São Frumêncio
Domingo, 30 de outubro de 2011
A história do santo de hoje se entrelaça com a conversão de uma multidão de africanos ao amor de Cristo e à Salvação. São Frumêncio nasceu em Liro da Fenícia. Quando menino, juntamente com o irmão Edésio, acompanhava um filósofo de nome Merópio, numa viagem em direção às Índias. A embarcação, cruzando o Mar Vermelho, foi assaltada e só foram poupados da morte os dois jovens, Frumêncio e Edésio, que foram levados escravos para Aksum (Etiópia) a serviço da Corte.
Deste mal humano, Deus tirou um bem, pois ao terem ganhado o coração do rei Ezana com a inteligência e espírito de serviço, fizeram de tudo para ganhar o coração da África para o Senhor. Os irmãos de ótima educação cristã, começaram a proteger os mercadores cristãos de passagem pela região e, com a permissão de construírem uma igrejinha, começaram a evangelizar o povo. Passados quase vinte anos, puderam voltar à pátria e visitar os parentes: Edésio foi para Liro e Frumêncio caminhou para partilhar com o Patriarca de Alexandria, Santo Atanásio, as maravilhas do Ressuscitado na Etiópia e também sobre a necessidade de sacerdotes e um Bispo. Santo Atanásio admirado com os relatos, sabiamente revestiu Frumêncio com o Poder Sacerdotal e nomeou-o Bispo sobre toda a Etiópia, isto em 350.
Quando voltou, Frumêncio foi acolhido com alegria como o "Padre portador da Paz". Continuou a pregação do Evangelho no Poder do Espírito, ao ponto de converterem o rei Ezana, a rainha, e um grande número de indígenas, isto pelo sim dos jovens irmãos e pela perseverança de Frumêncio. Quase toda a Etiópia passou a dobrar os joelhos diante do nome que está acima de todo o nome: Jesus Cristo.
São Frumêncio, rogai por nós!
Hoje: Dia do Balconista, Dia do Comerciário, Dia do Fisiculturista
Leituras
Primeira Leitura (Ml 1,14b-2,2b.8-10)
Leitura da Profecia de Malaquias
Eu sou o grande rei, diz o Senhor dos exércitos, e o meu nome é terrível entre as nações. E agora este mandamento para vós, ó sacerdotes. Se não quiserdes ouvir e tomar a peito glorificar o meu nome, diz o Senhor dos exércitos, lançarei sobre vós a maldição. Vós, porém, vos afastastes do reto caminho e fostes para muitos, na observância da lei, pedra de tropeço; quebrastes o pacto de Levi, diz o Senhor dos exércitos; e eu também vos fiz desprezíveis e vos rebaixei aos olhos de todos os povos, na medida em que não guardastes meus caminhos e praticastes discriminação de pessoas no serviço da lei. Acaso não é um só o pai de todos nós? Acaso não fomos criados por um único Deus? Então, por que cada um de nós é desonesto com seu irmão, violando o pacto de nossos pais?
Salmo 130(131) (HL3, p. 147 - Fx10)
Guardai-me, ó Senhor! Convosco, em vossa paz!
Senhor, meu coração não é orgulhoso, nem se eleva arrogante o meu olhar; não ando à procura de grandezas nem tenho pretensões ambiciosas!
Fiz calar e sossegar a minha alma; ela está em grande paz dentro de mim, como a criança bem tranqüila, amamentada no regaço acolhedor de sua mãe.
Evangelho(Mt 23,1-12)
Naquele tempo, Jesus falou às multidões e a seus discípulos: ”Os mestres da lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a lei de Moisés. Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas. Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas; Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de mestre. Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é o vosso Guia, Cristo. Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. " Os Donos da Verdade Sagrada"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Nada pior do que a postura de certos cristãos, de qualquer de nossas igrejas ou denominação religiosa, e que se apropriam da Sagrada Escritura, considerando-se os seus interpretadores oficiais, só o jeito deles é que está correto, e qualquer interpretação contrária, o sujeito estará condenado ao inferno. Essas pessoas são radicais, intolerantes e insuportáveis, acreditam que o Céu já lhes pertence, só falta tomar posse, e são rápidos em mandar alguém para o inferno, são eles que decidem quem já está salvo, e quem está condenado. Quanta hipocrisia...
Os Escribas e Fariseus eram assim e neste evangelho Jesus faz uma crítica pesada a eles, desmascarando diante do povo ás suas ações maléficas. Esses tais gostam e fazem questão de serem respeitados e sempre ouvidos, se na comunidade algo lhes foge ao controle, ficam estressados e são capazes de brigarem até com a sombra.
São especialistas em inventarem normas e proibições, e na comunidade sempre quando questionados, usam o nome do coitado do padre, para legitimar suas norminhas particulares. Na verdade pessoas com esse perfil acabam sempre caindo no ridículo sendo sempre desmascaradas. O conceito de Mestre era de quem conhecia e mandava, tinha autoridade e notoriedade, era sempre servido pelos seus discípulos, que sonhavam um dia também serem mestres, para ter status e poder.
