São Vital

Quarta-feira, 11 de janeiro de 2012


Viveu entre o século VI e VII, foi monge, ermitão na região de Gaza, na Palestina. São Vital vivia o refúgio em Cristo Jesus, na oração e na penitência. Quanto mais alguém se refugia em Deus, sendo monge ou não, vai criando um coração cada vez mais dilatado pelo amor do Senhor. Por isso, vai se tornando pessoa de compaixão, que não julga, não condena; mas vai ao encontro do outro para ser sinal de Deus.

São Vital, movido de pelo Espírito [Santo], saiu da Palestina e foi para o Egito, instalando-se em Alexandria. A sociedade daquele tempo sofria com a prostituição, mas São Vital não as julgou, não as condenou nem foi buscar a santidade, pois quem, de fato, busca a santidade, busca assemelhar-se àquele. Falando para as autoridades religiosas do seu tempo, ele disse: “Os publicanos e as meretrizes os precedem”. Jesus falou isso (Mateus, 21) e os santos buscaram ser reflexo dessa misericórdia. Denuncie o pecado, mas, sobretudo, anuncie o amor que redime, que salva.

O santo buscava, num período do seu dia, arrecadar fundos e, depois, à noite, ia ao encontro das prostitutas e oferecia o dobro [em dinheiro] apenas pela atenção delas. Ele anunciava Jesus Cristo como em Lucas 15, quando o apóstolo ele demonstra um coração de Deus, como do pastor que é capaz de deixar 99 ovelhas para ir ao encontro daquela que se desgarrou.

São Vital, testemunho da misericórdia que nos converte, converteu muitas mulheres, ao ponto delas o ajudarem. Algumas senhoras “piedosas” foram se queixar desse apostolado com o bispo e São Vital foi preso. No entanto, as mulheres que iam se convertendo foram até a autoridade eclesiástica.

Os fatos foram apurados e viu-se que era uma injustiça contra o santo. Injustiça maior aconteceu quando, já solto, continuou a evangelizar com este método ousado, mas um homem que comercializava as mulheres, o apunhalou pelas costas. São Vital teve forças ainda de deixar, por escrito, esta verdade que é atual para todos nós. Ao povo de Alexandria e dos demais lugares, ele dizia: “Convertei-vos, não deixais a conversão para amanhã”. Por isso, São Vital chamava à atenção para a conversão e, ao mesmo tempo, para o dia do juízo.

São Vital, rogai por nós!


Leituras

Primeira Leitura (1 Samuel 3,1-10.19-20)
Leitura do primeiro livro de Samuel.

3 1 O jovem Samuel servia ao Senhor sob os olhos de Heli. a palavra do Senhor era rara naqueles dias, e as visões não eram freqüentes.

2 Ora, aconteceu certo dia que Heli estava deitado (seus olhos tinham-se enfraquecido, e ele mal podia ver),
3 e a lâmpada de Deus ainda não se apagara. Samuel repousava no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus.

4 O Senhor chamou Samuel, o qual respondeu: "Eis-me aqui".

5 Samuel correu para junto de Heli e disse: "Eis-me aqui: chamaste-me". "Não te chamei, meu filho, torna a deitar-te". Ele foi e deitou-se.

6 O Senhor chamou de novo Samuel. Este levantou-se e veio dizer a Heli: "Eis-me aqui, tu me chamaste". "Eu não te chamei, meu filho, torna a deitar-te".

7 Samuel ainda não conhecia o Senhor; a palavra do Senhor não lhe tinha sido ainda manifestada.

8 Pela terceira vez o Senhor chamou Samuel, que se levantou e foi ter com Heli: "Eis-me aqui, tu me chamaste". Compreendeu então Heli que era o Senhor quem chamava o menino.

9 "Vai e torna a deitar-te", disse-lhe ele, "e se ouvires que te chamam de novo, responde: 'Falai, Senhor; vosso servo escuta!'" Voltou Samuel e deitou-se.

10 Veio o Senhor pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: "Samuel! Samuel!" "Falai", respondeu o menino; "vosso servo escuta!" 19 Samuel crescia, e o Senhor estava com ele. Ele não negligenciava nenhuma de suas palavras.

20 Todo o Israel, desde Dã até Bersabéia, reconheceu que Samuel era um profeta do Senhor.


Salmo 39/40

Eis que venho fazer, com prazer,
a vossa vontade, Senhor!

Esperando, esperei no Senhor,
e, inclinando-se, ouviu meu clamor.
É feliz que a Deus se confia;
quem não segue os que adoram os ídolos
e se perdem por falsos caminhos.

Sacrifício e oblação não quisestes,
mas abristes, Senhor, meus ouvidos;
não pedistes ofertas nem vítimas,
holocaustos por nossos pecados.
E então eu vos disse: "Eis que venho!"

Sobre mim está escrito no livro:
"Com prazer faço a vossa vontade,
guardo em meu coração vossa lei!"
Boas-novas de vossa justiça
anunciei numa grande assembléia;
vós sabeis: não fechei os meus lábios!


Evangelho (Marcos 1,29-39)

1 29 Assim que saíram da sinagoga, Jesus, com Tiago e João, dirigiu-se à casa de Simão e André.

30 A sogra de Simão estava de cama, com febre; e sem tardar, falaram-lhe a respeito dela.

31 Aproximando-se ele, tomou-a pela mão e levantou-a; imediatamente a febre a deixou e ela pôs-se a servi-los.

32 À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram-lhe todos os enfermos e possessos do demônio. 33 Toda a cidade estava reunida diante da porta.

