São Sisto II e companheiros mártires
Terça-feira, 07 de agosto de 2012
Os anos que se seguiram de 250 até 260 foram uns dos mais terríveis e ao mesmo tempos gloriosos do Cristianismo; terríveis devido à fúria dos imperadores Décio e Valeriano, e gloriosos por conta da têmpera dos inúmeros mártires, que foram os que mais glorificaram a Deus.
O Santo Papa Sisto II, a quem celebramos neste dia, foi um destes homens que soube transformar o terrível em glória, a partir do seu testemunho de fé, amor e esperança em Cristo Jesus. Pertence à lista de cinco consecutivos Papas mártires, São Sisto II governou a Igreja durante um ano (257 - 258) e neste tempo semeou a paz e a unidade no seio da Igreja de Cristo.
Foi Sisto decapitado pela polícia durante uma cerimônia clandestina que ele celebrava num cemitério da via Ápia. Foram ao mesmo tempo executados seis dos sete diáconos que o rodeavam. Só pouparam algum tempo o diácono Lourenço, seu tesoureiro, a quem deixaram quatro dias para entregar os bens da Igreja. Assim se procedia desde que o imperador Valeriano (+260) estabelecera a pena de morte "sem julgamento, só com verificação de identidade", contra os Bispos, padres e diáconos da religião cristã.
Desta forma, São Sisto II e seus companheiros mártires entregaram suas vidas em sinal de fidelidade a Cristo e foram recompensados com o tesouro da eternidade no Céu.
São Sisto II e companheiros mártires, rogai por nós!
Leituras
Leitura (Jeremias 30,1-2.12-15.18-22)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
30 1 Dirigiu o Senhor nestes termos a palavra a Jeremias.
2 "Eis o que disse o Senhor, Deus de Israel: consignarás em um livro todas as palavras que te tenho dito.
12 Porque eis o que diz o Senhor: tua ferida é incurável e perigosa a tua chaga.
13 Ninguém quer tomar o encargo de curá-la, não há para ti remédio nem emplasto.
14 Esqueceram-te os que te amavam, e contigo nem mais se preocupam. Pois que te feri, como se fere um inimigo, com cruel castigo, por causa da gravidade de tua falta e do número de teus pecados.
15 Por que choras sobre tua ferida? Por que incurável é tua dor? É por causa da gravidade de tua falta e do número de teus pecados que te fiz isso.
18 Mas, eis o que diz o Senhor: restaurarei as tendas de Jacó, e me apiedarei de suas moradas. Será a cidade reconstruída em sua colina, e reedificado o palácio no primitivo lugar.
19 Cânticos de louvor se erguerão e gritos de alegria. Multiplicar-lhes-ei o número, que não será mais reduzido; eu os exaltarei, e não serão mais humilhados.
20 Os filhos serão como eram outrora, e forte será diante de mim sua assembléia; eu castigarei seus opressores.
21 Um dentre eles será o chefe, e do meio deles sairá seu soberano. Mandarei buscá-lo, e perante mim terá acesso, porque nenhum homem se arriscaria a aproximar-se de mim - oráculo do Senhor.
22 Sereis o meu povo, e eu, o vosso Deus".
Salmo 101/102
O Senhor olhou a terra do alto céu.
As nações respeitarão o vosso nome,
e os reis de toda a terra, a vossa glória;
quando o Senhor reconstruir Jerusalém
e aparecer com gloriosa majestade,
ele ouvirá a oração dos oprimidos
e não desprezará a sua prece.
Para as futuras gerações se escreva isto,
e um povo novo a ser criado louve a Deus.
Ele inclinou-se de seu templo nas alturas,
e o Senhor olhou a terra do alto céu,
para os gemidos dos cativos escutar
e da morte libertar os condenados.
Assim também a geração dos vossos servos
terá casa e viverá em segurança,
e ante vós se firmará sua descendência.
Para que cantem o seu nome em Sião
e louve ao Senhor Jerusalém,
quando os povos e as nações se reunirem
e todos os impérios o servirem.
Evangelho (Mateus 14,26-36)
14 22 Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto ele despedia a multidão.
23 Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite,estava lá sozinho.
24 Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário.
25 Pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar.
26 Quando os discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: "É um fantasma!" disseram eles, soltando gritos de terror.
27 Mas Jesus logo lhes disse: "Tranqüilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!"
28 Pedro tomou a palavra e falou: "Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti!"
29 Ele disse-lhe: "Vem!" Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus.
30 Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: "Senhor, salva-me!"
31 No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: "Homem de pouca fé, por que duvidaste?"
32 Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou.
33 Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus.
