São João Crisóstomo

Terça-feira, 13 de setembro de 2011


Doutor da Igreja, Boca de Ouro, Alma de Anjo e Coração de Pai. É o santo que celebramos neste dia: São João Crisóstomo. Nascido de família distinta, em Antioquia no ano 348. Depois da morte do pai, sua jovem mãe tratou de providenciar os melhores professores deste amado menino.

João nasceu com alma monástica, tanto que, por duas vezes passou anos no silêncio do deserto; por causa da precária saúde voltou da vivência religiosa mais retirada e em Antioquia foi ordenado sacerdote. Famoso devido ao seu dom de comunicar a Palavra de Deus, Crisóstomo não demorou a abraçar a cruz do governo pastoral da diocese de Constantinopla, já que o imperador fez de tudo para isto.

Ao perceber a má formação do clero, entregue à ambição e à avareza, o santo começou a exigir vida de pobreza e simplicidade evangélica daqueles que precisavam ser exemplo para o rebanho.

Devido aos naturais atritos com o clero e fervorosas pregações contra o luxo e imoralidades da vida social, São João teve problema com a imperatriz Eudóxia, que começou o movimento causador dos seus dois exílios, sendo que no último, os sofrimentos da longa viagem e os maus tratos foram mortais! Amado pelo povo e respeitado por todos, São João Crisóstomo morreu em 407 e deixou, além do belo testemunho dos dez anos de pontificado, suas últimas palavras as quais resumiram sua vida: "Glória seja dada a Deus em tudo!".

São João Crisóstomo, rogai por nós!


Hoje: Dia do Agrônomo


Leituras

Primeira Leitura (Timóteo 3,1-13)
Leitura da carta de São Paulo a Timóteo.

Eis uma coisa certa: quem aspira ao episcopado, saiba que está desejando uma função sublime. Porque o bispo tem o dever de ser irrepreensível, casado uma só vez, sóbrio, prudente, regrado no seu proceder, hospitaleiro, capaz de ensinar. Não deve ser dado a bebidas, nem violento, mas condescendente, pacífico, desinteressado; deve saber governar bem a sua casa, educar os seus filhos na obediência e na castidade.

Pois quem não sabe governar a sua própria casa, como terá cuidado da Igreja de Deus? Não pode ser um recém-convertido, para não acontecer que, ofuscado pela vaidade, venha a cair na mesma condenação que o demônio. Importa, outrossim, que goze de boa consideração por parte dos de fora, para que não se exponha ao desprezo e caia assim nas ciladas diabólicas. Do mesmo modo, os diáconos sejam honestos, não de duas atitudes nem propensos ao excesso da bebida e ao espírito de lucro; que guardem o mistério da fé numa consciência pura.

Antes de poderem exercer o seu ministério, sejam provados para que se tenha certeza de que são irrepreensíveis. As mulheres também sejam honestas, não difamadoras, mas sóbrias e fiéis em tudo.

Os diáconos não sejam casados senão uma vez, e saibam governar os filhos e a casa. E os que desempenharem bem este ministério, alcançarão honrosa posição e grande confiança na fé, em Jesus Cristo.


Salmo 100/101

Viverei na pureza do meu coração!

Eu quero cantar o amor e a justiça,
cantar os meus hinos a vós, ó Senhor!
Desejo trilhar o caminho do bem,
mas quando vireis até mim, ó Senhor!

Viverei na pureza do meu coração,
no meio de toda a minha família.
Diante dos olhos eu nunca terei
qualquer coisa má, injustiça ou pecado.

Farei que se cale diante de mim
quem é falso e, às ocultas, difama seu próximo;
o coração orgulhoso, o olhar arrogante
não vou suportar e não quero nem ver.

Aos fiéis desta terra eu volto meus olhos;
que eles estejam bem perto de mim!
Aquele que vive fazendo o bem
será meu ministro, será meu amigo.


Evangelho (Lucas 7,11-17)

No dia seguinte dirigiu-se Jesus a uma cidade chamada Naim. Iam com ele diversos discípulos e muito povo.

Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita gente da cidade. Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: "Não chores!" E aproximando-se, tocou no esquife, e os que o levavam pararam. Disse Jesus: "Moço, eu te ordeno, levanta-te".

Sentou-se o que estivera morto e começou a falar, e Jesus entregou-o à sua mãe.

Apoderou-se de todos o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: "Um grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou os olhos para o seu povo". A notícia deste fato correu por toda a Judéia e por toda a circunvizinhança.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. O Filho da Viúva de Naim...

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Há tempo não convoco a minha turminha de "Teólogos", hoje nos reunimos para refletir esse evangelho e a conclusão foi desanimadora: "Bom, pelo que eu entendi, Jesus parou um enterro e ressuscitou o morto, beleza pura, e aonde é que nós entramos nessa história? Por acaso vamos fazer o mesmo?" comentou o Jorjão, um ex-drogado recuperado pelo grupo de jovens da comunidade.

Ele nada conhece de Bíblia, mas é um grande provocador, pois a equipe, a partir da sua pergunta, começou a pensar no texto e surgiram algumas pistas. "Olha pessoal, na reação da multidão diante do milagre, tem uma frase chave "Um grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou os olhos para o seu povo..."- comentou Tereza, que atua na equipe de liturgia. "Ué, por que Deus voltou? Por acaso ele tinha ido embora da Vida do Povo?" quis logo saber o Genivaldo, da Pastoral dos Enfermos.

