São Francisco de Assis

Terça-feira, 04 de outubro de 2011


Francisco nasceu em Assis, na Úmbria (Itália) em 1182. Jovem orgulhoso, vaidoso e rico, que se tornou o mais italiano dos santos e o mais santo dos italianos.

Com 24 anos, renunciou a toda riqueza para desposar a "Senhora Pobreza". Aconteceu que Francisco foi para a guerra como cavaleiro, mas doente ouviu e obedeceu a voz do Patrão que lhe dizia: "Francisco, a quem é melhor servir, ao amo ou ao criado?". Ele respondeu que ao amo. "Porque, então, transformas o amo em criado?", replicou a voz. No início de sua conversão, foi como peregrino a Roma, vivendo como eremita e na solidão, quando recebeu a ordem do Santo Cristo na igrejinha de São Damião: "Vai restaurar minha igreja, que está em ruínas".

Partindo em missão de paz e bem, seguiu com perfeita alegria o Cristo pobre, casto e obediente. No campo de Assis havia uma ermida de Nossa Senhora chamada Porciúncula. Este foi o lugar predileto de Francisco e dos seus companheiros, pois na Primavera do ano de 1200 já não estava só; tinham-se unido a ele alguns valentes que pediam também esmola, trabalhavam no campo, pregavam, visitavam e consolavam os doentes.

A partir daí, Francisco dedica-se a viagens missionárias: Roma, Chipre, Egito, Síria... Peregrinando até aos Lugares Santos. Quando voltou à Itália, em 1220, encontrou a Fraternidade dividida. Parte dos Frades não compreendia a simplicidade do Evangelho. Em 1223, foi a Roma e obteve a aprovação mais solene da Regra, como ato culminante da sua vida.

Na última etapa de sua vida, recebeu no Monte Alverne os estigmas de Cristo, em 1224. Já enfraquecido por tanta penitência e cego por chorar pelo amor que não é amado, São Francisco de Assis, na igreja de São Damião, encontra-se rodeado pelos seus filhos espirituais e assim, recita ao mundo o cântico das criaturas.

O seráfico pai, São Francisco de Assis, retira-se então para a Porciúncula, onde morre deitado nas humildes cinzas a 3 de outubro de 1226. Passados dois anos incompletos, a 16 de julho de 1228, o Pobrezinho de Assis era canonizado por Gregório IX.

São Francisco de Assis, rogai por nós!


Hoje:Dia da Natureza,Dia do Poeta, Dia de São Francisco de Assis


Leituras

Primeira Leitura (Jonas 3,1-10)
Leitura da profecia de Jonas.

A palavra do Senhor foi dirigida pela segunda vez a Jonas nestes termos: "Vai a Nínive, a grande cidade, e faze-lhe conhecer a mensagem que te ordenei". Jonas pôs-se a caminho e foi a Nínive, segundo a ordem do Senhor. Nínive era, diante de Deus, uma grande cidade: eram precisos três dias para percorrê-la.

Jonas foi pela cidade durante todo um dia, pregando: "Daqui a quarenta dias Nínive será destruída". Os ninivitas creram (nessa mensagem) de Deus, e proclamaram um jejum, vestindo-se de sacos desde o maior até o menor.

A notícia chegou ao conhecimento do rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou o manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza. Em seguida, foi publicado pela cidade, por ordem do rei e dos príncipes, este decreto: "Fica proibido aos homens e aos animais, tanto do gado maior como do menor, comer o que quer que seja, assim como pastar ou beber. Homens e animais se cobrirão de sacos. Todos clamem a Deus, em alta voz; deixe cada um o seu mau caminho e converta-se da violência que há em suas mãos.

Quem sabe, Deus se arrependerá, acalmará o ardor de sua cólera e deixará de nos perder!" Diante de uma tal atitude, vendo como renunciavam aos seus maus caminhos, Deus arrependeu-se do mal que resolvera fazer-lhes, e não o executou.


Salmo 129/130

Se levardes em conta nossas faltas,
quem haverá de subsistir?

Das profundezas eu clamo a vós, Senhor,
escutai a minha voz!
Vossos ouvidos estejam bem atentos,
ao clamor da minha prece!

Se levardes em conta nossas faltas,
quem haverá de subsistir?
Mas em vós se encontra o perdão,
eu vos temo e em vós espero.

Espere Israel pelo Senhor
mais que o vigia pela aurora!
Pois no Senhor se encontra toda graça
e copiosa redenção.
ele vem libertar a Israel
de toda a sua culpa.


Evangelho (Lucas 10,38-42)

Naquele tempo, estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, o recebeu em sua casa. Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar.

Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: "Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude". Respondeu-lhe o Senhor: "Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Rezar ou trabalhar?

