São Luis Beltran
Segunda-feira, 08 de outubro de 2012
Luis Beltran nasceu em Valência (Espanha) em 1526, e foi o tipo de jovem aventureiro, aberto aos desafios. Obediente a voz do Senhor, venceu a oposição do pai e ingressou na Ordem Dominicana para ser sacerdote.
Com passos largos em direção à santidade (tinha apenas 23 anos quando recebeu a ordenação sacerdotal), assumiu a importante função de mestre dos noviços, até que decidiu aventurar-se na evangelização do novo mundo. Na Colômbia, Luis Beltran muito se ocupou com a salvação das almas, sem descuidar de profetizar e denunciar as injustiças cometidas contra os indígenas e posteriormente contra os negros escravos.
O preço da conversão de milhares de indígenas espalhados por toda Colômbia foi o sofrimento promovido por exploradores espanhóis. Por duas vezes procuraram envenená-lo e em outras quatro ocasiões o assaltaram ameaçando-o de morte. São Luis não se deixou amedrontar e só voltou para a Espanha pela obediência aos superiores e com a intenção de melhor recrutar e formar apóstolos para a evangelização da América.
Este bondoso amigo de todos assumiu cargos de direção na Ordem Dominicana, exerceu com grande eficácia o ministério da pregação, chegando a operar inúmeras conversões e alcançar milagres. No ano de 1569 São Luis, já na Espanha como formador de futuros missionários, pôde partilhar com palavras o que viveu nas inúmeras missões. Ensinava que a arma mais eficaz na conversão das almas é uma intensa vida de oração e de muito sacrifício, e que a pregação necessita de ser acompanhada pelas boas obras, caso contrário, o mau exemplo destruiria de maneira fatal a proclamação da Boa Nova.
São Luis Beltran faleceu em Valência no ano de 1581, com 56 anos de idade. A tal ponto enriqueceu o povo e a Igreja com sua vivência missionária que o próprio pai, antes de morrer, declarou-lhe: "Meu filho, uma das coisas que mais me afligiu na vida foi ver-te frade, mas hoje, o que me consola é saber-te frade!"
São Luis Beltran, rogai por nós!
Hoje:
Dia do Nordestino
Leitura
Leitura (Gálatas 1,6-12)
Leitura da carta de são Paulo aos Gálatas.
Irmãos, 1 6 estou admirado de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à graça de Cristo para um evangelho diferente.
7 De fato, não há dois (evangelhos): há apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo.
8 Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu - vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema.
9 Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado!
10 É, porventura, o favor dos homens que eu procuro, ou o de Deus? Por acaso tenho interesse em agradar aos homens? Se quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Cristo.
11 Asseguro-vos, irmãos, que o Evangelho pregado por mim não tem nada de humano.
12 Não o recebi nem o aprendi de homem algum, mas mediante uma revelação de Jesus Cristo.
Salmo 110/111
O Senhor se lembra sempre da aliança.
Eu agradeço a Deus, de todo o coração,
junto com todos os seus justos reunidos!
Que grandiosa são as obras do Senhor,
elas merecem todo o amor e admiração!
Suas obras são verdade e são justiça,
seus preceitos, todos eles, são estáveis,
confirmados para sempre e pelos séculos,
realizados na verdade e retidão.
Enviou libertação para o seu povo,
confirmou sua aliança para sempre.
Seu nome é santo e é digno de respeito.
Permaneça eternamente o seu louvor.
Evangelho (Lucas 10,25-37)
Naquele tempo, 10 25 levantou-se um doutor da lei e, para pôr Jesus à prova, perguntou: "Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna?"
26 Disse-lhe Jesus: "Que está escrito na lei? Como é que lês?"
27 Respondeu ele: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento; e a teu próximo como a ti mesmo".
28 Falou-lhe Jesus: "Respondeste bem; faze isto e viverás".
29 Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: "E quem é o meu próximo?"
30 Jesus então contou: "Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto.
31 Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante.
32 Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante.
33 Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão.
34 Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele.
35 No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: 'Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei'.
36 Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?"
37 Respondeu o doutor: "Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faze tu o mesmo".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Bondade e Misericórdia
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Esse Doutor da Lei tinha uma régua de referência, que julgava perfeita e completa, e não estava a fim de mudá-la, o evangelista frisa bem que a pergunta era para por Jesus á prova, isso é, ele queria saber se Jesus tinha algo de novo que fosse mais relevante e perfeito do que a lei, seu coração estava fechado para a Boa Nova, pois sabia que nada estava acima da lei.
Para sua surpresa Jesus cita a Lei, que para ele era sagrada, onde está explícito o amor a Deus em primeiro lugar, e o segundo que é semelhante ao próximo. Tem-se a impressão de que a partir daí o Doutor da Lei foi mais sincero, pois a sua pergunta procedia. A Lei determinava amar ao próximo, a quem está mais perto, esposa, esposo, filhos, parentes. Parece que isso deixava o coração daquele Doutor da Lei um tanto inquieto, talvez ele quisesse amar um pouco mais, a outras pessoas fora desse círculo seleto. Mas quem?
