São Januário ou San Gennaro
Quarta-feira, 19 de setembro de 2012
A história do santo deste dia se entrelaça com a cidade italiana de Nápoles, onde o corpo e sangue de Januário estão guardados. Este santo viveu no fim do século III e se tornara Bispo de Benevento, cidade próxima a Nápoles.
Como cristão estava constantemente se preparando para testemunhar (se preciso com o derramamento do próprio sangue) seu amor ao Senhor, já que naqueles tempos em que a Igreja estava sendo perseguida, não era difícil ser preso, condenado e martirizado pelos inimigos da Verdade. Na função de Bispo foi zeloso, bondoso e sábio, até ser juntamente com seus diáconos, preso e condenado a virar comida dos leões no anfiteatro da cidade de Pozzuoli (a primeira terra italiana que pisou o apóstolo Paulo a caminho de Roma).
Igual ao profeta Daniel e muitos outros, as feras lamberam, mas não avançaram nestes homens protegidos por Jesus. Nesse caso, sob a ordem do terrível imperador Diocleciano (último grande perseguidor), a única solução era a espada manejada pela irracional maldade humana. Foram decapitados. Isto ocorreu no ano 305.
Alguns cristãos, piedosamente, recolheram numa ampola o sangue do Bispo Januário para conservá-lo como preciosa relíquia e seu corpo acabou na Catedral de Nápoles. A partir disso, os napolitanos começaram a venerar o santo como protetor da peste e das erupções do vulcão Vesúvio.
Dentre tantos milagres alcançados pela sua intercessão, talvez o maior se deve ao seu sangue,"aquele guardado na ampola". Acontece que o sangue é exposto na Catedral, no dia da festa de São Januário e o extraordinário é que há séculos, o sangue, durante uma cerimônia, do estado sólido passa para o estado líquido, mudando de cor, de volume e até seu peso duplica. A multidão edificada se manifesta com gritos, enquanto a ciência, que já provou ser sangue humano, silencia quanto a uma explicação para este fato, esclarecido somente pela fé.
São Januário, rogai por nós!
Hoje:
Dia do Teatro
Leituras
Leitura (1 Coríntios 12,31-13,13)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
12 31 Aspirai aos dons superiores. E agora, ainda vou indicar-vos o caminho mais excelente de todos.
13 1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.
2 Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.
3 Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!
4 A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante.
5 Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor.
6 Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade.
7 Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará.
9 A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita.
10 Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá.
11 Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança.
12 Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido.
13 Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade.
Salmo 32/33
Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
Dai graças ao Senhor ao som da harpa,
Na lira de dez cordas celebrai-o!
Cantai para o Senhor um canto novo,
Com arte sustentai a louvação!
Pois reta é a palavra do Senhor,
E tudo o que ele faz merece fé.
Deus ama o direito e a justiça,
Transborda em toda a terra a sua graça.
Feliz o povo cujo Deus é o Senhor,
E a nação que escolheu por sua herança!
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
Da mesma forma que em vós nós esperamos!
Evangelho (Lucas 7,31-35)
7 31 "A quem compararei os homens desta geração? Com quem se assemelham?
32 São semelhantes a meninos que, sentados na praça, falam uns com os outros, dizendo: Tocamos a flauta e não dançastes; entoamos lamentações e não chorastes.
33 Pois veio João Batista, que nem comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Ele está possuído do demônio.
34 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: 'Eis um comilão e beberrão, amigo dos publicanos e libertinos'.
35 Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Convertei-vos e Celebrai
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Meninos sentados na praça e que gritam aos outros "Tocamos flauta e não cantais, cantamos uma lamentação e não chorais..." Com essa expressão talvez estranha para nós, Jesus diz uma grande verdade: queremos sempre que as pessoas dancem conforme a nossa música, isto é, que pensem e ajam como nós, e se for uma religião ou até mesmo aspecto cultural, que não mudem nada e nem venham com coisas novas.