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Conheci uma adolescente muito esperta, que se omitia de fazer serviços em casa, sempre dando desculpa de que estava rezando ou lendo a bíblia, ou algum compromisso com o grupo de jovens. Jesus não está declarando oficialmente sua predileção por Maria, que ficou ali, sem fazer nada só ouvindo a sua palavra, deixando que a sua irmã Marta se "ralasse" com as tarefas de casa. Provavelmente essa adolescente, muito católica por sinal, se inspirava nesse texto.

Como também Jesus não desaprova e desvaloriza o trabalho de hospitalidade de Marta, que, aliás, era para ele próprio, parece que Jesus não tinha telefonado que viria ,e pegou Marta de surpresa, tendo que preparar o quarto e ainda pensar no almoço, e pela correria do seu trabalho, parece que a casa estava meio "bagunçada" e então, aparentemente, Maria estava fazendo "sala" para o visitante ilustre... Já tentaram até "enlatar" esse evangelho, para justificar duas vocações distintas: Contemplar e Fazer. Uns tem como vocação viver de maneira mística, lendo e meditando, orando, já outros são ativistas, ficam o tempo todo fazendo coisas. Uma interpretação também equivocada: o apóstolo São Paulo vivia da pregação do evangelho, após sua conversão, mas não abandonou sua profissão que era fazedor de tendas... e até se orgulhava disso.

Maria buscava um sentido para a Vida nas Palavras e ensinamentos de Jesus, não porque ela estava em dúvida e não sabia o que fazer na vida, mas porque já havia descoberto em Jesus de Nazaré a maior de todas as referências para se fazer a experiência de Deus, e estar à seus pés na condição de discípula que quer apreender ainda mais, era naquele momento uma oportunidade única. Claro que Marta também tinha intimidade com Jesus, tanto que era a sua anfitriã, mas não tinha ainda descoberto quem ele era, pois, se tivesse feito essa descoberta, naquele momento saberia também escolher e estaria ao lado da irmã, ouvindo, se encantando, apreendendo qual o sentido da vida, das coisas que fazemos e pensamos... Tudo isso nos leva para onde, exatamente?

O problema, portanto, não está simplesmente no que fazia Marta, e no que fazia Maria, mas sim com que espírito elas faziam o que faziam... O sentido da nossa vida está em Cristo, mas temos que descobrir isso, quando tomamos nossas decisões e fazemos nossas escolhas. Maria estava no caminho certo... Marta, ainda não...

2. Maria escutava a Palavra

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Jesus, vindo da Galiléia, está a caminho de Jerusalém. Lucas apresenta esta cena na casa de Marta e Maria de maneira antecipada, pois será apenas no fim da viagem, ao aproximar-se daquela cidade que ele se hospeda na casa das duas irmãs, no povoado de Betânia.

Nesta narrativa estão ilustradas duas atitudes de acolhimento a Jesus, que se complementam. Marta ocupava-se com os cuidados da casa, preocupada com o bem estar de Jesus, enquanto que Maria, aos pés de Jesus, escutava a sua palavra.

Em Marta temos o serviço generoso, característico das novas comunidades. Em Maria temos a escuta atenta da palavra, que ilumina e prepara para a missão. Escutar a palavra é fundamental para que o serviço não se torne uma atividade vazia, mas seja orientado para o cumprimento da vontade do Pai.

Em uma cultura que limitava a atividade das mulheres ao serviço doméstico, a narrativa contém a novidade que as mulheres também são chamadas a assumir a condição de discípulas. Aplicadas à escuta da palavra, devem envolver-se nas atividades missionárias, em vista do testemunho de amor a ser dado ao mundo.

3. QUEM AGIU CORRETAMENTE?

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A experiência de acolhida e hospitalidade na casa de uma família amiga é um alívio para Jesus, depois dos tristes episódios de rejeição, na sua longa marcha para Jerusalém. Afinal, a cena evangélica torna-se uma ilustração viva das diferentes maneiras de acolher Jesus. Marta e Maria expressam duas formas de acolhimento: por um lado, o serviço generoso; por outro, a escuta atenta. Qual das duas atitudes apresenta-se como mais conveniente?

O texto evangélico recupera o papel da mulher, na comunidade cristã. Marta representa o tipo tradicional de mulher, ocupada nas lides domésticas. A atitude de Maria tem um quê de novidade: ela assume a condição de discípula, que se coloca aos pés do Mestre para escutá-lo e, posteriormente, torna-se apóstola do Evangelho. Evangelicamente, só tem sentido escutar a Palavra, se fôr para colocá-la em prática. Esta é a situação de Maria. Sua escuta não é mero passatempo, nem puro gesto de deferência a Jesus.

A atitude de Maria corresponde a um avanço em relação àquela de Marta. A mulher cristã pode também tornar-se apóstola, superando o simples âmbito doméstico de sua ação. O único pré-requisito é estar em profunda comunhão com o Mestre, compreender o sentido de suas palavras e esforçar-se para testemunhá-las com a vida.