São Josafá
Sábado, 12 de novembro de 2011
Hoje celebramos a memória do santo Bispo que derramou o seu sangue por amor do Supremo e Único Pastor das ovelhas, tornando-se precursor do ecumenismo. João Kuncevicz nasceu em Wladimir (Ucrânia), no ano de 1580, numa família de ortodoxos, ou seja, ligados à Igreja Bizantina e não à Igreja Romana.
Com a mudança de vida mudou também o nome para Josafá, pois era comerciante até que, tocado pelo Espírito do Senhor, abraçou a fé católica e entrou para a Ordem de São Basílio, na qual, como monge desde os 24 anos, tornou-se apóstolo da unidade e sacerdote do Senhor. Dotado de muitas virtudes e dons, foi superior de vários conventos, até tornar-se Arcebispo de Polotsk em 1618 e lutar pela formação do Clero, pela catequese do povo e pela evangelização de todos.
São Josafá, além de promover com o seu testemunho a caridade para com os pobres, desgastou-se por inteiro na promoção da unidade da Igreja Bizantina com a Romana; por isso conseguiu levar muitos a viverem unidos na Igreja de Cristo. Os que entravam em comunhão com a Igreja Romana, como Josafá, passaram a ser chamados de "uniatas", ou seja, excluídos e acusados de maus patriotas e apóstolos, segundo os ortodoxos. Aconteceu que numa viagem pastoral, Josafá, com 43 anos na época, foi atacado, maltratado e martirizado. Após ser assassinado, São Josafá foi preso a um cão morto e lançado num rio. Dessa forma, entrou no Céu, donde continua intercedendo pela unidade dos cristãos, tanto assim que os próprios assassinos mais tarde converteram-se à unidade desejada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
São Josafá, rogai por nós!
Hoje: Dia do Diretor de Escola, Dia do Supermercado
Leituras
Primeira Leitura (Sabedoria 18,14-16; 19,6-9) Leitura do livro da Sabedoria.
18 14 Porque, quando um profundo silêncio envolvia todas as coisas, e a noite chegava ao meio de seu curso,
15 vossa palavra todo-poderosa desceu dos céus e do trono real, e, qual um implacável guerreiro, arremessou-se sobre a terra condenada à ruína.
16 De pé, ela tudo encheu de morte, e, pisando a terra, tocava os céus.
19 6 É que toda a criação, obedecendo às vossas ordens, foi remodelada em sua natureza, para que vossos filhos fossem conservados ilesos.
7 Foi vista uma nuvem cobrir o acampamento, e a terra seca surgir do que tinha sido água, um caminho viável formar-se no mar Vermelho, e um campo verdejante emergir das ondas impetuosas.
8 Por aí passou toda ela, a nação dos que vossa mão protegia, e que viram singulares prodígios.
9 Iam como cavalos conduzidos à pastagem, e saltavam como cordeiros, glorificando-vos a vós, Senhor, seu libertador.
Salmo 104/105
Lembrai-vos sempre as maravilhas do Senhor!
Cantai, entoai salmos para ele,
publicai todas as suas maravilhas!
Gloriai-vos em seu nome que é santo,
exulte o coração que busca a Deus!
Matou na própria terra os primogênitos,
a fina flor de sua força varonil.
Fez sair com ouro e prato o povo eleito,
nenhum doente se encontrava em suas tribos.
Ele lembrou-se de seu santo juramento,
que fizera a Abraão, seu servidor.
Fez sair com grande júbilo o seu povo,
e seus eleitos, entre gritos de alegria.
Evangelho (Lucas 18,1-8)
18 1 Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo. 2 "Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava pessoa alguma.
3 Na mesma cidade vivia também uma viúva que vinha com freqüência à sua presença para dizer-lhe: ´Faze-me justiça contra o meu adversário´. 4 Ele, porém, por muito tempo não o quis. Por fim, refletiu consigo: ´Eu não temo a Deus nem respeito os homens;
5 todavia, porque esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, senão ela não cessará de me molestar´.
6 Prosseguiu o Senhor: ´Ouvis o que diz este juiz injusto?´
7 Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por ele dia e noite? Porventura tardará em socorrê-los?
8 Digo-vos que em breve lhes fará justiça. Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O Clamor de quem não tem com o que contar..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Neste evangelho o enfoque é a viúva, todas as luzes estão voltadas para ela, o Juiz faz um papel secundário embora de certa forma represente Deus, mas é bom já ir avisando que Deus não é um Juiz, e muito menos um Juiz iníquo, descrente e insensível como esse tal Senhor.
Lucas precisa de um figurante para contracenar com a viúva, esta sim, a Dona do espetáculo, todas as atenções estão voltadas para ela, simplesmente porque a sua oração, feita com confiança e insistência, convenceu o Magistrado a lhe fazer justiça contra alguém que a oprimia e explorava.
