São Teotônio
Sábado, 18 de fevereiro de 2012
Nascido em Ganfei, Portugal, no ano de 1082, São Teotônio recebeu uma ótima formação. Primeiramente, junto a um convento beneditino de Coimbra; depois, ao ser assumido por seu tio Crescêncio, Bispo de Coimbra, ele foi correspondendo à graça de Deus em sua vida. Com a morte do tio, dirigiu-se para Viseu, onde terminou seus estudos básicos e recebeu o dom da ordenação sacerdotal.
Homem de oração e penitência, centrado no mistério da Eucaristia, e peregrino, fez duas viagens à Terra Santa, que muito marcaram a sua história, até que os cônegos de Santo Agostinho pediram que ele ficasse ali como um dirigente, mas, em nome da obediência, ele não poderia fazê-lo, uma vez que já ocupava o cargo de prior da Sé de Viseu. No retorno, abriu mão deste serviço e se dedicou ainda mais à evangelização.
Ele já era conhecido e respeitado por muitas autoridades. Inclusive, o rei Afonso Henriques e a rainha, dona Mafalda, por motivos de guerra, acabaram retendo muitos cristãos e ele foi interceder em prol desses cristãos. Muitos foram liberados, mas o santo foi além. Como já tinha fundado, a pedido de amigos, a Nova Ordem dos Cônegos Regulares sob a luz da Santa Cruz, aos pés do Mosteiro, ele não só acolheu aqueles filhos de Deus, mas também pôde mantê-los como um verdadeiro pai. No mosteiro, ele era um pai, um prior não só por serviço e autoridade, mas um exemplo refletindo a misericórdia do mistério da cruz do Senhor, refletindo o seu amor apaixonado pelo mistério da Eucaristia.
Mariano e devoto dos Santos Anjos, ele despojou-se e se retirou em contemplação e intercessão. Foi assim que, em 18 de fevereiro, esse grande santo português, em 1162, partiu para a glória.
Peçamos a intercessão de São Teotônio para que possamos glorificar a Deus pela obediência, sempre voltando-nos para os mais pequeninos.
São Teotônio, rogai por nós !
Leituras
Primeira Leitura (Tiago 3,1-10 )
Leitura da Carta de São Tiago.
3 1 Meus irmãos, não haja muitos entre vós a se arvorar em mestres; sabeis que seremos julgados mais severamente,
2 porque todos nós caímos em muitos pontos. Se alguém não cair por palavra, este é um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo.
3 Quando pomos o freio na boca dos cavalos, para que nos obedeçam, governamos também todo o seu corpo.
4 Vede também os navios: por grandes que sejam e embora agitados por ventos impetuosos, são governados com um pequeno leme à vontade do piloto.
5 Assim também a língua é um pequeno membro, mas pode gloriar-se de grandes coisas. Considerai como uma pequena chama pode incendiar uma grande floresta!
6 Também a língua é um fogo, um mundo de iniqüidade. A língua está entre os nossos membros e contamina todo o corpo; e sendo inflamada pelo inferno, incendeia o curso da nossa vida.
7 Todas as espécies de feras selvagens, de aves, de répteis e de peixes do mar se domam e têm sido domadas pela espécie humana.
8 A língua, porém, nenhum homem a pode domar. É um mal irrequieto, cheia de veneno mortífero.
9 Com ela bendizemos o Senhor, nosso Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.
10 De uma mesma boca procede a bênção e a maldição. Não convém, meus irmãos, que seja assim.
Salmo 11/12
Com certeza, ó Senhor, nos guardareis!
Senhor, salvai-nos! Já não há um homem bom
não há mais fidelidade em meio aos homens!
Cada um só diz mentiras a seu próximo,
com língua falsa e coração enganador.
Senhor, calai todas as bocas mentirosas
e a língua dos que falam com soberba,
dos que dizem: "Nossa língua é nossa força!
Nossos lábios são por nós! Quem nos domina?"
As palavras dos Senhor são verdadeiras,
como prata totalmente depurada,
sete vezes depurada pelo fogo.
Vós, porém, ó Senhor Deus, nos guardareis
para sempre, nos livrando desta raça!
Evangelho (Marcos 9,2-13)
Naquele tempo, 9 2 seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e conduziu-os a sós a um alto monte. E
3 transfigurou-se diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes e de uma brancura tal, que nenhum lavadeiro sobre a terra as pode fazer assim tão brancas.
4 Apareceram-lhes Elias e Moisés, e falavam com Jesus.
5 Pedro tomou a palavra: "Mestre, é bom para nós estarmos aqui; faremos três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias".
6 Com efeito, não sabia o que falava, porque estavam sobremaneira atemorizados.
7 Formou-se então uma nuvem que os encobriu com a sua sombra; e da nuvem veio uma voz: "Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o".
8 E olhando eles logo em derredor, já não viram ninguém, senão só a Jesus com eles.
9 Ao descerem do monte, proibiu-lhes Jesus que contassem a quem quer que fosse o que tinham visto, até que o Filho do homem houvesse ressurgido dos mortos.
10 E guardaram esta recomendação consigo, perguntando entre si o que significaria: Ser ressuscitado dentre os mortos.
11 Depois lhe perguntaram: "Por que dizem os fariseus e os escribas que primeiro deve voltar Elias?"
12 Respondeu-lhes: "Elias deve voltar primeiro e restabelecer tudo em ordem. Como então está escrito acerca do Filho do homem que deve padecer muito e ser desprezado?
