São Maximiliano Maria Kolbe
Domingo, 14 de agosto de 2011
Celebramos a santidade de vida daquele que enriqueceu o mundo e a Igreja ao tornar-se apóstolo pela imprensa, cavaleiro da Imaculada Virgem Maria e mártir da caridade. Raimundo Kolbe nasceu em 1894, na Polônia, numa família operária que o introduziu no seguimento de Cristo e, mais tarde, ajudou-o entrar para a família franciscana, onde tomou o nome de Maximiliano Maria.
Ao ser mandado para terminar sua formação em Roma, Maximiliano, inspirado pelo seu desejo de conquistar o mundo inteiro a Cristo por meio de Maria Imaculada, fundou o movimento de apostolado mariano chamado 'Milícia da Imaculada'. Como sacerdote foi professor, mas em busca de ensinar o caminho da salvação, empenhou-se no apostolado através da imprensa e pôde, assim, evangelizar em muitos países, isto sempre na obediência às autoridades, tanto assim que deixou o fecundo trabalho no Japão para assumir a direção de um grande convento franciscano na Polônia.
Com o início da Segunda Grande Guerra Mundial, a Polônia foi tomada por nazistas e, com isto, Frei Maximiliano foi preso duas vezes, sendo que a prisão definitiva, ocorrida em 1941, levou-o para Varsóvia, e posteriormente, para o campo de concentração em Auschwitz, onde no campo de extermínio heroicamente evangelizou com a vida e morte. Aconteceu que diante da fuga de um prisioneiro, dez pagariam com a morte, sendo que um, desesperadamente, caiu em prantos:
"Minha mulher, meus filhinhos! Não os tornarei a ver!". Movido pelo amor que vence a morte, São Maximiliano Maria Kolbe dirigiu-se ao Oficial com a decisão própria de um mártir da caridade, ou seja, substituir o pai de família e ajudar a morrer os outros nove e, foi aceita, pois se identificou: "Sou um Padre Católico".
A 10 de Outubro de 1982, o Papa João Paulo II canonizou este seu compatriota, já beatificado por Paulo VI em 1971.
São Maximiliano Maria Kolbe, rogai por nós!
Hoje: Dia dos Pais, Dia do Cardiologista
Leituras
Primeira Leitura (Is 56,1.6-7)
Isto diz o Senhor: “Cumpri o dever e praticai a justiça, minha salvação está prestes a chegar e minha justiça não tardará a manifestar-se. Aos estrangeiros que aderem ao Senhor, prestando-lhe culto, honrando o nome do Senhor, servindo-o como servos seus, a todos os que observam o sábado e não o profanam, e aos que mantêm aliança comigo, a esses conduzirei ao meu santo monte e os alegrarei em minha casa de oração; aceitarei com agrado em meu altar seus holocaustos e vítimas, pois minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”.
Salmo 66(67)
Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!
Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção e sua face resplandeça sobre nós! Que na terra se conheça o seu caminho e a sua salvação por entre os povos.
Exulte de alegria a terra inteira, pois julgais o universo com justiça; os povos governais com retidão e guiais em toda a terra as nações.
Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem! Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe e o respeitem os confins de toda a terra!
Segunda Leitura (Rm 11,13-15.29-32)
A vós, cristãos vindos do paganismo, eu digo: enquanto eu for apóstolo dos pagãos, honrarei o meu ministério, na esperança de despertar ciúme nos da minha raça e, assim, salvar alguns deles. Se a rejeição deles foi reconciliação para o mundo, o que não será a admissão deles! Será como passagem da morte para a vida! Pois os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis. Outrora, vós fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia, em consequência da desobediência deles. Assim são eles agora os desobedientes, para que, em consequência da misericórdia usada convosco, alcancem finalmente misericórdia. Com efeito, Deus encerrou todos os homens na desobediência, a fim de exercer misericórdia para com todos.
