São Simplício

Sexta-feira, 02 de março de 2012


Papa da Igreja, pertencente ao Clero de Roma, o santo viveu mergulhado num contexto de grande instabilidade, seja por parte das heresias que rondavam a Igreja, como também por parte externa, da sociedade e do Império que estava para ruir.

Foi escolhido para sucessor de São Pedro no ano de 468. Um homem de testemunho e oração, sensível aos ataques internos que a Igreja sofria por parte do Nestorianismo - que buscava espalhar a mensagem entre os cristãos de que Cristo não teria nenhum ligação com Deus, negando o mistério da Encarnação - e também o Monofisismo, onde pregravam como verdade que a natureza divina suprimiu a natureza humana de Cristo.

Simplício se deparava com essa realidade, mas com autoridade, cheio do Espírito Santo e em comunhão com o Clero, se tornou cada vez mais canal da luz, que é Cristo, para essas situações.

São Simplício demontrou com a vida que vale a pena caminharmos com o coração fixo na recompensa que o Senhor quer nos dar na Glória.

Faleceu em 483, e hoje intercede por nós.

São Simplício, rogai por nós!


Hoje:

Dia Nacional do Turismo, Dia da Oração


Leituras

Primeira Leitura (Ezequiel 18,21-28)
Leitura da profecia de Ezequiel.

Assim fala o Senhor: 18 21 "Se, no entanto, o mau renuncia a todos os seus erros para praticar as minhas leis e seguir a justiça e a eqüidade, então ele viverá decerto, e não há de perecer.

22 Não lhe será tomada em conta qualquer das faltas cometidas: ele há de viver por causa da justiça que praticou.

23 Terei eu prazer com a morte do malvado? - oráculo do Senhor Javé. - Não desejo eu, antes, que ele mude de proceder e viva?

24 E, se um justo abandonar a sua justiça, se praticar o mal e imitar todas as abominações cometidas pelo malvado, viverá ele? Não será tido em conta qualquer dos atos bons que houver praticado. É em razão da infidelidade da qual se tornou culpado e dos pecados que tiver cometido que deverá morrer.

25 Dizeis: ´Não é justo o modo de proceder do Senhor´. Escutai-me então, israelitas: o meu modo de proceder não é justo? Não será o vosso que é injusto?

26 Quando um justo renunciar à sua justiça para cometer o mal e ele morrer, então é devido ao mal praticado que ele perece.

27 Quando um malvado renuncia ao mal para praticar a justiça e a eqüidade, ele faz reviver a sua alma.

28 Se ele se corrige e renuncia a todas as suas faltas, certamente viverá e não perecerá".


Salmo 129/130

Se levardes em conta nossas faltas,
quem haverá de subsistir?

Das profundezas eu clamo a vós, Senhor,
escutai a minha voz!
Vossos ouvidos estejam bem atentos
ao clamor da minha prece!

Se levardes em conta nossas faltas,
quem haverá de subsistir?
Mas em vós se encontra o perdão,
eu vos temo e em vós espero.

No Senhor ponho a minha esperança,
espero em sua palavra.
A minha alma espera no Senhor
mais que o vigia pela aurora.

Espere Israel pelo Senhor
mais que o vigia pela aurora!
Pois no Senhor se encontra toda graça
e copiosa redenção.
Ele vem libertar a Israel
de toda a sua culpa.


Evangelho (Mateus 5,20-26)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 5 20 "Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus.

21 Ouvistes o que foi dito aos antigos: ´Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal´.

22 Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: ´Raca´, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: Louco, será condenado ao fogo da geena.

23 Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
24 deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta.

25 Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão.

26 Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "Cristianismo não combina com mediocridade..."

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Os Escribas e Fariseus a toda hora aparecem nos evangelhos sinóticos como alvo de duras críticas por parte de Jesus, mas eu costumo dizer, que se em nossas comunidades fosse possível ter um deles, tal como eram naquele tempo, todos iriam gostar, respeitá-los e admira-los. Sabem por quê?

