São Vicente Ferrer
Quinta-feira, 05 de abril de 2012
Nascido na Espanha em 1350, viveu em tempos difíceis pois, por influência política, havia um cisma na Igreja do Ocidente: por Cardeais foi declarada inválida a eleição de Urbano VI como Papa, e foi escolhido Roberto de Genebra que tomou o nome de Clemente VII. As coroas ibéricas procuraram manter-se neutras entre os dois Papas, mas o de Avinhão esforçou-se por conquistar a obediência delas e mandou como seu legado o Cardeal Pedro de Luna. Este procurou o apoio de Vicente, que lho deu em boa fé e escreveu um tratado sobre o cisma.
São Vicente acompanhou o mesmo legado nalgumas viagens por esses reinos, regressando depois ao ensino e à pregação em Valência. Pouco depois, volta Pedro de Luna a Avinhão e sucede a Clemente VII como Papa, tomando o nome de Bento XIII. E é reclamada a presença de Vicente em Avinhão, onde passa uns anos.
São Vicente Ferrer foi um santo religioso dominicano, grande pregador e fiel ao carisma. Ele pregava sobre a segunda vinda de Jesus, o Juízo Final, mas de uma maneira que provocava uma conversão nas pessoas. Sua pregação, Deus a confirmava com sinais, milagres e conversões.
Um homem de penitência, da verdade, da esperança, que semeava a unidade e essa expectativa do Senhor que voltará.
Vicente pôde contribuir para a eleição do Papa e pôde deixar bem claro, pela sua vida, que a Palavra de Deus precisa ser anunciada com o espírito e com uma vida a serviço da verdade e da Igreja.
São Vicente Ferrer, rogai por nós!
Leituras
Primeira Leitura (Êxodo 12,1-8.11-14)
Leitura do livro do Êxodo.
12 1 O Senhor disse a Moisés e a Aarão:
2 "Este mês será para vós o princípio dos meses: tê-lo-eis como o primeiro mês do ano.
3 Dizei a toda a assembléia de Israel: no décimo dia deste mês cada um de vós tome um cordeiro por família, um cordeiro por casa.
4 Se a família for pequena demais para um cordeiro, então o tomará em comum com seu vizinho mais próximo, segundo o número das pessoas, calculando-se o que cada um pode comer.
5 O animal será sem defeito, macho, de um ano; podereis tomar tanto um cordeiro como um cabrito.
6 E o guardareis até o décimo quarto dia deste mês; então toda a assembléia de Israel o imolará no crepúsculo.
7 Tomarão do seu sangue e pô-lo-ão sobre as duas ombreiras e sobre a verga da porta das casas em que o comerem.
8 Naquela noite comerão a carne assada no fogo com pães sem fermento e ervas amargas.
11 Eis a maneira como o comereis: tereis cingidos os vossos rins, vossas sandálias nos pés e vosso cajado na mão. Comê-lo-eis apressadamente: é a Páscoa do Senhor.
12 "Naquela noite, passarei através do Egito, e ferirei os primogênitos no Egito, tanto os dos homens como os dos animais, e exercerei minha justiça contra todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor.
13 O sangue sobre as casas em que habitais vos servirá de sinal (de proteção): vendo o sangue, passarei adiante, e não sereis atingidos pelo flagelo destruidor, quando eu ferir o Egito.
14 Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor: fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua".
Salmo 115/116B
O cálice por nós abençoado
é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.
Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor.
É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos.
Eis que sou o vosso servo, ó Senhor,
mas me quebrastes os grilhões da escravidão!
Por isso oferto um sacrifício de louvor,
invocando o nome santo do Senhor.
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido.
Evangelho(João 13,1-15)
13 1 Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou.
2 Durante a ceia, - quando o demônio já tinha lançado no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de traí-lo -,
3 sabendo Jesus que o Pai tudo lhe dera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus voltava,
4 levantou-se da mesa, depôs as suas vestes e, pegando duma toalha, cingiu-se com ela.
5 Em seguida, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido.
6 Chegou a Simão Pedro. Mas Pedro lhe disse: "Senhor, queres lavar-me os pés!"
7 Respondeu-lhe Jesus: "O que faço não compreendes agora, mas compreendê-lo-ás em breve".
8 Disse-lhe Pedro: "Jamais me lavarás os pés!" Respondeu-lhe Jesus: "Se eu não tos lavar, não terás parte comigo".
9 Exclamou então Simão Pedro: "Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça".
10 Disse-lhe Jesus: "Aquele que tomou banho não tem necessidade de lavar-se; está inteiramente puro. Ora, vós estais puros, mas nem todos!"