De certa forma, parece mesmo que Deus tinha dado as costas para o seu povo, foram 300 anos de silêncio, sem nenhum profeta falar em nome de Deus, até que surgiu João Batista no deserto.É portanto natural que o povo veja Jesus como um grande profeta, ressuscitador de mortos, como alguns Profetas importantes na História de Israel. Deus tinha sumido, e agora manifestou -se aos homens em Jesus de Nazaré, que apresenta uma novidade: é um Deus que se compadece de quem sofre, especialmente dos pequenos, então já não há mais dúvidas, a exemplo do Deus dos antepassados, que se compadeceu da situação do povo cativo no Egito, Jesus "puxou" o Pai, e o o evangelista Lucas gosta de apresentá-lo com esse sentimento de compaixão diante do sofrimento e da miséria humana.

"Bom, então o evangelho nos apresenta um Jesus que é o Esperado pelo Povo, certo? Mas e o milagre da ressurreição desse morto, o que mostra para nós, ou melhor, o que pede de cada um de nós?" - observou Vera, uma das Catequistas da Comunidade. "Ah vocês me desculpem, não deve ser prá gente sair por aí ressuscitando defunto, porque quando meu Pai morreu, eu falei até em nome de Jesus, mas não teve jeito, ele morreu mesmo" - disse Jorjão, de novo provocando a turma. "Está aí Jorjão, seu pai não ressuscitou, mas você sim! Lembra de quem você era e o que você é hoje?" - perguntou Tereza, respondendo a provocação que recebera do nosso Teólogo meio rebelde...

Então Jorjão recordou a sua bela história "Olha, se não fosse esse meus "Brother" do Grupo de Jovens, eu já tinha virado pó. Eles me acolheram, me ajudaram a descobrir um sentido para a vida, arranjei uma profissão e ainda consegui tratar da minha mãe e do meu irmãozinho ainda criança, o gozado é que eles me aceitaram do jeito que eu era, lembro-me que no dia em que me juntei a eles na praça, eu estava chapado...o grupo nada exigiu de mim, deram-me um lanche, algumas roupas...

Pronto! Aí está o ensinamento do evangelho, amar o próximo é ter compaixão, é chorar junto, é sofrer junto, quando isso acontece a Vida vai brotando, mesmo em uma situação de morte. Que força é essa que a tudo transforma e reverte as situações mais trágicas, na vida do homem? É Jesus Cristo!

O nosso Jorjão ressuscitou para uma vida nova, e no seu trabalho junto aos meninos carentes da favela, na escolinha de futebol, vai ressuscitando a muitos que jaziam na morte e não tinha um sentido para a vida. Jorjão resmungava baixinho: Deus seja louvado... Deus seja louvado... E o meu grupo de Teólogos sorria...

2. Prática amorosa e misericordiosa de Jesus

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Com a expressão "em seguida", Lucas articula a cura do servo do centurião com esta cura do filho da viúva. Uma grande multidão com Jesus e seus discípulos aproxima-se de uma cidade amuralhada. Ao chegarem à porta, encontram outra grande multidão que sai da cidade para enterrar um morto. É a corrente da vida que vem inundar a cidade dos mortos.

Esta narrativa de milagre diferencia-se da cura do servo do centurião romano, que a antecede. No caso do centurião a cura do servo resultou da "tão grande fé" por ele manifestada. Neste caso do filho da viúva de Naim, é Jesus quem toma a iniciativa. Jesus se faz próximo da viúva, com um gesto de misericórdia característica nas narrativas de Lucas.

É a prática inspirada pela parábola do samaritano que cuida do homem espancado à beira da estrada (cf. 3 out). É a prática amorosa e misericordiosa de Jesus que lança sementes de fé entre todos aqueles que passaram a glorificar a Deus.

3. TOCADO PELA DOR

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O sofrimento da pobre viúva tocou fundo o coração de Jesus, a ponto de fazê-lo interromper seu caminho rumo à cidadezinha de Naim, situada nos arredores de Nazaré.

O texto evangélico refere-se a dois cortejos: o cortejo alegre do Messias e o cortejo fúnebre do filho de uma viúva da cidade. Com o Mestre, iam os discípulos e uma grande multidão. É fácil de imaginar o clima que reinava entre eles. Sentiam-se empolgados pela presença de Jesus, por suas palavras e seus gestos poderosos. As pessoas contemplavam-no, esperançosas. Vendo-se abandonadas por todos, finalmente parecia que uma esperança despontava em seu horizonte. Era como se uma luz começasse a brilhar!

Na direção contrária seguia o enterro de um jovem, acompanhado por sua mãe e por "muita gente da cidade". A situação da mãe era lastimável. A morte do filho único deixava-a desesperada. Quem haveria de socorrê-la em suas necessidades? Quem haveria de defendê-la contra os prepotentes? Para ela, era como se sua única luz tivesse extinguido!

O encontro com Jesus reverteu essa situação. O Mestre ressuscitou o jovem e o restitui à sua mãe, ao passo que o cortejo fúnebre entrou no clima de empolgação dos que seguiam o Mestre. Chegaram até a pensar que ele fosse o profeta Elias de volta para o meio do povo para trazer-lhe salvação. De fato, ele era o Messias cheio de compaixão pelos sofrimentos da humanidade.