Simples... Eram piedosos, zelosos cumpridores de suas obrigações, eram virtuosos e praticam uma moral muito elevada e, portanto, eram pessoas íntegras. Daí o leitor poderá se perguntar, mas então, por que os coitados são bombardeados nos relatos do evangelho?

Porque a prática cristã não é moralismo e nem um mero preceito. Cristão tem que ir além para estar acima da média, o ato criminoso de se tirar a vida de alguém, implicava em um duro castigo no juízo do tribunal. Então, se não matar o outro, pode pousar de "bonzinho" cumpridor da lei, pois Jesus desmonta essa perfeição hipócrita, um sentimento de ódio ou uma ofensa moral contra o irmão, terá um julgamento mais severo no Grande Conselho.

Geralmente ficamos na média, daí vem a palavra mediocridade, cumpro a lei e não a transgrido de modo algum, mas naquilo que ela não fala, posso deitar e rolar. Não mato o meu irmão porque é pecado grave, mas no meu coração o odeio, o abomino, o desprezo e o acho um imbecil. Pronto! Aí está o pecado, bem escondido dentro do pecador. Na verdade se mata o irmão com palavras, difamações, insinuações maldosas, injúrias. Quantas pequenas mortes na comunidade, na pastoral e no movimento. Tiros e facadas com a língua!

Jesus coloca a necessidade da reconciliação com o irmão, em primeiro lugar, e depois com Deus, senão esta última será uma grande mentira espiritual. "Me dou bem com todos, mas com aquela pessoa não dá, não exijam isso de mim..." Quantas vezes a gente diz isso ou pensa isso, procurando amenizar o pecado, procurando inocentar-se diante da comunidade e da nossa consciência. Não entraremos no Reino dos Céus! Pode tirar o "Cavalinho da Chuva".

2. Jesus coloca o respeito à vida como valor fundamental.

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

A "justiça", na perspectiva religiosa dos escribas e fariseus, era estar quites com Deus. Isto se alcançava pelas observâncias religiosas da Lei, e assim se tornava um "justo". Os chefes religiosos que se julgavam perfeitos observantes consideravam-se justos e desprezavam a maioria do povo que não tinha condições de cumprir estas observâncias, qualificando-os como pecadores.

Removendo tal tradição, Jesus coloca o respeito à vida como valor fundamental do novo mundo possível. Na nova sociedade, abandona-se a economia de mercado que visa ao lucro e à consolidação dos poderosos grupos econômicos que, seja pela guerra, seja pela injustiça, relegam à doença, à fome e à morte multidões de excluídos.

A vivência da reconciliação com os irmãos contribui fundamentalmente para a consolidação da vida e para a construção da Paz a que todos aspiramos.

3. A JUSTIÇA MAIOR

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Os escribas e fariseus formavam uma classe de pessoas, cuja glória consistia em mostrar-se escrupulosos no cumprimento da Lei de Deus. Entretanto, esta fidelidade não ia muito além da letra da Lei. Para eles, bastava agir conforme o que estava escrito.

Os discípulos de Jesus foram contrapostos a este grupo. O Mestre exigia deles uma prática da justiça, superior à dos escribas e fariseus. Em que consistia esta superioridade? Certamente, não dizia respeito à quantidade de mandamentos a serem observados, nem à intensidade no modo de viver a letra da Lei, de forma a assumir um comportamento ainda mais exagerado e afetado. Nem, muito menos, à maneira de ver, preconceituosa e segregacionista, característica de certas correntes farisaicas.

A superioridade da justiça do discípulo, na vivência da Lei de Deus, deveria decorrer de sua predisposição a buscar, sempre mais, o espírito da Lei, ou seja, a vontade de Deus, e pautar sua vida por ela. Esta superioridade qualitativa é tremendamente exigente. O discípulo jamais poderá acomodar-se a este ou àquele gesto concreto, julgando ter satisfeito a vontade divina. Ele reconhece ser possível dar um passo além, pois seu modelo de ação é o Pai. Reconhece, também, não ter motivos para se vangloriar: por mais que faça, resta sempre um imenso caminho a percorrer.