São João Câncio

Sexta-feira, 23 de Dezembro de 2011


João nasceu em Kety, na diocese de Cracóvia, Polônia, em 1390; estudou na Cracóvia e foi ordenado sacerdote. Durante muitos anos foi professor da Universidade de Cracóvia; depois foi pároco de Ilkus. À fé que ensinava uniu grandes virtudes, sobretudo a piedade e a caridade para com o próximo, tornando-se um modelo insigne para seus colegas e discípulos.

Enquanto nas regiões vizinhas pululavam as heresias e os cismas, o bem-aventurado João ensinava na Universidade de Cracóvia a doutrina haurida da mais pura fonte, e explicava ao povo com muito empenho, em seus sermões, o caminho da santidade, confirmando a pregação com o exemplo da sua humildade, castidade, misericórdia, penitência e todas as outras virtudes próprias de um santo sacerdote e de um zeloso ministro do Senhor. Ao longo do dia, uma vez cumprido o seu dever de ensinar, dirigia-se diretamente à igreja, onde durante muito tempo se entregava à oração e à contemplação diante de Cristo na Eucaristia.

Tanto nas pequenas como nas grandes adversidades, João teve sempre em mente algo de bem superior ao prestígio, à carreira e ao bem-estar materiais: "Mais para o alto!"repetia sempre. Em todas as circunstâncias, só tinha Deus no seu coração, só tinha Deus na sua boca.

Morreu em Cracóvia, com a idade de oitenta e três anos, no ano de 1473.

São João Câncio, rogai por nós!


Hoje:

Dia do Atleta amador, Dia do Vizinho


Leituras

Primeira Leitura (Malaquias 3,1-4.23-24)
Leitura da profecia de Malaquias.

Assim fala o Senhor Deus: 3 1 "Vou mandar o meu mensageiro para preparar o meu caminho. E imediatamente virá ao seu templo o Senhor que buscais, o anjo da aliança que desejais. Ei-lo que vem - diz o Senhor dos exércitos.

2 Quem estará seguro no dia de sua vinda? Quem poderá resistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do fundidor, como a lixívia dos lavadeiros.

3 Sentar-se-á para fundir e purificar a prata; purificará os filhos de Levi e os refinará, como se refinam o ouro e a prata; então eles serão para o Senhor aqueles que apresentarão as ofertas como convêm.

4 E a oblação de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, como nos anos de outrora.

23 Vou mandar-vos o profeta Elias, antes que venha o grande e temível dia do Senhor,
24 e ele converterá o coração dos pais para os filhos, e o coração dos filhos para os pais, de sorte que não ferirei mais de interdito a terra".


Salmo 24/25

Levantai vossa cabeça e olhai,
pois a vossa redenção se aproxima!

Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos
e fazei-me conhecer a vossa estrada!
Vossa verdade me oriente e me conduza,
porque sois o Deus da minha salvação!

O Senhor é piedade e retidão
e reconduz ao bom caminho os pecadores.
Ele dirige os humildes na justiça,
e aos pobres ele ensina o seu caminho.

Verdade e amor são os caminhos do Senhor
para quem guarda sua aliança e seus preceitos.
O Senhor se torna íntimo aos que o temem
e lhes dá a conhecer sua aliança.


Evangelho (Lucas 1,57-66)

1 57 Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho. 58 Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia, e congratulavam-se com ela.

59 No oitavo dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai, Zacarias.

60 Mas sua mãe interveio: "Não, disse ela, ele se chamará João".

61 Replicaram-lhe: "Não há ninguém na tua família que se chame por este nome".

62 E perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse.

63 Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nela as palavras: "João é o seu nome". Todos ficaram pasmados.

64 E logo se lhe abriu a boca e soltou-se-lhe a língua e ele falou, bendizendo a Deus.

65 O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judéia.

66 Todos os que o ouviam conservavam-no no coração, dizendo: "Que será este menino?" Porque a mão do Senhor estava com ele.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "As confusões do nascimento de João Batista..." (O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Não é preciso ser especialista em Bíblia para constatar que a concepção de João Batista, o Precursor de Jesus, foi bastante conturbada. Primeiro, nem Isabel e nem Zacarias alimentavam esperanças de ter um Filho, eram de idade avançada e além do mais, Isabel era estéril. O anúncio de tal acontecimento não foi fácil, Isabel uma anciã, teve que passar pelas dificuldades de uma parturiente "especial". O Pai Zacarias, embora sacerdote que servia no templo em turno de revezamento, não botou muita Fé na revelação e acabou ficando mudo, imaginem o drama, a esposa grávida e o coitado mudo. Quem aparece para servir Isabel nessa fase difícil da sua vida, em uma gravidez de risco, é a menina de Nazaré, que não deveria ter experiência alguma nessa parte...

