São Luís Maria Grignion de Montfort

Sábado, 28 de abril de 2012


Neste dia, nós contemplamos o fiel testemunho de Luís que, ao ser crismado, acrescentou ao seu prenome o nome de Maria, devido sua devoção à Virgem Maria, que permeou toda sua vida.

Nascido na França, no ano de 1673, de uma família muito numerosa, ele sentiu bem cedo o desejo de seguir o sacerdócio e assim percorreu o caminho dos estudos.

Como padre, São Luís começou a comunicar o Santo Evangelho e a levar o povo, através de suas missões populares, a viver Jesus pela intercessão e conhecimento de Maria. Foi grande pregador, homem de oração, amante da Santa Cruz, dos doentes e pobres; como bom escravo da Virgem Santíssima não foi egoísta e fez de tudo para ensinar a todos o caminho mais rápido, fácil e fascinante de unir-se perfeitamente a Jesus, que consistia na consagração total e liberal à Santa Maria.

São Luís já era um homem que praticava sacrifícios pela salvação das almas, e sua maior penitência foi aceitar as diversas perseguições que o próprio Maligno derramou sobre ele; tanto assim que foi a Roma para pedir ao Papa permissão para sair da França, mas este não lhe concedeu tal pedido. Na força do Espírito e auxiliado pela Mãe de Deus, que nunca o abandonara, São Luís evangelizou e combateu na França os jansenistas, os quais estavam afastando os fiéis dos sacramentos e da misericórdia do Senhor.

São Luís, que morreu em 1716, foi quem escreveu o "Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem", que influencia ainda hoje, muitos filhos de Maria. Influenciou inclusive o saudoso Papa João Paulo II, que por viver o que São Luís nos partilhou, adotou como lema o Totus Tuus, Mariae, isto é, "Sou todo teu, ó Maria".

São Luís Maria Grignion de Montfort, rogai por nós!


Leituras

Leitura (Atos 9,31-42) Leitura dos Atos dos Apóstolos.

9 31 A Igreja gozava então de paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Estabelecia-se ela caminhando no temor do Senhor, e a assistência do Espírito Santo a fazia crescer em número.

32 Pedro, que caminhava por toda parte, de cidade em cidade, desceu também aos fiéis que habitavam em Lida.

33 Ali achou um homem chamado Enéias, que havia oito anos jazia paralítico num leito.

34 Disse-lhe Pedro: "Enéias, Jesus Cristo te cura: levanta-te e faze tua cama". E levantou-se imediatamente.

35 Viram-no todos os que habitavam em Lida e em Sarona, e converteram-se ao Senhor.

36 Em Jope havia uma discípula chamada Tabita - em grego, Dorcas. Esta era rica em boas obras e esmolas que dava.

37 Aconteceu que adoecera naqueles dias e veio a falecer. Depois de a terem lavado, levaram-na para o quarto de cima.

38 Ora, como Lida fica perto de Jope, os discípulos, ouvindo dizer que Pedro aí se encontrava, enviaram-lhe dois homens, rogando-lhe: "Não te demores em vir ter conosco".

39 Pedro levantou-se imediatamente e foi com eles. Logo que chegou, conduziram-no ao quarto de cima. Cercavam-no todas as viúvas, chorando e mostrando-lhe as túnicas e os vestidos que Dorcas lhes fazia quando viva.

40 Pedro então, tendo feito todos sair, pôs-se de joelhos e orou. Voltando-se para o corpo, disse: "Tabita, levanta-te!" Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se.

41 Ele a fez levantar-se, estendendo-lhe a mão. Chamando os irmãos e as viúvas, entregou-lha viva.

42 Este fato espalhou-se por toda Jope e muitos creram no Senhor.


Salmo 115/116B

Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?

Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor.

Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido.
É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos.

Eis que sou o vosso servo, ó Senhor,
vosso servo que nasceu de vossa serva;
mas me quebrastes os grilhões da escravidão!
Por isso oferto um sacrifício de louvor,
invocando o nome santo do Senhor.


Evangelho (João 6,60-69)

Naquele tempo, 6 60 muitos dos discípulos de Jesus, ouvindo-o, disseram: "Isto é muito duro! Quem o pode admitir?"

61 Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: "Isso vos escandaliza?

62 Que será, quando virdes subir o Filho do Homem para onde ele estava antes?

63 O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida.

  1. Mas há alguns entre vós que não crêem". Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem o havia de trair.

  2. Ele prosseguiu: "Por isso vos disse: Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lho for concedido".

  3. Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele.

  4. Então Jesus perguntou aos Doze: "Quereis vós também retirar-vos?"

  5. Respondeu-lhe Simão Pedro: "Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.

  6. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!"


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "Discípulos em Crise..."

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

O leitor mais atento vai perceber que nesta semana Jesus insistiu muito na necessidade da Fé Nele próprio, que é o Filho de Deus descido do céu, uma Fé que requer intimidade com ele, comendo sua carne e bebendo seu sangue, para ter a Vida Eterna que ele próprio, revelando-se como alimento que transmite e que dá a aquele que crê a Vida Eterna, mesmo com todas as limitações humanas. Que essas afirmações nos debates com os Judeus, acabou transformando-se em provas para a sua condenação, porque para os Judeus da "gema", para quem a referência máxima do Deus da Aliança era Moisés, isso era uma blasfêmia, passível de condenação.

