São Joaquim e Sant'Ana

Terça-feira, 26 de julho de 2011


Com alegria celebramos hoje a memória dos pais de Nossa Senhora: São Joaquim e Sant'Ana.

Em hebraico, Ana exprime "graça" e Joaquim equivale a "Javé prepara ou fortalece".

Alguns escritos apócrifos narram a respeito da vida destes que foram os primeiros educadores da Virgem Santíssima. Também os Santos Padres e a Tradição testemunham que São Joaquim e Sant'Ana correspondem aos pais de Nossa Senhora.

Sant'Ana teria nascido em Belém. São Joaquim na Galileia. Ambos eram estéreis. Mas, apesar de enfrentarem esta dificuldade, viviam uma vida de fé e de temor a Deus.

O Senhor então os abençoou com o nascimento da Virgem Maria e, também segundo uma antiga tradição, São Joaquim e Sant'Ana já eram de idade avançada quando receberam esta graça.

A menina Maria foi levada mais tarde pelos pais Joaquim e Ana para o Templo, onde foi educada, ficando aí até ao tempo do noivado com São José. A data do nascimento e morte de ambos não possuímos, mas sabemos que vivem no coração da Igreja e nesta são cultuados desde o século VI.

São Joaquim e Sant'Ana, rogai por nós!


Hoje: Dia dos avós


Leituras

Primeira Leitura (Eclesiástico 44,1.10-15)

Façamos o elogio dos homens ilustres, que são nossos antepassados, em sua linhagem. Os primeiros, porém, foram homens de misericórdia; nunca foram esquecidas as obras de sua caridade. Na sua posteridade permanecem os seus bens. Os filhos de seus filhos são uma santa linhagem, e seus descendentes mantêm-se fiéis às alianças. Por causa deles seus filhos permanecem para sempre, e sua posteridade, assim como sua glória, não terá fim. Seus corpos foram sepultados em paz, seu nome vive de século em século. Proclamem os povos sua sabedoria, e cante a assembléia os seus louvores!

— Palavra do Senhor.


Salmo 131/132

O Senhor vai dar-lhe o trono de seu pai, o rei Davi.

O Senhor fez a Davi um juramento,
uma promessa que jamais renegará:
“Um herdeiro que é fruto do teu ventre
colocarei sobre o trono em teu lugar!”

Pois o Senhor quis para si Jerusalém
e a desejou para que fosse sua morada:
“Eis o lugar do meu repouso para sempre,
eu fico aqui: este é o lugar que preferi!”

“De Davi farei brotar um forte herdeiro,
acenderei ao meu ungido uma lâmpada.
Cobrirei de confusão seus inimigos,
mas sobre ele brilhará minha coroa!”


Evangelho (Mateus 13,16-17)

Naquele tempo, Disse Jesus aos seus discípulos: "Quanto a vós, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem! Ditosos os vossos ouvidos, porque ouvem!

Eu vos declaro, em verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não ouviram".

— Palavra da Salvação.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Bem-aventurados são vossos olhos

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Silvio Santos, empresário bem sucedido na área da comunicação, e que mantém com certeza um dos programas de auditório mais antigo da TV, costuma sempre dizer, referindo-se ao seu público “o Auditório mais Feliz do Brasil”, porque está ali diante dele, pode vê-lo e ouvir, interage com ele e por isso, com um tratamento tão personalizado, dizem que longas filas se formam logo cedo em frente a Emissora de TV, e que durante a semana o público já é selecionado antecipadamente. Para aquelas mulheres o Silvio Santos não é apenas mais um, mas é o melhor Comunicador do Brasil.

Jesus Cristo, o Comunicador do Pai, neste evangelho faz o mesmo com os seus discípulos, ‘Bem Aventurados os vossos olhos porque vêm... ditosos os vossos ouvidos porque ouvem...!

O Verbo Encarnado está ali diante deles, caminha e fala com eles, os discípulos não o vêem com um olhar qualquer, não o ouvem como mais um pregador entre tantos outros, mas movidos pela Fé percebem algo especial, grandioso e Divino no Mestre de Jerusalém. Aquele que os Profetas anunciaram e tiveram o desejo de contemplar, está ali diante deles, falando-lhes como um companheiro de caminhada, tendo com eles uma relação familiar, fazendo ensinamentos e realizando prodígios que deixam as multidões extasiadas.

Jesus falava as multidões e todos tinham a oportunidade de fazer a mesma experiência dos discípulos, tanto é que Jesus os escolheu e chamou a cada um pelo nome, pois tiveram com ele uma experiência diferenciada dos demais.