Presume-se que Jesus também começou a gostar da conversa, e não vai só responder quem é o próximo, mas sim no principal “O que é amar o próximo”. Amar o próximo que nem sempre nos retribui, que não é digno do nosso amor, que não vai muito com a nossa cara, que não comunga da nossa mesma ideologia, que não é da nossa igreja ou do nosso grupo, o próximo que pensa totalmente diferente de nós, do próximo que parece desejar o nosso mal... Dom próximo que parece ser arrogante e metido, que não olha na nossa cara... Esse mesmo!
E então vem essa parábola revolucionária para um Judeu, poderíamos até dizer, Provocante. Percebam como o quadro se inverte, agora é Jesus que provoca o Doutor da Lei. Um Sacerdote e um Levita são referências sagradas para todo judeu, são pessoas selecionadas pela Lei, mediadores entre o Sagrado e o Humano, e que pelas funções sagradas que desempenhavam no templo, estavam mais próximas de Deus do que o resto da comunidade. Já o Samaritano, pessoa desprezível, de outra religião, contrária a Religião da Aliança, que dos Judeus só tinha o desprezo e o escárnio, a ponto do judeu mudar o seu caminho e direção, caso estivesse para cruzar com o Samaritano.
E foi esse Samaritano, odiado de coração por todo Judeu piedoso, que Jesus coloca como “mocinho” da parábola, o texto frisa muito bem que o Samaritano, diante do homem gravemente ferido, vítima de assaltantes cruéis (naquele tempo já tinha) estava ali á beira do caminho, e ele ao passar Viu-o e moveu-se de compaixão... Ver o outro e não permanecer indiferente á sua dor, ao seu sofrimento, não passar “batido” pelas pessoas da família ou da comunidade, ou seja lá quem for... Compaixão significa sofrer junto, gemer junto, chorar junto, sentir as mesmas dores junto. Quando se sente compaixão do outro, a gente supera qualquer barreira, seja ela de ordem social, moral ou até mesmo religiosa, a gente vai além dos limites estabelecidos. Isso é amor ao próximo.
O próprio Doutor da Lei, agora convencido de que Jesus tinha realmente algo novo a ensinar, se convence disso quando o Senhor lhe pergunta “Qual desses foi o próximo daquele homem?”. Prestemos atenção na resposta do Doutor da Lei, ainda marcada pelo preconceito, não disse “Foi o Samaritano...”, mas pelo menos reconhece nessa ação uma virtude “Aquele que usou de misericórdia para com ele”.
E Jesus, percebendo que o Doutor da Lei estava mais manso e mais aberto á sua Palavra, ordenou “Vai, e faze tu o mesmo”. Não se sabe se o Doutor da Lei cumpriu essa ordem, mas com certeza, em Jesus ele viu a beleza da Lei de Deus, que tem no centro o amor sem limites, que ama quando vê as necessidades do próximo.
2. A vida consiste no amor
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
No diálogo com um doutor da Lei sobre o que fazer para ter a vida eterna, Jesus afirma que a vida consiste no amor a Deus e no amor ao próximo. Uma parábola esclarece quem é o "próximo". O samaritano, excluído pelo judaísmo, é aquele que se faz próximo do sofredor, resgatando-lhe a vida. Em contraste, o doutor da Lei e o escriba passam indiferentes.
O gesto do samaritano é exemplar: "Vai tu e faze a mesma coisa". Jesus mostra como o amor deve ser concretizado na solidariedade e ajuda aos mais carentes e necessitados. E este amor é eterno. Tudo passa, mas o amor permanece para sempre.
3. QUEM É O MEU PRÓXIMO?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Inusitado parece o fato de um mestre da Lei ter interrogado Jesus a respeito de uma questão, cuja resposta ele bem conhecia. Como mestre, já havia ensinado a muita gente o que deveria fazer para obter a salvação. Por isso, respondeu sem dificuldade à pergunta colocada por Jesus, por saber que, para se salvar, era necessário amar a Deus e ao próximo como a si mesmo.
O diálogo poderia ter-se concluído aí, se o mestre da Lei não tivesse levantado outra questão: quem é o meu próximo? Na sua concepção, próximo eram os próprios familiares, as pessoas mais chegadas, e somente a estas o mandamento ordenava amar. Quem estivesse fora deste círculo, não era considerado próximo e, portanto, não precisavam ser objeto de amor.
A parábola contada por Jesus desfez esta mentalidade, descrevendo o próximo como toda pessoa que carece de misericórdia. Faz-se próximo de alguém aquele que é capaz de deixar de lado suas preocupações pessoais e colocar-se totalmente a serviço do necessitado, sem se perguntar, primeiro, quem ele é. Não importa se este próximo seja um desconhecido, um estrangeiro, uma pessoa com quem se brigou. Basta que necessite de ajuda. A salvação virá na medida da misericórdia.