2º dia de júri de Bola deve começar com depoimento de testemunha
G1
O segundo dia de julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, deve ser retomado às 9h desta terça-feira (23). De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), devem ser ouvidos pela acusação Jaílson Alves de Oliveira, detento que denunciou ter ouvido Bola confessar a morte de Eliza Samudio; João Batista Guimarães, que acompanhou o depoimento do motorista Cleiton Gonçalves no inquérito; e Jorge Luiz Lisboa, primo de Bruno, que era menor de idade à época do crime.
Jaílson de Oliveira está na Penitenciária Professor Jason Soares Albergaria, em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Oliveira disse ao júri no dia 20 de novembro de 2012 que ouviu "várias vezes" Bola dizer que jogou "as cinzas de Eliza às águas". Ele disse ainda que, ao perguntar o que Bola faria se o corpo da vítima fosse encontrado, o réu respondeu: "Só se os peixes falarem".
As testemunhas de defesa, segundo o TJMG, são o ex-deputado estadual Durval Ângelo Andrada; Renato Patrício Teixeira e José Cleves da Silva. Depois de ouvi-las, a juíza Marixa Fabiane vai interrogar o réu. Em princípio, o julgamento tinha previsão de durar aproximadamente três dias, mas com a demora em começar os depoimentos, segundo especialistas, o júri pode se estender até o fim de semana.
A primeira pessoa a ser ouvida no plenário do júri foi a delegada Ana Maria Santos - que participou das investigações do caso. Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a policial falou como informante. Ela havia sido arrolada como testemunha de defesa e de acusação, porém, Ana Maria pediu que fosse ouvida apenas como informante e a solicitação foi deferida pela juíza, conforme o TJMG.
Primeiro dia
A juíza Marixa Fabiane Lopes encerrou a sessão desta segunda-feira (22) por volta das 22h30 no primeiro dia de julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar e ocultar o cadáver de Eliza Samudio – ex-amante do goleiro Bruno Fernandes – após o depoimento da Delegada Ana Maria Santos. A policial falou no Fórum de Contagem por cerca de seis horas como informante a pedido da defesa. Ela participou das investigações do caso na época do inquérito policial.
Ana Maria afirmou que Jorge Luiz Rosa – primo do goleiro Bruno Fernandes, e adolescente na época do crime – disse em um dos depoimentos que o executor de Eliza seria branco, "patolinha", com falhas nos dentes e responderia pelo apelido de Neném. Segundo a delegada, por medo, Jorge deu outra descrição do executor de Eliza quando ouvido no Rio de Janeiro, dizendo que era pessoa "alta e negra". "Ele disse que o fizera porque estava com medo", relatou a delegada. O medo, conforme ela, era do executor de Eliza.
Segundo a delegada, os olhos do primo de Bruno ficavam lacrimejando durante o depoimento. "Não raras vezes, conteve o choro ao falar do momento da execução", disse. Ela ainda afirmou que Jorge estava tranquilo e lúcido no depoimento. "Eu reafirmo, ele [Jorge] me transmitiu muita credibilidade, ele foi bastante detalhista”. Jorge foi ouvido pela primeira vez no Rio de Janeiro e depois em Contagem, ambas na época em que o crime foi descoberto e começou a ser investigado. O primo de Bruno foi o primeiro a falar que Eliza Samudio estava morta.
O depoimento da policial também foi marcado por questionamentos de um dos advogados de Bola, Ércio Quaresma, sobre a investigação policial e o trabalho da Polícia Civil. Como o não indiciamento do policial civil aposentado José Lauriano de Assis Filho, também conhecido como Zezé, e investigado pelo Ministério Público por participação no crime. Ana Maria afirmou que os elementos não eram suficientes para indiciar Zezé. "Isso aqui foi fraude, nós vamos provar", diz o advogado segurando o relatório do inquérito.
Vários objetos apreendidos durante a investigação foram expostos no plenário: algo parecido com um tapete, um travesseiro, facas, embalagens de produtos de higiene infantil, cheques e cartões em nome de Luiz Henrique Romão. Havia também notebooks e um envelope fechado onde estava escrito a palavra "cabelo". Até mesmo uma arma foi mostrada. Segundo o assistente de acusação, José Arteiro, a arma e outros objetos mostrados durante o júri ficam guardados no cartório e foram expostos a pedido da defesa.
A sessão desta segunda-feira (22) durou cerca de 13 horas. Os trabalhos começaram durante a manhã, onde foram ouvidas as preliminares da defesa de Marcos Aparecido dos Santos e da Promotoria. Após um intervalo para almoço, o Conselho de Sentença foi definido: quatro homens e três mulheres julgarão o ex-policial pelos crimes de assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes – já condenado pelos crimes.
Antes disso, a juíza Marixa Fabiane indeferiu pedidos da defesa para desconsiderar a certidão de óbito de Eliza Samudio e de adiamento do julgamento pela ausência de duas testemunhas: a delegada Alessandra Wilke e de Jorge Luiz Rosa, primo de Bruno. Os três filhos e a mulher de Bola acompanharam a sessão no Tribunal do Júri de Contagem. O réu aguardava em um cela no fórum e não foi chamado pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues, que preside o júri.
O início dos trabalhos também foi marcado pela ausência de uma testemunha, José Cleves, que precisou ser localizada por um oficial de Justiça. A juíza determinou que ele fosse buscado em casa e considerou a falta como "um absurdo".
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