Hoje o grupo dos discípulos aumentou bastante e os cristãos que vivem e celebram a sua Fé em comunidade, se reúnem a cada domingo “Dia do Senhor” para um encontro privilegiado com Jesus, mas mesmo em uma assembléia as atitudes são diferentes, há os que bebem e se alimentam dessa Palavra, há os que apenas a acham muito bonita e até se emocionam mas depois vão embora sem ter percebido que Jesus é o sentido novo para suas vidas, há até os que nem o ouvem preferindo conversar com a pessoa do lado, ou prestam atenção em outra coisa, menos no que Deus está falando...

Aqueles que o experimentam de verdade, e deixam se transformar pela Palavra, saindo da Celebração um pouco mais convertidos e dispostos a buscar a Santidade querida por Deus, esses , como aqueles primeiros discípulos são Benditos e nada lhes há de tirar a alegria de viver.

Voltam para casa saciados, encantados e fascinados por Jesus, e são capazes de experimentá-lo nas coisas mais simples, porque o têm muito presente no coração.

Com certeza, é uma assembléia muito mais alegre e Feliz, do que as moças do auditório do Silvio Santos, que um dia vai acabar, enquanto que Jesus, a Alegria dos Homens, é Eterno e nos eterniza com a Salvação que nos traz...

2. São bem-aventurados os que não viram e creram

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Várias vezes encontramos no evangelho de Mateus e, principalmente, no de Lucas, a proclamação: "bem-aventurados". Bem-aventurados, ou felizes, é a tradução da palavra grega macarioi que, em seu uso nos evangelhos, tem um conteúdo próprio designando um estado de beatitude ou felicidade divina.

A tradução por "bem-aventurados", e lugar de "felizes", pode expressar melhor o sentido original da proclamação. O evangelho de Mateus repete nove vezes a proclamação "bem-aventurados" no início do Sermão da Montanha.

Lucas, na passagem paralela, reúne quatro bem-aventuranças, porém ao longo de seu evangelho são encontradas outras doze destas proclamações, três delas especiais para Maria: "bem-aventurada a que creu" (Lc 1,45), "desde agora todas as gerações me considerarão bem-aventurada" (Lc 1,48), "bem-aventurada aquela que te concebeu e os seios que te amamentaram" (Lc 11,27).

O evangelho de Marcos não menciona nenhuma bem-aventurança e no evangelho de João são encontradas duas delas: "Sabendo destas coisas, vós sereis bem-aventurados se as praticardes" (Jo 13,17) e "bem-aventurados aqueles que não viram e creram" (Jo 20,29).

No tempo da encarnação os discípulos gozaram da bem-aventurança de ver e ouvir Jesus. Porém, terminado o ministério de Jesus na história, são bem-aventurados os que não viram e creram. Não são necessárias visões ou aparições para crer.

A Joaquim e Ana aplica-se a bem-aventurança de serem pai e mãe de Maria.

3. Santa Ana e São Joaquim

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Ana e seu marido Joaquim já estavam com idade avançada e ainda não tinham filhos. O que, para os judeus de sua época, era quase um desgosto e uma vergonha também. Os motivos são óbvios, pois os judeus esperavam a chegada do messias, como previam as sagradas profecias.

Assim, toda esposa judia esperava que dela nascesse o Salvador e, para tanto, ela tinha de dispor das condições para servir de veículo aos desígnios de Deus, se assim ele o desejasse. Por isso a esterilidade causava sofrimento e vergonha e é nessa situação constrangedora que vamos encontrar o casal.

Mas Ana e Joaquim não desistiram. Rezaram por muito e muito tempo até que, quando já estavam quase perdendo a esperança, Ana engravidou. Não se sabe muito sobre a vida deles, pois passaram a ser citados a partir do século II, mas pelos escritos apócrifos, que não são citados na Bíblia, porque se entende que não foram inspirados por Deus. E eles apenas revelam o nome dos pais da Virgem Maria, que seria a Mãe do Messias.

No Evangelho, Jesus disse: "Dos frutos conhecereis a planta". Assim, não foram precisos outros elementos para descrever-lhes a santidade, senão pelo exemplo de santidade da filha Maria. Afinal, Deus não escolheria filhos sem princípios ou dignidade para fazer deles o instrumento de sua ação.

Maria, ao nascer no dia 8 de setembro de um ano desconhecido, não só tirou dos ombros dos pais o peso de uma vida estéril, mas ainda recompensou-os pela fé, ao ser escolhida para, no futuro, ser a Mãe do Filho de Deus.

A princípio, apenas santa Ana era comemorada e, mesmo assim, em dias diferentes no Ocidente e no Oriente. Em 25 de julho pelos gregos e no dia seguinte pelos latinos. A partir de 1584, também são Joaquim passou a ser cultuado, no dia 20 de março. Só em 1913 a Igreja determinou que os avós de Jesus Cristo deviam ser celebrados juntos, no dia 26 de julho.

(Esta Editoria é de responsabilidade imediata de Paulo Umberto SJ)