São Vicente Ferrer

Terça-feira, 5 de Abril de 2011


Nascido na Espanha em 1350, viveu em tempos difíceis pois, por influência política, havia um cisma na Igreja do Ocidente: por Cardeais foi declarada inválida a eleição de Urbano VI como Papa, e foi escolhido Roberto de Genebra que tomou o nome de Clemente VII. As coroas ibéricas procuraram manter-se neutras entre os dois Papas, mas o de Avinhão esforçou-se por conquistar a obediência delas e mandou como seu legado o Cardeal Pedro de Luna. Este procurou o apoio de Vicente, que lho deu em boa fé e escreveu um tratado sobre o cisma.

São Vicente acompanhou o mesmo legado nalgumas viagens por esses reinos, regressando depois ao ensino e à pregação em Valência. Pouco depois, volta Pedro de Luna a Avinhão e sucede a Clemente VII como Papa, tomando o nome de Bento XIII. E é reclamada a presença de Vicente em Avinhão, onde passa uns anos.

São Vicente Ferrer foi um santo religioso dominicano, grande pregador e fiel ao carisma. Ele pregava sobre a segunda vinda de Jesus, o Juízo Final, mas de uma maneira que provocava uma conversão nas pessoas. Sua pregação, Deus a confirmava com sinais, milagres e conversões.

Um homem de penitência, da verdade, da esperança, que semeava a unidade e essa expectativa do Senhor que voltará.

Vicente pôde contribuir para a eleição do Papa e pôde deixar bem claro, pela sua vida, que a Palavra de Deus precisa ser anunciada com o espírito e com uma vida a serviço da verdade e da Igreja.

São Vicente Ferrer, rogai por nós!

[CANÇÃO NOVA]

Quarta Semana da Quaresma - 4ª Semana do Saltério (Livro II) - cor Litúrgica Roxa

Santos: Vicente Ferrer, Derfel Gadarn, Etelburga de Lyminge (matrona), Geraldo de Sauve-Majeure (abade), Alberto de Montecorvino (bispo), Juliana de Monte Cornillon (virgem e beata), Crescência de Kaufbeuren (virgem e beata franciscana da 3ª ordem), Catarina Tomás, Zeno, João de Penna (bem aventurado, confessor franciscano da 1ª ordem)

Antífona: Vós, que tendes sede, vinde às águas; vós, que não tendes com que pagar, vinde e bebei com alegria. (Is 55,1)

Oração: Ó Deus, que a fiel observância dos exercícios quaresmais prepare o coração dos vossos filhos e filhas para acolher com amor o mistério pascal e anunciar ao mundo a salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo.


Leituras

I Leitura: Ezequiel (Ez 47, 1-9.12)

O manancial do templo

Naqueles dias, o anjo fez-me voltar até a entrada do templo e eis que sala água da sua parte subterrânea na direção leste, porque o templo estava voltado para o oriente; a água corria do lado direito do templo, a sul do altar. Ele fez-me sair pela porta que dá para o norte, e fez-me dar uma volta por fora, até à porta que dá para o leste, onde eu vi a água jorrando do lado direito. Quando o homem saiu na direção leste, tendo uma corda de medir na mão, mediu quinhentos metros e fez-me atravessar a água: ela chegava-me aos tornozelos. Mediu outros quinhentos metros e fez-me atravessar a água: ela chegava-me aos joelhos. Mediu mais quinhentos metros e me fez atravessar a água: ela chegava-me à cintura. Mediu mais quinhentos metros, e era um rio que eu não podia atravessar. Porque as águas haviam crescido tanto, que se tornaram um rio impossível de atravessar, a não ser a nado. Ele me disse: "viste, filho do homem?"

Depois fez-me caminhar de volta pela margem do rio. Voltando, eu vi junto à margem muitas árvores, de um e de outro lado do rio. Então ele me disse: "Estas águas correm para a região oriental, descem para o vale do Jordão, desembocam nas águas salgadas do mar, e elas se tornarão saudáveis. Onde o rio chegar, todos os animais que ali se movem poderão viver. Haverá peixes em quantidade, pois ali desembocam as águas que trazem saúde; e haverá vida onde chegar o rio. Nas margens junto ao rio, de ambos os lados, crescerá toda espécie de árvores frutíferas; suas folhas não murcharão e seus frutos jamais se acabarão: cada mês darão novos frutos, pois as águas que banham as árvores saem do santuário. Seus frutos servirão de alimento e suas folhas serão remédio". Palavra do Senhor!