11 Pois sabia quem o havia de trair; por isso, disse: "Nem todos estais puros".
12 Depois de lhes lavar os pés e tomar as suas vestes, sentou-se novamente à mesa e perguntou-lhes: "Sabeis o que vos fiz?
13 Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.
14 Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros.
15 Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O perigo da leitura fundamentalista..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Podemos dizer que os Judeus eram fundamentalistas em extremo e entendiam a escritura antiga ao Pé da Letra. Desta visão distorcida e equivocada dos Profetas e da Torá, é que vem o confronto com Jesus, que jamais contradisse uma só letra da escritura antiga, mas fazia dela uma releitura aplicando á sua vida, tornando-se ele próprio a Palavra Viva e a revelação mais clara da vontade de Deus, o mesmo Deus Javé ou o Deus da Aliança, Pai de Jesus Cristo.
Jesus interpretava a Lei e os Profetas mostrando em seu conteúdo o Deus que se revela e que busca o homem para salvá-lo e resgatá-lo em definitivo das Forças do Mal. Interpretar significa exatamente aplicar a Palavra de Deus escrita na Bíblia, nos dias de hoje, na minha vida e na vida da comunidade, se não houver essa interpretação, corre-se o risco de ser fundamentalista e isso acontece quando não se faz a hermenêutica.
Jesus mostra com palavras e obras á sua relação direta com o Pai, que é o Deus da Aliança, o Deus de Moisés, o Deus de Abrão, Isaac e Jacó. Os Judeus julgam serem exímios conhecedores de Deus, apenas pelas escrituras, são eles os interpretadores oficiais e não admitem que nenhum outro o faça, muito menos Jesus, um simples Galileu. O que na verdade eles conhecem de Deus é o que dele escreveram os profetas e se falaram dos Patriarcas, conheciam na teoria, mas Jesus, o Filho Vivo de Deus está ali diante deles, mais do que conhecer a Deus, Ele provém de Deus, Ele é o Deus vivo...
Jesus nunca se preocupou em fazer sinais prodigiosos para superar os profetas ou os Patriarcas, pois estes apenas prepararam o caminho para aquele que haveria de vir, preliminarmente Deus se manifestou nesses Santos Homens, mas jamais com a perfeição com que se manifestou em Jesus Cristo, seu Filho. Todos os que o precederam anunciaram a Salvação e a libertação, Jesus é a Salvação e a Libertação, ele não mostra o caminho, mas ele é o caminho, ele não mostra a Verdade, ele é a Verdade, ele não mostra a Vida, ele é a Vida!
Jesus é a Escritura Viva de Deus, é o Verbo Encarnado, mas os Judeus fundamentalistas só o vêem como um intermediário, na linha dos Patriarcas e dos Profetas de Israel, valorizam a "casca" e menosprezam o fruto doce que está dentro dela, enfiam as mãos pelos pés e confundem o meio com o fim... Confusão típica de quem é fundamentalista e não consegue sentir em sua vida os efeitos maravilhosos da Graça operante e santificante que Jesus oferece mediante a Fé...
2. Serviço que liberta, gera e faz florescer a vida.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
No evangelho de João, Jesus come a sua ceia com os discípulos um dia antes da Páscoa dos judeus. A ceia é um momento de alegria e Jesus procura animar os discípulos, diante do pressentimento da repressão que se aproxima. Cinco dias antes desta ceia, em uma outra, em Betânia, Maria, amorosamente, ungiu com perfume os pés de Jesus. Agora é Jesus que lava os pés dos discípulos. A vida e o ministério de Jesus resumem-se no ato de servir. É o serviço que liberta, gera e faz florescer a vida.
Jesus se reconhece como Senhor e Mestre para ensinar os discípulos o caminho do desapego, da simplicidade e do serviço à comunidade. É este o caminho que leva à glória do Pai.
3. A SANTA CEIA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Jesus celebra sua ceia um dia antes da Páscoa dos judeus. A ceia é um momento de alegria, partilha e comunhão, como fora as bodas de Caná, no início de seu ministério. "Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fi m", agora ceando com eles. Saindo de Deus e voltando para Deus, Jesus cumpre a sua missão de a todos acolher na vida eterna divina. Cinco dias antes, em outra ceia, Maria ungiu com perfume os pés de Jesus. Agora é Jesus quem lava os pés dos discípulos. A partilha do pão e o serviço são a humilde expressão do amor. É o amor que liberta, gera e faz florescer a vida.