Dourados: 75 anos e novos tempos
Cidade Modelo vive em 2010 o ano mais dramático e decisivo de sua história de conquistas e desafios
Jornal O Progresso
No “olho do furacão” da avalanche de denúncias que sacudiu o poder público, Dourados, a Cidade Modelo, ingressa no 75º ano. Novos tempos, novos dias com o desafio de continuar crescendo, ocupando o posto de se-gunda maior cidade do Estado de Mato Grosso do Sul, polo de saúde, educação, serviços e oportunidades.
O secretário de Agricultura, Indústria, Comércio e Turismo, Maurício Peralta, diz que apesar do que a cidade passou, o ano de 2010 foi decisivo no desenvolvimento de Dourados. A atração de indústrias de grande porte gerou uma cadeia de novas empresas prestadoras de serviço. Três setores impulsionaram a economia local. O sucroenergético, o de confecções e a piscicultura. No ano de 2011, as expectativas são as melhores. É o ano da materialização dos projetos, segundo Maurício.
A previsão é de que novas 192 empresas se instalem no município, gerando pelo menos mais 5 mil empregos diretos. Dourados terá um novo pólo industrial de confecção e revitalizará o já existente, ampliando o espaço para “abrigar” novas empresas. “A expectativa para o ano que vem é de uma Dourados cada vez produtora, desenvolvida e com volume de eventos e negócios, de forma mais intensa. Será a cidade com a logística que todos queremos, a exemplo do aeroporto que amplia seus vôos diariamente e não pára de atrair investidores”.
FURACÃO
Este ano foi decisivo. A população foi às ruas e exigiu uma “faxina” no Executivo e Legislativo. O dia 1º de setembro de 2010 ficará para a história da cidade como um dia de reflexão. O país inteiro voltou os “olhos” para a cidade que mandou para a cadeia quase todos os seus representantes políticos. O chefe do Executivo, o então prefeito Ari Artuzi, o vice, Carlinhos Cantor, primeira-dama, nove dos 12 vereadores e secretariado municipal foram acusados de corrupção e desvio de dinheiro público. Tudo desmascarado pelo secretário de governo, jornalista Eleandro Passaia, considerado o “braço direito” do prefeito.
Na sede da Polícia Federal ele revelou tudo o que acontecia nos bastidores da política douradense e chorou. Passaia lembrou que enquanto uma garota da periferia perdia um dos olhos por falta de atendimento nos hospitais públicos, a primeira-dama Maria Artuzi, fazia cirurgia estética com dinheiro supostamente desviado da Saúde. Nos postos faltava de tudo.
Enquanto isso, segundo a Polícia Federal, o Executivo direcionava licitações para beneficiar empresas em troca de retornos financeiros; os famosos 10%. Relatório apontou que o esquema consistia em superfaturar obras e prestações de serviços. Segundo a Polícia Federal, o dinheiro ilícito serviria para duas funções. Manter as despesas do prefeito e pagar propina para os vereadores. Em tese, em troca do dinheiro eles se omitiam das irregularidades cometidas pelo prefeito e não faziam oposição no Legislativo.
A população foi às ruas. Protestos nas avenidas e na sede do Legislativo. À moda “Bush”, o vereador Aurélio Bo-natto, um dos acusados, levou uma sapatada. O arremesso partiu de um pai revoltado. A filha e a mãe dele estavam do-entes. A família sentia na pele como era o tratamento da saúde pública de Dourados.
Estudantes e mais de 30 entidades ligadas ao Comitê de Defesa Popular cobraram a saída dos envolvidos. Artuzi, Carlinhos Cantor e os vereadores envolvidos foram afastados por 90 dias.
RETOMANDO RÉDIAS
No dia seguinte das prisões, Dourados “ganha” novo comando. O Juiz Eduardo Machado Rocha, foi nomeado pelo Tribunal de Justiça para assumir a prefeitura. Encontrou a prefeitura em situação de caos. Fornecedores sem receber, e serviços parados, por impedimentos legais. Muitos tiveram as licitações canceladas por suspeita de fraude. Dívidas in-termináveis e caixa zero quase pararam Dourados. O juiz diminuiu valores de contratos, parcelou dívidas com as empre-sas de serviços essenciais e renovou o secretariado - cada um com a incumbência de elaborar um diagnóstico de como estava a pasta deixada pela administração Artuzi.
Enquanto isso, uma reorganização na Câmara de Vereadores e a eleição para a presidência da mesa diretora. Délia Razuk, única vereadora não citada nos processos do Ministério Público e PF, foi eleita. Como na linha sucessória, na ausência do prefeito a presidente da Câmara assume a prefeitura, Délia tomou posse como chefe interina do Executivo e deu continuidade aos trabalhos do juiz.
Dourados tem história. Entre crises e vitórias vale ressaltar o valor dessa gente que aposta nesta cidade e trabalha in-cansavelmente pelo seu desenvolvimento. Confira a seguir os pioneiros que ao longo de décadas vêm atuando nos dife-rentes setores do comércio e ajudaram a alavancar a economia local.
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