MPE faz perícia de dossiê dos consignados
Inquérito já investiga bancos e apura a veracidade de documentos. Delator vira réu no processo
Do O Progresso
O Ministério Público Estadual (MPE) ingressou na segunda etapa da operação “Camara Secreta”, que investiga a “Máfia dos Consignados” na Câmara Municipal de Dourados. De acordo com o chefe do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), o promotor de Justica Amilcar Carneiro de Araújo, alguns bancos já são alvo de investigação e mais pessoas podem ser presas suspeitas de participar do esquema criminoso de desvio de dinheiro público.
Além disso, toda a documentação fornecida pela Câmara de Dourados já passa por perícia técnica. O objetivo é saber se as informações contidas no dossiê são verídicas. Isto porque depois de vários meses de “sumiço”, os arquivos, apareceram na Câmara e foram destinados ao MPE, pelo atual presidente da Casa, Idenor Machado.
A procuradoria da Câmara alegou que foi necessário abrir uma sindicância com servidores de carreira da Câmara para apurar o destino destes arquivos. Foi constatado que todo o sistema desapareceu do banco de dados do Legislativo, depois de uma mudança de empresa na manutenção dos arquivos. No entanto depois de insistentes trabalhos, a nova gestora conseguiu recuperar todos os dados oficiais. Tratam-se de detalhamentos de descontos em folha de pagamento dos servidores.
NOVA FASE
Nesta nova fase de investigações, além de periciar os documentos da Câmara, o Gaeco faz uma devassa em bancos. A suspeita é de que funcionários de agências que ofereciam consignados estariam envolvidos no esquema criminoso, que supostamente desviava dinheiro dos cofres públicos da Câmara Municipal. Estes bancários teriam a função de facilitar o empréstimo a servidores do Legislativo, que eram contratados com a única e exclusiva finalidade: obter o empréstimos, cuja o dinheiro iria para a organização criminosa, e pago mês a mês pela Câmara.
De acordo com Amilcar, outro grupo de pessoas já está em fase adiantada de investigação. Ele não descarta novas prisões em Dourados. Isto porque novos fatos foram apontados durante os depoimentos de suspeitos. RÉU O delator do esquema criminoso, Carlos Alberto Spoladore da Silva, é réu no processo. De acordo com o MPE ele teria confessado a participação nos crimes e indicado os demais membros da quadrilha, realizando inclusive a coleta de provas. Spoladori fez acordo de Delação Premiada, porém o pedido ainda não foi concedido pela Justiça. O acordo prevê que ele colabore com as investigações e recebe em troca benefícios como a diminuição da pena, ou cumprimento em regime semi aberto. No último dia 25, a Defensoria Pública encaminhou a defesa do réu ao judiciário. A alegação é de pressunção de inocência. De acordo com a defesa, não é ônus do réu trazer aos autos prova de sua inocênca, já que é atribuição de quem imputa um fato típico a comprovação de todos os elementos. Do crime, “pois nenhuma imputação se presume em provada, já que o inquérito é mera peça informativa”, disse. MÁFIA Os ex-vereadores Sidlei Alves e Humberto Teixeira Júnior, além de dois ex-servidores, foram acusados pelo MP de participar de esquema criminoso que desviava dinheiro dos cofres públicos da Câmara através de empréstimos bancários feitos por funcionários comissionados e que na maior parte das vezes seriam “fantasmas”, segundo denúncia. A Operação foi deflagrada em abril deste ano.
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