São Mateus

Sexta-feira, 21 de setembro de 2012


A Igreja celebra hoje, de forma especial, a vida de São Mateus apóstolo e evangelista, cujo nome antes da conversão era Levi. Morava e trabalhava como coletor de impostos em Cafarnaum, na Palestina. Quando ouviu a Palavra de Jesus: "Segue-me" deixou tudo imediatamente, pondo de lado a vida ligada ao dinheiro e ao poder para um serviço de perfeita pobreza: a proclamação da mensagem cristã!

Mateus era um rico coletor de impostos e respondeu ao chamado do Mestre com entusiasmo. Encontramos no Evangelho de São Lucas a pessoa de Mateus que prepara e convida o Mestre para a grande festa de despedida em sua casa. Assim, uma numerosa multidão de publicanos e outros tantos condenados aos olhos do povo, sentaram-se à mesa com ele e com Àquele que veio, não para os sãos, mas sim para os doentes; não para os justos, mas para os pecadores. Chamando-os à conversão e à vida nova.

Por isso tocado pela misericórdia Daquele a quem olhou e amou, no silêncio e com discrição, livrou-se do dinheiro fazendo o bem.

É no Evangelho de Mateus que contemplamos mais amplamente trechos referentes ao uso do dinheiro, tais como: "Não ajunteis para vós, tesouros na terra, onde a traça e o caruncho os destroem." e ainda:"Não podeis servir a Deus e ao dinheiro."

Com Judas, porém, ficou o encargo de "caixa" da pequena comunidade apostólica que Jesus formava com os seus. Mateus deixa todo seu dinheiro para seguir a Jesus, e Judas, ao contrário, trai Jesus por trinta moedas!

Este apóstolo a quem festejamos hoje com toda a Igreja, cujo significado do nome é Dom de Deus, ficou conhecido no Cristianismo nem tanto pela sua obra missionária no Oriente, mas sim pelo Evangelho que guiado pelo carisma extraordinário da inspiração pôde escrever, entre 80-90 na Síria e Palestina, grande parte da vida e ensinamentos de Jesus. Celebramos também seu martírio que acabou fechando com a palma da vitória o testemunho deste apóstolo, santo e evangelista.

São Mateus, rogai por nós!


Hoje:

Dia da Árvore, Dia do Fazendeiro e Dia da Luta Nacional das Pessoas com Deficiências


Leituras

Leitura (Efésios 4,1-7.11-13)
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.

4 1 Exorto-vos, pois, - prisioneiro que sou pela causa do Senhor -, que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados,
2 com toda a humildade e amabilidade, com grandeza de alma, suportando-vos mutuamente com caridade.
3 Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. 4 Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança.
5 Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo.
6 Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos.
7 Mas a cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo,
11 A uns ele constituiu apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores,
12 para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do corpo de Cristo,
13 até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo.


Salmo 18/19A

Seu som ressoa e se espalha em toda a terra.

Os céus proclamam a glória do Senhor,
e o firmamento, a obra de suas mãos;
o dia ao dia transmite essa mensagem,
a noite à noite publica essa notícia.

Não são discursos nem frases ou palavras,
nem são vozes que possam ser ouvidas;
seu som ressoa e se espalha em toda a terra,
chega aos confins do universo a sua voz.


Evangelho (Mateus 9,9-13)

9 9 Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do pagamento das taxas. Disse-lhe: "Segue-me. O homem levantou-se e o seguiu".
10 Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus discípulos.
11 Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: "Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?"
12 Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: "Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes.
13 Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores."


