São Severino
Terça-feira, 08 de Janeiro de 2013
O santo de hoje nasceu e faleceu no século V. Nascido na África, inspirado pelo Espírito Santo, ele foi levado para uma outra região no vale do Danúbio. Isso não quer dizer que o lugar que Deus lhe indicou era o melhor. Pelo contrário, desafios econômicos e políticos, falecimento do rei dos Hunos, Átila; destruição naquele lugar por causa das invasões. Enfim, o povo estava perecendo. Para isso que São Severino foi enviado, para ser sinal desse amor de Deus.
Grande influência ele exerceu pela sua vida de virtudes, de oração e penitência. Fundou vários mosteiros e foi sinal de discernimento para tantas pessoas que queriam se consagrar totalmente a Deus. Ele não fugiu do mundo; pelo contrário, retirou-se por causa do amor de Deus e de toda a humanidade. Quantas vezes, São Severino deixou a sua vida monástica para ir ao encontro de reis, porque, se o rei dos Hunos havia falecido, muitas tribos bárbaras queriam invadir aquelas regiões. Em prol da evangelização, São Severino foi se desdobrando, seus mosteiros se tornaram verdadeiros faróis de uma nova cultura, de uma civilização centrada em Deus. Suas armas: oração e diálogo.
São Severino, voz de Deus nos períodos difíceis do povo. Em 482, faleceu, mas deixou um rastro de santidade para os seus filhos espirituais e para as autoridades.
São Severino, rogai por nós!
Hoje:
Leituras
Leitura (1 João 4,7-10)
Leitura da primeira carta de João.
4 7 Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
8 Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.
9 Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele.
10 Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados.
Palavra do Senhor.
Graças a Deus.
Salmo 71/72
Os reis de toda a terra
hão de adorar-vos, ó Senhor!
Dai ao rei vossos poderes, Senhor Deus,
vossa justiça ao descendente da realeza!
Com justiça ele governe o vosso povo,
com eqüidade ele julgue os vossos pobres.
Das montanhas venha a paz a todo o povo,
e desça das colinas a justiça!
Este rei defenderá os que são pobres,
os filhos dos humildes salvará.
Nos seus dias, a justiça florirá
e grande paz, até que a lua perca o brilho!
De mar a mar estenderá o seu domínio,
e desde o rio até os confins de toda a terra!
EVANGELHO(Marcos 6,34-44)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 6 34 ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.
35 A hora já estava bem avançada quando se achegaram a ele os seus discípulos e disseram: "Este lugar é deserto, e já é tarde.
36 Despede-os, para irem aos sítios e aldeias vizinhas a comprar algum alimento".
37 Mas ele respondeu-lhes: "Dai-lhes vós mesmos de comer". Replicaram-lhe: "Iremos comprar duzentos denários de pão para dar-lhes de comer?"
38 Ele perguntou-lhes: "Quantos pães tendes? Ide ver". Depois de se terem informado, disseram: "Cinco, e dois peixes".
39 Ordenou-lhes que mandassem todos sentar-se, em grupos, na relva verde. 40 E assentaram-se em grupos de cem e de cinqüenta.
41 Então tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e os deu a seus discípulos, para que lhos distribuíssem, e repartiu entre todos os dois peixes.
42 Todos comeram e ficaram fartos.
43 Recolheram do que sobrou doze cestos cheios de pedaços, e os restos dos peixes.
44 Foram cinco mil os homens que haviam comido daqueles pães.
Palavra da Salvação.
Glória a Vós, Senhor!
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Saciando a Fome
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Jesus sente compaixão da numerosa multidão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois a ensinar-lhes muitas coisas. Essa introdução do evangelho faz surgir um questionamento: Jesus poderia sentir compaixão porque o povo estava com fome, e em seguida faria o milagre da multiplicação dos pães, e a narrativa estaria completa.
Mas era o início da pregação, imaginemos que fosse de manhã, os ensinamentos de Jesus continuou o dia inteiro e de repente já é o entardecer que prenuncia a noite e os discípulos constatam um problema e imediatamente propõe uma solução...
A compaixão inicial de Jesus não é pelo problema da fome ou da falta de alimentos naquele lugar distante, mas sim porque o povo estava sem perspectiva, em um total desânimo, não havia quem lhes indicasse um caminho seguro, ou quem lhes falasse de algo novo. Ovelha sem pastor é gente sem esperança, sem rumo a seguir, sem um sentido para a sua vida.