João Batista, o Precursor de Jesus, tinha algo novo a anunciar, mas como vivia de um jeito meio estranho e não se alimentava, diziam que ele estava possesso de um demônio. (Qualquer fenômeno que não conseguimos definir, atribui-se ao demônio).
Jesus de Nazaré é diferente de João Batista, aliás, não se encaixa no perfil de Messias anunciado, em vez de acabar com os pecadores e homens maus, tem amizade com eles, senta-se para tomar refeição com eles, e come e bebe com eles. Por isso o rotularam de comilão e beberrão.
E assim, o Novo que se encarnou em meio a humanidade, acabou rejeitado justamente porque era humano demais. Esse evangelho traz um forte apelo á conversão neste tempo do advento, mas o que é a conversão? Justamente purificar o olhar e o coração, para ver e sentir a presença de Jesus e do seu Reino nas pessoas e nos acontecimentos da história e da nossa vida. Mas tenhamos cautela, Jesus não está formatado do jeito que nós queremos e o imaginamos, a conversão interior é primeiramente dom de Deus, que vem com a Graça oferecida em Jesus.
Quando olhamos o mundo e as pessoas com os olhos de Jesus, não exigimos que as pessoas "dancem só conforme a nossa música", pois o Reino a todos renova e se refaz nas virtudes e nos valores que cada um tem e disponibiliza para os irmãos e irmãs.
2. Em Jesus a plenitude do humano
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Ao mencionar "as pessoas desta geração", Jesus está se referindo à classe dirigente judaica. O termo "geração" (geneá), no Antigo Testamento, é aplicado com frequência ao povo hebreu, em um determinado momento histórico, de maneira recriminatória (por ex.: "Certamente, nenhum dos homens desta maligna geração verá a boa terra que jurei dar a vossos pais" - Dt 1,35).
Os chefes religiosos do Templo e das sinagogas difamam João (tem demônio) e Jesus (comilão e beberrão). Assim fazem porque rejeitam em João o anúncio da libertação do pecado pela prática da justiça, pois isto esvazia e rompe com o Templo. Rejeitam em Jesus o amor misericordioso que acolhe a todos, com o que são descartados os preceitos excludentes da Lei.
João retirava-se para o deserto em protesto à vida corrompida na cidade e no Templo de Jerusalém. Porém, Jesus retorna às comunidades rurais e urbanas da periférica e gentílica Galileia, onde anuncia o Reino de Deus. O Filho do Homem é a plenitude do humano. O humano para ser realizado, ser pleno, é necessariamente solidário; é o viver em comunhão com todos para que não haja nenhum excluído e todos tenham vida plena. Esta é a verdadeira obra de sabedoria.
3. ATITUDES CONTRADITÓRIAS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
O modo como era tratado por seus contemporâneos deixava Jesus irritado. A má vontade deles levava-os a interpretar mal tudo o que o Mestre fazia. De forma alguma, deixavam-se convencer pelo messianismo de Jesus, mesmo vendo seus milagres e prodígios.
Uma das atitudes de Jesus, censurada por eles, era sua solidariedade com os pecadores e as pessoas marginalizadas pela sociedade. Jesus não se envergonhava de ser visto na companhia desse tipo de gente, nem de sentar-se à mesa com ela. Sua atitude fundava-se numa profunda consciência de ter sido enviado para trazer a salvação, mormente aos pecadores. Sendo assim, seu tempo deveria ser gasto com estes e não com quem pensava ter assegurada sua própria salvação. Jesus estava com quem o Pai queria que ele estivesse. Ele não haveria de mudar de comportamento por causa das críticas e das maledicências alheias.
Entretanto, o Mestre percebia na reação de seus críticos uma raiz viciada: no fundo, não queriam mesmo era se converter. Qualquer quer fosse a atitude de Jesus, teriam motivos para rejeitá-lo.
João, em sua austeridade de vida, fora chamado de possesso. Jesus, que vivia sem preconceitos, era chamado de glutão e beberrão.
A condenação desses inimigos do Mestre seria conseqüência de sua má vontade, que os levava a fechar-se à salvação oferecida por Deus.