São João Damasceno
Terça-feira, 04 de dezembro de 2012
Lembramos São João Damasceno, um santo Padre e Doutor da Igreja de Cristo. Nasceu em 675, em Damasco (Síria) num período em que o Cristianismo tinha uma certa liberdade, tanto assim que o pai de João era muito cristão e amigo dos Sarracenos, que naquela época eram senhores do país. Esta estima estendia-se também ao filho. Os raros talentos e merecimentos deste levaram o Califa a distingui-lo com a sua confiança e nomeá-lo prefeito (mansur) de Damasco.
João Damasceno ainda jovem e ajudante do pai gozava de muitos privilégios financeiros, mas ao crescer no amor ao Cristo pobre, deu atenção a Palavra que mostra a dificuldade dos ricos (apegados) para entrarem no Reino dos Céus. Assim, num impulso para a santidade, renunciou todos os bens e deu aos pobres. Preferiu São João uma vida de maus tratos ao se entregar as "delícias venenosas" do pecado.
Retirou-se para um convento de São Sabas perto de Jerusalém e passou a viver na humildade, caridade e alegria. Escreveu inúmeras obras tratando de vários assuntos sobre teologia, dogmática, apologética e outros campos que fizeram de São João digno do título de Doutor da Igreja. Com escritos defendeu principalmente a Igreja contra os iconoclastas, que condenavam o uso de imagens nas Igrejas.
Certa vez, os hereges prenderam São João e cortaram-lhe a mão direita a fim de não mais escrever, mas por intervenção de Nossa Senhora foi curado. Seu amor a Mãe de Jesus foi tão concreto que foi São João quem tornou presente a doutrina sobre a Imaculada Conceição, Maternidade divina, Virgindade perpétua e Assunção de corpo e alma de Maria. Este filho predileto da Mãe faleceu em 749, quase centenário.
Foi declarado Doutor da Igreja pelo Papa Leão XIII em 1890.
São João Damasceno, rogai por nós!
Hoje:
Dia da Propaganda, Dia do Pedicuro e Dia do Orientador Educacional
Leituras
Leitura (Isaías 11,1-10)
Leitura do livro do profeta Isaías.
1 1 Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes.
2 Sobre ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor ao Senhor.
3 (Sua alegria se encontrará no temor ao Senhor.) Ele não julgará pelas aparências, e não decidirá pelo que ouvir dizer;
4 mas julgará os fracos com eqüidade, fará justiça aos pobres da terra, ferirá o homem impetuoso com uma sentença de sua boca, e com o sopro dos seus lábios fará morrer o ímpio.
5 A justiça será como o cinto de seus rins, e a lealdade circundará seus flancos.
6 Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá;
7 a vaca e o urso se fraternizarão, suas crias repousarão juntas, e o leão comerá palha com o boi.
8 A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da áspide.
9 Não se fará mal nem dano em todo o meu santo monte, porque a terra estará cheia de ciência do Senhor, assim como as águas recobrem o fundo do mar.
10 Naquele tempo, o rebento de Jessé, posto como estandarte para os povos, será procurado pelas nações e gloriosa será a sua morada.
Salmo 71/72
Nos seus dias, a justiça florirá
e paz em abundância para sempre.
Dai ao rei vossos poderes, Senhor Deus,
vossa justiça ao descendente da realeza!
Com justiça ele governe o vosso povo,
com equidade ele julgue os vossos pobres.
Nos seus dias, a justiça florirá
e grande paz, até que a lua perca o brilho!
De mar a mar estenderá o seu domínio,
e desde o rio até os confins de toda a terra!
Libertará o indigente que suplica,
e o pobre ao qual ninguém quer ajudar.
Terá pena do indigente e do infeliz,
e a vida dos humildes salvará.
Seja bendito o seu nome para sempre!
E que dure como o sol sua memória!
Todos os povos serão nele abençoados,
todas as gentes cantarão o seu louvor!
Evangelho (Lucas 10,21-24)
10 21 Naquele mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: "Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-te porque assim foi do teu agrado.
22 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar".
23 E voltou-se para os seus discípulos, e disse: "Ditosos os olhos que vêem o que vós vedes,
24 pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Ditosos os que veem e ouvem
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Há algo inédito que os discípulos de Jesus conseguem ver e ouvir, e que antes de ser um privilégio ou uma conquista humana é puro Dom de Deus. Nesse evangelho, conhecimento e Revelação têm o mesmo significado. Em Jesus Cristo o Ser Humano nesta Vida têm a possibilidade real e única de conhecer a Deus, não como algo estranho e alheio á natureza humana, um Ser Espacial e cósmico, estranho e inatingível, ao contrário, um Deus bem dentro de si, nas profundezas do Homem, e que lhe dá um novo olhar e um novo ouvir. Se antes Deus falava com os homens de dentro de uma nuvem, ou em uma sarça ardente ou em meio ao fogo, a partir de Jesus Ele fala de dentro do homem, dando um novo significado á sua existência.
