São Lázaro
Segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
A Igreja, neste tempo do Advento, se prepara para celebrar o aniversário de Jesus e se renova no desejo ardente de que Cristo venha pela segunda vez e instaure aqui o Reino de Deus em plenitude. Sem dúvida estão garantidos para este reinado pleno, que acontecerá em breve, os amigos do Senhor.
Hoje vamos lembrar um destes amigos de Cristo: São Lázaro. Sua residência ficava perto de Jerusalém, numa aldeia da Judéia chamada Bethânia. Era irmão de Marta e de Maria. Sabemos pelo Evangelho que Lázaro era tão amigo de Jesus que sua casa serviu muitas vezes de hospedaria para o Mestre e para os apóstolos.
Lázaro foi quem tirou lágrimas do Cristo, quando morreu, ao ponto de falarem: "Vejam como o amava!". Assim aconteceu que, por amor do amigo e para a Glória do Pai, Jesus garantiu à irmã de Lázaro o milagre da ressurreição: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morto, viverá: e quem vive e crê em mim, não morrerá, Crês isto?" (Jo 11,26).
O resultado de tudo foi a ressurreição de São Lázaro, pelo poder do Senhor da vida e vencedor da morte. Lázaro reviveu e este fato bíblico acabou levando muitos à fé em Jesus Cristo e outros começaram a pensar na morte do Messias, como na de Lázaro. Antigas tradições relatam que a casa de Lázaro permaneceu acolhedora para os cristãos e o próprio Lázaro teria sido Bispo e Mártir.
São Lázaro, rogai por nós!
Leituras
Leitura (Gênesis 49,2.8-10)
Leitura do livro do Gênesis.
Naqueles dias, Jacó chamou seus filhos e disse: 49 2 "Ajuntai-vos e ouvi, filhos de Jacó. Escutai Israel, vosso pai.
8 Judá, teus irmãos te louvarão. Pegarás pela nuca os inimigos; os filhos de teu pai se prostrarão em tua presença.
9 Filhote de leão, Judá: voltas trazendo a caça, meu filho. Dobra-se, deita-se como um leão; como uma leoa: quem o despertará?
10 Não se apartará o cetro de Judá, nem o bastão de comando dentre seus pés, até que venha aquele a quem pertence por direito, e a quem devem obediência os povos".
Salmo 71/72
Nos seus dirás a justiça florirá
e a paz em abundância, para sempre.
Daí ao rei vossos poderes, Senhor Deus,
vossa justiça ao descendente da realeza!
Com justiça ele governe o vosso povo,
com eqüidade ele julgue os vossos pobres.
Das montanhas venha a paz a todo o povo,
e desça das colinas a justiça!
Este rei defenderá os que são pobres,
os filhos dos humildes salvará.
Nos seus dias a justiça florirá
e grande paz, até que a lua perca o seu brilho!
De mar a mar estenderá o seu domínio,
e desde o rio até os confins de toda a terra!
Seja bendito o seu nome para sempre!
E que dure como o sol sua memória!
Todos os povos serão nele abençoados,
todas as gentes cantarão o seu louvor!
Evangelho (Mateus 1,1-17)
1 1 Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
2 Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos.
3 Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Farés gerou Esron. Esron gerou Arão.
4 Arão gerou Aminadab. Aminadab gerou Naasson. Naasson gerou Salmon.
5 Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi.
6 O rei Davi gerou Salomão, daquela que fora mulher de Urias.
7 Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa.
8 Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias.
9 Ozias gerou Joatão. Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias.
10 Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias.
11 Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro de Babilônia.
12 E, depois do cativeiro de Babilônia, Jeconias gerou Salatiel. Salatiel gerou Zorobabel.
13 Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliacim. Eliacim gerou Azor.
14 Azor gerou Sadoc. Sadoc gerou Aquim. Aquim gerou Eliud.
15 Eliud gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó.
16 Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.
17 Portanto, as gerações, desde Abraão até Davi, são quatorze. Desde Davi até o cativeiro de Babilônia, quatorze gerações. E, depois do cativeiro até Cristo, quatorze gerações.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "A genealogia do Mestre"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
___São Mateus, o Senhor poderia nos ajudar na reflexão desse evangelho sobre a Genealogia de Jesus? Trata-se de uma lista numerosa de pessoas, e n o final termina em Jesus Cristo...Por que ?
Mateus _____Vocês sabem que escrevi meu evangelho para os conterrâneos e eles gostam das coisas muito bem explicadas...