34 E, tendo atravessado, chegaram a Genesaré.
35 As pessoas do lugar o reconheceram e mandaram anunciar por todos os arredores. Apresentaram-lhe, então, todos os doentes,
36 rogando-lhe que ao menos deixasse tocar na orla de sua veste. E, todos aqueles que nele tocaram, foram curados.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “Os Vendavais na Vida dos Discípulos”
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Uma boa pergunta para entrarmos de cabeça nessa reflexão: por que os discípulos ficaram com medo e pensaram que Jesus, caminhando sobre as águas na direção deles, era um fantasma? Porque era exatamente o clima das primeiras comunidades cristãs naqueles primeiros anos do cristianismo. Tinham medo porque não sabiam em que ia dar tudo aquilo, segundo, Jesus de Nazaré tinha morrido e portanto, se apareceu andando sobre as águas, era mesmo um fantasma. Era Jesus mas se tratava de uma aparição fantasmagórica, que de concreto nada pode fazer a não ser passar por paredes, andar sobre as águas e outras coisas desse tipo, próprias de um fantasma.
Então no diálogo com Jesus, feito por Pedro, vem a primeira prova de que não é um fantasma, pois Pedro queria saber se era Jesus mesmo, e se ele pudesse fazer as mesmas coisas que Jesus fazia, então sua presença era real. Á ordem de Jesus “Vem” o velho Pedro andou sobre as águas exatamente como Jesus. Jesus tinha o mar sobre seus pés, dominava as forças do mal presente no fundo do mar, segundo os antigos acreditavam, em sua vida Jesus venceu essas forças e agora, á sua Igreja também poderá fazê-lo entretanto...
A Comunidade não supera as Forças do mal com seus próprios recursos, sua capacidade, seu conhecimento sobre o assunto, suas ideologias. Nada disso! Enquanto Pedro caminhava ao encontro de Jesus, isso é, pensava e agia exatamente como o Mestre, conseguia superar as forças malignas dos vendavais e tempestades que assolavam as comunidades.
Mas há momentos desse embate, que nos julgamos perdidos, o medo e o desânimo nos domina, e quando sentimos que tudo vai acabar, isso é, que as forças contrárias ao evangelho e á Igreja, são maiores e mais poderosas do que a nossa Fé, só há uma coisa a fazer: reconhecer que a Salvação vem de Jesus e somente dele! Não é a estrutura da Instituição que nos salva, não são os métodos pastorais ou as estratégias dos movimentos, ou a fama e o sucesso da Igreja na Mídia, mas somente e unicamente Jesus.
Há em nossa Igreja muitas vezes movimentos super bem organizados em nível de arquidiocese, de cidades, de região, de estado e até mundialmente. Que sempre reconheçamos a importância desses movimentos mas tenhamos muito claro que o centro da Salvação está no Cristo anunciado pelo Santo Evangelho. Jesus entra para dentro da barca após tomar Pedro pela mão. Jesus não leva Pedro junto a si, em um lugar exclusivo e isolado, mas ele entra na barca junto com os demais, que ao verem cessar a tempestade professaram a Fé “Tu és verdadeiramente o Filho de Deus!”
Não há nenhum outro lugar, fora da comunidade eclesial, onde se possa fazer essa experiência da presença real do Senhor agindo com os que creem, no combate interminável contra a ventania, as ondas e temporais que tentam em vão afundar essa Barca. Acreditamos no sucesso da missão evangelizadora, por causa do nosso desempenho, ou porque vemos em tudo a ação misteriosa de Jesus, fazendo a Salvação acontecer na vida das pessoas?
2. Vacilação de Pedro
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Após a partilha dos pães, Jesus envia os discípulos de barco, enquanto despede as multidões e recolhe-se para orar.
O temor dos discípulos diante do mar agitado, o não reconhecimento de Jesus que se aproxima e a vacilação de Pedro ao caminhar ao encontro de Jesus são expressões da incompreensão que ainda existia diante da missão de Jesus e de sua própria pessoa.
Mateus faz um contraste. Enquanto os discípulos na barca não reconheceram Jesus, ao chegarem a Genesaré, uma região periférica do judaísmo, os habitantes o reconhecem.
3. FÉ VACILANTE
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A experiência de se encontrar num pequeno barco, no meio do mar agitado, serviu, para por à prova, a fé dos discípulos de Jesus. A fé vacilante deles não lhes permitiu perceber a presença do Senhor. Por isso, gritaram de pavor, pensando que iriam morrer. No momento de dificuldade, a fé dos discípulos fraquejou.
Pedro, líder da comunidade, também passou pela provação da fé. Jesus foi desafiado por ele, quando este lhe pediu permissão para caminhar sobre as águas. Seria um sinal de que, de fato, o Senhor estava com ele. As palavras - "Se és tu, Senhor! - soam como um desafio.
O apóstolo, porém, já próximo de Jesus, deixou-se vencer pelo medo, quando o vento soprou furioso. E começou a afundar. No auge do desespero, recorreu a Jesus. Este o salvou, censurando-lhe, porém, a pouca fé.
A cena da tempestade transmite uma mensagem importante. É nos momentos de tribulação que a fé do discípulo é posta à prova. Ninguém pode estar seguro de não vacilar. Pedro e os líderes da comunidade vacilaram. Quiçá, por confiar nas próprias forças, prescindindo do Senhor. Foi preciso que o Mestre fosse em seu socorro e os salvasse. De igual modo, a comunidade, esquecendo-se do Senhor, não seria capaz de sobreviver diante das perseguições. Ela só será salva, se segurar na mão estendida de seu Mestre.
Oração