Jesus é o único e Verdadeiro Mestre, nunca escondeu isso "Vocês me chamam de Mestre e Senhor, e de fato eu o sou..." irá dizer aos discípulos, logo após ter se rebaixado diante deles, lavando-lhes os pés. Mas é um Mestre, que sendo infinitamente superior a todos os demais, se fez Servo de todos. Assim deve ser em nossas comunidades, quem tem um carisma especial, uma sabedoria acima da média, deve servir a comunidade, com a mesma alegria e amor, do irmão ou irmã que procede a limpeza da igreja. Pois quanto mais alto a gente quer estar, no final de tudo, quando o Reino se tornar pleno, o tombo será mais feio...
José da Cruz é diácono permanente da
Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim/SP
e-mail: [email protected]
2. Nas comunidades deve predominar a humildade
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
No capítulo 23 do evangelho de Mateus encontramos um conjunto de contundentes denúncias às práticas farisaicas, originadas de pronunciamentos de Jesus e aí agrupadas pelo evangelista. Nos outros dois evangelistas sinóticos, Marcos e Lucas, estas denúncias estão dispersas ao longo de seus textos.
A leitura de hoje é a primeira parte deste conjunto. A ela, segue-se uma série de sete "ai de vós" extremamente desmistificadores sobre a hipocrisia dos fariseus, fechando com uma terrível imprecação (13, 13-36). A última parte é uma lamentação sobre "Jerusalém que matas os profetas" (13,37-39).
Mateus adapta para suas comunidades, na década de oitenta, sentenças proferidas por Jesus em seu ministério denunciando o sistema opressor das sinagogas e do Templo. Naquela década o conflito com os fariseus é mais abrangente e Mateus quer persuadir suas comunidades a se diferenciarem da prática deles. Esta ênfase de Mateus reforçando a denúncia de Jesus aos fariseus tem dois sentidos, no contexto em que vivia. Os discípulos de Jesus oriundos do judaísmo, a princípio continuaram freqüentando o Templo e as sinagogas (At 2,46; 17,1-2; 21,26).
Em torno do ano 80, após a destruição do Templo de Jerusalém, os fariseus que formavam a cúpula do judaísmo, enrijecendo suas observâncias decidiram expulsar das sinagogas os judeus convertidos ao cristianismo. Certamente muitos deles devem ter abandonado o cristianismo para permanecer sob o abrigo da sinagoga que contava com a proteção do império romano. Mateus, com seu evangelho, quer demonstrar que em Jesus se realizam as promessas do Primeiro Testamento, procurando convencer os convertidos a não retornarem à sinagoga. Alem disso, Mateus tem e intenção de remover da mente dos discípulos originárias do judaísmo os resquícios da incoerente e ambígua prática farisaica (23,8-12).
Nos profetas já se encontravam denúncias à prática dos líderes religiosos (primeira leitura). Estes líderes usavam da autoridade como meio de prestígio, bem como para privilégios pessoais, oprimindo o povo. Contudo, no texto de Mateus, chama a atenção a contraditória recomendação de "fazer tudo o que eles vos disserem", o que implicaria em suportar os "fardos pesados e insuportáveis" amarrados por estes fariseus. Pode-se pensar que tal recomendação seja um reflexo da mentalidade de discípulos convertidos do judaísmo, ainda apegados às tradições judaicas. Percebe-se, com evidência, que tanto a ostensiva prática dos escribas e fariseus como suas exigências doutrinais e legais ferem a proposta de Jesus, anteriormente anunciada, de viver humildemente, no "segredo do Pai".
Nas comunidades deve predominar a humildade, a igualdade em dignidade e o amor, embora na diversidade dos dons e carismas. Paulo apóstolo é uma testemunha desta humildade e de carinho (segunda leitura).
3. TEORIA E PRÁTICA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Os discípulos de Jesus foram ensinados fazer a distinção entre os ensinamentos dos mestres da Lei e dos fariseus e suas ações. Havia um descompasso entre ambos: suas ações não correspondiam àquilo que ensinavam. Daí os discípulos serem exortados a dar ouvidos a seus ensinamentos, evitando, porém, seguir seu péssimo testemunho de vida.
A incoerência dos mestres da Lei e dos fariseus tinha duas vertentes principais. Eles sabiam como inventar normas e preceitos, aos quais as pessoas deveriam submeter-se. Entretanto, suas vidas pautavam-se por preceitos menos severos, com exigências amenizadas. Em outras palavras, para os outros, severidade, e para eles, amenidades. Por outro lado, eram exibicionistas, pois agiam de forma a chamar a atenção das pessoas, tornando-se objeto de deferência e admiração.
Os discípulos do Reino foram alertados para agir de maneira contrária. Sendo todos irmãos e irmãs, seria inconveniente querer estabelecer padrões de conduta particulares, de modo a prescrever normas suaves para uns e normas rígidas para outros. Os ensinamentos do Mestre Jesus valem igualmente para todos, sem distinção.
A fraternidade afasta para longe da comunidade a tentação ao exibicionismo e à superioridade. Antes, o maior entre os irmãos e irmãs é quem se faz servo de todos.