São Luís Orione
Sexta-feira, 26 de outubro de 2012
O Papa João Paulo II, em 1980, colocou diante dos nossos olhos um grande exemplo de santidade expressa na caridade: Luís Orione.
Nasceu em Pontecurone, um pequeno município na Diocese de Tortona, no Norte da Itália, no dia 23 de junho de 1872. Bem cedo percebeu o chamado do Senhor ao sacerdócio. Ao entrar no Oratório, em Turim, recebeu no coração as palavras de São Francisco de Sales lançadas pelo amado São João Bosco: "Um terno amor ao próximo é um dos maiores e excelentes dons que a Divina Providência pode conceder aos homens".
Concluiu o ginásio, deixou o Oratório Salesiano, voltou para casa e depois entrou no seminário onde cursou filosofia, teologia, até chegar ao sacerdócio que teve como lema: "Renovar tudo em Cristo".
Luís Orione, sensível aos sofrimentos da humanidade, deixou-se guiar pela Divina Providência a fim de aliviar as misérias humanas.
Sendo assim, dedicou-se totalmente aos doentes, necessitados e marginalizados da sociedade. Também fundou a Congregação da "Pequena Obra da Divina Providência". Em 1899, Dom Orione deu início a mais um Ramo da nova Congregação: os "Eremitas da Divina Providência".
Em 1903, Dom Orione recebeu a aprovação canônica aos "Filhos da Divina Providência", Congregação Religiosa de Padres, Irmãos e Eremitas da Família da Pequena Obra da Divina Providência. A Congregação e toda a Família Religiosa propunha-se a "trabalhar para levar os pequenos os pobres e o povo à Igreja e ao Papa, mediante obras de caridade".
Dom Orione teve atuação heróica no socorro às vítimas dos terremotos de Reggio e Messina (1908) e da Marsica (1915). Por decisão do Papa São Pio X, foi nomeado Vigário Geral da Diocese de Messina por 3 anos. Vinte anos depois da fundação dos "Filhos da Divina Providência", em 1915, surgiu como novo ramo a Congregação das "Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade", Religiosas movidas pelo mesmo carisma fundacional.
O zelo missionário de Dom Orione cedo se manifestou com o envio de missionários ao Brasil em 1913 e, em seguida, à Argentina, ao Uruguai e diversos países espalhados pelo mundo. Dom Orione esteve pessoalmente como missionário, duas vezes, na América Latina: em 1921 e nos anos de 1934 a 1937, no Brasil, na Argentina e no Uruguai, tendo chegado até ao Chile. Foi pregador popular, confessor e organizador de peregrinações, de missões populares e de presépios vivos. Grande devoto de Nossa Senhora, propagou de todos os modos a devoção mariana e ergueu santuários, entre os quais o de Nossa Senhora da Guarda em Tortona e o de Nossa Senhora de Caravaggio; na construção desses santuários será sempre lembrada a iniciativa de Dom Orione de colocar seus clérigos no trabalho braçal ao lado dos mais operários civis.
Em 1940, Dom Orione atacado por graves doenças de coração e das vias respiratórias foi enviado para Sanremo. E ali, três dias depois de ter chegado, morreu no dia 12 de Março, sussurrando suas últimas palavras: "Jesus! Jesus! Estou indo."
Vinte e cinco anos depois, em 1965, seu corpo foi encontrado incorrupto e depositado numa urna para veneração pública, junto ao Santuário da Guarda, em Sanremo na Itália.
O Papa Pio XII o denominou "pai dos pobres, benfeitor da humanidade sofredora e abandonada" e o Papa João Paulo II depois de tê-lo declarado beato em 26 de outubro de 1980, finalmente o canonizou em 16 de maio de 2004.
São Luís Orione, rogai por nós!
Leituras
Leitura (Efésios 4,1-6)
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.
4 1 Exorto-vos, pois, - prisioneiro que sou pela causa do Senhor -, que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados,
2 com toda a humildade e amabilidade, com grandeza de alma, suportando-vos mutuamente com caridade.
3 Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz.
4 Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança.
5 Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo.
6 Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos.
Salmo 23/24
É assim a geração dos que buscam vossa face,
ó Senhor, Deus de Israel.
Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra,
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
porque ele a tornou firme sobre os mares
e, sobre as águas, a mantém inabalável.
"Quem subirá até o monte do Senhor,
quem ficará em sua santa habitação?"
"Quem tem mãos puras e inocente coração,
quem não dirige sua mente para o crime.
"Sobre este desce a bênção do Senhor
e a recompensa de seu Deus e salvador".
"É assim a geração dos que o procuram
e do Deus de Israel buscam a face".
Evangelho (Lucas 12,54-59)
Naquele tempo, 12 54 Jesus ainda dizia ao povo: "Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: 'Aí vem chuva'. E assim sucede.
55 Quando vedes soprar o vento do sul, dizeis: 'Haverá calor'. E assim acontece.
56 Hipócritas! Sabeis distinguir os aspectos do céu e da terra; como, pois, não sabeis reconhecer o tempo presente?
57 Por que também não julgais por vós mesmos o que é justo?
58 Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele te não arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão.
