São Pio X

Domingo, 21 de agosto de 2011


Celebramos hoje um Papa que mereceu ser reconhecido por santo, embora na humildade típica das almas abençoadas, José Sarto respondia àqueles que o chamavam de santo: "Não santo, mas Sarto". Nascido em 1835 ao norte da Itália e de família muito simples e religiosa, o pequeno José, com muito esforço e sacrifício conseguiu – com o apoio dos pais – estudar e entrar para o Seminário.

Com sua permanente autodefinição: "um pobre vigário da roça", José Sarto percorreu com simplicidade o caminho que o Espírito Santo traçou da responsabilidade de vigário de uma pequena aldeia até o Papado. Tomando o nome de Pio X, chamava a atenção pela modéstia e pobreza que o possibilitava à vivência da sua idéia-força: "Restaurar todas as coisas em Cristo".

São Pio X foi Papa de 1903 a 1914. Ocupado com a pastoral, São Pio X realizou reformas na liturgia, favoreceu a comunhão diária e a comunhão das crianças, sendo que no campo doutrinal rebateu por amor à Verdade o relativismo moderno. Sorridente, pai e pastor, São Pio X entrou no Céu com 79 anos, deixando para a Igreja o seu testemunho de pobreza, pois conta-se o fato, tomou dinheiro emprestado para comprar as passagens de ida e volta rumo ao conclave que o teria escolhido Papa, pois não acreditava num erro do Espírito Santo.

São Pio X, rogai por nós!


Leituras

Primeira Leitura (Ap 11,19a; 12,1.3-6a.10ab)

Abriu-se o Templo de Deus que está no céu e apareceu no Templo a arca da Aliança. Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. 3Então apareceu outro sinal no céu: um grande dragão, cor de fogo. Tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete coroas. Com a cauda, varria a terça parte das estrelas do céu, atirando-as sobre a terra.

O dragão parou diante da mulher que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu filho, logo que nascesse. E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. Ouvi então uma voz forte no céu, proclamando: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo”.


Salmo 44(45) (Fx 3)

Cheia de graça, a Rainha está À vossa direita ó Senhor!

vossa direita se encontra a Rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir. As filhas de reis vêm ao vosso encontro, com veste esplendente de ouro de Ofir.

Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: “Esquecei vosso povo e a casa paterna!” * Que o Rei se encante com vossa beleza! * Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!

Entre cantos de festa e com grande alegria, ingressam, então, no palácio real. Cheia de graça, a Rainha está à vossa direita, ó Senhor.


Segunda Leitura - (1Cor 15,20-27a)

Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. 27Com efeito, “Deus pôs tudo debaixo de seus pés”.


Evangelho (Lc 1,39-56)

Naqueles dias, 39Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.

Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor.

O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1."MARIA, NOSSA REFERÊNCIA!”

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Lembro que na minha infância, vivida nos anos 60 na rua empoeirada da velha Vila Albertina em Votorantim, no auge da era Pelé, o nome do rei do futebol era invocado, tanto no campo de futebol como em qualquer esquina, pelos meninos que corriam atrás de uma bola e que traziam no coração o desejo e o sonho de ser bem sucedido na carreira futebolista, como o Sr. Edson Arantes do Nascimento.

Olhando para alguém que é bem sucedido, que venceu e conseguiu ir além da média, o ser humano alimenta ou até faz nascer os ideais. Nos esportes, na arte, na cultura, na política, na ciência, todos os que venceram e chegaram ao cume, acabam confessando que alguém os inspirou. Pois na vida religiosa também é assim, sendo exatamente essa a razão porque temos em nossa igreja os santos e santas de Deus, não para serem adorados ou idolatrados, mas para serem uma indicação, uma referência, um sinal seguro a indicar o caminho.

Claro que Maria de Nazaré, a mãe de Jesus é para nós a referência máxima, ela não é o fim, mas o meio, não é a meta, mas o caminho, pois nessa serva, que podemos chamar de nossa querida irmã, tudo aponta para o filho Jesus, nosso Senhor, salvador e redentor! Se em nossa história temos tantas referências humanas que nos ensinam a viver melhor e a ser mais feliz, quando se trata de buscar a verdadeira santidade que brota do coração de Deus e chega a nós em Jesus, a pessoa mais indicada para nos ensinar o caminho, é indiscutivelmente Maria de Nazaré! Não é ela que nos santifica nos redime ou nos salva, mas ela com sabedoria e ternura maternal, nos conduz ao seu Filho, o Salvador.Maria é, sem nenhuma sombra de dúvidas, a primeira mulher do povo da nova aliança, a professar a sua fé no Salvador, porque foi a primeira a aderir ao projeto de Deus, e se nós a chamamos e veneramos como mãe, é porque ela é de fato e de direito. Em Cristo renascemos, tivemos a vida nova, ao sermos destinados a eternidade, esta vida nova foi gerada no ventre de Maria, pois em Cristo ela gerou uma nova humanidade, não mais destinada ao fracasso como os filhos de Eva, mas a plenitude da salvação.

É neste contexto que o evangelista João, anima e encoraja as suas comunidades falando-lhes do sinal que ele viu no céu, uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. A mulher confronta-se com o dragão cor de fogo, que quer devorar-lhe o Filho, mas ela sai vitoriosa. Essa revelação deu ânimo novo às comunidades que estavam quase sucumbindo diante da perseguição romana, nos primeiros séculos da igreja!

Os pequenos pobres e simples do tempo de Maria estavam também quase perdendo a esperança e, de repente, um encontro entre duas mulheres mudou totalmente o panorama. Não foi na corte palaciana, onde as celebridades em meio à riqueza e o poder tomam decisões importantes, mas em uma cidade da periferia, na região da Judéia, onde Maria entrou na casa de Isabel, que é também a primeira pessoa a manifestar a sua fé em Jesus, ao perceber a sua presença em Maria ao chamá-la de bendita!

