São Venceslau

Quarta-feira, 28 de setembro de 2011


O santo que nos ensina com sua opção pelo Reino de Deus e de vida constante na luta para a santidade, é o príncipe Venceslau. Sua história se entrelaça com a vida e fé da família real. Nasceu em 907. Seu pai, Vratislau, era duque da Boêmia.

O pai e sua avó eram cristãos fervorosos, ao passo que sua mãe era uma pagã ambiciosa e inimiga da religião. São Venceslau foi educado pela avó (Ludmila), por isso cresceu religioso e muito caridoso para com os pobres, enquanto seu irmão educado pela mãe (Boleslau) tornou-se violento e ambicioso.

Com a morte do pai e pouca idade do santo herdeiro, a mãe má intencionada assumiu o governo. Sendo assim tratou de expulsar os missionários católicos. O povo revoltado, juntamente com os nobres pressionaram o príncipe para assumir o governo e com o golpe de estado Venceslau assumiu em 925.

Nos oito anos de reinado, Venceslau honrou a fama de "O príncipe santo". Logo que assumiu o trono, tratou de construir igrejas, mandou regressar os sacerdotes exilados, abriu as fronteiras aos missionários da Suábia e da Baviera. Venceslau governou com tanta justiça e brandura que com pouco tempo conquistou o coração do povo que o amava e por ele era concretamente amado: protetor dos pobres, dos doentes, dos encarcerados, dos órfãos e viúvas. Verdadeiro pai.

Este homem que muito se preocupou com a evangelização do povo a fim de introduzir todos no "sistema de Deus", era de profunda vida espiritual mas, infelizmente, odiado pelo irmão Boleslau e pela mãe, que além de matar a piedosa sogra - educadora do santo -, concordou com a trama contra o filho.

Quando nasceu o primogênito de Boleslau, São Venceslau foi convidado para um solene banquete onde foi pensando na reconciliação de sua família. Tendo saído para estar em oração, na capela real, foi apunhalado pelo irmão e pelos capangas dele. Antes de cair morto, São Venceslau pronunciou: "Em tuas mãos, ó Senhor, entrego o meu espírito". Isto ocorreu em 929.

São Venceslau, rogai por nós!


Leituras

Primeira Leitura (Neemias 2,1-8)
Leitura do livro de Neemias.

No vigésimo ano do rei Artaxerxes, no mês de Nisã, estando o vinho diante de mim, tomei-o e o ofereci ao rei. Ora, jamais em outra ocasião, eu estivera triste em sua presença. Disse-me o rei: "Por que tens a face sombria? Não estás doente! Tens no entanto algum dissabor!"

Muito conturbado respondi ao rei: "Viva o rei para sempre! Como não haveria eu de estar pesaroso, desde que a cidade onde se encontram os túmulos de meus pais está devastada e suas portas consumidas pelo fogo?" Disse-me o rei: "Que tens a me pedir?"

Então, fazendo uma prece ao Deus do céu, eu disse ao rei: "Se aprouver ao rei, e se o teu servo te é agradável, permite-me ir para a terra de Judá, à cidade onde se encontram os túmulos de meus pais, para reconstruí-la". O rei, junto de quem estava sentada a rainha, perguntou-me: "Quanto tempo durará tua viagem? Quando voltarás?" Ele consentiu que eu partisse, logo que lhe fixei certo prazo.

Prossegui: "Se o rei achar bom, que me dêem missivas para os governadores de além do rio, a fim de que me deixem passar para Judá; e uma outra carta para Asaf, o intendente da floresta real, para que ele me forneça a madeira para a viga das portas da fortaleza vizinha ao templo, para as muralhas da cidade e para a casa em que eu habitar". O rei concordou com o meu pedido, porque a mão favorável de meu Deus estava comigo.


Salmo 136/137

Que se prenda a minha língua ao céu da boca
se de ti, Jerusalém, eu me esquecer!

Junto aos rios da Babilônia
nos sentávamos chorando,
com saudades de Sião.
Nos salgueiros por ali
penduramos nossas harpas.

Pois foi lá que os opressores
nos pediram nossos cânticos;
nossos guardas exigiam
alegria na tristeza:
"Cantai hoje para nós
algum canto de Sião!"

Como havemos de cantar
os cantares do Senhor
numa terra estrangeira?
Se de ti, Jerusalém,
algum dia eu me esquecer,
que resseque a minha mão!

Que se cole a minha língua
e se prenda ao céu da boca
se de ti não me lembrar!
Se não for Jerusalém
minha grande alegria!


Evangelho (Lucas 9,57-62)

Enquanto caminhavam, um homem disse a Jesus: "Senhor, seguir-te-ei para onde quer que vás". Jesus replicou-lhe: "As raposas têm covas e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça". A outro disse: "Segue-me". Mas ele pediu: "Senhor, permite-me ir primeiro enterrar meu pai".