34 Ele curou muitos que estavam oprimidos de diversas doenças, e expulsou muitos demônios. Não lhes permitia falar, porque o conheciam.

35 De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração.

36 Simão e os seus companheiros saíram a procurá-lo.

37 Encontraram-no e disseram-lhe: "Todos te procuram."

38 E ele respondeu-lhes: "Vamos às aldeias vizinhas, para que eu pregue também lá, pois, para isso é que vim."

39 Ele retirou-se dali, pregando em todas as sinagogas e por toda a Galiléia, e expulsando os demônios.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "Vinde a mim...”

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Jesus tinha uma agenda bem "cheia", mas nela sempre havia um bom tempo para duas coisas muito importantes: o atendimento as pessoas enfermas, tristes, oprimidas, possessas do demônio, e também para entregar-se a oração, porque na oração que escuta, o Pai vai confirmando-o em sua missão libertadora.

Na agenda não faltava a participação na celebração, junto com seus discípulos (eles tinham acabado de sair da sinagoga) e ainda a visita a casa dos amigos onde tinha uma grande sensibilidade com alguém que estava enfermo, como é o caso da sogra de Pedro. Claro que há nessa cura um toque a mais da sua graça santificante, pois ao tomá-la pela mão e a pondo de pé, imediatamente a febre a deixou e ela começou a servi-los. Quem é tocado pela graça tem essa primeira reação: se dispõe a servir a comunidade...

As demais curas devem sempre ser compreendidas em seu verdadeiro significado, elas querem nos apresentar um Jesus com poderes divinos, que usa esse poder para libertar, desalinhar e curar todos os que ainda jazem no pecado. Esses sinais confirmam a autenticidade do seu messianismo, mas não são importantes em si mesmo.

Por isso mesmo que seus discípulos, não tendo compreendido a profundidade dessas curas, vão á sua procura com outra intenção, a de fazê-lo ver como estava conhecido e já era famoso, pois as multidões o seguiam e se admiravam dos prodígios que realizava. Estava mais que na hora de "jogar a âncora" e estacionar o barco para uma pescaria abundante...

Entretanto Jesus foge desse popularismo, não foi para isso que veio, para armar uma tenda dos milagres, deixando que as pessoas necessitadas viessem até ele, mas sim para anunciar e pregar em todas as aldeias vizinhas. Nós também não viemos para fazer sucesso com nosso carisma nas nossas comunidades, mas sim para evangelizar a todas as pessoas de todos os lugares, a Igreja não pode ser um posto de atendimento esperando que os "clientes" venham até ela, antes, deve sair de si mesma e ir ao encontro dos que precisam descobrir o sentido da vida.

Afinal, Jesus Cristo não autorizou ninguém a mudar o ramo de atividade por ele estabelecido desde o início "Ide e Evangelizai..." Ele continua hoje a não querer ser Rei e nem o Maior de todos os milagreiros da humanidade. Os que descaracterizarem a Igreja, omitindo-se da sua missão primária, terão um dia que prestar contas Aquele que a instituiu...

2. A sinagoga

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Marcos articula a narrativa da expulsão do espírito impuro na "sinagoga" com a narrativa da cura da sogra de Simão (Pedro) na "casa". Esta é a dinâmica da primeira parte do seu Evangelho: Jesus revela que o encontro com Deus se dá não no espaço da sinagoga, mas, sim, no espaço da casa. Este é o sentido da expulsão do espírito impuro e da cura. A sinagoga é o lugar do homem de espírito impuro e de onde Jesus se afasta.

A casa, onde se dá a cura da febre da sogra de Simão, é o lugar a ser resgatado para o serviço e para o encontro da comunidade. E é à porta da casa, e não na sinagoga, que se junta "a cidade inteira".

Com Jesus passa-se de uma religião cultual para uma fé de comunhão e serviço à vida.

3. E PÔS-SE A SERVI-LOS

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O gesto da sogra de Pedro, após ter sido curada, chama a atenção para um aspecto, às vezes negligenciado por quem foi objeto da misericórdia de Jesus. Como retribuir o benefício recebido, de forma a manifestar gratidão? Colocando-se a serviço do próximo. Não existe maneira melhor de mostrar-se grato ao Senhor.

Seria pura ingratidão se alguém, que foi libertado ou curado de algum mal, levasse uma vida egoísta, pensando só em si mesmo. Os gestos de Jesus traziam a marca do amor, de alguém que estava voltado para as necessidades e carências do próximo. Por isso, estava sempre pronto a servir quem quer que fosse. As multidões procuravam-no, trazendo seus doentes e gente possuída pelo demônio. A ninguém ele despedia, sem antes libertá-los de seus males.

Esta disposição de Jesus é uma lição de vida. A sogra de Pedro parece tê-la aprendido. Assim que se viu livre da febre, a qual poderia vir a ser fatal, pôs-se a servir Jesus e os discípulos que o acompanhavam. Servi-los, significou vir ao encontro de suas necessidades de missionários, cansados por causa das suas peregrinações por cidades e aldeias. Significou matar-lhes a fome, providenciar-lhes repouso, fazê-los recuperar as forças para continuar a missão. Esta foi a maneira concreta que ela encontrou para retribuir a graça recebida.