São Luis Beltran

Sábado, 08 de outubro de 2011


Luis Beltran nasceu em Valência (Espanha) em 1526, e foi o tipo de jovem aventureiro, aberto aos desafios. Obediente a voz do Senhor, venceu a oposição do pai e ingressou na Ordem Dominicana para ser sacerdote.

Com passos largos em direção à santidade (tinha apenas 23 anos quando recebeu a ordenação sacerdotal), assumiu a importante função de mestre dos noviços, até que decidiu aventurar-se na evangelização do novo mundo. Na Colômbia, Luis Beltran muito se ocupou com a salvação das almas, sem descuidar de profetizar e denunciar as injustiças cometidas contra os indígenas e posteriormente contra os negros escravos.

O preço da conversão de milhares de indígenas espalhados por toda Colômbia foi o sofrimento promovido por exploradores espanhóis. Por duas vezes procuraram envenená-lo e em outras quatro ocasiões o assaltaram ameaçando-o de morte. São Luis não se deixou amedrontar e só voltou para a Espanha pela obediência aos superiores e com a intenção de melhor recrutar e formar apóstolos para a evangelização da América.

Este bondoso amigo de todos assumiu cargos de direção na Ordem Dominicana, exerceu com grande eficácia o ministério da pregação, chegando a operar inúmeras conversões e alcançar milagres. No ano de 1569 São Luis, já na Espanha como formador de futuros missionários, pôde partilhar com palavras o que viveu nas inúmeras missões. Ensinava que a arma mais eficaz na conversão das almas é uma intensa vida de oração e de muito sacrifício, e que a pregação necessita de ser acompanhada pelas boas obras, caso contrário, o mau exemplo destruiria de maneira fatal a proclamação da Boa Nova.

São Luis Beltran faleceu em Valência no ano de 1581, com 56 anos de idade. A tal ponto enriqueceu o povo e a Igreja com sua vivência missionária que o próprio pai, antes de morrer, declarou-lhe: "Meu filho, uma das coisas que mais me afligiu na vida foi ver-te frade, mas hoje, o que me consola é saber-te frade!"

São Luis Beltran, rogai por nós!


Leituras

Primeira Leitura (Joel 4,12-21)
Leitura da profecia de Joel.

"De pé, nações! Subi ao vale de Josafá, porque é ali que vou sentar-me para julgar todos os povos ao redor! Metei a foice, a messe está madura; vinde pisar, o lagar está cheio; as cubas transbordam - porque é imensa a maldade dos povos! Que multidão, que multidão no vale do julgamento, porque chegou o dia do Senhor (no vale do julgamento)! O sol e a lua se obscurecem, as estrelas empalidecem. O Senhor rugirá de Sião, trovejará de Jerusalém; os céus e a terra serão abalados. Mas o Senhor será um refúgio para o seu povo, uma fortaleza para os israelitas.

Sabereis então que eu sou o Senhor, vosso Deus, que habita em Sião, minha montanha santa. Jerusalém será um lugar sagrado onde os estrangeiros não tornarão mais a passar.

Naquele dia, as montanhas destilarão vinho, o leite manará das colinas; todas as torrentes de Judá jorrarão; uma fonte sairá do templo do Senhor para irrigar o vale das Acácias.

O Egito será todo assolado, Edom será um deserto devastado, por causa das violências cometidas contra os judeus, e por causa do sangue inocente derramado em seu solo; mas Judá será habitado perpetuamente, e Jerusalém, de idade em idade. Vingarei o seu sangue, que eu não tinha ainda vingado, e o Senhor habitará em Sião".


Salmo 96/97

Ó justos, alegrai-vos no Senhor!

Deus é rei! Exulte a terra de alegria,
e as ilhas numerosas rejubilem!
Treva e nuvem o rodeiam no seu trono,
que se apóia na justiça e no direito.

As montanhas se derretem como cera
ante a face do Senhor de toda a terra;
e assim proclama o céu sua justiça,
todos os povos podem ver a sua glória.

Uma luz já se levanta para os justos,
e alegria, para os retos corações.
Homens justos, alegrai-vos no Senhor,
celebrai e bendizei seu santo nome!


Evangelho (Lucas 11,27-28)

Enquanto ele assim falava, uma mulher levantou a voz do meio do povo e lhe disse: "Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!" Mas Jesus replicou: "Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam!"


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "Ouvir a Palavra..."

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Maria de Nazaré cresceu ouvindo a Palavra de Deus, antes de acolher o Verbo Divino em suas entranhas, ela o havia acolhido em seu coração através da Santa Palavra. O poder e a força do "Faça-se" de Deus Criador, ao criar todas as coisas, agora se repete, ao iniciar a nova criação, é a Palavra que gera Cristo em nós, é a Palavra que nos leva a Fé, por isso é libertadora e nos renova e de certa forma nos recria.

