Santo Alberto
Domingo, 08 de abril de 2012
Nasceu na Itália no ano de 1150. Foi dizendo 'sim' a vontade do Senhor. Tornou-se religioso na Ordem Agostiniana, depois padre e superior de uma Comunidade. De 'sim' em 'sim' foi caminhando na vontade do Senhor, que o queria servindo a Igreja de Cristo e ao povo de Deus no Episcopado. Foi enviado como missionário para a Terra Santa, em Jerusalém.
Homem de oração, de vida sacramental, mariano. Apaixonado por Deus, por sua Igreja, pela verdade e pelo mistério pascal.
Entre os cristãos e não-cristãos haviam aqueles que o perseguia, até que no dia da Exaltação da Santa Cruz, ele estava com todo o Clero, e foi apunhalado por um fanático anti-cristão.
Morreu perdoando e unindo o seu sangue ao Sangue de Cristo.
Santo Alberto, rogai por nós!
Hoje
Domingo de Páscoa - Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo
Leituras
Primeira Leitura (Atos 10,34.37-43)
Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos
10 34 Então Pedro tomou a palavra e disse: "Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, 37 Vós sabeis como tudo isso aconteceu na Judéia, depois de ter começado na Galiléia, após o batismo que João pregou. 38 Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele. 39 E nós somos testemunhas de tudo o que fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, suspendendo-o num madeiro. 40 Mas Deus o ressuscitou ao terceiro dia e permitiu que aparecesse, 41 não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia predestinado, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou. 42 Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que é ele quem foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. 43 Dele todos os profetas dão testemunho, anunciando que todos os que nele crêem recebem o perdão dos pecados por meio de seu nome".
Salmo 117/118
Este é o dia que o Senhor fez para nós:
alegremo-nos e nele exultemos!
Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!
"Eterna é a sua misericórdia!"
A casa de Israel agora o diga:
"Eterna é a sua misericórdia!"
A mão direita do Senhor fez maravilhas,
a mão direita do Senhor me levantou.
Não morrerei, mas, ao contrário, viverei
para cantar as grandes obras do Senhor!
A pedra que os pedreiros rejeitaram
tornou-se agora a pedra angular.
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
que maravilhas ele fez a nossos olhos!
Evangelho (João 20,1-9)
20 1 No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. 2 Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: "Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!" 3 Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. 4 Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. 5 Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou. 6 Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. 7 Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. 8 Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. 9 Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "ACOLHAMOS NOSSO REI!"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
Lembro-me quando Pedro Augusto Rangel elegeu-se primeiro prefeito da minha cidade de Votorantim recém emancipada, e o povo se aglomerava no jardim "Bolacha", onde ele passou com um grupo numeroso, a gente ficava na calçada em meio a multidão e acenávamos com a mão, enquanto que ele nos retribuía com acenos e sorrisos. Eu me senti orgulhoso por estar lá, apesar de ser um menino, pois o fato do prefeito ter retribuído o aceno, dava-me a nítida impressão de que ele olhava para mim. Essa troca de olhares, sorrisos, acenos, tudo é um sinal exterior daquilo que interiormente estamos sentindo. Eu na verdade não sentia nada, mas percebi que meu pai estava emocionado e dizia todo radiante “Esse é dos nossos, é do povão”.
O povo simples, postado á beira do caminho que levava a Jerusalém, se identificavam com Jesus de Nazaré, havia em todos aqueles corações, marcados pela esperança, um sentimento de alegria, porque o esperado reino messiânico estava chegando naquele homem: Jesus de Nazaré, montado em um jumentinho, para por um fim no reino da pomposidade. O mesmo sentimento presente no coração do povo estava também no coração do Messias, porém, a salvação e libertação que ele trazia era em seu sentido mais amplo.
A procissão do Domingo de Ramos exterioriza esse acolhimento, essa aceitação de Jesus, no coração e na vida de quem crê, mas precisamos tomar muito cuidado, para que o nosso canto de Hosana, não fique no oba-oba do entusiasmo momentâneo, pois proclamá-lo nosso Rei e Senhor, significa um rompimento com qualquer mentalidade ou cultura da modernidade, é a experiência profunda da conversão sincera, é a prática de uma espiritualidade que ultrapassa a religiosidade ou o simples devocional, e que nos coloca na linha do discipulado.
