São Francisco Antônio Fasani

Terça-feira, 29 de novembro de 2011


O santo de hoje nasceu em Lucera (Itália), a 6 de agosto de 1681, e lá morreu a 29 de novembro de 1742. Foi beatificado no dia 15 de abril de 1951 e canonizado a 13 de abril de 1986 pelo Papa João Paulo II. Fez os estudos no convento dos Frades Menores Conventuais. Sentindo o chamamento divino, ingressou no noviciado da mesma Ordem. Fez a profissão em 1696 e a 19 de setembro de 1705 recebeu a Ordenação Sacerdotal. Doutorou-se em Teologia e tornou-se exímio pregador e diretor de almas. Exerceu os cargos de Superior do convento de Lucera e de Ministro Provincial.

"Ele fez do amor, que nos foi ensinado por Cristo, o parâmetro fundamental da sua existência. O critério basilar do seu pensamento e da sua ação. O vértice supremo das suas aspirações", afirmou o Papa João Paulo II a respeito de São Fasani.

São Fasani apresenta-se-nos de modo especial como modelo perfeito de Sacerdote e Pastor de almas. Por mais de 35 anos, no início do século XVIII, São Francisco Fasani dedicou-se, em Lucera, e também nos territórios ao redor, às mais diversificadas formas de ministério e do apostolado sacerdotal.

Verdadeiro amigo do seu povo, ele foi para todos irmão e pai, eminente mestre de vida, por todos procurado como conselheiro iluminado e prudente, guia sábio e seguro nos caminhos do Espírito, defensor dos humildes e dos pobres. Disto é testemunho o reverente e afetuoso título com que o saudaram os seus contemporâneos e que ainda hoje é familiar ao povo de Lucera: ele, outrora como hoje, é sempre para eles o "Pai Mestre".

Como Religioso, foi um verdadeiro "ministro" no sentido franciscano, ou seja, o servo de todos os frades: caridoso e compreensivo, mas santamente exigente quanto à observância da Regra, e de modo particular em relação à prática da pobreza, dando ele mesmo incensurável exemplo de regular observância e de austeridade de vida.

São Francisco Antônio Fasani, rogai por nós!


Leituras

Primeira Leitura (Isaías 11,1-10)
Leitura do livro do profeta Isaías.

1 Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes.

2 Sobre ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor ao Senhor.

3 (Sua alegria se encontrará no temor ao Senhor.) Ele não julgará pelas aparências, e não decidirá pelo que ouvir dizer;
4 mas julgará os fracos com eqüidade, fará justiça aos pobres da terra, ferirá o homem impetuoso com uma sentença de sua boca, e com o sopro dos seus lábios fará morrer o ímpio.

5 A justiça será como o cinto de seus rins, e a lealdade circundará seus flancos.

6 Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá;
7 a vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o leão comerá palha com o boi.

8 A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da áspide.

9 Não se fará mal nem dano em todo o meu santo monte, porque a terra estará cheia de ciência do Senhor, assim como as águas recobrem o fundo do mar.

10 Naquele tempo, o rebento de Jessé, posto como estandarte para os povos, será procurado pelas nações e gloriosa será a sua morada.


Salmo 71/72

Nos seus dias, a justiça florirá
e paz em abundância para sempre.

Dai ao rei vossos poderes, Senhor Deus,
vossa justiça ao descendente da realeza!
Com justiça ele governe o vosso povo,
com equidade ele julgue os vossos pobres.

Nos seus dias, a justiça florirá
e grande paz, até que a lua perca o brilho!
De mar a mar estenderá o seu domínio,
e desde o rio até os confins de toda a terra!

Libertará o indigente que suplica,
e o pobre ao qual ninguém quer ajudar.
Terá pena do indigente e do infeliz,
e a vida dos humildes salvará.

Seja bendito o seu nome para sempre!
E que dure como o sol sua memória!
Todos os povos serão nele abençoados,
todas as gentes cantarão o seu louvor!


Evangelho (Lucas 10,21-24)

10 21 Naquele mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: "Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-te porque assim foi do teu agrado.

22 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar".

23 E voltou-se para os seus discípulos, e disse: "Ditosos os olhos que vêem o que vós vedes,
24 pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "A intimidade de Deus Pai com os pequenos..."

