingos de Gusmão, muitos aderiram à Verdade, pois nesta altura já nascia, no ano de 1215 em Tolosa, a primeira casa dos Irmãos Pregadores, também conhecidos como Dominicanos (cães do Senhor) que na mendicância, amor e propagação do Rosário da Virgem Maria, rígida formação teológica e apologética, levavam em comunidade a Véritas, ou seja, a verdade libertadora. São Domingos de Gusmão entrou no Céu com 51 anos e foi canonizado pelo Papa Gregório IX, em 1234.
São Domingos de Gusmão, rogai por nós!
Hoje:
Dia do Pároco
Leituras
Leitura (Jeremias 31,1-7)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
31 1 "Naquele tempo - oráculo do Senhor - serei o Deus de todas as tribos de Israel, e elas constituirão o meu povo".
2 Eis o que diz o Senhor: "Foi concedida graça no deserto ao povo que o gládio poupara. Dentro em pouco Israel gozará de repouso".
3 De longe me aparecia o Senhor: "Amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor.
4 Reconstruir-te-ei, e serás restaurada, ó virgem de Israel! Virás, ornada de tamborins, participar de alegres danças.
5 E ainda plantarás vinhas nas colinas de Samaria. E delas colherão frutos os plantadores,
6 pois dia virá em que os veladores gritarão nos montes de Efraim: 'Erguei-vos! Subamos a Sião, ao Senhor, nosso Deus!'
7 Porque isto diz o Senhor: Lançai gritos de júbilo por causa de Jacó. Aclamai a primeira das nações. E fazei retumbar vossos louvores, exclamando: 'O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel'".
Salmo Jr 31
O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.
Ouvi, nações, a palavra do Senhor
e anunciai-a nas ilhas mais distantes:
"Quem dispersou Israel, vai congregá-lo
e o guardará qual pastor a seu rebanho!"
Pois, na verdade, o Senhor remiu Jacó
e o libertou do poder do prepotente.
Voltarão para o monte de Sião,
entre brados e cantos de alegria
afluirão para as bênçãos do Senhor.
Então a virgem dançará alegremente,
também o jovem e o velho exultarão;
mudarei em alegria o seu luto,
serei consolo e conforto após a guerra.
Evangelho (Mateus 15,21-28)
15 21 Jesus partiu dali e retirou-se para os arredores de Tiro e Sidônia.
22 E eis que uma cananéia, originária daquela terra, gritava: "Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demônio".
23 Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos vieram a ele e lhe disseram com insistência: "Despede-a, ela nos persegue com seus gritos".
24 Jesus respondeu-lhes: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel".
25 Mas aquela mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: "Senhor, ajuda-me!"
26 Jesus respondeu-lhe: "Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos".
27 "Certamente, Senhor", replicou-lhe ela; "mas os cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos".
28 Disse-lhe, então, Jesus: "Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito como desejas. E na mesma hora sua filha ficou curada".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “A Graça Poderosa atinge a todos...”
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Se nos lembrarmos da reflexão do evangelho de ontem, vamos compreender que a Graça de Deus é Soberana e autônoma, não estando atrelada a nenhum sistema institucionalizado, ou estruturas humanas que aprimorem a sua eficácia. A Graça operante e santificante é eficaz em si mesma cabendo ao homem apenas acolhê-la em sua vida e seu coração, nada mais.
Poderá o leitor questionar, com toda razão: “Então as instituições, inclusive a religiosa, não serve para nada, por causa da sua neutralidade na questão Salvívica?” As estruturas institucionais mostram o esforço do homem em buscar a Deus e a Graça que ele tem para nos oferecer, e como de fato nos oferece, através de Jesus Cristo. Nesse sentido a Igreja é o grande, único e verdadeiro Sacramento de Jesus Cristo para o mundo.
A mulher Cananéia percebeu isso, que a Salvação estava em Jesus Cristo, e por isso não deu a mínima para a Rigorosa Instituição judaizante e aproximou-se de Jesus, que aqui, falando sob o ponto de vista da instituição religiosa, vai lembrar a mulher que a Salvação é exclusiva de Israel, Nação Santa e Raça escolhida. E nesse sentido o seu Messianismo estava focado na nação de Israel, e jamais fora dela.
Mas a mulher não vê sob o olhar da instituição, ela crê na misericórdia Divina que tem algo precioso a oferecer a todas as pessoas, e não apenas aquelas que estão dentro de um sistema religioso. Então aquela mulher pagã ganhou definitivamente o coração de Jesus que percebe nela a grandeza de uma Fé, que não pauta pelos compromissos e obrigações decorrentes do legalismo Mosaico, mas que vislumbra a gratuidade do seu amor, capaz de salvar qualquer homem...
E Jesus inverte a ordem estabelecida, até agora Israel é a única referência e modelo de Povo Salvo, porque cumpre a Lei de Moisés, mas doravante o modelo e referência é aquela mulher Cananéia, que vislumbrou a Salvação enquanto dom gratuito, oferecida por Deus em Jesus Cristo, e por isso ali diante da comunidade dos discípulos Jesus a exalta, colocando-a acima de Israel, onde ele próprio ainda não tinha visto, até o momento, alguém com uma Fé assim.
2. A cananéia
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Mateus adapta a narrativa de Marcos ao contexto de sua comunidade de cristãos oriundos do judaísmo.
Jesus parte para a região de Tiro e Sidônia, que são cidades gentílicas execradas pela tradição do judaísmo. Uma mulher desta região, identificada simplesmente a Cananeia, vem a Jesus. Ela pede a libertação da sua filha. Está atormentada pelo demônio da exclusão religiosa do judaísmo. Os discípulos incomodam-se com a insistência da mulher, pedindo que Jesus a mande embora.
Duas falas, uma seletiva, outra discriminatória, são atribuídas a Jesus. São próprias da instituição judaica. Porém, o lugar central é a mulher, sua fala, sua insistência. Revelam uma fé que move o coração de Jesus. A filha é libertada. A cananeia tem também direito ao pão que significa o banquete do Reino.
3. GRANDE É TUA FÉ!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A fé da mulher pagã contrasta com a fé vacilante dos discípulos. A formação que receberam de Jesus não foi suficiente para ajudá-los a fazer frente às situações adversas. Fraquejaram! Em contraposição, ao missionar na terra dos fenícios, o Mestre deparou-se com uma mulher cuja fé deixou-o admirado.
Vendo Jesus passar, ela pôs-se a gritar, implorando pela filhinha atormentada por um demônio, confiante de que somente Jesus poderia vir em seu socorro. Chamou-o de Senhor, filho de Davi, servindo-se de uma linguagem própria de quem tem fé e conhece as esperanças do povo judeu.
A insistência da mulher pareceu não encontrar acolhida por parte de Jesus. Entabulou-se, então, um diálogo meio forçado. O Mestre declarou estar a serviço apenas do povo judeu. A mulher reforçou seu pedido. E foi repelida, com dureza, por Jesus o qual afirmou-lhe não ser sensato deixar de ajudar seu povo para preocupar-se com os pagãos. A mulher retrucou com um argumento que desarmou o Mestre: os pagãos têm direito de receber pelo menos as migalhinhas dos benefícios feitos aos judeus. Admirado diante de tamanha fé, Jesus atendeu o pedido da mulher, curando-lhe a filha.
Portanto, também entre os pagãos havia quem tivesse fé autêntica em Jesus.