Quero saber por que devo confessar-me a um padre?


É importante saber que a confissão não é feita para o padre, pois acreditamos que, no sacramento da Reconciliação o sacerdote age na pessoa de Cristo. Isto significa que quando confessamos nossos pecados não os expomos a outro, senão ao próprio Cristo que, percebendo nosso arrependimento apaga todas as nossas faltas cometidas.

Outro ponto diz respeito ao emprego do verbo “dever” em sua pergunta; penso que não é o mais oportuno, visto que diz respeito a um sacramento, o qual entendemos como gratuito dom de Deus, dispensado a todos os filhos e filhas, que a ele recorrem com fé. Sugiro que ao invés do verbo dever, utilizemo-nos do verbo “precisar”. A pergunta ficaria então: “Quero saber por que preciso confessar-me...?” esta mudança ganha sentido quando vamos ao real significado da Confissão, sacramento da cura. Instituído pelo próprio Jesus, visto que, antes de voltar para o Pai instruiu os seus discípulos, dizendo “... àqueles a quem perdoardes os pecados ficarão perdoados; a quem os mantiverdes ficarão mantidos” (João 20, 22-23).

À Igreja, foi dada a missão apenas de distribuí-lo, por meio do Espírito Santo, a todos aqueles que voluntariamente assentem a graça divina, declarando-se limitados , e por isso rogam o favor de Deus.

Quando adquirimos a consciência de filhos pecadores que, em diversos momentos da vida cotidiana, se veem envoltos em uma realidade de pecado, admitimos a necessidade do perdão do Senhor para nossas vidas, a fim de restabelecer o elo que momentaneamente, fora interrompido. Quanto ao papel do padre na confissão é de fundamental importância, pois este age na pessoa de Jesus. Não é ele quem perdoa os pecados, mas é Cristo que nele nos escuta e absolve nossas faltas. Ou seja, o padre faz a mediação entre nós e Deus, nos levando novamente à comunhão, antes interrompida: a princípio com Deus, depois conosco e com os irmãos. Ainda precisamos nos lembrar que, durante a confissão do fiel em sua interação com o sacerdote, existe a possibilidade de o padre orientá-lo em situações específicas que esteja vivenciando e que sozinho não encontra saída.

A confissão, desta forma, se configura num momento privilegiado, proporcionado por Deus, na qual temos a rica oportunidade de sermos aconselhados, segundo os princípios evangélicos, afastando assim qualquer possibilidade de engano. Pessoalmente entendo que, se nos deixarmos invadir por esta certeza, teremos muito a crescer em nossa caminhada espiritual. A Igreja é uma comunidade composta por homens e mulheres, com divergências pensamentos e formas de praticar a fé. Contudo, em meio a toda esta diversidade, temos muitas coisas em comum, e uma delas é nossa realidade humana, que traz consigo o pecado.

Graças ao bom Deus, temos a alegria de por meio do mandato dado por Jesus à sua Igreja, encontrarmos de forma imediata de, quando nos mostramos verdadeiramente arrependidos, recebermos mais uma vez o perdão do Pai, que certamente não se cansa de nos amar. A nós resta-nos a atitude de fé em acolher com gratidão e responsabilidade tanto amor que Deus tem a nos dar.

Pe. Alexsandro S. Lima

Vigário na Paróquia Rainha dos Apóstolos

[email protected]