A ruptura se faz necessária justamente porque as vozes contrárias ao Reino, dos Poderes do mundo, tentarão sempre abafar ou distorcer a palavra de Deus. Por isso, o servo sofredor, apresentado por Isaias na primeira leitura, é alguém “duro na queda”, inflexível, convicto da missão, e que nunca se deixa “engambelar”, porque tem a língua sempre afiada, não para cortar a vida do próximo, mas para proclamar as Verdades de Deus, reconfortando os tristes e abatidos, despertando esperança no coração de todos os que o ouvem. Ainda é esse mesmo Deus que lhe abre ou ouvidos para que escute como discípulo.
Escutar como discípulo requer a disposição interior em doar-se totalmente por esta causa, por isso este Servo sofredor, que a igreja aplicou a Jesus, coloca toda sua confiança no Deus que vem ao seu auxílio, e que jamais o irá desapontar. Há ainda nessa liturgia, uma atitude que não deve faltar na vida de quem se dispõe a acolher Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador, é o esvaziamento, em grego “kênose”, que encontramos na segunda leitura dessa liturgia, quem quiser encher-se como um pavão, e alimentar a vaidade da santidade, nunca poderá ser discípulo autêntico, pois o Cristo que hoje acolhemos é o Cristo da vergonha e humilhação, é o Cristo rebaixado á condição de servo, é o Cristo que morre nu, pendurado em uma cruz, em uma morte vergonhosa e extremamente humilhante.
Acolher e ovacionar Jesus neste domingo de ramos é bastante comprometedor, por isso que a procissão expõe a fé da nossa igreja publicamente, acenar com os ramos, cantar nossos hinos de louvores e de Hosana, significa a disposição, a coragem e a fidelidade, para percorrer esse mesmo caminho, na firmeza inabalável, ainda que o mundo nos apresente tantos atalhos sedutores, onde podemos ser cristãos adocicados, ou se preferirem, cristãos de “meia tigela”, sem sofrimento e sem nenhum compromisso com o ensinamento do evangelho, como dizia um compadre na porta da igreja, em tom de brincadeira “Ser cristão é coisa muito boa, o que atrapalha é a cruz”, assim pensa a maioria dos cristãos da modernidade, e o próprio Pedro – Chefe da Igreja – também pensava, pois negou o mestre por três vezes, hoje se nega muito mais.
O evangelho da paixão nos mostra o elemento fundamental na vida do cristão: a oração, mas não aquela em que choramingamos diante de Deus, pedindo para que ele mude a nossa sorte, nos favorecendo em tudo aquilo que queremos, mas oração igual à de Cristo em sua agonia.
E finalmente, em um momento tenebroso, Lucas descreve a prisão de Jesus, como uma vitória momentânea das trevas sobre a luz. Jesus hoje continua preso, querem abafar o seu ensinamento, distorcer a essência do seu evangelho, amenizar as exigências do ser cristão, transformando-o em um cristianismo mais “light”. É bom durante a procissão de ramos, fazermos um questionamento: De que lado nós estamos? Senão, esta Semana chamada de Santa, será apenas mais uma entre muitas, cheia de piedade e devoção, e sensibilidade capaz de arrancar lágrima dos olhos, nada que uma boa dramatização teatral, também não consiga fazê-lo...
2. A nova criação
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Com grande liberdade, o evangelista João reinterpreta as tradições das comunidades que o antecederam, dando maior realce à dimensão universal da missão de Jesus, com uma abordagem diferenciada das tradições judaicas. João ousa ultrapassar as próprias fronteiras das categorias do Antigo Testamento. Daí o caráter simbólico com que ele aborda as narrativas daquelas tradições, às quais recorrem, com frequência, os evangelhos sinóticos, principalmente Mateus e Lucas.
