Sete santos fundadores da Ordem dos Servitas

Sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012


Interessante percebermos o contexto do surgimento desta ordem. No século XII e XIII, predominava uma burguesia anticristã na vivência, porque dizer que é cristão, que é católico, não é difícil, mas vivenciar e testemunhar o amor a Cristo, à Igreja e aos pobres, só com muito esforço e muita graça do Senhor.

Providencialmente, Deus, em sua misericórdia, foi suscitando vários santos como verdadeiros caminhos da fé e da felicidade, como os sete santos de hoje que fundaram a Ordem dos Servos de Maria. Eles pertenciam ao grupo de burgueses, até que foram se aproximando de um grupo de oração que se reunia com uma imagem de Nossa Senhora e ali oravam. Aqueles jovens foram se aproximando e a graça de Deus foi conquistando o coração deles.

Foram sete a dar um passo de radicalidade. Abandonaram o luxo, os cavalos, as festas, e foram viver uma vida monástica como sinal de santidade naquela sociedade em decadência. Com exceção de Alessio, que ficou como irmão religioso, os demais tornaram-se sacerdotes. Mas todos eles, como um só sinal de que ser servo de Cristo e da Virgem Maria, é preciso ter muito amor.

Oração, penitência e renúncia são percebidos na vida dos santos. Essas coisas são comuns, porque brotam da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e estão presentes no Evangelho que a Igreja de Cristo prega.

Sete santos fundadores da Ordem dos Servitas, rogai por nós !


Leituras

Primeira Leitura (Tiago 2,14-24.26)
Leitura da Carta de São Tiago.

2 14 De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo?

15 Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano,
16 e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará?

17 Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma.

18 Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.

19 Crês que há um só Deus. Fazes bem. Também os demônios crêem e tremem.

20 Queres ver, ó homem vão, como a fé sem obras é estéril?

21 Abraão, nosso pai, não foi justificado pelas obras, oferecendo o seu filho Isaac sobre o altar?

22 Vês como a fé cooperava com as suas obras e era completada por elas.

23 Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Abraão creu em Deus e isto lhe foi tido em conta de justiça, e foi chamado amigo de Deus.

24 Vedes como o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé?

26 Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta.

Salmo 111/112

Feliz é todo aquele
Que ama com carinho a lei do Senhor Deus!

Feliz o homem que respeita o Senhor
e que ama com carinho a sua lei!
Sua descendência será forte sobre a terra,
abençoada a geração dos homens retos!

Haverá glória e riqueza em sua casa,
e permanece para sempre o bem que fez.
Ele é correto, generoso e compassivo,
como luz brilha nas trevas para os justos.

Feliz o homem caridoso e prestativo,
que resolve seus negócios com justiça.
Porque jamais vacilará o homem reto,
sua lembrança permanece eternamente!


Evangelho (Marcos 8,34-9,1)

!

Naquele tempo, 8 34 Jesus, convocando a multidão juntamente com os seus discípulos, disse-lhes: "Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.

35 Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á.

36 Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida?

37 Ou que dará o homem em troca da sua vida?

38 Porque, se nesta geração adúltera e pecadora alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os seus santos anjos".

9 1 E dizia-lhes: "Em verdade vos digo: dos que aqui se acham, alguns há que não experimentarão a morte, enquanto não virem chegar o Reino de Deus com poder".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "Aula de Reforço"

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Atenção leitores! Temos feito referência à reflexão anterior porque na verdade elas estão muito ligadas e formam uma seqüência de ensinamentos. Por isso a denominação da reflexão de hoje é exatamente "Aula de Reforço".

Como o melhor de todos os Mestres, Jesus percebeu que seus alunos não tinham entendido direito a lição e com toda paciência e sabedoria se dispõe a dar uma aula de reforço lembrando as características principais do Discipulado, afinal, era isso que eles estavam aprendendo a ser: Discípulos de Jesus, onde a única diferença é que nunca teremos uma diplomação, pois nossas comunidades são na verdade Escolas Permanentes do Discipulado.