Mas Jesus disse-lhe: "Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus". Um outro ainda lhe falou: "Senhor, seguir-te-ei, mas permite primeiro que me despeça dos que estão em casa". Mas Jesus disse-lhe: "Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. O Discipulado é incondicional...

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Motivado pela busca de segurança e proteção, alguns cristãos tem a mesma atitude desse primeiro homem que Jesus encontrou no caminho "Senhor, eu te seguirei para onde quer que fores..." Certamente esse homem estava admirado com Jesus, seus milagres e prodígios, sua liderança natural, seu carisma maravilhoso, pensou com certeza em segurança e proteção, não diferente de certa mentalidade cristã da pós modernidade, presente na afirmação "Com Jesus eu tenho tudo".

O Cristianismo não oferece nenhuma segurança nesse sentido, isenção de doenças, tribulações, dificuldades de toda ordem, inclusive de bens materiais. Conheci uma pessoa que desanimou na Fé porque teve o carro roubado justamente na hora em que se encontrava na Igreja, trabalhando na comunidade.

Jesus vai dizer em sua resposta a esse fanático discípulo, que nem ele mesmo tem um lugar certo, de sua propriedade, para repousar. Na Sociedade de consumo, quando se entra em algum empreendimento lucrativo, vale a pena dar tudo, pois quanto mais a gente dar, mais lucro a gente vai ter. Para um seguidor de Jesus, somente a primeira parte é verdadeira, "dar tudo de si, priorizando o Reino como o valor absoluto em nossa vida, e todo o resto como secundário.

Diante do chamado as pessoas reagem, exatamente assim, sempre há algo mais urgente a ser feito, o primeiro queria primeiro obedecer a Lei e fazer o enterro do Pai, o outro queria primeiro uma Festa de despedida dos parentes e amigos.

A missão e o chamado para o discipulado vem sempre como proposta, porém, quem der o seu SIM não poderá ter outra prioridade na Vida que não seja a de anunciar o Reino de Deus, quem coloca certas condições para ser cristão e membro da comunidade, ainda não está preparado para ser um verdadeiro discípulo.

2. Jesus lhes apresenta as propostas para seu seguimento

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Em Mateus, na passagem paralela a esta, Jesus e os discípulos preparavam-se para atravessar o mar em direção a Gadara. Aqui, em Lucas, estão a caminho de Jerusalém.

Jesus vai disposto a fazer o anúncio da Boa Nova entre os peregrinos que acorrem a esta cidade, para a festa da Páscoa. Três novos discípulos surgem dispostos a seguir Jesus. Jesus lhes apresenta as propostas para seu seguimento.

O primeiro se oferece com grande disponibilidade. Jesus o previne que deverá assumir a pobreza e insegurança à sua semelhança.

O segundo, convidado por Jesus, queria dar um tempo para permanecer junto a seu pai até sua morte. Jesus lhe propõe uma responsabilidade maior: anunciar o Reino de Deus que é a vitória sobre a morte.

O terceiro assemelha-se a Eliseu quando foi chamado por Elias. Eliseu estava arando e pediu para Elias um momento para despedir-se do pai e da mãe, obtendo consentimento dele (1Rs 19,20).

Jesus é mais exigente: quem está com a mão no arado não deve olhar para trás, mas seguir em frente em resposta ao chamado para a missão.

3. A RADICALIDADE DO SEGUIMENTO

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Cada uma das três cenas de encontro de Jesus com pessoas chamadas a segui-lo, ilustra a radicalidade do seguimento. É preciso uma grande dose de despojamento para dar o passo. Sem isto, essa experiência ficaria sem feito, já nos seus inícios.

A primeira cena aponta para o destino de pobreza e insegurança a que estão fadados os seguidores de Jesus. Ele mesmo sabia-se desprovido de segurança oferecida por uma estrutura familiar, ou qualquer outra. Não podia contar com nada que lhe pudesse oferecer estabilidade. Sua existência era realmente precária, sob o ponto de vista material. Estava sempre na dependência da generosidade alheia.

A segunda cena, sem pretender pôr em discussão as obrigações próprias da piedade filial, indica estar o discípulo a serviço do Reino da vida. É inútil preocupar-se com a morte física, pois esta é vista na perspectiva da ressurreição. Assim, não é falta de piedade, no caso do discípulo em missão, estar ausente por ocasião do enterro do próprio pai. A certeza da ressurreição permite-lhe manter-se em comunhão com o ente querido, para além da morte física.

A terceira cena mostra como o chamado do Reino não suporta delongas. Nada de despedidas demoradas, adiamentos sem fim, desculpas sucessivas. Ao ser chamado, o discípulo deve estar disposto a romper com o passado e lançar-se, de cheio, no serviço do Reino.