São João Maria Vianney

Quinta-feira, 04 de agosto de 2011


Com admiração, alegramo-nos com a santidade de vida do patrono de todos os vigários, conhecido por Cura D'Ars. São João Maria Vianney nasceu em Dardilly, no ano de 1786, e enfrentou o difícil período em que a França foi abalada pela Revolução Napoleônica.

Camponês de mente rude, proveniente de uma família simples e bem religiosa, percebia desde de cedo sua vocação ao sacerdócio, mas antes de sua consagração, chegou a ser um desertor do exército, pois não conseguia "acertar" o passo com o seu batalhão.

Ele era um cristão íntimo de Jesus Cristo, servo de Maria e de grande vida penitencial, tanto assim que, somente graças à vida de piedade é que conseguiu chegar ao sacerdócio, porque não acompanhava intelectualmente as exigências do estudo do Latim, Filosofia e Teologia da época (curiosamente começou a ler e escrever somente com 18 anos de idade).

João Maria Vianney, ajudado por um antigo e amigo vigário, conseguiu tornar-se sacerdote e aceitou ser pároco na pequena aldeia "pagã", chamada Ars, onde o povo era dado aos cabarés, vícios, bebedeiras, bailes, trabalhos aos domingos e blasfêmias; tanto assim que suspirou o Santo: "Neste meio, tenho medo até de me perder". Dentro da lógica da natureza vem o medo; mas da Graça, a coragem. Com o Rosário nas mãos, joelhos dobrados diante do Santíssimo, testemunho de vida, sede pela salvação de todos e enorme disponibilidade para catequizar, o santo não só atende ao povo local como também ao de fora no Sacramento da Reconciliação. Dessa forma, consumiu-se durante 40 anos por causa dos demais (chegando a permanecer 18 horas dentro de um Confessionário alimentando-se de batata e pão).

Portanto, São João Maria Vianney, que viveu até aos 73 anos, tornou-se para o povo não somente exemplo de progresso e construção de uma ferrovia – que servia para a visita dos peregrinos – mas principalmente, e antes de tudo, exemplo de santidade, de dedicação e perseverança na construção do caminho da salvação e progresso do Reino de Deus para uma multidão, pois, como padre teve tudo de homem e ao mesmo tempo tudo de Deus.

São João Maria Vianney, rogai por nós!


Hoje: Dia do Padre


Leituras

Primeira Leitura (Números 20,1-13)

Naqueles dias, toda a assembléia dos filhos de Israel chegou ao deserto de Sin no primeiro mês. O povo ficou em Cades; ali morreu Maria, que foi sepultada no mesmo lugar. Como não houvesse água para a assembléia, o povo se ajuntou contra Moisés e Aarão, procurou disputar com Moisés e gritou: "Oxalá tivéssemos perecido com nossos irmãos diante do Senhor!

Por que conduziste a assembléia do Senhor a este deserto, para nos deixares morrer aqui com os nossos rebanhos? Por que nos fizeste sair do Egito e nos trouxeste a este péssimo lugar, em que não se pode semear, e onde não há figueira, nem vinha, nem romãzeira, e tampouco há água para beber?" Moisés e Aarão deixaram a assembléia e dirigiram-se à entrada da tenda de reunião, onde se prostraram com a face por terra. Apareceu-lhes a glória do Senhor, e o Senhor disse a Moisés: "Toma a tua vara e convoca a assembléia, tu e teu irmão Aarão. Ordenareis ao rochedo, diante de todos, que dê as suas águas; farás brotar a água do rochedo e darás de beber à assembléia e aos seus rebanhos." Tomou Moisés a vara que estava diante do Senhor, como ele lhe tinha ordenado.

Em seguida, tendo Moisés e Aarão convocado a assembléia diante do rochedo, disse-lhes Moisés: "Ouvi, rebeldes: acaso faremos nós brotar água deste rochedo?" Moisés levantou a mão e feriu o rochedo com a sua vara duas vezes; as águas jorraram em abundância, de sorte que beberam, o povo e os animais. Em seguida, disse o Senhor a Moisés e Aarão: "Porque faltastes à confiança em mim para fazer brilhar a minha santidade aos olhos dos israelitas, não introduzireis esta assembléia na terra que lhe destino." Estas são as águas de Meribá, onde os israelitas se queixaram do Senhor, e onde este fez resplandecer a sua santidade.


Salmo 94/95

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações como em Meriba.

Vinde, manifestemos nossa alegria ao Senhor,
aclamemos o Rochedo que nos salva!
Ao seu encontro caminhemos com louvores
e, com cantos de alegria, o celebremos!

Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra, E ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,
as ovelhas que conduz com sua mão.

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
"não fecheis os corações como em Meriba,
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras".


Evangelho

Chegando ao território de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: "No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?" Responderam: "Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas".

