São Teodoro

Quarta-feira, 09 de novembro de 2011


O santo de hoje, São Teodoro, foi um soldado que acabou sendo decapitado na Província do Ponto por confessar a fé cristã.

Era já venerado no século IV. Achaita (Tchorum, Turquia), onde se encontra o seu túmulo, atraiu durante muito tempo os peregrinos.

A lenda depressa lhe embelezou a memória, atribuindo-lhe toda a espécie de aventuras, em particular, como a São Jorge, ter matado um dragão.

Com São Jorge e São Demétrio, é um dos "três grandes soldados mártires", para os Orientais.

São Teodoro, rogai por nós!


Hoje: Dia do Hoteleiro


Leituras

Primeira Leitura (Ezequiel 47,1-2.8-9.12)
Leitura da profecia de Ezequiel.

1 Naqueles dias, o homem conduziu-me então à entrada do templo. Eis que águas jorravam de sob o limiar do edifício, em direção ao oriente (porque a fachada do templo olhava para o oriente). Essa água escorria por baixo do lado direito do templo, ao sul do altar.

2 Fez-me sair pela porta do norte e contornar o templo do lado de fora até o pórtico exterior oriental; eu vi a água brotar do lado sul. 8 Essas águas, disse-me ele, dirigem-se para a parte oriental, elas descem à planície do Jordão; elas se lançarão no mar, de sorte que suas águas se tornarão mais saudáveis.

9 Em toda parte aonde chegar a corrente, todo animal que se move na água poderá viver, e haverá lá grande quantidade de peixes. Tudo o que essa água atingir se tornará são e saudável e em toda parte aonde chegar a torrente haverá vida.

12 Ao longo da torrente, em cada uma de suas margens, crescerão árvores frutíferas de toda espécie, e sua folhagem não murchará, e não cessarão jamais de dar frutos: todos os meses frutos novos, porque essas águas vêm do santuário. Seus frutos serão comestíveis e suas folhas servirão de remédio.


Salmo 45/46

Os braços de um rio vêm trazer alegria
à cidade de Deus, à morada do Altíssimo.

O Senhor para nós é refúgio e vigor,
sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia;
assim não tememos, se a terra estremece,
se os montes desabam, caindo nos mares.

Os braços de um rio vêm trazer alegria
à Cidade de Deus, à morada do Altíssimo.
Quem a pode abalar? Deus está no seu meio!
Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la.

Conosco está o Senhor do universo!
O nosso refúgio é o Deus de Jacó!
Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus
e a obra estupenda que fez no universo:
reprime as guerras na face da terra.


Evangelho (João 2,13-22)

2 13 Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
14 Encontrou no templo os negociantes de bois, ovelhas e pombas, e mesas dos trocadores de moedas.

15 Fez ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas.

16 Disse aos que vendiam as pombas: "Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes".

17 Lembraram-se então os seus discípulos do que está escrito: "O zelo da tua casa me consome".

18 Perguntaram-lhe os judeus: "Que sinal nos apresentas tu, para procederes deste modo?" 19 Respondeu-lhes Jesus: "Destruí vós este templo, e eu o reerguerei em três dias".

20 Os judeus replicaram: "Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu hás de levantá-lo em três dias?"

21 Mas ele falava do templo do seu corpo.

22 Depois que ressurgiu dos mortos, os seus discípulos lembraram-se destas palavras e creram na Escritura e na palavra de Jesus.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "Nossos templos Sagrados"

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Em um primeiro momento pensamos no caráter Sagrado do templo de Jerusalém e de nossas igrejas e capelas, se a reflexão for por esse caminho,, forçosamente vamos usar uma outra palavra contrária a essa que é a palavra "Profana", e vamos concluindo que o mundo se divide em dois ambientes, o Sagrado de todas as nossas igrejas, Basílicas, Capelas e Santuários, e o resto que é tudo profano, isso é, que não tem essa aureola da santidade.

Entretanto, não se pode falar em Sagrado e Profano, sem falar do homem, feito a imagem e semelhança de Deus, um templo religioso é Sagrado não apenas em função dele mesmo, mas pelas pessoas que ali se reúnem para celebrar a Eucaristia, a Palavra de Deus. Então, o Sagrado e o Profano estão no homem, no mais íntimo do seu ser, e a Sacralidade do templo é conseqüência desse fato. Paredes, bancos, portas e janelas, pisos e telhados não se relacionam com Deus e nem o louvam. Também não se pode pensar que uma Igreja é Sagrada apenas por que nela têm a Capela do Santíssimo, pois a reserva Eucarística está em função das pessoas e a Eucaristia é antes de tudo um alimento, ao instituir a Eucaristia Jesus pensou nas pessoas e não nele próprio, e assim, a Eucaristia atinge seu fim último, quando recebida pelos cristãos, é a presença real de Jesus, em corpo sangue, alma e divindade, mas não histórica.