No dia de levar a criança ao templo para a circuncisão, mais uma cena confusa, a Mãe declinou o nome, mas um grupo de parentes intrometidos não aceitou alegando que não havia ninguém na família com aquele nome de João. Zacarias deveria estar nervoso com toda aquela confusão estabelecida no templo e como não podia falar, e os parentes não paravam de gesticular para ele, escreveu o nome em uma tabuinha: João é o seu nome. E com a última palavra dada pelo Pai, que era no costume judaico quem denominava os Filhos, a história encerrou-se, entretanto, outro milagre aconteceu: Zacarias recupera a voz e começa louvar e bendizer a Deus...

Se entendermos o texto ao pé da letra, podemos até concluir que o Sacerdote do templo perdeu a paciência e acabou com a celebração, marcando o Batismo para outro dia... Imaginem a cena hilariante no dia do Batizado, Pai e Mãe querem um nome, os padrinhos e parentes acham que tem que ser outro, porque aquele nome não tem nada a ver com a criança, só que o pai é mudo e os parentes linguarudos tentam inutilmente argumentar com gestos sobre o nome que a criança teria de ter. Que confusão!

Porque o evangelista coloca todo esse "tumulto" no nascimento de João Batista? Por que se trata de alguém especial diante de Deus, e que terá também uma missão especial, preceder o Messias, levando as pessoas a se prepararem para acolhê-lo em suas vidas. Na questão do nome, fica muito claro a falta de comunicação e a dificuldade para as pessoas se entenderem. O que se nota é a teimosia de algumas pessoas em não terem se dado conta de que aquele menino era especial, já havia sido gerado de maneira prodigiosa, devido a idade avançada dos seus pais, e a esterilidade da mãe.

Há nas entre linhas um recado Divino: o novo tempo anunciado pelos profetas está começando com João Batista, por isso seu nome significa "Aquele que anuncia". O Batista não irá mais anunciar a velha religião das leis e do ritualismo, a purificação a que ele irá chamar as pessoas, não mais irá passar pelas oblações do rito judaico, mas pela água Batismal, e ao contrário do Judaísmo, onde a prática religiosa dá ao fiel a sensação de ser justo e santo diante de Deus, João é muito diferente, as pessoas terão que reconhecer-se pecadoras para receberem o Batismo penitencial.

Um homem com essas características e essa missão, que o levará a romper com a Religião oficial até então estabelecida, tinha mesmo que ter um nascimento bem tumultuado. Do mesmo modo em nossa vida, quando nos permitimos a viver em comunhão com Jesus Cristo, ocorrem certos acontecimentos que não conseguimos compreender. E quando não conseguimos compreender, isso é, fazer essa experiência íntima com Jesus Cristo, também não conseguimos anunciar e somos dominados pela MUDEZ da omissão e do comodismo, a exemplo de Zacarias que em um primeiro momento duvidou... A sociedade prefere assim, uma Igreja muda, cristãos de boca fechada, que vivam a sua religião intimista, sem nenhuma preocupação com o que ocorre ao seu redor. Mas... não foi para isso que Deus nos chamou para sermos discípulos - Missionários... O evangelho mostra isso de maneira clara.

2. "O Senhor é misericórdia"

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Na narrativa do nascimento de João a questão central é o seu nome. Zacarias era sacerdote no Templo e pela tradição o primeiro filho devia receber o nome do pai. Contudo, na anunciação a Zacarias o anjo já comunicara seu nome, João, que significa "o Senhor é misericórdia". Zacarias havia ficado mudo ao duvidar ao anúncio do anjo. Agora entende-se que tenha ficado surdo também, na medida em que é necessário que lhe falem por sinais. Ao concordar com o novo nome atribuído pelo anjo, ele recupera a fala, louvando a Deus. Todos se perguntavam: "O que vai ser este menino?". O nascimento de João em idade tardia de seus pais, fora do comum, e a mudança do nome, contrariando a tradição, eram sinais de que este menino era chamado por Deus a participar de uma missão surpreendente.

3. A MÃO DO SENHOR ESTAVA COM ELE

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Todos os fatos relacionados com o nascimento de Jesus aconteceram sob a ação de Deus. Cada pormenor manifestava a misericórdia divina e o carinho com que a vinda do Messias estava sendo preparada.

O nascimento de João Batista foi visivelmente conduzido pelo Pai. Quando o menino foi dado à luz, os vizinhos e parentes reconheceram, no fato, uma demonstração do amor de Deus para com os pais dele - Isabel e Zacarias -, bem como para com todo o povo. Quando se perguntavam o que seria deste menino, já estavam intuindo a grandeza da missão que o esperava.

O sinal da benevolência divina manifestou-se, também, na recuperação da fala de Zacarias, assim que ordenara dar ao filho o nome de João, embora a contragosto da parentela. De acordo com o seu nome, o menino seria um sinal permanente de que Deus usa de misericórdia e é favorável. Sendo assim, seria portador de esperança e de consolação, transmitindo a certeza de que haveriam de se cumprir as antigas promessas divinas de salvação.

Da boca de Zacarias saiu, também, um hino de louvor a Deus. Mais que ninguém, o pai de João Batista fora testemunha da presença providente de Deus na vida de seu povo. Seu louvor tinha fundamento. A salvação do Senhor já começara a se manifestar.