Mas Jesus não quis dar essa aula de reforço entre quatro paredes, mas optou por fazer um laboratório e saiu a campo convocando a multidão e ali começou a ensinar aquilo que já havia ensinado desde o início "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me".

O discipulado é antes de tudo uma proposta de vida "Se alguém quer...", Jesus não disse que as pessoas eram obrigadas a segui-lo, mas apenas faz um convite e propõe um desafio.

Trata-se de um desafio porque, como já vimos, o discípulo pensa as coisas de Deus e não do mundo, que nos ensina a sermos egoístas e egocentristas, confrontando radicalmente com a questão de renunciar-se a si mesmo.

Trata-se de um desafio porque na pós-modernidade somos motivados a desfrutar de todos os prazeres que a vida pode nos oferecer, enquanto que ao assumir o discipulado vamos encontrar a cruz, que não pode ser rejeitada. Hoje em dia podemos dizer que há muitos cristãos seguindo a Jesus, mas sem a cruz, claro que alguém inventou um Jesus sem cruz, e a multidão de iludidos e iludidas o seguem, sem se dar conta de que não chegará a lugar nenhum.

E para que os seus alunos não desanimem de vez, Jesus informa que eles irão conseguir aprovação no final do curso de discipulado "Dos que aqui se acham, alguns há que não experimentarão a morte, enquanto não virem chegar o Reino de Deus com poder"

O discipulado quando autêntico nos faz sentir a presença do Reino de Deus em nossa vida, não como um sonho bonito que vai acabar quando acordarmos, mas como algo forte, definitivo e perene, que supera assim todo e qualquer poder humano.

2. Ser para o outro é viver o amor

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Os discípulos de Jesus inclinavam-se a vê-lo como o messias nacionalista, poderoso e restaurador de Israel. Esta era a visão "desta geração adúltera e pecadora". Em oposição a ela, Jesus apresenta sua missão, a ser seguida pelos discípulos, como serviço (perder a vida) e não como poder (salvar a vida).

Achar sua vida, segundo os critérios da sociedade subjugada à ideologia do poder, é inserir-se no sistema, adquirir status, riqueza e prestígio, ganhar o mundo. Perder sua vida é ser para o outro, não de uma maneira de convívio entre privilegiados, mas principalmente estar a serviço aos mais necessitados e excluídos. O ser para o outro é viver o amor, é encontrar sua vida inserida na eternidade, participando da vida divina.

Não se envergonhar de ser seguidor de Jesus é romper com os valores da sociedade de consumo e de privilégios, e, solidários com aqueles que têm a vida ameaçada, vencer a morte.

3. CRUZ E SEGUIMENTO

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O pré-requisito para o seguimento de Jesus consiste na disposição a renunciar-se a si mesmo e aos projetos pessoais, e assumir a cruz decorrente desta opção. A cruz desponta na vida do discípulo desde o momento em que opta pelo Reino. Ela não é um fato isolado em sua experiência de seguidor, nem se situa apenas no fim da caminhada. Pelo contrário, acompanha-o ao longo de todo o percurso de fidelidade ao compromisso assumido.

A ordem - "Tome sua cruz" - alude à morte de Jesus. Esta experiência só tem explicação a partir de sua fidelidade radical ao Pai. Porque não aceitou desviar-se do caminho traçado por ele, Jesus foi punido por seus inimigos com a morte de cruz. Desta forma, tentaram caracterizá-lo como amaldiçoado por Deus e malfeitor.

Ao tomar sua cruz, o discípulo aceita, como Jesus, pautar sua vida pela absoluta fidelidade ao Pai e a seu Reino, embora devendo pagar um alto preço. Se o discípulo imagina poder ser fiel, sem atrair as iras do anti-Reino, está enganado.

Por isso, ao propor o seguimento, logo Jesus adverte o discípulo, que deverá passar pela experiência de cruz. Se não está disposto a submeter-se a esta exigência, é melhor recusar o convite. Num momento de dificuldade, é possível que venha a se envergonhar de Jesus. Mas este também envergonhar-se-á dos que assim agem, quando vier na glória do Pai. Portanto, quem estiver disposto a seguir o Mestre, deverá também estar disposto a aceitar a cruz.