São Januário
Segunda-feira, 19 de setembro de 2011
A história do santo deste dia se entrelaça com a cidade italiana de Nápoles, onde o corpo e sangue de Januário estão guardados. Este santo viveu no fim do século III e se tornara Bispo de Benevento, cidade próxima a Nápoles.
Como cristão estava constantemente se preparando para testemunhar (se preciso com o derramamento do próprio sangue) seu amor ao Senhor, já que naqueles tempos em que a Igreja estava sendo perseguida, não era difícil ser preso, condenado e martirizado pelos inimigos da Verdade. Na função de Bispo foi zeloso, bondoso e sábio, até ser juntamente com seus diáconos, preso e condenado a virar comida dos leões no anfiteatro da cidade de Pozzuoli (a primeira terra italiana que pisou o apóstolo Paulo a caminho de Roma).
Igual ao profeta Daniel e muitos outros, as feras lamberam, mas não avançaram nestes homens protegidos por Jesus. Nesse caso, sob a ordem do terrível imperador Diocleciano (último grande perseguidor), a única solução era a espada manejada pela irracional maldade humana. Foram decapitados. Isto ocorreu no ano 305.
Alguns cristãos, piedosamente, recolheram numa ampola o sangue do Bispo Januário para conservá-lo como preciosa relíquia e seu corpo acabou na Catedral de Nápoles. A partir disso, os napolitanos começaram a venerar o santo como protetor da peste e das erupções do vulcão Vesúvio.
Dentre tantos milagres alcançados pela sua intercessão, talvez o maior se deve ao seu sangue,"aquele guardado na ampola". Acontece que o sangue é exposto na Catedral, no dia da festa de São Januário e o extraordinário é que há séculos, o sangue, durante uma cerimônia, do estado sólido passa para o estado líquido, mudando de cor, de volume e até seu peso duplica. A multidão edificada se manifesta com gritos, enquanto a ciência, que já provou ser sangue humano, silencia quanto a uma explicação para este fato, esclarecido somente pela fé.
São Januário, rogai por nós!
Hoje: Dia do Ortopedista, Dia Nacional do Teatro
Leituras
Primeira Leitura (Esdras 1,1-6)
Leitura do livro de Esdras.
No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a profecia posta pelo Senhor na boca de Jeremias, o Senhor suscitou o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual mandou fazer em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a proclamação seguinte. "Assim fala Ciro, rei da Pérsia: o Senhor, Deus do céu, deu-me todos os reinos da terra, e encarregou-me de construir-lhe um templo em Jerusalém, que fica na terra de Judá. Quem é dentre vós pertencente ao seu povo, que seu Deus o acompanhe, suba a Jerusalém que fica na terra de Judá e construa o templo do Senhor, Deus de Israel, o Deus que reside em Jerusalém. Que todos os sobreviventes (de Judá) onde quer que residam, sejam providos pelos habitantes da localidade onde se encontrarem, de prata, ouro, cereais e gado, bem como de oferendas voluntárias para o templo do Deus que reside em Jerusalém".
Então os chefes de família de Judá e de Benjamim, bem como todos os sacerdotes e os levitas, principalmente todos aqueles cujo espírito Deus havia tocado, prepararam-se para ir reedificar o templo do Senhor em Jerusalém. Todos os que habitavam pelas redondezas ajudaram-nos, dando-lhes prata, ouro, bens diversos, gado, cereais e coisas preciosas, além das outras ofertas voluntárias.
Salmo responsorial 125/126
Maravilhas fez conosco o Senhor!
Quando o Senhor reconduziu nossos cativos,
parecíamos sonhar;
encheu-se de sorriso nossa boca,
nossos lábios, de canções.
Entre os gentios se dizia: "Maravilhas
fez com eles o Senhor!"
Sim, maravilhas fez conosco o Senhor,
exultemos de alegria!
Mudai a nossa sorte, ó Senhor,
como torrentes no deserto.
Os que lançam as sementes entre lágrimas,
ceifarão com alegria.
Chorando de tristeza sairão,
espalhando suas sementes;
cantando de alegria voltarão,
carregando os seus feixes!
Evangelho (Lucas 8,16-18)
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: "Ninguém acende uma lâmpada e a cobre com um vaso ou a põe debaixo da cama; mas a põe sobre um castiçal, para iluminar os que entram.
Porque não há coisa oculta que não acabe por se manifestar, nem secreta que não venha a ser descoberta.