13 Mas digo-vos que também Elias já voltou e fizeram-lhe sofrer tudo quanto quiseram, como está escrito dele".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Jesus, a realização plena do Ser Humano"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
A frase de Pedro "Mestre, é bom estarmos aqui" é a expressão de quem se encontrou na vida, de quem descobriu o sentido de ser homem e realizar-se em toda a sua plenitude conforme os desígnios do Criador. É como se Pedro dissesse aos demais e as nossas comunidades "Olhem, é isso que nós somos, homens e mulheres transfigurados, luzentes, mergulhados no mistério de Deus, representado pela nuvem que os envolveu.
Descobrir quem somos, de onde viemos e para onde vamos, que a nossa origem é Deus, que o nosso presente é Deus e que para Deus estamos voltando na caminhada desta vida, é algo ao mesmo tempo reconfortante, mas também que inspira medo.
E temos medo exatamente porque, diante da grandiosidade do ser humano, manifestada na Transfiguração do Senhor, nos deparamos com a nossa fragilidade humana e surgem então os questionamentos: Será que vamos conseguir? Será que vamos sempre tomar a decisão certa e não no desviaremos para outro caminho? Será que a nossa vida não termina mesmo com a morte? O simples fato daquilo que somos estar oculto na pós-morte, já nos assusta...
JESUS o Filho de Deus tem essa consciência de quem ele é, é sobre isso que gira a conversa com Moisés e Elias, Homens de Deus que também esperam em Cristo a grande e final transformação de suas vidas, cujo sentido está mergulhado no mistério de CRISTO. Já vi interpretação equivocada dessa passagem, onde Moisés e Elias parecem dizer a Jesus “Olha, tenha coragem, nós conseguimos e você também conseguirá". Que piada! Jesus é quem vai abrir as portas da copiosa redenção para toda humanidade, inclusive para os Santos e Santas do Antigo Testamento, e não o contrário.
A Transfiguração de Jesus mostra onde iremos chegar e qual o caminho a ser percorrido. A voz do Pai é determinante para isso "Este é o meu Filho muito amado, ouvi-o". Quem ouve a Jesus e segue seus ensinamentos, torna-se também Filho amado e querido do PAI, fazendo na comunidade, o mesmo caminho da ascese que os discípulos fizeram com Jesus, estamos subindo e lá em cima vamos encontrar a nossa Glória que está em Cristo e que é Cristo, a diferença é que, tendo enfim cumprido a nossa missão, não precisaremos descer de volta e nem precisaremos mais guardar segredo de quem somos e de quem é Jesus, podemos armar nossas tendas e por lá permanecer para sempre, mergulhados na Luz da sua Glória.
O alpinista, antes de subir uma alta montanha, faz treinamento em uma de menor porte, nossos exercícios dessa ascese nós fazemos sempre no sétimo dia da semana que é o Domingo, Dia do Senhor, quando em nossas comunidades vamos ao acostumando a contemplar a Glória do Cristo presente, que um dia será definitiva. Amém.
2. O sofrimento e a morte são passageiros
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
A visão da Transfiguração acontece quando Jesus e seus discípulos se dirigem a Jerusalém. Jesus já lhes falara sobre as provações por que passaria naquele centro religioso e político do judaísmo. Ele procurava esclarecer os discípulos que nutriam a falsa esperança, herdada da tradição messiânica do judaísmo, de que Jesus poderia ser um líder restaurador da glória e do poder de Israel. A Transfiguração revela a dimensão gloriosa da humanidade de Jesus, assumida pelo Pai. O sofrimento e a morte são passageiros. Os discípulos não o entendem logo. Após a crucifixão é que perceberão o sentido da permanência de Jesus entre eles.
3. CONTEMPLANDO O RESSUSCITADO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A transfiguração de Jesus, no topo de um monte, prefigura a Ressurreição. Os discípulos escolhidos têm a possibilidade de contemplá-lo na condição de Ressuscitado. Todos os elementos da cena apontam para isto. As vestes resplandecentes, absolutamente brancas, lembram o mundo divino, ao qual Jesus pertence, e evocam alegria e vitória. A presença de Elias e Moisés indica ser Jesus o enviado definitivo do Pai, e também, o esperado na consumação dos tempos.
A reação de Pedro é característica de quem faz uma experiência do sobrenatural: querer perpetuar um momento privilegiado de contato com a divindade.
A intervenção do Pai, cuja voz faz-se ouvir do meio de uma nuvem, não dá margem para dúvidas. Efetivamente, os discípulos têm diante de si um ser celestial, Filho amado de Deus, a quem devem dar toda atenção. Exatamente, como poderão constatar após a Ressurreição.
Por conseguinte, o Jesus, que caminhará para a cruz, não será vítima de uma fatalidade histórica, nem um fracassado que não conseguiu impor o seu projeto. A transfiguração revela sua identidade de Filho amado do Pai, ao qual é absolutamente fiel. A ressurreição deixará patente esse amor. Após a morte ignominiosa de Jesus, na cruz, o Pai exaltará o Filho, ressuscitando-o para a gloriosa imortalidade. Aí a transfiguração não terá fim. E Jesus será glorioso para sempre!