Costuma-se dizer que a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco, só que com Deus não é assim, Ele jamais mediria forças com o Ser Humano, nem teria graça, contudo, o que Lucas nos diz nesse evangelho é algo muito bonito e que precisamos pensar. A oração dos pequenos e dos fracos não fica sem um retorno de Deus. Ele é Poderoso e Onipotente, mas se derrete todo, quando chega até ele o clamor dos pobres e pequenos da sociedade. Como esse Juiz, Deus tem lá suas razões e desígnios para atender ou não nossas orações, que geralmente se tornam uma lista infindável de pedidos, para ele fazer mil coisas a nosso favor, parece que o Plano de Deus não é muito do jeito que nós queremos e daí nós tentamos persuadi-lo a mudar, para que sejamos favorecidos. Não é dessa oração pidonha que fala o evangelho...
A oração da viúva é uma oração de quem não tem nenhuma segurança, não pode contar com ninguém, e nem com nada, está fadada a ser explorada pelos espertalhões, até acabar na miséria, se é que ainda não está... Ela sabe que sua vida e seu destino dependem daquele juiz, que não é boa gente, muito pelo contrário. Entretanto, ela não desiste, embora tivesse tudo para agir assim, estava sozinha, não tinha quem a defendesse, fatalmente o seu adversário levaria vantagem na demanda, pois sempre os mais fortes e importantes vencem as contendas na sociedade onde o TER sempre fala mais alto que o SER.
De mais a mais o Juiz é iníquo, isso é, deixa-se subornar, igual alguns ilustres magistrados do nosso tempo que deixam a justiça prá lá, quando se trata de levar "algum" para o próprio bolso. Que chances terá a coitada da viúva nessa situação? Obviamente nenhuma... Mas ela não desiste, não tira o time de campo, não desanima e faz plantão na porta da casa do Juiz.
A perseverança da viúva e a sua insistência e confiança naquilo que pedia, acabou convencendo o Juiz, que "bateu o martelo" a seu favor. Diante do clamor do pobre e do pequeno, Deus não permanece insensível e fará justiça a favor dele. Sabendo do lado de quem Deus está, e a quem ele ouve, seria importante que a comunidade pudesse ser o coração, os olhos e os ouvidos de Deus, sempre aberto para favorecer a causa daqueles que não tem quem olhe e se interesse por eles.
Quanto as nossas orações o que temos pedido a Deus? Se não houver nelas um desejo sincero de comprometer-se com o Reino que Jesus inaugurou, e que pertence aos pobres e pequenos, se for ela uma oração egoísta, voltada para nós, nossas conveniências e interesses, dificilmente seremos atendidos... E o Email vai voltar...
2. Deus fará justiça àqueles que dia e noite oram por ele
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Lucas, em seu evangelho, revela um interesse especial em três temas: a misericórdia de Deus, o escândalo da divisão da sociedade em ricos e pobres, e a importância da oração.
A singela parábola de hoje é expressiva em mostrar a capacidade da oração em transformar os corações. Aquele juiz não temia a Deus e não respeitava ninguém. Porém a grande insistência da viúva, que procurava por justiça, fez com que ele se incomodasse e até a temesse, resolvendo assim atende-la. Com maior razão Deus fará justiça àqueles que dia e noite oram por ele.
E Deus não tarda. Já está presente na pessoa de seu Filho e do Espírito Santo. Já comunica a vida nova a seus discípulos reunidos em comunidade e em oração e infunde-lhes o amor, esperança, e entusiasmo, para se empenharem na construção de um mundo novo de partilha, fraternidade e paz.
3. O DEFENSOR DOS POBRES
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A parábola da viúva corajosa, disposta a fazer valer os seus direitos contra tudo e contra todos, visa a instruir os discípulos a rezar sempre, sem desanimar jamais.
Qual é a imagem de Deus e a imagem do ser humano orante, nela veiculadas?
De acordo com a tradição bíblica, Deus é o defensor dos pobres e injustiçados, seus eleitos. O Deuteronômio proclama que "Deus faz justiça ao órfão e à viúva; e ama o estrangeiro, dando-lhe alimento e veste". Embora sua justiça tarde em manifestar-se, ela se manifestará na certa.
O orante é, fundamentalmente, o indigente, privado de qualquer apoio externo, e que conta somente com a proteção divina, de maneira resoluta, mas sem fatalismo nem acomodação. Sabe o que espera de Deus e tem plena certeza de que obterá. Posicionando-se contra todas as forças adversas, o orante vai em frente, sem deixar sua fé esmorecer. Antes, a adversidade torna-o cada vez mais obstinado em alcançar o fim almejado.
Para a comunidade perseguida, a parábola era um incentivo para seguir adiante, embora a intervenção divina tardasse a acontecer. O silêncio de Deus não pode ser tomado como omissão ou desprezo por seus eleitos. No momento oportuno, a justiça será feita.