São Justo e São Pastor
Sábado, 06 de agosto de 2011
Com alegria, toda a Igreja festeja neste dia, a Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo, a qual se encontra testemunhada nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Neste fato bíblico, nós nos deparamos com o segredo da santidade para todos os tempos: "Este é o meu Filho bem-amado, aquele que me aprove escolher. Ouvi-o!" (Mc 9,7)
Sem dúvida, os santos que estamos lembrando hoje, somente estão no Eterno Tabor, por terem vivido esta ordem do Pai. Conta-se que eram jovens cristãos e estavam na escola, quando souberam que o perseguidor e governador Daciano acabara de entrar na cidade. Sendo assim, os santos Justo e Pastor, fugiram, mas foram pegos e entregues por pagãos ao grande perseguidor dos cristãos.
Diante do governador que estava sobre o seu cavalo, os corajosos discípulos de Cristo não recuaram diante das ameaças, tanto assim que, frente à possibilidade do martírio, a resposta de São Justo e Pastor foi um canto de felicidade. O governador, ridicularizado pela fé que transfigurava aqueles jovens, mandou que lhes cortassem as cabeças, isto ocorreu em Alcalá de Henares, em Castela, no ano de 304.
Santos Justo e Pastor, rogai por nós!
Hoje: Dia do Cônsul
Leituras
Primeira Leitura (Daniel 7,9-10.13-14)
Continuei a olhar, até o momento em que foram colocados os tronos e um ancião chegou e se sentou. Brancas como a neve eram suas vestes, e tal como a pura lã era sua cabeleira; seu trono era feito de chamas, com rodas de fogo ardente.
Saído de diante dele, corria um rio de fogo. Milhares e milhares o serviam, dezenas de milhares o assistiam! O tribunal deu audiência e os livros foram abertos.
Olhando sempre a visão noturna, vi um ser, semelhante ao filho do homem, vir sobre as nuvens do céu: dirigiu-se para o lado do ancião, diante de quem foi conduzido.
A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas serviram-no. Seu domínio será eterno; nunca cessará e o seu reino jamais será destruído.
Salmo 96/97
Deus é rei, é o Altíssimo,muito acima do universo.
Deus é rei! Exulte a terra de alegria,
e as ilhas numerosas rejubilem!
Treva e nuvem o rodeiam no seu trono,
que se apóia na justiça e no direito.
As montanhas se derretem como cera
ante a face do Senhor de toda a terra;
e assim proclama o céu sua justiça,
todos os povos podem ver a sua glória.
Evangelho (Mateus 17,1-9)
Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele. Pedro tomou então a palavra e disse-lhe: "Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias". Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: "Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição; ouvi-o".
Ouvindo esta voz, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram medo. Mas Jesus aproximou-se deles e tocou-os, dizendo: Levantai-vos e não temais. Eles levantaram os olhos e não viram mais ninguém, senão unicamente Jesus. E, quando desciam, Jesus lhes fez esta proibição: "Não conteis a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Transfiguração do Senhor
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Esse horizonte novo, de que nos falava o evangelho anterior, marcado pela plenitude da Glória de estar junto a Deus, Jesus teve a preocupação de mostrar a três dos seus discípulos: Pedro, Tiago e João, acenando o que Deus reserva ao Homem. Era uma forma de encorajá-los na missão que estava por iniciar, era uma maneira de incentiva-los na caminhada. Na Transfiguração Deus se revela e também revela o destino do homem. Ao lado de Jesus aparecem Moisés e Elias, que vão entregar-lhe o Bastão, a ele cabe triunfar na Reta Final, a ele cabe a parte mais difícil da missão: tornar concreta a Salvação que Deus prometera no Antigo Testamento.
Mas para isso é preciso caminhar, a terra Prometida, que é também esse Novo Céu e essa nova terra, ainda está longe, Pedro imaginou que aquela cena era o último capítulo da missão de Jesus, tudo acabara bem...seu messianismo e origem Divina, escondidos na fragilidade humana, finalmente se revelara e com certa exclusividade para eles.
Pensando em nada perder, e querendo perpetuar a glória daquele momento, Pedro manifesta o desejo de construir tenda... Interessante que nota-se aí uma tentativa do apostolo, de apossar-se do mistério de Deus, as tendas eram para Guardar: Jesus, Moisés e Elias, simplesmente as maiores expressões do tempo das Promessas e do tempo da Realização, cumprido em Jesus de Nazaré...
Jesus percebeu a idéia equivocada de Pedro e por isso vai recomendar aos discípulos para que não digam nada sobre o que viram no alto da montanha. O fato somente será compreendido após a Ressurreição de Jesus.
Nós também só podemos anunciar Jesus se tivermos essa convicção de que Nele um dia seremos todos transfigurados pois em um mundo marcado por tantas falsas esperanças, o anúncio da Esperança Cristã deve ser acompanhado de um testemunho autêntico e convincente, Crer no que vivemos e Viver aquilo que Cremos...
Nos encontros na comunidade o Senhor continua a transfigurar-se e Nele somos também transfigurados. Que o nosso Cristianismo não fique apenas nos Limites da Comunidade, que não tenhamos como Pedro a tentação de armar tendas para permanecermos ali, mas que desçamos da montanha dispostos a encarar com seriedade a missão de evangelizar...
2. A Transfiguração revela a dimensão gloriosa da humanidade de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
A visão da Transfiguração acontece quando Jesus e seus discípulos se dirigem a Jerusalém. Jesus já lhes falara sobre as provações por que passaria naquele centro religioso e político do judaísmo. Mais tarde, chegando à cidade, Jesus caracteriza Jerusalém como cidade que mata os profetas (Mt 23,37).
Ele procurava esclarecer os discípulos que nutriam a falsa esperança, herdada da tradição messiânica do judaísmo, de que Jesus poderia ser um líder restaurador da glória e do poder de Israel.
A Transfiguração revela a dimensão gloriosa da humanidade de Jesus, assumida pelo Pai. O sofrimento e a morte são passageiros. Os discípulos não o entendem logo. Após a crucifixão é que perceberão o sentido da permanência de Jesus entre eles.
3. O DESTINO DO MESSIAS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Pedro, Tiago e João, os mais destacados do grupo dos discípulos, tiveram o privilégio de "ver" a glória do Messias, antecipada na cena da transfiguração. Este estava destinado a ser glorificado por Deus, e revestido de imortalidade divina.
O episódio evangélico está todo envolvido pela presença divina. O monte, para o qual Jesus e seus discípulos se dirigiram, simboliza o lugar da presença e da comunicação divinas. Dirigiram-se para o alto monte, porque o ser humano deve elevar-se para poder contemplar a manifestação da glória divina.
O rosto de Jesus, "brilhante como o sol", apontava para a glória dos justos no reino do Pai. Igualmente, o esplendor luminoso de suas vestes.
A presença de Moisés e Elias indicava que as Escrituras – Palavra de Deus – estão todas centradas na pessoa de Jesus. Tudo quanto Deus havia falado a seu povo eleito tinha sido em função do seu Filho amado. Moisés e Elias evocavam o monte Sinai, lugar da manifestação de Deus, onde ambos estiveram.
O auge da presença divina revela-se quando uma nuvem luminosa envolveu Jesus, e a voz celeste se fez ouvir: "Este é o meu filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz!". Assim, os discípulos estavam em condições de compreender a verdadeira identidade de Jesus, na sua condição humana e divina. Este seria um dado importante para quem haveria de ver o Mestre tornar-se vítima da incompreensão das lideranças religiosas do povo.