Hoje alguns discípulos menos preparados também acabam se escandalizando com essa revelação e a crise está estabelecida na comunidade. Pois estes pensam exatamente como os Judeus conservadores, Jesus Cristo é bem concetuado entre eles, como grande profeta enviado por Deus (mas não Deus) homem de grandes prodígios e de uma sabedoria que causava admiração na comunidade, mas ainda o conceituavam em um patamar inferior a Moisés, isso é, estavam presos aos laços da carne e não conheciam outra vida que não fosse a Biológica, onde a grande bênção de Deus se manifestava na prosperidade material e na descendência, exatamente como havia prometido a Abraão.

Por isso, diante da afirmativa de Jesus de "O Espírito é que vivifica, a carne de nada serve, e que suas palavras são espírito e Vida..." desencadeou-se uma crise entre eles. Isso se aplica tanto ao grupo dos discípulos, onde a dificuldade de pensar as coisas de Deus, era muito grande, como também as comunidades do fim do primeiro século do Cristianismo.

E a frase que provocou ainda mais a crise foi esta "Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não for concedido", esse foi o estopim que eclodiu na comunidade, onde no pensamento judaico, as boas obras aproximavam o homem de Deus e o justificavam, Deus era estático, o homem é que se move em sua direção.

Jesus havia acabado de dizer que as "boas obras" e a observância de toda Lei, eram apenas as placas sinalizadoras do Caminho, que era Ele próprio. A essas alturas do campeonato, muitos fizeram as malas e deixaram a comunidade, Judas foi o primeiro, atrás dele foram outros da comunidade de João, no primeiro século da Igreja, e hoje também a toda Hora tem cristão abandonando o barco, porque não concorda com a Fé proclamada por uma Igreja Cristocêntrica, institucional e mística, humana e Divina, onde o elo entre Deus e o Homem é a Eucaristia... Quem comer a minha carne e beber do meu sangue permanece em mim e eu nele...

Diante da crise estabelecida, Jesus fez o contrário de certas lideranças fajutas, que não querendo perder ovelhas, abranda o discurso, ameniza a prática cristã, abre um caminho mais fácil e menos exigente, principalmente em nossos tempos. Mas Jesus encarou os que ficaram e em vez de parabenizá-los e rasgar elogios por não terem abandonado a comunidade, endureceu ainda mais o "jogo": "Quereis vós também retirar-vos?", ou seja, para quem não aceitar esta verdade, vivendo o cristianismo do jeito que ele é, a porta da rua é a serventia da casa...

E nesta hora é belíssimo de Pedro, que não era nenhum super apóstolo, tinha muitas limitações, mas em seu coração professava uma Fé descomunal em Jesus, porque o Via como o próprio Deus "Senhor, a quem iremos se só tu tens palavras de Vida Eterna"...

Talvez muita gente competente e intelectual, gente importante que poderia fazer a diferença na comunidade, a tenha abandonado, e os que ficaram são simples, mas fervorosos, pois em nossas comunidades o que vale é a Fé em Jesus Cristo, e não o brilho das pessoas, ou seu status, poder ou prestígio. Uma Fé assim, uma igreja assim, um Jesus Cristo assim, Real e Verdadeiro como João nos apresenta, é PEGAR ou LARGAR... Não tem meio termo ou mais ou menos...

2. "Esta palavra é dura"

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Os chefes religiosos de Israel já haviam estranhado as palavras de Jesus. Agora são discípulos os que se manifestam: "Esta palavra é dura". No prólogo do evangelho, temos o anúncio de que "o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1,14). Agora Jesus minimiza a "carne" e exalta suas palavras, que são Espírito e vida. A encarnação é grandiosa na revelação da carne unida perfeitamente ao Espírito de Deus, em Jesus. E é o Espírito que dá a vida, que vem do Pai e leva ao Pai.

O tema da incompreensão de Jesus por parte dos discípulos é uma constante nos evangelhos. Agora, alguns abandonam Jesus. Porém, Pedro, em nome dos demais, confirma sua fé e perseverança. Ir a Jesus e encontrar nele as palavras de vida eterna.

3. A QUEM IREMOS?

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A revelação de Jesus como o pão descido do céu e de sua carne dada como alimento para a vida do mundo provocou incompreensão e murmurações entre os judeus (Jo 6,41.52). Muitos de seus discípulos também, sem entender, abandonaram Jesus. Dentre estes, Jesus sabia que havia alguém que o entregaria. O tema da incompreensão de Jesus por parte dos discípulos perpassa todos os Evangelhos. Jesus se faz presente "na carne", concretamente, entre os discípulos. Porém, sua compreensão vai se realizar a partir do Espírito que dá a vida. Contrastando com aqueles que abandonaram Jesus, temos a expressiva confissão de fé de Pedro, que se torna uma oração para nós: "A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna."