São Vicente de Paulo
Quinta-feira, 27 de setembro de 2012
"Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e espírito e amarás ao teu próximo como a ti mesmo" (Mat 22,37.39).
Se não foi o lema da vida deste santo, viveu como se fosse. O santo de hoje, São Vicente de Paulo, nasceu na Aquitânia (França) em 1581. No seu tempo a França era uma potência, porém convivia com as crianças abandonadas, prostitutas, pobreza e ruínas causadas pelas revoluções e guerras.
Grande sacerdote, gerado numa família pobre e religiosa, ele não ficou de braços cruzados mas se deixou mover pelo espírito de amor. Como padre, trabalhou numa paróquia onde conviveu com as misérias materiais e morais; esta experiência lhe abriu para as obras da fé. Numa viagem foi preso e, com grande humildade, viveu na escravidão até converter seu patrão e conseguiu depois de dois anos sua liberdade.
A partir disso, São Vicente de Paulo iniciou a reforma do clero, obras assistenciais, luta contra o jansenismo que esfriava a fé do povo e estragava com seu rigorismo irracional. Fundou também a "Congregação da Missão" (lazaristas) e unido a Santa Luísa de Marillac, edificou as "Filhas da Caridade" (irmãs vicentinas).
Sabia muito bem tirar dos ricos para dar aos pobres, sem usar as forças dos braços, mas a força do coração. Morreu quase octogenário, a 27 de setembro de 1660.
São Vicente de Paulo, rogai por nós!
Hoje:
Dia do Encanador, Dia Mundial de Turismo e Dia Nacional do Idoso
Leituras
Leitura (Eclesiastes 1,2-11)
Leitura do livro do Eclesiastes.
1 2 "Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade".
3 Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?
4 Uma geração passa, outra vem; mas a terra sempre subsiste.
5 O sol se levanta, o sol se põe; apressa-se a voltar a seu lugar; em seguida, se levanta de novo.
6 O vento vai em direção ao sul, vai em direção ao norte, volteia e gira nos mesmos circuitos.
7 Todos os rios se dirigem para o mar, e o mar não transborda. Em direção ao mar, para onde correm os rios, eles continuam a correr.
8 Todas as coisas se afadigam, mais do que se pode dizer. A vista não se farta de ver, o ouvido nunca se sacia de ouvir.
9 O que foi é o que será: o que acontece é o que há de acontecer. Não há nada de novo debaixo do sol.
10 Se é encontrada alguma coisa da qual se diz: Veja: isto é novo, ela já existia nos tempos passados.
11 Não há memória do que é antigo, e nossos descendentes não deixarão memória junto daqueles que virão depois deles.
Salmo 89/90
Ó Senhor, vós fostes sempre um refúgio para nós.
Vós fazeis voltar ao pó todo mortal
Quando dizeis: "Voltai ao pó, filhos de Adão!"
Pois mil anos para vós são como ontem,
Qual vigília de uma noite que passou.
Eles passam como o sono da manhã,
São iguais à erva verde pelos campos:
De manhã ela floresce vicejante,
Mas à tarde é cortada e logo seca.
Ensinai-nos a cotar os nossos dias
E dai ao nosso coração sabedoria!
Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis?
Tende piedade e compaixão de vossos servos!
Saciai-nos de manhã com vosso amor,
E exultaremos de alegria todo o dia!
Que a bondade do Senhor e nosso Deus
Repouse sobre nós e nos conduza!
Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho.
Evangelho (Lucas 9,7-9)
Naquele tempo, 9 7 o tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que Jesus fazia e ficou perplexo. Uns diziam: "É João que ressurgiu dos mortos"; outros: "É Elias que apareceu";
8 e ainda outros: "É um dos antigos profetas que ressuscitou".
9 Mas Herodes dizia: "Eu degolei João. Quem é, pois, este, de quem ouço tais coisas?" E procurava ocasião de vê-lo.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Experiência de Deus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Eclesiastes e o aparente “pessimismo” do autor, quer na verdade nos mostrar algo que é muito verdadeiro: a nossa vida e tudo o que fazemos, projetamos, construímos, e tudo o que somos com os nossos potenciais e fragilidades. Tudo isso de nada adiante e de nada serve. É a rotina do dia a dia, a mesmice de sempre, nada nos encanta e nem nos atrai. Assim é a existência de todo aquele que não vive uma experiência religiosa, pois sem Deus, a Salvação e a Graça que ele nos oferece em Jesus Cristo, o trabalho e o estudo e todos os nossos projetos, para nada servem, pois um dia serão conosco sepultados e irão voltar a ser pó, lembra-nos o salmista.