Comentando a I Leitura

Vi sair água do lado direito do templo

O futuro radioso que espera o povo eleito tem sua raiz na renovação espiritual, em sua santidade, da qual o templo (e o culto) será a fonte inexaurível: a água que corre do lado direito do templo torna-se um rio. Na mente de Ezequiel esta imagem se cobre de várias realidades. É uma recordação: o paraíso terrestre de Gn 2; é uma realidade geográfica: o curso do Cedron e as várias fontes que trarão maior fertilidade a toda a região; é um projeto real: o de Ezequias com instalações hidráulicas, semelhantes às obras de irrigação de Babilônia; é utopia: o sonho nunca se realizará na realidade geográfica. Mas a visão é sobretudo simbólica: uma prosperidade de ordem espiritual dada à terra por favor de Javé a seu povo. Essa graça será dada na pessoa de Cristo, encarnado para nossa salvação: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba; rios de água viva jorrarão do seio daquele que crê em mim" (Jo 7,37-38). A Eucaristia é a fonte que assegura à Igreja a exuberância de vida. Não foi sem motivo que o Vaticano II colocou na base da renovação da Igreja a renovação da liturgia, que tem na Eucaristia sua fonte. [MISSAL COTIDIANO. ©Paulus, 1997]


Salmo: 45 (46), 2-3.5-6.8-9 (R/.8)

Conosco está o Senhor do universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó.

O Senhor para nós é refúgio e vigor, sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia; assim não tememos, se a terra estremece, se os montes desabam, caindo nos mares.

Os braços de um rio vêm trazer alegria à cidade de Deus, à morada do altíssimo. Quem a pode abalar? Deus está no seu meio! Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la.

Conosco está o Senhor do universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó! vinde ver, contemplai os prodígios de Deus e a obra estupenda que fez no universo.


Evangelho: João (Jo 5, 1-16)

Cura o enfermo da piscina

Houve uma festa dos judeus, e Jesus foi a Jerusalém. Existe em Jerusalém, perto da porta das ovelhas, uma piscina com cinco pórticos, chamada Betesda em hebraico. Muitos doentes ficavam ali deitados: cegos, coxos e paralíticos. De fato, um anjo descia, de vez em quando, e movimentava a água da piscina, e o primeiro doente que aí entrasse, depois do borbulhar da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse.

Aí se encontrava um homem, que estava doente havia trinta e oito anos. Jesus viu o homem deitado e sabendo que estava doente há tanto tempo, disse-lhe: "Queres ficar curado?" O doente respondeu: "Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente". Jesus disse: "Levanta-te, pega na tua cama e anda". No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou na sua cama e começou a andar.

Ora, esse dia era um sábado. 10Por isso, os judeus disseram ao homem que tinha sido curado: "É sábado! Não te é permitido carregar tua cama". Ele respondeu-lhes: "Aquele que me curou disse: 'Pega tua cama e anda"'. Então lhe perguntaram: "Quem é que te disse: 'Pega tua cama e anda?"' O homem que tinha sido curado não sabia quem fora, pois Jesus se tinha afastado da multidão que se encontrava naquele lugar.

Mais tarde, Jesus encontrou o homem no templo e lhe disse: "Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior. Então o homem saiu e contou aos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. Por isso, os judeus começaram a perseguir Jesus, porque fazia tais coisas em dia de sábado.” Palavra da Salvação!

[Leituras paralelas: Mt 9,1-8; Mc 2,1-12; Lc 5, 17-26)]

Comentário do Evangelho

Vida e morte

O episódio evangélico está perpassado pelo tema da vida e da morte. Aí se fala de doenças e de doentes: uma multidão de enfermos está postada na piscina de Betesda nutrindo no coração a esperança de recobrar a vida. Há entre eles uma verdadeira porfia nesta corrida pela vida, pois quem tocasse primeiro na água borbulhante, seria agraciado com a cura.

Neste contexto, Jesus é presença de vida que passa quase despercebida. Ele transita no meio da multidão abatida pela doença e pela morte. Seu poder vivificador será usado com comedimento e discrição. A vida jorrará não da água da piscina, e sim da força de sua palavra eficaz. Sua pessoa será a fonte da vida.

O pobre paralítico, impossibilitado de mover-se depressa, foi quem experimentou a ação vivificante desta nova fonte, Jesus. E recobrou, para além da vida física, sua vida social e religiosa. Superada a marginalização em que se encontrava, abriu-se para ele uma nova perspectiva de vida.

Entretanto, este cenário de vida foi transtornado pela perspectiva de morte que despontou no horizonte de Jesus. Os judeus decidiram matar quem dera a vida, eliminando-a no seu nascedouro. Quem dera a vida corria o risco de ser morto, pelo fato mesmo de ter-se posto a serviço da vida. [O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA, Jaldemir Vitório, ©Paulinas]