Por isso nesse evangelho de São João, o que está em jogo não é o templo em si, mas o que ele significa e representa enquanto lugar do encontro com Deus, e o mesmo ocorrem com nossas comunidades cristãs, comunidades são as pessoas e não o edifício. O evangelista João é especialista nisso: mostrar-nos uma coisa, mas na verdade está falando de outra.

Fazer da Igreja uma fonte de renda, explorar o Povo de Deus, aproveitar a lã das Ovelhas mais gordas, explorá-las de todos os meios, é um pecado grave das nossas lideranças religiosas, seja de que Igreja for, que não ficará impune diante de Deus. O templo de Jerusalém havia se tornado o centro do Poder Religioso e político, fonte de renda para os Latifundiários daquele tempo, entre eles muitos Sacerdotes e suas famílias, que tinham lucro dobrado, ganhavam no holocausto, porque uma parte era do sacerdote, e faturavam na venda dos animais a serem sacrificados. Que templo está sendo aí profanado? Se não compreendermos a Teologia Joanina, vamos pensar que é o templo mesmo, mas Jesus vai direto ao assunto, ele não está preocupado com o ambiente sagrado, mas com as pessoas exploradas e oprimidas pelo próprio poder religioso, que inventou naqueles tempos a famosa Religião do Comércio, que infesta nossas igrejas cristãs independente da sua denominação.

Os que exploram o nosso povo, e aqui podemos incluir também nossos "queridos" políticos, só vêem nelas uma mercadoria que poderá ser bem lucrativa, algo que deve ser sugado até o fim, e que não tem nenhuma outra serventia. Por isso Jesus se coloca como a única e verdadeira referência do Ser Humano, naquilo que ele é, no seu sentido sublime. Destruir o templo são todas as atrocidades que se comete nos dias de hoje contra a Pessoa Humana, sua Vida e Dignidade. Jesus está nos dizendo que Deus Pai não irá ficar indiferente, e aquilo que os homens maus pensam destruir, será refeito e renovado com a Vida Nova da Ressurreição, que em Jesus já está presente na vida de todas as pessoas, e justamente por isso, as pessoas precisam ser respeitadas, porque não são apenas matéria, mas Filhos e Filhas de Deus. Se isso estivesse claro para as instituições, inclusive as religiosas, a vida não estaria tão degradada...

Então fica aqui uma palavra de alerta para todos os que, em nome de uma instituição, seja ela pública ou privada, social ou religiosa, explora as pessoas, principalmente as pequenas e simples, haverá no horizonte escatológico um momento em que, a existência dos exploradores vai virar de pernas para cima, como a mesa dos cambistas, e eles sentirão o peso da mão de Deus, tomado de amor e compaixão pelos pequenos explorados... Está no evangelho, em outro contexto histórico e religioso, mas assim será. Amém.

2. Com Jesus o espaço da presença de Deus não é mais o templo

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

João narra o início do ministério de Jesus com um contraste. Jesus vai a Caná da Galiléia, convidado para uma festa de casamento na qual está sua mãe. Aí contribui para a plena alegria transformando a água em vinho. Em seguida Jesus vai a Jerusalém para a Páscoa dos judeus. Aí, no templo, depara-se com o espaço religioso a serviço da prática do mercado. Este templo é fadado à destruição, enquanto Jesus permanece por toda a eternidade.

Com Jesus o espaço da presença de Deus não é mais o templo, mas sim a comunidade. Entra-se em comunhão com Jesus pelo amor, pelo perdão e pela partilha vividos na comunidade aberta e acolhedora.

3. O TEMPLO

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

No evangelho de João percebe-se uma exaltação dos samaritanos e uma censura aos judeus. Assim, por um lado, temos a narrativa do diálogo de Jesus com a mulher samaritana, em pleno dia, à beira do poço, que termina com todo os moradores desta região da Samaria vindo aclamar Jesus, professando nele sua fé.

Por outro lado, Nicodemos, um dos chefes dos fariseus, vem conversar com Jesus, ocultando-se na penumbra da noite, e não entende a sua mensagem. O evangelho de hoje menciona que estava próxima a Páscoa "dos judeus", dando a entender que Jesus se distancia do sistema religioso que a promove, sediado em Jerusalém.

Nesta primeira viagem de Jesus a Jerusalém o destaque é a perda de sentido do Templo. Em vez de lugar de oração, o Templo tornou-se um lugar de comércio e exploração do povo piedoso. A situação não era nova, pois o profeta Jeremias, muito tempo antes, já fizera tal denúncia (Jr 7,11). O culto no Templo, com o acesso de multidões de peregrinos durante o ano, era fonte de riqueza para o comércio em Jerusalém e, principalmente para a casta religiosa, que recolhia imensos valores como dízimos, ofertas, e sacrifícios dos fieis.

O Templo, desde sua primeira construção por Salomão, tinha um anexo, o Tesouro (ou Gazofilácio), onde eram acumuladas estas riquezas. Com Jesus a presença de Deus não está no Templo, mas sim no próprio Jesus e em cada membro da comunidade (segunda leitura) que vive o serviço e a partilha, com amor e misericórdia.