59 Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Entendendo os sinais
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
É até bonito de se ver algumas pessoas remanescentes dos anos 60, principalmente as que vieram do campo, fazerem previsão do tempo, saem na porta ou na janela da casa, olham o horizonte ao longe e ditam a sentença "Hoje a tarde vai chover...", meu saudoso sogro era do tipo assim, e quanta chuva tomei por não lhe dar crédito. O homem sabe interpretar os sinais da natureza e por conta disso prevê frio, calor, chuva e até vento.
Entretanto, quando se trata dos sinais do Reino de Deus, a coisa fica mais difícil, porque essa interpretação dos tempos, mais do que experiência de vida, necessita da Fé, tive um amigo de estudo que dizia "Ter Fé é saber enxergar as coisas por dentro, às avessas...". Os fatos aparentes todo mundo enxerga e sabe interpretar, porque é algo evidente. Mas sinais de algo que ainda virá, mas que de certo modo já está em nosso meio, daí a coisa fica bem mais difícil.
Jesus sempre anunciou o Reino colocando ao homem a necessidade de um esforço para ver, ouvir e interpretar, citando os ouvidos e os olhos, mais do que isso, curando algumas deficiências nesses sentidos, justamente mostrando-nos que é possível enxergar algo que os olhos ainda não viram, e ouvir algo que ainda não chegou até os ouvidos.
Jesus tornou visível o que era invisível, e fez ouvir, o que era inaudível, nele o Reino do Céu se fez presente de maneira definitiva no meio dos homens. Por aquele tempo, os sábios e entendidos que deveriam por primeiro ver, ouvir e dar crédito, anunciando aos demais, nesse sentido não enxergavam um palmo diante do nariz. Jesus volta para o Pai, envia o seu espírito que na igreja e nos acontecimentos da história, continua dando visibilidade do Reino.
A Igreja é a própria imagem da Esperança, que aguarda ansiosamente a plenitude do Reino, ela sinaliza nos sacramentos a graça operante e santificante de Deus, que só é perceptível na Fé. O que o evangelho nos pede, é para que não nos detenhamos no presente, mas que saibamos como igreja e com a Igreja esperar por algo que ainda virá, mas que ao mesmo tempo já vamos construindo. Mas no meio do mundo, toda força do bem é um sinal mais que evidente de que o Reino já está acontecendo... Não sejamos hipócritas, não somos os Donos do Reino, apenas os seus colaboradores agraciados por Deus, e por isso haverá um julgamento final, onde seremos cobrados talvez por aquilo que não fizemos, embora sendo agraciados.
2. Capacidade de julgar com discernimento
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Neste texto articulam-se dois temas, o sinal dos tempos e a reconciliação.
Jesus interpela as multidões sobre a percepção dos sinais dos tempos. A partir do tempo meteorológico, cujos sinais são bem avaliados, Jesus questiona a indisposição que têm em avaliar o tempo da presença de Deus entre eles. "Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?"
É um questionamento contundente e sempre atual. Nas questões fundamentais da vida, tais como a justiça, o direito e a dignidade, a mente humana fica enganada e embotada pela massificação da mídia, sob controle dos poderosos. Jesus, com sua prática e sua palavra, leva o povo a se libertar da ideologia que o oprime e começar a fazer seu juízo crítico sobre a realidade violenta que vive. Às comunidades dos discípulos cabe a continuidade desta missão libertadora.
Somos chamados a perceber que este é o tempo da misericórdia e da reconciliação, que são os passos fundamentais no caminho da paz, no mundo novo.
3. O DISCERNIMENTO URGENTE
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A sabedoria cristã aconselha os discípulos do Reino a se colocarem numa situação de discernimento urgente e contínuo. E mais: a tirar dele conseqüências práticas.
Certo de que o Senhor vem, o cristão jamais se deixará levar pela loucura de entregar-se a um projeto de vida mundano, que lhe oferece prazeres efêmeros. Antes, será perseverante no caminho do amor, seguro do fim que lhe espera.
A exigência de discernimento indica que o Senhor não aceitará falsas desculpas de quem for excluído do Reino. Quem não se decide seriamente, não terá como se justificar diante do Senhor. É sempre possível saber o que é justo e corresponde ao projeto do Reino. Basta que o cristão, com a graça de Deus, se empenhe.
A parábola da reconciliação, antes do processo, alude à urgência do discernimento e da decisão. Se não se chega a um acordo, enquanto os adversários estão a caminho do tribunal, o culpado será punido na certa. O bom senso recomenda não perder a chance.
O discípulo de Jesus vê-se como se estivesse sempre diante da última oportunidade de aderir integralmente ao Reino e conformar sua vida com ele. Adiar esta decisão pode ser fatal. O tempo urge e o cristão não pode se dar ao luxo de agir como se tivesse um longo tempo pela frente. A prudência recomenda decidir-se já.