Artuzi diz que “armaram” contra ele
O ex-prefeito, que culpa o ex-secretário de Governo, Eleandro Passaia e a Polícia Federal, diz que um dia vai provar que é inocente
Do Jornal O Progresso
DOURADOS – O ex-prefeito, Ari Artuzi (sem partido) negou categoricamente ser verdade as acusações contra ele denunciadas na Operação Uragano da Policia Federal, e diz que tudo foi uma grande armação do ex-secretário de Governo, Eleandro Passaia e da Polícia Federal e outras pessoas, que ele não citou o nome.
Depois de mais de 90 dias na prisão, agora em liberdade, Artuzi quebrou o silêncio pela primeira vez durante uma entrevista concedida para a TV Morena, através do jornalista Marcos Anelo. A entrevista foi exibida nesta manhã no Bom Dia MS.
Questionado sobre a origem do dinheiro para pagamento de propina aos vereadores, Artuzi, se defendeu e culpou Passaia: “Isso vocês têm que perguntar para aquele rapaz, acho que Passaia; é ele que deve falar para as pessoas aonde pegou o dinheiro. Se ele pegou o dinheiro, era ele que tinha que ir para a cadeia e não eu”, afirmou.
Com relação as imagens que mostra ele (na varanda da casa) contando dinheiro, Artuzi justifica, que foi a venda de um terreno negociado por R$ 20 mil. “A grande verdade é que não é propina. Foi um terreno que vendi por R$ 20 mil e recebi R$ 10 mil, foi passado escritura e tenho recibo”, afirma.
Defendendo a esposa Maria Freitas, que também ficou mais de três meses na prisão por aparecer na gravação também recebendo dinheiro, ele explica a ex-primeira-dama recebia a segunda parcela pela venda do terreno, também no valor de R$ 10 mil. “Ela sabia que receberia 20 mil, mas passaram apenas 10 para ela, por isso ela disse que era pouco”, explicou Artuzi.
No entanto, segundo a Policia Federal, o dinheiro que Artuzi recebe é referente a um terreno que a prefeitura teria comprado para a construção de um conjunto residencial. O município teria pago 480 mil pelo imóvel. Segundo as investigações, o valor é R$ 80 mil a mais, que o praticado no mercado imobiliário. Essa diferença voltaria para as mãos do prefeito em várias prestações. Durante a entrevista, Artuzi diz que ao contrário do que diz a polícia, não é Passaia que lhe entrega o dinheiro. “Não foi ele que passou o dinheiro para mim. Sabia que a pessoa iria levar o dinheiro e foi junto com essa pessoa para poder filmar, quer dizer, já foi a mando de alguém”, afirmou.
Para a Policia Federal, a imagem é clara, e quem passa o dinheiro é o ex-secretrário de Governo e foi por causa dessa evidência que a polícia prosseguiu com as investigações. As imagens de outros vereadores pegando o dinheiro também serviu de prova para deflagrar a operação Uragano. Além do vice-prefeito, Carlinhos Cantor (PR), vários vereadores recebem maços de dinheiro vivo.
Durante a Operação a Polícia encontrou na casa de Artuzi, quase R$ 150 mil em dinheiro, além disso, a justiça mandou apreender bens que somam quase R$ 1 milhão. De acordo com os investigadores, vários imóveis da região pertenciam a Artuzi. Durante a entrevista o ex-prefeito fala sobre o patrimônio para justificar a fortuna que a polícia afirma ser dele.
“Ninguém fala que vendi um sitio em Caarapó, de 40 alqueires; ninguém fala que vendi dois terrenos no Parque Alvorada; uma casa no 4º Plano; um terreno perto da Unigran que estava em meu nome; um na Rangel Torres e uma casa na José de Alencar. Para muitas pessoas não importa, o que importa, é tentar caluniar”, critica. Na verdade, é que tudo isso ficou ruim para mil, muito ruim. Mas um dia vou provar que nada disso é verdade”, garantiu.
Com relação as ameaças de morte, Artuzi disse que é tudo mentira. “Tudo isso é mentira. Porque se quisessem me matar, tinham ido no meu sítio e me dado um tiro. O lugar mais fácil de me matar é lá. Eu não tenho medo”, afirmou.
Questionado porque resolveu renunciar a prefeitura dentro da prisão, Artuzi, justifica que fez isso para que fosse possível a realização de eleição direta em Dourados. “Se deixasse para o outro ano, não teria eleição direta e isso eu combinei com meus advogados”, revela.
ZONA RURAL
A ex-primeira dama de Dourados, Maria Aparecida Freitas Artuzi, contou ao site Campo Grande News, que a família está passando por dificuldades financeiras depois que seu marido, o ex-prefeito Ari Artuzi (expulso do PDT) foi solto do presídio federal.
“Não podemos vender nada, confiscaram tudo, até o gado, os porcos. Quando ele estava preso ainda estava recebendo o salário, mas agora que renunciou não sei como vamos fazer”, desabafou.
Artuzi e a família estão em um sítio que fica entre Dourados e Caarapó. A informação da esposa é de que Artuzi não podia falar porque estava “trabalhando no meio do mato”.
“A situação não é fácil não, mas estamos bem, apesar da falta de dinheiro. Estamos aqui no sítio trabalhando bastante”, detalhou.
Questionada sobre a difícil fase em que permaneceu na prisão, longe das duas filhas, Maria Artuzi se emocionou. “Minha casa ficou abandonada, minhas filhas ficaram com minhas irmãs, a situação é bem difícil, mas agora elas estão bem aqui com a gente”, contou.
Em poucas palavras, Maria Artuzi negou participação dela e do marido em esquema de fraudes em licitações e pagamento de propina a vereadores. Ela e o ex-prefeito foram filmados pelo jornalista Eleandro Passaia, sob orientação da Polícia Federal, recebendo R$ 10 mil cada um.
“Não sei onde ele arrumou dinheiro pra nós, não é verdade aquilo”, disse. Maria e Ari Artuzi ficaram três meses atrás das grades. Ele diz ter renunciado para que Dourados tenha uma nova eleição direta.