Evangelho (Mt 15,21-28)
Naquele tempo, Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia. Eis que uma mulher cananéia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: “Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!” Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: “Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós”. Jesus respondeu: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: “Senhor, socorre-me!” Jesus lhe disse: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde esse momento sua filha ficou curada.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1.O Grito de quem quer Liberdade...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Há um hino muito bonito sobre o Povo de Deus, onde uma das estrofes diz “Há um só grito, preso a garganta, não engoliu sua dor...” Quem grita quer ser ouvido, quem grita é porque está no fundo do poço, quem grita é porque ainda tem esperança. As vezes o grito do pobre desesperado vem na forma de um silêncio que denuncia, pois o grito as vezes é também silêncio.
O Grito de quem está sofrendo pode causar indiferença, mas pode também incomodar, os discípulos de Jesus já estavam incomodados com aquela mulher gritona, chegaram a pedir para que Jesus desse o jeito e a fizesse calar a boca. A mulher estava gritando para pessoas erradas, que aparentemente não poderiam e nem deveriam resolver o seu problema: libertar a Filha que estava sendo atormentada por um demônio. O Povo de Israel tinha uma história e uma tradição, o Messias libertador pertencia a essa tradição, surgido das promessas de Deus, a sua ação libertadora seria sempre a favor de Israel, buscar as ovelhas perdidas e reconduzi-las ao Rebanho.
Há muitos gritos ao nosso redor, gritos de protesto, grito que quer justiça, grito de revolta, grito que reivindica algum direito, grito que denuncia, são gritos que trazem em si mesmo uma certa legitimidade, o cristão não pode ser “Vaquinha de Presépio” que engole tudo e diz Amém a quem oprime ou comete injustiça, a quem viola os sagrados direitos da Vida.
Mas o grito dessa mulher é diferente de todos esses gritos, ela não grita a uma Instituição, mas grita a um Deus, por isso é um Grito de Fé!
A resposta inicial de Jesus tem um caráter institucional, de um Messianismo que pertencia primeiramente as tradições de Israel e isso é verdadeiro, Deus falou aos Judeus em primeiro lugar, o primeiro povo escolhido para sentir o amor de Deus e ser dele um sinal a toda a humanidade realmente foram os Judeus, esse privilégio ninguém nunca lhes conseguirá tirar. Entretanto, o grito dessa mulher vislumbra em Jesus algo que vai além da instituição, é um prenúncio da universalidade da Salvação, aquela mulher que pertencia a uma região pagã, superou as autoridades Religiosas e enxergou longe, por isso gritou, porque viu em Jesus a presença Divina, ele não era um enviado de Deus mas era o próprio Deus, por isso não estava fechado dentro de uma instituição religiosa ou da tradição restrita de um povo.
O seu diálogo com Jesus, apesar do tom da humildade, revela a ele uma Fé grandiosa, capaz de mudar o imutável. Essa mulher não é alguém que se contenta com migalhas, ao contrário, vindo de Jesus essas migalhas tornam-se grandes riquezas, e o Poder Libertador irá se manifestar. É uma belíssima profissão de Fé de alguém que crê que Deus ama a todos de maneira indistinta, e o seu amor cura e liberta qualquer um que Nele Crer.
Hoje em nossas comunidades devemos estar muito atentos aos gritos que se fazem ouvir entre lágrimas, há muitos Demônios atormentando a vida de uma infinidade de jovens, esse processo libertador só é possível quando sabemos acolher todos os que gritam, oferecendo-lhes solidariedade e um trabalho pastoral que os faça vislumbrarem libertação, como o diálogo de Jesus com a mulher.
A Comunidade deve sempre testemunhar um Deus que ama a todos, com um amor que supera as barreiras de qualquer preconceito , caso contrário, a exemplo dos discípulos, estaremos sempre procurando uma desculpa, as vezes de ordem religiosa, para as nossas eternas omissões diante dos que gritam...
José da Cruz é diácono permanente da Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim/SP e-mail: [email protected]
2. Ao querer a libertação da filha, identifica-se com a vontade do Pai
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Jesus parte para Tiro e Sidônia, cidades gentílicas execradas pela tradição do judaísmo. Conforme o evangelho de Marcos (cf. 10 fev.) Jesus entra em uma casa desta região, o que não era permitido pela tradição de Israel.
As viagens de Jesus pela Galiléia e pelos territórios gentílicos vizinhos indicam o caráter da universalidade do Reino por ele anunciado, dirigido a todos os povos, sem fronteiras e sem exclusões.