Talvez o povo tivesse colocado sua esperança em instituições, governantes, autoridades e outros Líderes, a espera de uma mudança para melhor, que nunca viria. Ninguém quer aqui menosprezar nossas instituições políticas e governamentais, mas está difícil de se acreditar em mudanças no Brasil, pelo menos aquelas mudanças estruturais necessárias e importantes, que trariam benefícios á grande massa. O evangelho não fala, sobre o que Jesus ensinava, mas certamente ele deixa evidente que a realização do Reino de Deus não depende das estruturas humanas, nem religiosas e nem governamentais. Ao mesmo tempo ele se apresenta como o realizador do Reino: O caminho, a Verdade e a Vida...
E para que na cabeça do povo não fique a impressão de que Religião é alienação, Jesus se volta para um problema levantado pelos discípulos: é preciso dispensar o povo, pois é muita gente e não há alimentação disponível e suficiente para todos.
Se Jesus fosse pregador de uma Religião alienadora, aceitava o conselho dos discípulos e se livrava do problema, mandando a multidão embora.
Mas Jesus é Pastor e não Lobo, que se aproveita das ovelhas, ao dizer aos discípulos, dai-lhes vós mesmos de comer, Jesus está afirmando que as Comunidades Cristãs não podem ficar alheias ás necessidades das pessoas. No Reino dos Homens, somente o “Muito” viabiliza projetos sociais, no Reino de Deus, basta a partilha do “Pouco” e o milagre acontece.
É uma alusão direta á Eucaristia, o maior de todos os milagres, e do qual nasce a vida de comunhão e partilha, que faz tantos milagres iguais a esse acontecer. O Homem e a mulher Eucaristizados contempla as pessoas com o mesmo olhar de compaixão de Jesus, e suas necessidades nunca ficam sem serem supridas...
2. Mensagem de vida e misericórdia
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Carlos Alberto Contieri, sj - e disponibilizado no Portal Paulinas)
O contexto imediato do texto é a volta dos Doze da missão para a qual foram enviados (Mc 6,7-12.30-33). Nós não temos mais acesso ao fato, propriamente dito, mas à mensagem gerada por uma recordação. Interpretar, sem mais, o episódio como "milagre" seria perder a oportunidade de conhecer e compreender o próprio relato e o que ele visa.
A multidão que Jesus vê desperta nele compaixão, sentimento divino que provoca "êxtase" - movimento de saída de si para socorrer o outro em sua necessidade.
A razão da compaixão: "... porque eram como ovelhas que não têm pastor". Há, aqui, uma primeira evocação do Salmo 23(22): "O Senhor é o meu pastor.". Jesus não somente orienta ensinando, mas sustenta alimentando: "Vós mesmos, dai-lhes de comer!".
A ordem de se assentarem na relva verde é outra evocação do Sl 23(22): "Em verdes pastagens me faz repousar". O texto tem clara intenção de apresentar Jesus como o Pastor de Israel, Pastor segundo o coração de Deus, compassivo e misericordioso, cuja palavra e vida são o verdadeiro sustento do povo que ele reúne.
Oração
Pai, preserva-me da cobiça e da ganância que me impedem de ser generoso com meu semelhante. E abre meu coração para a partilha e a misericórdia.
3. DA CONCENTRAÇÃO À PARTILHA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A Galiléia tinha, desde há muito tempo, uma péssima tradição de desequilíbrios sociais. O episódio da vinha de Nabot, sucedido num passado longínquo, estava ainda bem vivo na mente do povo. Mudaram-se os tempos, porém, a ganância de concentrar os bens nas mãos de poucos permaneceu inalterada.
O milagre da partilha dos pães foi na contramão desta mentalidade, visando incentivar a criação de uma sociedade diferente, na qual os bens deste mundo fossem partilhados entre todos.
Fato notável é que a lição da partilha teve como ponto de partida a pobreza e não a abundância de bens. Poderia ter acontecido assim: uma pessoa rica, possuidora de muitos recursos, ter-se servido deles para alimentar a multidão faminta. Ou mesmo Jesus, recorrendo ao poder recebido do Pai, ter milagrosamente feito aparecer uma montanha de pães com os quais todos se pudessem saciar.
Nada disto! Tratava-se, sim, de cada um repartir com o próximo o pouco que lhe cabia, a começar com aquele jovem que possuía "cinco pães e dois peixes". Quem não acreditava na força do Reino, perguntou-se o que seria isto para "cinco mil pessoas?" Mas aqueles em cujos corações o Reino lançou raízes, tudo se passou de maneira diferente.
A partilha começa no pouco, pois, quem tem muito (fruto da cobiça e da ganância) dificilmente se disporá a repartir e a mostrar-se misericordioso com o próximo.
Oração
Pai, preserva-me da cobiça e da ganância que me impedem de ser generoso com meu semelhante. E abre meu coração para a partilha e a misericórdia.