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Minha equipe de "Teólogos" da comunidade veio me ajudar nessa reflexão, primeiro a Dona Rita, Feirante que madruga todos os dias, veio com uma pergunta provocadora para o nosso evangelista, nesta mesa redonda
___São Mateus, sou Feirante e não advogado, mas gostaria de saber por que o Pai escondeu essas coisas, que Jesus fala, dos Sábios e inteligentes? Então ele não se revela para todos?
___Em uma primeira olhada no texto parece que é isso mesmo e a senhora tem toda razão, mas a pergunta deve ser outra: "O que levou Deus a esconder essas coisas dessa turma de sabichões? Veja bem Dona Rita, na verdade o Pai não escondeu nada de ninguém, acontece que, os sábios e inteligentes desse mundo, querem compreendê-lo com a lógica humana e isso é impossível... Por isso, se além da razão o homem não se servir do dom da Fé que o próprio Deus lhes concede, as coisas reveladas continuarão fora do alcance dos seus olhos.
___São Lucas, aqui é o Luizão, motorista de ônibus, então a gente não precisa e nem deve estudar, porque Deus se revela aos ignorantes que não têm inteligência nem sabedoria?
___Opa! Sua interpretação está equivocada sêo Luiz, o texto falou em "pequenos" não em ignorantes, o saber e o conhecimento humano é uma bênção de Deus, o problema aqui é outro... Aí no Terceiro Milênio o Ser Humano evoluiu muito e julga-se senhor de todas as coisas, com o direito de fazer de sua vida o que bem quiser, eles evoluíram tanto que se sentem mais poderosos que Deus, se fecharam totalmente á sua graça santificante e operante, não admitem que a sabedoria do alto é mais valiosa e importante do que o conhecimento humano...
___Ah entendi, quer dizer que "se fazer pequeno" é ser sempre aberto á graça de Deus, reconhecendo que sem ele nada somos?
___Certo... Mas não é só isso, tem mais uma coisinha muito importante que nos faz pequenos e sempre receptivos á graça de Deus...
___Ah! Entendi... Seria servir aos irmãos e irmãs, principalmente na comunidade!
___Isso mesmo, quanto mais servimos os outros, mais pequenos nós nos tornamos e mais vamos entendendo o nosso Deus que assim vai se revelando, porque ele foi o primeiro a se fazer pequeno. Nas minhas comunidades naquele tempo, e hoje aí no meio de vocês, há cristãos de nariz empinado, que só porque pensam que sabem alguma coisa, querem logo dominar os pequenos que nada sabem... Pois esses, dificilmente farão a experiência de Deus em Jesus Cristo, e com eles Deus não fica a vontade como no coração dos pequenos que servem os outros...
___Puxa São Lucas, que legal, acho que a minha equipe entendeu direitinho, ser pequeno não é não ter nada a dar, ao contrário, é ter tudo e dar o melhor de si, exatamente como Jesus fez...
___ Isso mesmo, Jesus é pequeno e fala aos pequenos, de um jeito bem simples, sem rodeios e sem formalismo, no meu tempo a Dotorzada da Religião não queriam entender a Verdade que estava em Jesus, e nem poderiam entendê-la pois eram cheios de rodeios, formalismos e determinações, daí os simples, impuros, pecadores, rejeitados pela Religião oficial, o acolheu e experimentou algo novo que mudaria para sempre suas vidas.
___Bom São Lucas, aqui no terceiro milênio vivemos um mundo onde quem tem vez e voz são os poderosos, os grandes, os que conquistaram poder, fama, prestígio e sucesso. Que recado final o Senhor deixaria para nós?
___Que na comunidade não pode ser assim, os grandes devem se fazer pequenos para servir o outro e não ser servido. Quanto mais pequenos os cristãos se fizerem, mais irão compreender os mistérios que o Pai revelou em Jesus.

2. O Pai revela-se aos pequeninos

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Temos aqui dois textos de tradição, que circulavam nas primeiras comunidades como unidades autônomas: a exultação de Jesus pela revelação aos pequeninos e a bem-aventurança dos que recebem esta revelação. Mateus (cf. 13 jul, 26 jul) e Lucas as incorporam integralmente em seus evangelhos, em contextos diferentes. Esta exultação de Jesus se dá, no contexto de Lucas, quando os setenta e dois discípulos retornam alegres pelo sucesso obtido na missão na Samaria. Os que participam destes acontecimentos, acolhendo a revelação de Jesus, são bem-aventurados.

A revelação não é compreendida pelos sábios e entendidos, satisfeitos em sua auto-suficiência. O Pai revela-se aos pequeninos, aos pobres e excluídos e neste terreno fértil a palavra de Jesus dá frutos.

Não se encontra Deus por meio de normas morais, doutrinas, ou observâncias religiosas. Chega-se à comunhão de vida com Deus no seguimento de Jesus em sua prática libertadora e amorosa, pois ele é o Filho único que revela o Pai, que a todos dá a vida eterna.

3. QUEM ACOLHE O SENHOR?

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

As coisas de Deus seguem uma lógica muito diferente da lógica humana. Em termos humanos, pode-se pensar que o reconhecimento e a acolhida do Senhor sejam mais fáceis para os sábios e os entendidos deste mundo, e que a pessoa, com o próprio esforço e ciência, possa chegar mais rapidamente a conseguir o que espera.

Deus, porém, inverte este esquema, franqueando aos pequeninos a revelação do Filho de Deus. E isto é um dom divino, que não depende do merecimento humano. Ademais tal dom é concedido a quem é desvalorizado pelo mundo e se considera indigno de recebê-lo do Pai.

A atitude correta do discípulo à espera do Senhor consistirá em não supervalorizar suas prerrogativas, esperar ser encontrado digno de receber a revelação e recebê-la com a humildade de quem se sabe indigno. O discípulo deve ter consciência de ser pequenino e carente da ajuda do Senhor, para poder reconhecê-lo. Sua felicidade consistirá em ver e ouvir o que tantos outros ansiaram ver e ouvir, e não puderam. Essa será a recompensa de sua humildade. Afinal, ele será o verdadeiro sábio e entendido, uma vez que sua sabedoria tem origem no Pai.