Por outro lado, refugiar-se em Deus, que é o único abrigo realmente seguro, não significa viver em fuga em uma religião alienante, ao contrário, é a oração do homem sensato, para o qual todas essas coisas terrenas têm um sentido novo a partir de Deus. Quando a vida parece ser um tédio, e certas coisas não fazem sentido, nos abrigamos no coração de Deus que nos ensina a fazer esta releitura dos acontecimentos da vida.
E assim, no evangelho encontramos com Herodes, um Soberano que não tinha noção dos seus limites, um homem arrogante e presunçoso que queria ter tudo sob seu controle, até mesmo as coisas pertinentes a Deus e à sua Verdade. Tendo ouvido falar das maravilhas de Jesus e sabendo das interpretações do povo, de que ele seria João Batista que voltou, ou algum dos profetas, o Tirano perturbou-se e queria ver Jesus.
Querer ver Jesus é algo belíssimo, quando se está encantado com a sua pessoa e o seu evangelho. Claro que não era este o caso do Rei Herodes, homem que se julgava deus e não admitia concorrência. Qualquer semelhança com o homem da pós-modernidade, não é mera coincidência...
2. Prática libertadora
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Enquanto Marcos e Mateus descrevem detalhadamente a execução por decapitação de João Batista na narrativa simbólica do banquete de Herodes, com a presença de Herodíades, Lucas limita-se a, apenas, uma breve menção a esta execução.
Jesus, por sua prática inovadora e libertadora, é foco de atenção de todos e, particularmente, desperta a suspeita dos representantes do poder romano e do poder religioso judaico, sediado em Jerusalém. Surgem logo interrogações sobre a sua origem. Entre o povo eram diversas as opiniões sobre quem era Jesus. Uns o associavam a alguma figura libertadora popular da tradição do antigo Israel, tais como Elias ou os antigos profetas. Outros viam nele a figura de João Batista, martirizado por Herodes, com o qual o anúncio de Jesus tinha muita afinidade. Havia ainda aqueles que tinham a expectativa de que Jesus fosse o messias davídico que restauraria a humilhada Judeia, transformando-a no pretenso Israel glorioso do tempo de Davi, como hoje pretendem os sionistas do atual Estado de Israel.
A resposta sobre quem é Jesus pode ser encontrada por todos aqueles que são compassivos e misericordiosos, descobrindo Jesus entre os pobres e oprimidos, humildes e excluídos.
3. O DESEJO DE VER JESUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
As palavras e os milagres de Jesus atraíam em torno dele verdadeiras multidões. Contudo, era impossível controlar a intenção de cada pessoa. Muitos vinham por pura curiosidade. Outros, esperando que Jesus os curasse de alguma enfermidade ou, de qualquer forma, os libertasse. Outros, ainda, eram movidos por um desejo sincero de escutar Jesus e tornar-se seus discípulos, escolhendo como projeto de vida a proposta do Reino.
Esta variedade de intenções não influenciava a conduta do Mestre. Ele não satisfazia a curiosidade das pessoas, por exemplo, fazendo milagres sob encomenda. Suas curas beneficiavam somente àquelas que, de algum modo, demonstravam ter fé. Os corações sinceros dependiam da vontade expressa de Jesus para se tornarem seus discípulos. Só se punha a segui-lo quem ele chamava pelo nome. Não adiantava oferecer-se.
O violento Herodes, tendo ouvido falar de Jesus, manifestou curiosidade de vê-lo. Este rei não sabia de quem se tratava. As hipóteses levantadas lhe satisfaziam. Daí seu desejo de vê-lo pessoalmente. Quiçá esperasse presenciar o espetáculo de um milagre realizado por Jesus, pois tivera notícia de sua fama. Seu desejo de ver o Mestre só seria realizado por ocasião da paixão. Mas, naquela ocasião, Jesus o decepcionou, por não ceder a seus caprichos.