São Gaudêncio

Sábado, 15 de outubro de 2011


O nome do santo que lembramos neste dia, é Gaudêncio, que vem do latim "gaudere", que significa alegrar-se. Muito sugestivo, pois é com alegria que contemplamos a vida deste santo Bispo de Bréscia, na Itália.

Provavelmente, era natural daquela cidade que conheceu no século II o Cristianismo, e onde fazia parte do seu Clero diocesano. Muito conhecido e respeitado pela santidade, zelo pastoral e eficácia na pregação, São Gaudêncio foi amigo de vários outros Bispos santos (principalmente Santo Ambrósio de Milão).

No ano 400, como peregrino, foi conhecer a Igreja de Cristo e as grandes igrejas da antiguidade. Nesta viagem, fez amizade com o Patriarca de Constantinopla, São João Crisóstomo, e também no Oriente adquiriu relíquias de mártires, que levou para sua cidade episcopal, a fim de motivar a pureza da fé.

Admirado pela oratória, deixou como riqueza numerosos sermões, tratando do mistério pascal, festas litúrgicas e comentários sobre o Evangelho. Após uma vida muito frutuosa no culto e no cuidado das ovelhas do Bom Pastor, principalmente de amor aos pobres, Gaudêncio entrou no Céu no ano de 410.

Desde logo recebeu o culto de veneração que a Igreja ratificou em seu Martirológio. Suas relíquias conservam-se na Igreja de São João Evangelista em Bréscia.

São Gaudêncio, rogai por nós!


Hoje: Dia do Professor


Leituras

Primeira Leitura (Romanos 8,1-11)
Leitura do livro da carta de são Paulo aos Romanos.

De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte. O que era impossível à lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus o fez. Enviando, por causa do pecado, o seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne, a fim de que a justiça, prescrita pela lei, fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o espírito. Os que vivem segundo a carne gostam do que é carnal; os que vivem segundo o espírito apreciam as coisas que são do espírito. Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a vida e a paz.

Porque o desejo da carne é hostil a Deus, pois a carne não se submete à lei de Deus, e nem o pode. Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele.

Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado, mas o Espírito vive pela justificação. Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós.


Salmo 23/24

É assim a geração dos que buscam vossa face,
ó Senhor, Deus de Israel.

Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra,
o mundo inteiro com os seres que o povoam; porque ele a tornou firme sobre os mares
e, sobre as águas, a mantém inabalável.

"Quem subirá até o monte do Senhor,
quem ficará em sua santa habitação?"
"Quem tem mãos puras e inocente coração,
quem não dirige sua mente para o crime.

Sobre este desce a bênção do Senhor
e a recompensa de seu Deus e salvador."
"É assim a geração dos que o procuram
e do Deus de Israel buscam a face".

Evangelho (Lucas 13,1-9)

Neste mesmo tempo contavam alguns o que tinha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios. Jesus toma a palavra e lhes pergunta: "Pensais vós que estes galileus foram maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido tratados desse modo?

Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de Jerusalém?

Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. Disse-lhes também esta comparação: Um homem havia plantado uma figueira na sua vinha, e, indo buscar fruto, não o achou. Disse ao viticultor: - ´Eis que três anos há que venho procurando fruto nesta figueira e não o acho. Corta-a; para que ainda ocupa inutilmente o terreno?´

Mas o viticultor respondeu: - ´Senhor, deixa-a ainda este ano; eu lhe cavarei em redor e lhe deitarei adubo. Talvez depois disto dê frutos. Caso contrário, cortá-la-ás´".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "Um Deus que exige... mas compreende..."

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

No tempo de Jesus como em nosso tempo, sempre haviam os sensacionalistas que adoravam dar notícias sobre tragédias, naquele tempo não tinha noticiários de TV que sobreviviam de tragédias e desgraças humanas, mas os "repórteres" de plantão não perdiam uma... E assim foram correndo contar a Jesus sobre a desgraça que se abateu sobre alguns galileus que foram ao templo fazer a sua oferta, mas acabaram vítimas de uma chacina, por parte dos guardas do templo.