"No primeiro dia da semana, bem de madrugada, quando ainda estava escuro" (detalhe exclusivo de João) sugere as trevas do primeiro dia da criação. Agora se trata do primeiro dia da nova criação. Ainda está escuro. Jesus, morto na cruz, foi sepultado e ainda pairam a incompreensão e perplexidade sobre os discípulos. Maria havia ungido os pés de Jesus, sete dias antes, no jantar em sua casa, em Betânia, com um gesto amoroso e acolhedor, em um ambiente de alegria. Agora vai ao túmulo, sem nada levar, para, perto do corpo de Jesus, reavivar sua memória. É um carinhoso e saudoso culto ao morto. Porém, encontra o túmulo vazio! Ela não percebe o sinal: com Jesus não se trata de prestar culto a um morto em seu túmulo. Acha que tiraram o corpo e corre a avisar Pedro e o discípulo que Jesus mais amava. Ambos correm ao túmulo e este discípulo chega primeiro. Destacando a deferência e a precedência a Pedro, o discípulo aguarda que ele entre primeiro. O discípulo que Jesus mais amava, entrando no túmulo e observando as faixas de linho e o pano enrolado em um lugar à parte, crê: Jesus está vivo! Crê porque tem, agora, a certeza da presença de Jesus que em sua vida manifestou a vida em abundância. Agora percebe que Jesus é e comunica a vida eterna.
O núcleo desta narrativa do evangelho de João é que "o discípulo que Jesus mais amava", diante do túmulo vazio de Jesus, acreditou. Para ele não são necessárias as aparições. Ele acreditou que Jesus, com o qual convivera, sempre vivera em comunhão de amor com o Pai, participando de sua vida divina e eterna. A dimensão da temporalidade cede lugar à eternidade na comunhão de amor com Deus. O discípulo crê que Jesus está vivo e presente entre eles.
É este o anúncio (kerigma) de Pedro (primeira leitura), na reunião dos apóstolos em Jerusalém ("Concílio de Jerusalém"). Ele testemunha que, em Jesus de Nazaré, temos a revelação de que Deus é Deus de todos, sem privilégios ou discriminações de pessoas ou raças. Jesus veio a todos libertar e comunicar vida plena. Por esta sua prática, os chefes religiosos do Templo, em Jerusalém, o mataram. A cruz de Jesus é uma denúncia desta prática dos poderosos. Porém, Jesus permanece vivo em comunhão com o Pai, e a esta comunhão de vida eterna todos somos convidados, no seguimento de Jesus, buscando "as coisas do alto" (segunda leitura), na prática do amor.
3. A RESSURREIÇÃO DE JESUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Nas tradições das primeiras comunidades circulavam dois tipos de textos sobre a ressurreição: uns relativos à constatação do túmulo vazio e outros relacionados às aparições do ressuscitado. Em Marcos encontramos apenas a tradição do túmulo vazio (as aparições [16,9-20] são acréscimos tardios). Os demais evangelistas combinam-se ao coletar textos extraídos das duas tradições.
No texto de hoje, do Evangelho de João, temos a narrativa do encontro do túmulo vazio. Em continuação, o Evangelho apresentará as narrativas de aparições (cf. 14 abr., 19 abr.). A tradição do túmulo vazio suscita a fé no ressuscitado sem vê-lo. Maria Madalena chega ao túmulo. Vê a pedra que o fechava removida e acha que roubaram o corpo. Ela o comunica a Pedro e ao discípulo que Jesus amava (talvez João). Este discípulo é mais ágil do que Pedro ao dirigir-se ao túmulo; porém, em consideração a ele, deixa que entre primeiro.
O pano que tinha coberto a cabeça de Jesus estava enrolado num lugar à parte. O discípulo que Jesus amava viu e creu na presença viva de Jesus. Até então não tinham compreendido que ele ressuscitaria. Contudo, os sinais do túmulo vazio são suficientes para o discípulo amado crer que Jesus continuava vivo. Em Atos, Lucas narra o anúncio de Pedro (primeira leitura): a partir do batismo de João, iniciou-se o ministério libertador de Jesus, por toda parte, até sua morte na cruz. Porém, ressuscitado, continua presente entre os discípulos. É o mesmo Jesus de Nazaré, Filho de Deus encarnado, que a todos comunicou eternidade e vida divina.
As primeiras comunidades tinham consciência de que, pelo batismo, já viviam como ressuscitadas, isto é, em união com Jesus em sua eternidade e divindade (cf. segunda leitura; tb. Rm 6,1-4). Comprometer-se, hoje, com o projeto vivificante de Jesus, na justiça, no amor, na partilha, é viver a ressurreição, em comunhão com o Deus eterno.