Vede, pois, como é que ouvis. Porque ao que tiver, lhe será dado; e ao que não tiver, até aquilo que julga ter lhe será tirado".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Deixe a Luz do Céu entrar...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
___Epa, vamos refletir o evangelho ou vamos cantar esse hino?
___Poderíamos iniciar a reflexão cantando esse refrão, que estaria de muito bom tamanho.
___Ah... Saquei, as duas coisas estão relacionadas, o refrão desse belo canto e o ensinamento do evangelho de Lucas.
___Exato! Se cobrirmos a lâmpada com uma vasilha ou colocá-la embaixo da cama, nem nós e nem as pessoas em nosso redor, irão ver a sua claridade.
___Então é por isso que na aclamação ao evangelho o versículo cantado repete Mateus 5,16 que diz assim "Vós sois a Luz do mundo: brilhe a todos vossa luz. Vendo eles vossas obras, dêem glória ao Pai Celeste.
___Pois é, Jesus está dizendo que, quanto mais a gente se abre para o mistério de Deus, do qual Ele é a revelação plena, mais Deus vai se revelando, e quanto mais a gente se fecha e não dá ouvidos a Palavra, Deus simplesmente silencia e não se manifesta, Deus só responde aos nossos anseios, se ansiamos pela Luz da Verdade, ele a revela nos acontecimentos da história e nos de nossa vida, mas se confundimos a sua Verdade Absoluta, com as demais verdades humanas, então permanecemos nas sombras e não faremos experiência de Deus.
___Mas também tem a ver com o testemunho dos cristãos? Porque tem muitos cristãos cobrindo a luz com uma vasilha, não é mesmo?
___Ah... Infelizmente é verdade. A Luz do mundo, que é Jesus Cristo, só irá brilhar se o testemunho cristão acontecer, na atitude, no modo de pensar e de viver, em todos os ambientes e não só na Comunidade. E aqui podemos lembrar-nos do que disse João Batista, o Precursor "Eu não sou a Luz, mas vim para dar testemunho da Luz".
E fechando a reflexão, podemos ainda citar aquela expressão da oração de São Francisco "Senhor, fazei que onde houver trevas, que eu leve a Luz".
2. "Luz do mundo"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Lucas, no contexto da explicação da parábola do semeador, apresenta algumas sentenças de Jesus, também encontradas no bloco de parábolas, em Marcos, e dispersas entre os vários discursos de Jesus, em Mateus. A primeira, com a imagem da lâmpada a ser colocada sobre o candelabro para iluminar, refere-se aos discípulos, que não devem se intimidar mas se tornar a "luz do mundo".
A sentença seguinte tem duplo sentido: a malícia oculta dos fariseus será denunciada, e tudo aquilo que os discípulos conhecem, reservadamente, sobre Jesus deverá ser anunciado. As palavras que os discípulos ouvem de Jesus não devem permanecer estéreis ou relegadas ao esquecimento, mas devem alimentar a prática transformadora destes discípulos, através de seu testemunho vivo, fieis ao cumprimento da vontade do Pai.
A sentença final soa estranha. Parece ser uma alusão à sociedade elitista exploradora, na qual quem tem fica cada vez mais rico, enquanto espolia os que pouco tem, empobrecendo-os cada vez mais.
Pode-se pensar em uma aplicação semítica, na perspectiva da fé. Quem tem a fé em Jesus crescerá nela, enquanto que os escribas e fariseus que se limitam à fé na revelação do Primeiro Testamento acabarão perdendo-a.
3. A TENTAÇÃO DO SECTARISMO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
As exigências do Reino e as dificuldades inerentes à sua vivência podem levar a comunidade cristã a voltar-se para si mesma, tornando-se uma espécie de gueto fechado, sem contato com o mundo. Este modo de proceder contradiz a dinâmica do Reino, tornando a comunidade infiel ao projeto cristão. O destino do Reino é que seja testemunhado a toda a humanidade; seus benefícios devem atingir cada ser humano.
A parábola da lâmpada alerta para o comportamento que se exige da comunidade cristã. Como a luz é acesa e posta no candeeiro, do modo a espargir seus raios por toda a casa, igualmente os cristãos devem procurar a posição a partir da qual seu testemunho possa atingir o maior número de pessoas. Supõe-se que seja uma comunidade capaz de acolher a todos, sem distinção, integrando-os em seu meio. Uma comunidade missionária, disposta a ir a todos os recantos da Terra para levar a mensagem do Evangelho. Uma comunidade cujo testemunho de vida corresponda às exigências do Reino, de forma a apresentá-lo como projeto de vida para os que vagueiam nas trevas do erro. Em suma, uma comunidade em que a semente do Reino produz frutos.
Assim, recusando a tentação do sectarismo, a comunidade cristã assume seu papel de fazer a luz do Evangelho chegar a todos os rincões do mundo.