Ao cantar as obras de Deus no “Magnificat”, Maria atribui tudo a ele e ratifica a sua posição de serva, mas muito mais do que isso, o canto é um alegre anúncio a todos os pobres e pequenos, de que um tempo novo irá começar, onde o que vai valer realmente não é mais a lógica dos homens, mas sim a de Deus, que em Jesus inverte a ordem estabelecida, fazendo aliança com gente simples do povo como Maria e Isabel, capaz de mudar a sorte de toda humanidade, os soberbos de coração foram dispersos e perderam a força, os poderosos perderam o seu lugar, agora são com os humildes que ele irá contar para fazer acontecer à obra da salvação, os que tinham fome de um Deus cheio de amor e misericórdia, saciaram-se plenamente em Jesus, mas os ricos, os que se julgavam salvos e justos diante de Deus, ficaram de mãos abanando.

Israel, pequeno resto desprezado e humilhado pelas grandes nações, torna-se a “bola da vez” porque Deus faz valer a sua misericórdia e cumpre as promessas feitas aos antepassados, que os homens de coração duro, desacreditaram. Atravessamos o vale tenebroso desta vida, com tantos sinais de morte e aridez das discórdias, mas chegaremos na plenitude da salvação, porque nossa querida irmã e mãe Maria, já está lá, a nossa espera, para nos introduzir para sempre no templo de Deus!

José da Cruz é diácono permanente da
Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim/SP
e-mail: [email protected]

2. Jesus em relação a João Batista

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Lucas, no início de seu evangelho, aproxima e inter-relaciona João Batista e Jesus. Isto é feito com as narrativas dos anúncios a Zacarias e a Maria, respectivamente, dos anúncios das concepções de João Batista e Jesus, seguindo-se com a narrativa dos dois nascimentos em paralelo, e com esta narrativa da visitação de Maria a Isabel. Com estas narrativas procura-se afirmar uma supremacia de Jesus em relação a João Batista desde os seus nascimentos.

Maria, ao receber o anúncio de que conceberia a Jesus, teve como sinal dado pelo anjo Gabriel a própria concepção que acontecia com sua prima Isabel, já no sexto mês. Ela parte então para visitar e servir Isabel já nos últimos meses de sua gravidez. Lucas apresenta Maria, levando seu filho no ventre, seguindo o percurso da gentílica e periférica Galiléia à Judéia, na casa de Zacarias, sacerdote do Templo de Jerusalém, em um encontro do desabrochar da vida.

Mais tarde Jesus fará este percurso, em direção a Jerusalém, para o momento da consumação final de seu ministério e de sua vida. Da mesma forma como o anjo entrou em casa de Maria e a saudou, comunicando-lhe o Espírito Santo, Maria, agora, entra e saúda Isabel. Esta, ouvindo a saudação de Maria, fica cheia do Espírito Santo. Isabel passa então a profetizar. Confirma que Maria é mãe do seu Senhor, cuja presença comunica a alegria ao menino no seu próprio ventre. E Maria, em sua maternidade, é bem-aventurada por ter acreditado em tudo o que foi dito da parte do Senhor e que será realizado.

Maria, então, pronuncia seu cântico de louvor a Deus pelo cumprimento de sua vontade nela. O cântico de Maria e sua bem-aventurança são a expressão da bem-aventurança dos pobres e do canto de liberdade de todos os oprimidos, explorados e excluídos, de todos os tempos. Maria apresenta como já concretizado, a partir de sua gestação, o projeto vivificante de Deus.

Pela vida e presença de Jesus os pobres humildes são restaurados em sua dignidade, enquanto que os favorecidos pela sociedade são destituídos de seus privilégios. Está em ato a intervenção de Deus na história, trazendo a esperança de um mundo novo onde vigore a justiça e o amor.

Sob uma perspectiva escatológica, em uma apoteose de poder e glória, o livro do Apocalipse (primeira leitura) e a Primeira Carta aos Coríntios (segunda leitura) apresentam a vitória final de Deus sobre toda ameaça à sua Igreja.

3. A GLORIFICAÇÃO DE MARIA

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A festa da assunção de Nossa Senhora leva-nos a repensar todo o seu peregrinar neste nosso mundo, pois se trata de celebrar o desfecho de sua caminhada. O fim da existência terrena de Maria consistiu na plenificação de todos os seus anseios de mulher de fé e disponível para servir. A expressão "repleta de graça", dita pelo anjo, encontrou sua expressão consumada na exaltação dela junto de Deus.

A estreita conexão entre a existência terrena de Maria e a sua sorte eterna foi percebida desde cedo pela comunidade cristã, apesar de a Bíblia não contar os detalhes de sua vida e de sua morte. A comunidade deu-se conta de que Deus assumiu e transformou toda a sua história, suas ações e seu corpo.

O relato evangélico é um pequeno retrato de Maria. Sua condição de mãe do Messias, o "Senhor" esperado pelo povo, proveio da profunda comunhão com Deus e da disponibilidade total em fazer-se sua servidora. Expressou sua fé no canto de louvor – o Magnificat –, no qual proclamou as maravilhas do Deus e as grandezas de seus feitos em favor dos fracos e pequeninos.

A comunhão com Deus desdobrava-se, na vida de Maria, na sua disponibilidade a servir o próximo. A ajuda prestada à prima Isabel é uma pequena amostra do que era a Mãe de Deus no seu dia-a-dia.

Assunta ao céu, Maria experimentou, em plenitude, a comunhão vivida na Terra.