Disse-lhes Jesus: "E vós quem dizeis que eu sou?" Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" Jesus então lhe disse: "Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus". Depois, ordenou aos seus discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo.

Desde então, Jesus começou a manifestar a seus discípulos que precisava ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; seria morto e ressuscitaria ao terceiro dia. Pedro então começou a interpelá-lo e protestar nestes termos: "Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá!" Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: "Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!"

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A pesquisa de Jesus

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Jesus precisava saber o que pensavam dele, não porque estava passando por uma crise de identidade, mas para saber se as pessoas compreendiam bem o conteúdo da sua missão. Eu sempre achei muito válida esse tipo de pesquisa, nas formações com os agentes de pastoral, e com os ministros da palavra ou a equipe de canto pastoral, sempre costumo dizer que é importante perguntar para as pessoas como é que está o nosso trabalho, e o que elas acham de nós. Afinal precisamos ter um Feedback para corrigir a rota, o método, pensar em novas estratégias, não é errado pensar assim dessa pergunta de Jesus. Note-se que ele selecionou o seu público alvo, primeiro queria saber o que o povão pensava, e depois, em um segundo momento, a pergunta é feita aos próprios discípulos. Para Jesus interessa muito o que o grupo pensa a respeito dele, afinal eles darão seqüência á missão, estão sendo preparados para isso, é uma espécie de Sabatina.

O que é a comunidade em nossa vida e o que somos na Vida da Comunidade? Será que já paramos para pensar? O texto de Mateus tem como centro a resposta de Pedro que fala em nome do grupo e aqui é instituído o primado de Pedro. Jesus edifica a sua igreja sobre homens comuns, mas que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus, pois a resposta de Pedro convence a Jesus que o grupo está preparado, embora o destaque é para Pedro, mas não podemos nos esquecer que ele falou pelo grupo. O que é importante em uma comunidade cristã? Ter pessoas especiais, talentosas, extraordinárias no que fazem? Claro que não, elas podem até ter esse perfil, porém, o essencial é que professem a Fé em Jesus Cristo, o Filho do Deus Vivo...Não do Deus morto mas do Deus Vivo, que caminha com a sua igreja e nunca a irá desamparar.

Essa presença do Senhor na comunidade não é perceptível com os nossos sentidos, mas somente á luz da Fé, e a revelação vem do Pai e não dos nossos talentos, das nossas ações pastorais. Se a nossa Igreja fosse uma instituição meramente humana, com uma ideologia nascida da carne, na certa não teria passado nem pelo primeiro século da sua história. Essa Fé encarnada na História significa a aceitação de Jesus e a obra da Salvação que passará pela cruz do calvário, portanto é também uma aceitação da cruz em nossa vida, isso é que nos torna de verdade membros da Igreja de Cristo, que tem sim o poder de ligar o céu e a terra, porque é um Sinal Sacramental do Reino de Deus e participar dela, estar em comunhão com ela, já é uma alegre antecipação daquilo que um dia virá na plenitude.

2. A profissão de fé de Pedro

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Temos aqui dois textos articulados, com uma certa contradição, que permitem compreender a redação do evangelho de Mateus. A profissão de fé de Pedro, exaltada no texto, é seguida do anúncio da paixão, rejeitada por Pedro, o qual é severamente censurado.

O elogio de Pedro não é mencionado nos evangelhos de Marcos e Lucas, e a contradição sugere que tenha uma origem tardia, com a Igreja institucional em embrião.

3. O MESSIAS IDENTIFICADO

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A identificação do Messias Jesus passa por três etapas.

Na primeira, Jesus quer saber o que as pessoas pensam a seu respeito. O povo, seguindo a tradição, considera-o como um dos antigos profetas redivivos. Desta forma, a identidade de Jesus careceria de originalidade, definindo-se a partir de personagens do passado cuja volta era esperada no final dos tempos.

Na segunda, a identificação de Jesus revela-se no que o grupo que lhe é mais achegado pensa a seu respeito. É Pedro quem afirma: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo!" Tais palavras revelam a originalidade de Jesus, sua condição de Filho de Deus. Torna-se desnecessário recorrer a personagens paralelos para identificá-lo. Sua origem é divina, e foi o Pai quem o constituiu Messias. Pedro foi capaz de responder corretamente à pergunta do Mestre, por ter recebido uma revelação da parte do Pai.

Na terceira, Jesus vê-se obrigado a acrescentar um elemento importante, não contemplado na resposta de Pedro: o Messias, Filho de Deus, estava destinado a sofrer nas mãos de seus inimigos, morrer e, no terceiro dia, ressuscitar. Logo, era um Messias sofredor.

Sem a elucidação feita por Jesus, os discípulos correriam o risco de nutrir uma imagem distorcida a seu respeito. A bem da verdade, era preciso deixar tudo esclarecido.