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. São Mateus

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Olha São Mateus, primeiramente parabéns pelo seu dia que é hoje, o Senhor poderia nos falar sobre aquele dia que o Mestre passou na sua banca e o chamou para ser discípulo?
___Bom, foi um dia inesquecível, eu pensei que o Galileu fosse pagar algum imposto, mas de repente vi o seu olhar sobre mim, não era um olhar acusador como o da maioria do povo, mas era um olhar firme, que me deixou encantado, suas palavras apenas expressaram o que os seus olhos já me haviam dito...
___É Verdade que o Farisaísmo entrou em polvorosa?
___Nossa, e como! Eles consideravam muito o Mestre e tinham grande admiração e respeito por ele, mas certas atitudes os desconcertavam, e esse chamado que ele me fez, ali diante deles, foi realmente muito desconcertante, imagine eu, um Cobrador de impostos, explorador do povo e a serviço do poder romano, ser chamado por Jesus. E o que é pior, ele foi jantar em minha casa naquela noite... Deu o maior "buchicho"
___Pois é, percebe-se no seu relato, eles começaram a "apertar" os discípulos, o porquê de esse jantar em sua casa...
___Sim, mas não só isso, meus amigos cobradores de impostos também vieram, eu achei que o Mestre iria nos fazer um discurso moralista, prá gente mudar de vida e....
___Ué, mas então ele não pregou a palavra, não fez ameaças para vocês se converterem? Pensei que ele tivesse dado uma "dura" no seu grupo de pecadores...
___Pois é, eu também pensei assim, e até achava que aquele jantar seria bem chato, pelo clima que o Mestre iria criar. Mas... Surpreendeu-me o fato dele ter ficado á vontade em minha casa, sabe, parecia um de nós, comia, bebia, falava, ria de coisas gozadas que a gente falava, e uma hora até ameaçou uma dança, como era nosso costume... Foi uma festa imemorável, descobri que ele nos queria muito bem, apesar de sermos uns "casos perdidos".
___Então não foi o discurso ou ensinamento que te levou a mudar de vida e segui-lo?
___Não, de modo algum! Foi a sua atitude e o modo como se relacionou comigo e com os outros, Jesus é simplesmente encantador, é impossível não segui-lo, quando se experimenta o quanto ele nos ama... Daí sim é que vem a conversão...
___Conclusão: daí o Império Romano perdeu um excelente cobrador, e o Mestre ganhou um novo discípulo, e nós, enquanto Igreja, ganhamos um grande Santo e Apóstolo...

2. O amor misericordioso de Deus

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

O chamado de Mateus é feito no estilo tradicional da vocação profética. Uma breve exortação imperativa ao seguimento é seguida de uma adesão imediata. Na realidade, o processo de conversão decorre de um certo tempo de relacionamento com Jesus. O simples levantar-se e seguir indica uma mudança na vida daquele coletor de impostos.

Para comemorar sua decisão de acompanhar Jesus, Mateus oferece um banquete aos amigos. Era um círculo de amizade formado por excluídos pelo sistema religioso e, por isso, considerados pecadores. Os fariseus e os escribas vêm censurar os discípulos de Jesus pelo seu convívio à mesa com estes pecadores. Jesus ouve e intervém com certa ironia, insinuando a hipocrisia destes que o censuravam. Faz uma comparação entre os que têm saúde e os doentes, por um lado, e os justos e os pecadores, por outro lado. Com uma frase do profeta Oseias (6,3-6), rejeita a prática dos sacrifícios e observâncias do Templo e revela o amor misericordioso de Deus que vem para libertar e dar vida aos excluídos, tidos como pecadores.

3. A PREFERÊNCIA PELOS PECADORES

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Os preconceituosos fariseus julgaram insuportável a decisão de Jesus de sentar-se à mesa com os odiados cobradores de impostos e com os pecadores. Atitude reprovável e irresponsável para um Mestre diante de seus discípulos. Os fariseus censuraram-no baseando-se numa concepção tradicional de mestre, na qual Jesus recusava a se enquadrar.

O Filho de Deus ia ao encontro dos mais carentes da misericórdia do Pai, exatamente os marginalizados pelas estruturas religiosas. Sua iniciativa de comer com os pecadores, longe de ser um gesto impensado, era expressão de algo fundamental no seu ministério: demonstrar profunda comunhão com os que se afastaram do Pai e precisavam reconciliar-se com ele. Jesus agia como um médico que se ocupa com quem está doente, e não com quem goza de boa saúde. Era uma questão de lógica!

O contato com os pecadores, na mentalidade da época, provocava impureza ritual, de forma a impedir a participação no culto. Era preciso afastar-se dos pecadores, como se fossem empestados, para estar em condições de se aproximar de Deus.

Os discípulos de Jesus foram orientados de maneira diversa: se quisessem estar em comunhão com o Pai, deveriam, em primeiro lugar, estar em comunhão com as vítimas do desprezo da sociedade puritana daquele tempo. A falta de misericórdia tornaria vazio e desagradável a Deus o culto que lhe era prestado.