Jesus dirige-lhes a palavra deixando bem claro que não são certos acontecimentos trágicos que mudam uma pessoa, ou que eles sejam, como muitos pensam, um castigo divino, pois naquele tempo como em nossos dias, não faltavam os corneteiros de plantão que colocavam nas vítimas do acidente, alguma culpa. Tirando a famílias dos presidiários, quem irá chorar e se escabelar se alguma chacina dentro do presídio mata um grande número dos condenados? "Tiveram o que mereceram...." muitos irão pensar.

Jesus aproveita o fato para lembrar sobre a urgência da nossa conversão, justamente porque, do mesmo modo imprevisível que o grupo de galileus morreram, isso é, sem que esperassem, também cada um de nós irá morrer. Se Deus fosse tão rigoroso como nós somos, para nos cobrar dos frutos da nossa conversão, a partir das oportunidades que ele nos deu, certamente estaríamos perdidos.

Portanto, o que prevalece no evangelho mais uma vez é o amor, a misericórdia e a paciência de Deus Pai diante de cada homem, o avicultor pediu mais um ano, a gente sempre pede todas as noites, que Deus nos conceda mais um dia ( depois dos 50 é melhor viver bem cada dia) e ela nos concede, será que damos os frutos que ele espera ou desperdiçamos a oportunidade de fazer o bem, em cada dia de nossa vida?

O evangelho quer só nos lembrar que, lá um belo dia, não teremos mais a oportunidade de recomeçar...

2. Jesus destaca que o encontro com Deus se dá pela conversão

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Temos neste texto, exclusivo de Lucas, um caso único, nos evangelhos, em que Jesus, em seus ensinamentos, faz referência a acontecimentos recentes. Os galileus foram mortos por Pilatos porque suspeitava que fossem subversivos.

Segundo a "doutrina da retribuição" dos fariseus, o sofrimento era castigo de Deus e a abundância era bênção de Deus. A morte violenta dos galileus foi vista como conseqüência de seus pecados.

Jesus o descarta, e traz a questão para dentro da própria comunidade judaica, uma torre que caiu e matou dezoito, em Jerusalém. Eram, estes também, mais pecadores que os demais?

Negando esta doutrina da retribuição, Jesus destaca que o encontro com Deus se dá pela conversão necessária para todos aqueles que se julgavam justos. Com a parábola que segue, Jesus mostra a paciência de Deus em dar oportunidades para a conversão.

3. A FIGUEIRA INFRUTÍFERA

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Os profetas do Antigo Testamento haviam comparado com uma árvore infrutífera a incapacidade do povo de praticar o bem. Por meio do profeta Jeremias, Deus ameaçou o povo com castigos porque, querendo fazer uma colheita, a videira estava sem uva, a figueira, sem figos, e a folhagem estava seca. O profeta Miquéias comparava a corrupção generalizada do povo com o término de uma colheita, quando não existe um só cacho de uva para ser colhido, nem um figo temporão para ser apanhado.

Esta imagem foi retomada por Jesus para ilustrar a situação do povo de sua época, cujos frutos, até então, havia esperado em vão. A parábola é carregada de esperança. Durante três anos, o dono da figueira veio procurar fruto, sem resultado. Por insistência de um empregado, ele se dispõe a dar mais um ano de prazo, durante o qual seriam tomadas todas as providências necessárias para fazê-la produzir frutos. Caso contrário, seria cortada.

Apesar da paciência divina, parecia que o povo não estava disposto a mudar de vida e converter-se. Mesmo assim, Jesus aposta na liberdade humana e na sua capacidade de conversão. Seu otimismo funda-se na certeza de que o ser humano pode abrir-se para a graça e deixar-se tocar por ela. O castigo vem somente quando, esgotadas todas as tentativas, a pessoa escolhe seguir o caminho do egoísmo. Logo, esse castigo é resultado de seu livre arbítrio.