É isso precisamente os efeitos da Salvação oferecida por Jesus a cada homem! Esta Salvação satisfaz a todos os anseios humanos, liberta de todas as amarras e alienações,, cura de todas as feridas. O Discípulo não só denuncia as estruturas que agem contrariamente a essa Salvação, mas experimenta de modo concreto seus efeitos em sua vida pois anuncia algo que experimentou e conhece. Os discípulos são os primeiros e depois deles, todo aquele que crê e se permite ser atingido por essa Graça.
É esse o motivo da Alegria de Jesus, seus discípulos ainda não são homens santos e perfeitos, de conduta moral inabalável, virtuosos e justos, mas apesar disso já experimentam os efeitos primeiros da Salvação que Ele trouxe e que irá consolidar-se com sua morte e ressurreição. Através do Espírito Santo ela já vai acontecendo, em todos os que o buscam, enquanto Deus e Senhor, como de fato Ele é, porque assim se revela.
Sábios e inteligentes são todos os que, por aquele tempo e nos dias de hoje, não compreenderam o que é a Salvação, ou julgam que poderão alcança-la com o esforço humano, a prática das virtudes e o seguimento a leis e preceitos. Os pequeninos de ontem e de hoje, são todos os que descobriram essa Verdade, de que a Salvação é um processo dinâmico que nos acompanha desde o nascimento até a morte, consolando o nosso coração e alimentando a Esperança, quando nos deparamos com nossos limites e fragilidades, quando reconhecemos que não somos capazes de nos salvar, e por isso descobrem a cada instante, que no meio de toda essa insegurança e incerteza, somos crianças conduzidas pela mão pelo Senhor de Nossa Vida, o Salvador Cristo Jesus.
2. Deus acolhe os pequeninos
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Lucas narra esta exultação e louvor de Jesus ao acolher de volta os setenta e dois discípulos que foram enviados em missão. O texto está também no evangelho de Mateus, praticamente com as mesmas palavras no texto grego, porém em uma parte narrativa onde faz contraste com as increpações proferidas contra as cidades que o rejeitaram.
Jesus louva o Pai, porque a missão é destinada aos pequenos, e entre eles suas palavras são acolhidas. No ambiente cultural do judaísmo, os pequenos eram os pobres e ignorantes da cultura religiosa. Entre os doutos rabinos, autossuficientes, circulava a máxima: "Um ignorante não evita o pecado, e um analfabeto não pode ser piedoso".
Deus acolhe os pequeninos, humildes, disponíveis e acolhedores do amor que une as pessoas e fortalece a vida. A estes, que são bem-aventurados (makarioi), o Filho revela o Pai, dando-lhes uma sabedoria que resulta da experiência do amor. Esta sabedoria revelada aos pequeninos escapa ao controle dos sábios e doutos que fiscalizam e controlam as doutrinas e a fé.
3. A FELICIDADE DE VER O MESSIAS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Os discípulos foram declarados felizes por terem visto e reconhecido o Messias Jesus. Esta felicidade foi ansiada, ao longo da história de Israel, por "muitos profetas e reis" que nutriam a esperança de vê-lo. O desejo deles, porém, não foi realizado.
Entretanto, a graça de ver o Messias tem dois pressupostos. O primeiro diz respeito à ação divina como propiciadora desta experiência. Só pode reconhecer o Messias, Filho de Deus, aquele a quem o Pai o quiser revelar. A simples iniciativa ou a curiosidade humana são insuficientes. O máximo que se poderá alcançar é a visão da realidade humana do Messias, seu aspecto exterior e suas características secundárias. Sua verdadeira identidade de Filho de Deus só pode ser conhecida por aqueles a quem o Pai revelar. Privado deste dado fundamental, esse conhecimento da pessoa do Messias Jesus esvazia-se e perde toda a sua relevância.
O segundo pressuposto refere-se à postura espiritual de quem recebe a graça de reconhecer o Messias. Somente os simples e pequeninos, os não contaminados pelo espírito de soberba próprio dos sábios e entendidos deste mundo, é que terão acesso a este conhecimento elevado. O que os sábios em vão buscam conseguir, aos pequeninos é revelado diretamente por Deus. Estes têm a felicidade de ver e ouvir o Messias e predispor-se a acolher o Reino proclamado por ele.