A mulher que ouviu Jesus louvou-o pela Mãe que o gerou e o acolheu em seu ventre bendito, e Jesus, longe de desmerecê-la, vai engrandecê-la ainda mais. Maria foi a primeira a acreditar, tão logo ouviu a Palavra. E a Palavra gerou nela a Graça e o resto foi conseqüência.

Deus não chegou de repente na Vida de Maria, não veio como um intruso, como um invasor, como um estranho no ninho, mas já estava nela, já a tinha preservado desde a sua origem, e Maria foi correspondendo ao chamado, isso é, foi ouvindo e abrindo a sua alma e todo o seu ser a Deus.

O Dom da maternidade Divina estava assim delineado pelo Criador, mas nada iria acontecer sem que, primeiro, Maria desse a sua resposta, o seu SIM generoso, o seu consentimento para que Deus pudesse agir em sua vida e na Vida da HUMANIDADE.

Maria se fez serva porque era livre, poderia ter feito outra escolha, poderia ter tomado outra decisão em sua vida, Deus não manipula ninguém, chama e convida, apresenta e propõe, mas depende de cada homem e mulher aceitá-lo ou rejeitá-lo.

A Palavra de Deus deve ser acolhida em nós como um embrião Divino que nos transforma em Novas criaturas. Mas esse embrião precisa ser gestado com paciência e prudência, o ser humano é frágil e marcado por tantas limitações, entretanto comporta em si o transcendental, o mistério do qual só Deus tem a chave.

Eis aí a grandeza de Maria de Nazaré, abriu-se totalmente á palavra, intuiu que Deus a chamava, foi percebendo que estava diante de um mistério, mas aceitou o desafio de se deixar levar pela Fé, como o Patriarca Abraão. Uma Fé que comporta a razão, que não abre mão do humano, mas que o envolve e dá a humanidade um novo significado.

2. É o Reino de Deus, reino da vida para todos

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Este diálogo se dá em um contexto de agressividades dos escribas e fariseus a Jesus, os quais afirmavam que era por Beelzebu, o príncipe dos demônios, que Jesus expulsava os demônios.

Uma voz feminina, compassiva e solidária, se faz ouvir, no meio da multidão, exaltando aquele que estava sendo alvo daqueles chefes religiosos. A mãe de Jesus é, por aquela mulher, proclamada bem-aventurada, por causa de seu filho. Exaltar a mãe significa exaltar o filho. Jesus não rejeita à proclamação da mulher, mas a completa.

A maior bem-aventurança é a fidelidade total à Palavra de Deus. Não se alcança a bem-aventurança através dos laços sanguíneos. As genealogias características da ideologia de "povo eleito", ostentadas pelas elites religiosas de Israel, nada valem.

Os horizontes de Jesus vão além da ascendência de sangue. É o Reino de Deus, reino da vida para todos, sem restrições de âmbito familiar ou de raça. Ouvir a Palavra e pô-la em prática é a bem-aventurança da inserção no Reino.

No âmbito familiar o amor à vida manifesta-se com os cuidados com a alimentação e a saúde, com a moradia saudável, com o conforto e a alegria, com a educação. O colocar em prática as palavras de Jesus significa assumir a missão de transformar este amor em amor universal, no cultivo da vida entre os pobres excluídos e humilhados.

São muitos os bem-aventurados que, humildemente, se comprometem com esta missão, fazendo dos pobres sua própria família.

3. CORRIGINDO UMA CONSTATAÇÃO

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O intuito feminino de uma mulher do povo levou-a a fazer uma constatação verdadeira: era digno de ser exaltado o ventre em que Jesus fora gerado, e os seios em que fora amamentado. O poder manifestado nos feitos prodigiosos do Mestre, justificava o grito entusiasta desta mulher. Ter gerado tal filho era algo digno de louvor para uma mãe. Só alguém agraciada por Deus - "bem-aventurada" - podia ser capaz disto.

O elogio a Maria comportava um elogio a Jesus. Na mentalidade da época, exaltar a mãe era uma forma de exaltar o filho. Esta era a intenção da mulher: fazer um elogio a Jesus, reconhecendo que ela possuía um poder extraordinário provindo de Deus.

As palavras da mulher, entretanto, careciam de um acréscimo. Elas podiam dar a entender que bastava alguém ter um certo parentesco sangüíneo com Jesus para ser objeto de reconhecimento. No entanto, era preciso muito mais! A verdadeira bem-aventurança consistia em ser um discípulo exemplar: ouvir com fidelidade e perseverança a Palavra e oferecer ao mundo um testemunho de vida consumado, colocando-a em prática.

A mãe de Jesus, mais do que ninguém, deu este testemunho de escuta-prática da Palavra. Mas, este seu título de glória pode ser obtido por qualquer discípulo fiel e perseverante. O fato de ter sido mãe natural de Jesus era menos importante do que sua fidelidade a Deus, manifestada com gestos concretos.

Oração