Neste sentido, particularmente, esta cena do evangelho destaca a cura da filha de uma mulher do mundo gentílico por Jesus, a qual entra na casa onde ele se encontrava. Ela é relatada nos evangelhos de Marcos e de Mateus. Mateus, contudo, ampliando-a, transforma-a em um diálogo que realça a exclusividade de Israel. Trata-se de uma adaptação para a sua comunidade formada principalmente por cristãos convertidos do judaísmo.
No seu texto Mateus recorre a expressões típicas do judaísmo, estranhas a uma mulher cananéia: "Senhor", "filho de Davi", "Senhor, socorre-me!" (Sl 93,18), características de um uso litúrgico nas comunidades cristãs oriundas do judaísmo. A narrativa, tem o sentido de instruir a comunidade no sentido de acolher os cristãos convertidos do mundo gentílico, sem descartar a prioridade de Israel ao chamado de Deus.
A frase: "Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel", é exclusiva de Mateus. O apóstolo Paulo também vê o anúncio aos gentios como uma extensão ao anúncio prioritário aos judeus (segunda leitura).
A universalidade pretendida no texto do profeta Isaias (primeira leitura), na realidade significava a centralização e o reducionismo do culto de todos os povos ao culto de Israel em Jerusalém, como servos, conforme o direito e a justiça prescritos pela Lei do Templo, com seus holocaustos e oferendas, na observância do repouso sabático.
No retorno do Exílio o exclusivismo judaico de manifesta, com Esdras, na sua exclusão das mulheres cananéias (Esd 9-10), e com Nehemias, na expulsão de Jerusalém de todos aqueles que eram originários de Tiro (Ne 13,16-21).
Embora o texto exprima uma rejeição inicial de Jesus à cura da mulher cananéia, já haviam ocorrido duas curas de gentios por parte de Jesus: a do servo do centurião romano, em Cafarnaum e a do homem possesso na região gentílica de Gerasa.
Do ponto de vista de Mateus, tendo em vista sua comunidade de judeus cristãos, o texto é um apelo a que, mantendo seu caráter de povo eleito, se abram à acolhida aos gentios. Contudo, do ponto de vista de Jesus, o texto revela, de maneira mais ampla e abrangente, simplesmente o anúncio da universalidade do Reino. Fica bastante em evidência a acolhida de Jesus por parte dos gentios enquanto os judeus, na sua maioria, o rejeitaram.
A expressão final, "como queres te seja feito" lembra a oração do Pai Nosso. Indica que aquela mulher gentílica, ao querer a libertação da filha, identifica-se com a vontade do Pai.
3. QUEM SÃO AS OVELHAS PERDIDAS?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
O encontro com a mulher pagã, como que obrigou Jesus a alargar as dimensões de sua missão. No diálogo tenso com a mulher cananéia, ele deu a entender que os destinatários de sua missão era o estreito grupo das "ovelhas perdidas da casa de Israel". Sua salvação tinha um destino certo: única e exclusivamente, o povo judeu, povo da predileção divina com o qual Deus havia feito uma aliança. Esta predileção levou à idéia do exclusivismo: só Israel seria objeto da salvação. Jesus também pensava assim.
A cananéia convenceu-o com um argumento irrefutável: se aos filhos é reservado o pão, pelo menos sobram as migalhas para os cachorrinhos. Nem se importou de comparar-se aos cachorrinhos, à espreita de um pedacinho de pão caído da mesa de seu dono. Existia fé maior do que esta?
Este incidente bastou para que Jesus tomasse consciência de que existem muitas ovelhas perdidas, fora da casa de Israel. Assim como viera para os de Israel, era mister acolher indistintamente a quantos dele se aproximavam. Ovelha perdida era qualquer pessoa carente de ajuda, que não tinha com quem contar; era o povo abandonado, expoliado e explorado, largado à mercê dos prepotentes; era o povo marginalizado, sem distinção de raça.
Jesus compreendeu que tinha sido enviado para todos. Que os discípulos aprendessem esta lição e deixassem de lado seus preconceitos.