___Então São Mateus, comecemos por aí: Sua lista é encabeçada pelo Patriarca Abraão.....
Mateus ____Claro, pois o nosso povo de Israel surgiu e se desenvolveu com o Patriarcado iniciado por Abraão, o Pai da Nossa Fé. Jesus pertence ao Povo de Israel, é um Judeu plenamente, na cultura e na mente. O homem oriental preza muito os da sua raça...
____Então, primeiramente eles constataram que Jesus era da “Terrinha”, compatriota de todos eles, um Judeu da “gema” como poderíamos dizer....
Mateus ____Isso mesmo! Nesta lista, os patriarcas, os Juizes e Reis, são muito importantes .Jesus tem uma identidade nacional e religiosa isso é, tem uma raiz no meio dos homens, ele não caiu de paraquedas lá de cima....
____Mas São Mateus, até aí tudo beleza...só que tem uma coisa, nesta lista há pessoas que não tinham nada de santas e perfeitas, veja o Senhor a história do Rei Davi, da mulher chamada Raabe, só para dar um exemplo.
Mateus _____ É verdade, nessa lista tem prostitutas, infiéis, adúlteros, e o mais bonito é que Jesus não nega sua raça. Ao fechar os Cânones Bíblicos, a Santa Igreja poderia tirar todas essas histórias de testemunhos contraditórios da Genealogia de Jesus, mas as manteve por uma razão bem simples : mostrar que a Salvação que chegou com Jesus Cristo, é o mais puro Dom Divino, ela nunca dependeu e nem vai depender, da correspondência do Ser humano, da sua perfeição moral e práticas religiosas.
____Puxa vida, nunca eu tinha olhado por este lado, achava esse evangelho complicado para se refletir....Veja só que riqueza há nele.
São Mateus ___Mas não é só isso. Meus compatriotas tinham um pé atrás com Jesus de Nazaré, porque esperavam a realização das promessas feitas ao Patriarca e que depois foi sendo renovada, até chegar a plenitude dos tempos. Seguindo essa linha de pensamento, o evangelho confirma que, em Jesus todas essas promessas se cumpriram de maneira perfeita, mostrando a Fidelidade de Deus á Aliança estabelecida.
2. Jesus é o messias esperado
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
As genealogias eram uma forma literária usada no Primeiro Testamento para confirmar a vinculação de uma ou mais personagens de destaque a uma linhagem que recebeu as promessas divinas. Estas promessas, no texto bíblico, foram feitas aos patriarcas e a Davi. Esta última aparece na profecia de Natã, elaborada entre teólogos da corte real.
A genealogia de Mateus, tratada teologicamente, divide-se em três períodos da história de Israel e de Judá: período dos patriarcas e dos clãs tribais, de Abraão até Davi; período da realeza e dinastia davídica, em Judá, de Davi até o exílio; e período do surgimento e consolidação do judaísmo, do exílio até Jesus. Por sua genealogia, Mateus quer demonstrar aos judeo-cristãos que, através de José que o acolhe, Jesus é o messias esperado pelo judaísmo.
3. A CRIAÇÃO CONSUMADA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
O longo elenco genealógico forjado pelo evangelista para explicitar a linhagem davídica de Jesus – filho de Davi –, esconde, em suas entrelinhas, um rico filão teológico. Uma de suas vertentes é o tema da criação levada à sua plenitude com a irrupção de Jesus na história humana. A genealogia pretende ser uma releitura do Gênesis e não o resultado de uma pesquisa minuciosa a respeito dos antepassados do Messias.
O cabeçalho da genealogia é introduzido pela expressão "livro do gênesis de Jesus Cristo". Tudo nela gira em torno do verbo "gerar", dar vida, trazer à existência, encaminhando-se para a geração de Jesus, como ponto para onde converge todo o dinamismo da História. Nele as gerações chegam a termo. Não se dirá "Jesus gerou ...", por se constituir o definitivo ponto de referência de tudo quanto existe.
O evangelista também serviu-se de uma rica simbologia numérica, em voga nos círculos rabínicos da época, para alcançar seu objetivo. O número quatorze multiplicado por três corresponde a quarenta e dois, ou seja, seis vezes sete. Na aritmética teológica hebraica, o número seis indicava imperfeição, carência. Ele corresponderia aos seis dias da criação. Competia ao Messias Jesus inaugurar o sétimo dia para levar a criação à plenitude.
Na concepção de Jesus, a presença do Espírito Santo, comparável ao vento que soprava sobre as águas por ocasião do primeiro gênesis, completa o simbolismo: em Jesus tem início a criação nova e verdadeira. É a criação consumada!